Hoje eu acordei com o laranja do sol colorindo o meu quarto, esse laranja preguiçoso do sol quando ainda não se deu conta que é dia, é logo, é agora, Vamos Embora, Siga a Luz meu Amor. Ele refletiu na água e no azul do meu copo que estava na escrivaninha, logo era verde-instável o reflexo que anunciava o dia pela janela do meu apartamento. O rádio-relógio tocava Chico Buarque, um bom sinal, raro o dia em que eu acordo e já te vejo sumir por aí, e nesse embalo olhei do alto o vão que é a minha cidade. Não tinha compromissos importantes pela manhã, apenas um DVD a minha disposição, “Goya” era o título do filme, Carlos Saura era o diretor e duas horas depois o meu mundo era todo vermelho, minhas unhas vermelhas, minha cara vermelha, as tais cores de Almodóvar são desbotadas perto da vivacidade do Saura. Saí apartamento toda vermelha de paixão, desci pelo elevador vermelha de vergonha da presença alheia masculina invasiva, secando o que não pode, querendo o que não pede, não sabe pedir. Saí na rua e a rua vermelha, mais negra que vermelha, blues todos os negros, eu também negra, pelo menos bastante na alma, também um pouco na pele,culpa desse sol enganador, completamente verde nos olhos, os mesmo verde-instável que estava no meu quarto pela manhã. O que fiz o resto do meu dia até o sol se por foi cinza, um cinza feio, cinza futuro negro de filme de ficção científica, cores lavadas, camisas mal lavadas, olhos negros em brancos sem o menor blues. A noite começou a se apresentar como a seda azul do papel que envolve a maçã, e eu saudava a noite, buongiorno, notte, e a cidade me respondeu amarela, amarelo-luz-de-poste, amarelo-farol-de-carro, ô amarelinho irritante! Já planejava na minha mente quanto tempo eu demoraria daqui até Petrópolis, onde eu acho o verde-vivo do mato na noite, tão vivo quanto barulhento. Fui pega de surpresa por um amarelo-cevada, amarelo-lúpulo,a amarelo-água, amarelo-boemia, amarelo bom, muito bom, pronto, deixa Petrópolis pra lá menina, vamos beber, vamos nos beber inteiros, de adeus a sua Las Vegas imaginária e não chore menina que só cerveja é pouco, mas mais que cerveja e demais. Vejo outros cantarem que são atlântica dor plantada no lado sul, de um planeta que ver e que é visto azul, e não faço a menor idéia que música é essa, não sou dicionário, isso é coisa de ministro, não de secretária. Tenho sono, quero a minha cama e seu lençol rosa-menina-do-interior. Na cama penso em todas as cores do meu dia, penso na minha intromissão não autorizada no blog, penso no texto que tenho que publicar, penso nos favores que a gente cobra e deve e já na beira dos sonhos me vem aquela frase, ai, o tio vai me matar!
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Terça Mochilão
É a partir da compreensão de que a variável sistêmica, em vários momentos, pesa mais nas nossas decisões do que as variáveis domésticas, que proponho a discussão acerca da não-opção e da opção na política externa brasileira e avalio a sua condição no governo Lula. Inserida nessa lógica antagônica está a excelência da atividade diplomática brasileira que, especialmente, pelo discurso, concebe, ainda que num ambiente restritivo, em alguns casos, possibilidades factuais e legítimas de inserção autônoma no sistema internacional. É como se pensássemos que a diplomacia brasileira driblasse o adversário mais forte no jogo da política internacional. Como isso se dá? Vejamos alguns exemplos.
Ao recuperarmos a política externa do governo Jânio Quadros/João Goulart, podemos lembrar das restrições sistêmicas da época, especialmente, os acontecimentos cubanos – a Revolução Cubana em 1959, a invasão à Baía dos Porcos em 1961 e a Crise de Mísseis de Cuba em 1962. O referido governo estava embebido numa lógica da guerra fria que alcançou seu auge com a quase III Guerra Mundial, que teria proporções nucleares. O peso sistêmico era muito grande e comprometeu nossas possibilidades maiores de exercício pleno e autônomo de política externa. Mas dessa não-opção é possível pensarmos a opção. Sim, é em 1963 que Araújo Castro, na XVIII Assembléia Geral da ONU, profere o famoso discurso dos 3Ds – Desarmamento, Descolonização e Desenvolvimento – símbolo maior da então Política Externa Independente (PEI). São exatamente as restrições que criam as lacunas de inserção internacional, porque nos possibilitam o exercício discursivo da crítica ao funcionamento das relações internacionais e legitimam, pela nossa história, a postura ora adotada.
Bem, mesmo que seja argumentado que os militares, com a revolução de 1964, acabaram com a PEI e que toda essa postura de desgarramento dos centros de poder e de independência sucumbiu à lógica sistêmica da guerra fria, quando o querer fazer perdeu para o poder fazer, podemos ainda afirmar que a não-opção de 1964 durou muito pouco tempo, porque dentro dela, ou a partir dela, o Brasil encontrou a opção. Como? A chamada Política Externa Interdependente de Castelo Branco rapidamente tenta se valer do ambiente restritivo para a partir dele obter ganhos para o país quando da proposta para que a Força Interamericana de Paz (FIP) criada para restaurar a ordem na República Dominicana em 1965 gozasse de caráter permanente. O objetivo maior não era manter tão somente a hegemonia norte-americana no continente, mas criar com ela uma subhegemonia – uma liderança – brasileira na região. O “americanismo ideológico” teve seu núcleo duro somente entre 1964 e 1965 como retrato da não-opção. Logo após, a não-opção passou a ser a opção. Isso fica cada vez mais claro ao longo do regime militar à medida que o Brasil consegue equilibrar os desejos internos às possibilidades externas até que recupera o exercício da PEI no governo Geisel, permanecendo com ele até o governo Sarney.
Na continuação da análise histórica da política externa brasileira, logo seguida de Sarney, podemos novamente identificar a não-opção como opção, agora não mais pela guerra fria mas pelo pós-guerra fria. O sistema internacional pesa muito no nosso comportamento e os ditames neoliberais proclamados categoricamente no Consenso de Washington orientam a condução da nossa política, especialmente, a interna. Novamente, parece que estamos obedecendo a uma lógica que é maior que aquilo que pensamos em poder fazer – abertura comercial, privatizações, desregulamentação do sistema financeiro etc. Mas é exatamente aí que conseguimos gerar a opção a partir da não-opção, na idéia de que podemos transformar perdas em ganhos!
O governo Collor, ao abrir a economia nacional, apenas favoreceu um processo que estava em curso no sistema internacional e no Brasil. A mundialização do capital e da produção já havia sido iniciada na década de 1970, quando as empresas multinacionais começaram a surgir em maior quantidade e com maior fôlego. As economias européia e japonesa recuperavam-se da II Guerra Mundial e o Brasil acompanhava esse crescimento e globalizava também mantendo além das relações históricas com os EUA e com a Europa relações também com a África, o Oriente Médio, a Ásia e o Leste Europeu.
Aceitar a lógica neoliberal nos anos 1990 significa ponderar sobre a aceitação de algo que nos é maior e aproveitarmo-nos disso; significa transformar a não-opção em opção e significa, por fim, continuar um projeto de inserção internacional de cunho global que se desenvolvia havia, pelo menos, 20 anos. Mesmo a superação do modelo ISI (industrialização por substituição de importações) com o governo Collor se insere nessa lógica de continuação, de busca de ganhos mesmo em condições sistêmicas eventualmente restritivas. Se pensarmos no governo FHC, a lógica se mantém – reafirmamo-nos então como global trader e global player. Assim, a política externa brasileira preserva ao longo do tempo a coerência de sua postura pragmática. A aceitação de ditames sistêmicos não deve ser vista como compromisso ideológico acrítico, mas como atitude pragmática direcionada à busca de ganhos no sistema internacional.
A compreensão da política externa do governo Lula sugere pensar, no entanto, um descompasso desse processo de continuidade, de coerência e de transformação da não-opção em opção. Na verdade, sugere mesmo uma inversão nessa lógica. O Brasil busca da opção a não-opção. Já inserido que está no funcionamento capitalista do sistema internacional desde a década de 1970 e concebido como uma potência média, o Brasil tenta, ainda pela ação discursiva implementar uma política externa agora incoerente do ponto de vista da sua inserção, com base no exercício da afirmação soberana.
A crítica pelo discurso que antes nos favorecia, hoje nos prejudica, porque não há espaço suficiente para o conteúdo dessa crítica. Não há mais a “irracionalidade da corrida armamentista”, nem “o congelamento do poder mundial”, como se observou nas décadas de 1960 e 1970. Esses eram discursos que nos favoreciam, porque nós éramos parte desses problemas mundiais. Hoje, a crítica aos problemas mundiais nos favorece menos porque fazemos menos parte deles, como o terrorismo, ou porque perdemos legitimidade com a crítica a eles, como a questão da poluição ambiental (O Brasil é um dos grandes poluidores mundiais).
A busca do pragmatismo pela coerência histórica através da crítica pelo discurso perdeu sentido, atualmente. Conseguimos fazer o mais difícil: restringir – não pelo sistema – mas por nós mesmos as nossas possibilidades de inserção internacional mais pragmática e coerente. E pensar que só precisávamos manter o comportamento anterior…
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Põe na Tela
A grande questão envolvendo o lançamento da TV publica no Brasil é se ela se comportará defendendo os interesses da sociedade ou do governo. Ou, noutros termos, se teremos uma espécie de BBC à brasileira ou uma Voz do Brasil na telinha. Ainda que a medida provisória que criou a EBC (Empresa Brasileira de Comunicação) preveja que a empresa terá autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo, de nada adiantarão essas belas palavras se não houver autonomia financeira. De maneira bem simples, deve haver uma dotação orçamentária própria para a EBC, independente de manobras políticas. Entretanto, considerando que no Brasil temos diversos impostos com finalidades específicas, sem que sejam devidamente executados para seus fins (CIDE e CPMF, por exemplo), é temerário o futuro da rede pública de TV, ao menos no que se refere à sua independência do governo. Como será que ela transmitiria os escândalos do Collorgate, a compra de votos para a emenda da reeleição (FHC), ou o valerioduto petista e tucano? Mesmo a BBC, a emissora de maior prestígio no mundo hoje, não passa incólume a críticas. Durante a escalada anti-iraquiana, a rede britânica foi chamada de Bush Blair Corporation. Verdade seja dita, a maior parte da imprensa britânica e norte-americana, tanto pública quanto privada, comprou a tese mentirosa de que o Iraque possuía armas de destruição em massa. Ainda assim, a BBC é hoje uma das maiores referências em produção de conteúdo para rádio, Internet e TV, e o grande modelo de Rádio e TV pública para o mundo. Também pudera. O orçamento de 2005-2006 chegou a aproximadamente £ 4 bilhões (uns R$ 14,5 bilhões) e, desse total, £ 3,1 bilhões vieram do pagamento de uma taxa anual que todo domicílio com TV tem de pagar - £ 126,00 (R$ 460,00). Para 2008, a rede pública brasileira deverá contar com um orçamento de aproximadamente R$ 500,00 milhões (R$ 350,00 milhões do Orçamento da União). Mesmo tendo à frente jornalistas bons, experientes e conscientes das implicações políticas de um projeto dessa magnitude, como o Franklin Martins, vamos ver como serão feitos os repasses e as articulações para a composição do conselho curador.
domingo, 28 de outubro de 2007
Domingo é o dia da feira: "Quem conta um conto aumenta um ponto"
Um telefone tocava em qualquer parte. Ela se rolava entre o cobertor. Rolava pela cama no ritmo da salsa que trazia o toque polifônico do celular. Jó estava nu lá dentro. Ela ainda vestida resistia aos amassos quentes do mesmo, sua virgindade era posta em foco. O telefone permanecia a tocar. A paciência de Jó ia se esgotando junto com o ritmo da salsa. Ela resistia. Ela queria. Jó desesperava-se por uma transa fácil. Ela queria que fizessem amor. Jó lembrava das fodas que presenciara com outras virgens: queriam apenas sentir o sexo roçando no sexo. Lembrara que as dificuldades não eram tantas assim. Bastava um homem e uma mulher afim. Jó queria que tudo fosse filmado tal qual os filmes pornôs que já assistira. Ela queria jogar. Ela queria ser amada e por mais que Jó pronunciasse tais palavras a resistência aumentava, frígida, fria, passiva.
Pela terceira vez o toque polifônico insistia pelo quarto. Lá fora, por traz da veneziana de alumínio a paisagem era a mesma o dia virara noite e tudo permanecia como estava. A vontade de Jó podia ser apenas atração tal era a insegurança gerada naquele momento. Jó refletia, coçava a sobrancelha, olhava para o teto. O pensamento divagava por aulas de pragmática, gramática, estatística algo que fosse mais exato do que a cena em que vivia. Jó lembrava-se de Fausto na busca pelo verdadeiro amor. Ela era insegura, Jó tornava-se inseguro. Fausto na eterna busca por mulheres que digam sim. Assim como Fausto os homens preferem tais moças. As que dizem “não” ou “talvez”, atravancam e dificultam em algum momento da vida a espontaneidade de algum cabra. Era o que vivia Jó.
Os amassos aumentavam, seus dedos nas pétalas dela. As montanhas e vales no céu da boca dele tudo era novo e único. Tudo era construído vagarosamente numa tentativa de absorver ao máximo o tal momento.
Jó tornava-se impaciente, pedia que ela atendesse ao telefone celular. A mãe podia ligar outra hora. A donzela era filha única de mãe solteira, ela era a boneca de vidro da mamãe. Jó não hesitou e disparou a traçar planos mirabolantes: pensou que pudesse negociar com a mãe a foda de sua filha. Seria a primeira foda. Jó por um momento pensava que tudo poderia não passar de um sonho. A mãe dela ligando. Ele delirando...A vontade reprimida de comer a sogra vinha à tona. Ele queria comer era a sogra naquele momento, não queria simplesmente negociar a foda da filha. Ouvia a doce voz da mãe no celular. Isso o deixava com mais tesão. A filha respondia delicadamente à mãe que estavam numa livraria comprando livros. Estavam por realizar a penetração, ela ainda resistia. Jó impacientava-se. A mãe não desligava, pedia um livro para presente algo do Paulo Coelho. Jó engolia seco cada risinho da donzela e agora odiava a sogra. Jó desejava não estar mais por ali naquela hora, desejava correr por algum parque, nadar nu em algum lago que fosse poluído. Ali não era mais o seu lugar, definitivamente deveria arrumar uma saída rápida, uma dor de barriga qualquer, ou simplesmente falar a verdade. Sua paz e êxtase divino encontravam-se fora dali.
A melhor saída era pedir uma porção de fritas pelo interfone do estabelecimento, olhava pela veneziana de alumínio, acendia um cigarro, assistia aos carros que aguardavam a vez de entrarem um por um ao quarto. Ela perguntava se tudo estava bem. Jó permanecia ali estático, de costas em posição de fuga pela janela que fosse. Ela enrolava-se numa posição quase que fetal, abraçava-se ao travesseiro, dizia a ele coisas sobre filhos, família e tentava discutir o sexo dos anjos. Jó se irritava com baforadas de cigarro sucessivas e rápidas. Ela percebia começava a chorar. Jó liberava energia fumando cada vez mais rápido abaixava a cabeça em tom de desaprovação. Ela chorava mais. Numa associação de idéias de liberdade, lembranças de tentativas frustradas de fazer a revolução, lembranças de frustrações com reprovações nos melhores cursos da faculdade, debruçava-se ainda mais pela janela e num instante único voava para liberdade.
Na fila de espera para os quartos lá em baixo Jó era o acontecimento. A multidão de funcionários vindos da cozinha e recepção do estabelecimento juntava-se aos casais que saíam dos carros e cercavam o corpo do rapaz. Jó voara para a liberdade e virgem permaneceria eternamente.
sábado, 27 de outubro de 2007
Porque hoje é sábado
sexta-feira, 26 de outubro de 2007
Réplica
O ministro manda, chicote na secretária :-(
Lá no deserto enquanto meditava me chegou, via Corvo-Correio a última ação do meu querido amigo Czar. E como não é de costume, fui obrigado a replicar o argumento do Ministro.
Espero que minha secretária possa publicá-lo a tempo.
Osso Duro de Roer
Acho totalmente justo o Ivan invadir a minha seara pra falar do “Tropa de Elite”. Eu já tinha dito a ele que não ia comentar sobre o filme, porque já havia tantas polêmicas e analises por aí que mais uma choradeira aqui do Tio-Esquizolunático (segundo o Czar), não ia fazer muita diferença. Mas em vista do post do colega sobre o filme, aliado ao desnecessário comentário da minha secretária, vou responder.
Sim, pra mim a análise do Ivan está totalmente errada, pois existe uma diferença gritante entre Facismo e realismo e o filme do José Padilha é realista. Ele não forma em momento algum um herói, ele delineia, ou melhor, ele apenas caracteriza o policial do Brasil. O grande mal dos patrulheiros de plantão é exatamente não olhar para isso. O já mítico Zé Pequeno não é um herói; ele é vítima de um sistema opressor que tem a violência como válvula de escape a pobreza dilacerante. O capitão Nascimento por sua vez, é tão vítima do sistema quanto o bandido-herói de “Cidade de Deus”. Ele é o retrato do policial que não condições de atuar, não tem formação para entender a violência que o cerca, e sofre cobranças psicologicamente pesadíssimas de todos os lados da sociedade. De um lado, os mesmos patrulheiros que se horrorizam com o filme cobram da polícia uma atitude mais humana, mais sensata. Do outro lado a elite do Rolex, aliada a enorme massa desencefalizada, vulgo Classe Média, cobra uma polícia mais ativa e violenta, que elimine essas “anormalidades” que tanto podem ameaçar o seu paraíso de consumo. Imagine-se agora na pele de um policial como o Capitão Nascimento. Como se julgar errado? Como não ter fé que o método que propõe a “matança com motivo” não é o mais correto, o que trará o melhor futuro para os seus filhos? Aquilo que é mostrado no filme, posso garantir, é só a ponta do Iceberg do que a polícia realmente faz na periferia do Rio, de São Paulo e no resto das metrópoles do Brasil. Mas é acima de tudo REALISTA. Cabe a nós vermos o resultado do suposto heroísmo do Capitão: A violência no Rio acabou? Diminuiu, pelo menos? Não. A Própria personagem tem essa consciência durante o filme. O Capitão sabe que não vence a guerra, mas considera o seu método o mais correto para vencer. Agora, desçamos um pouco do pedestal das nossas supostas intelectualidades e pensemos: O que não pode ser mais coerente do que em vez de panfletar contra a polícia, mostrar o que ela realmente faz e como ela pensa em relação a isso? O modo como o Padilha traz a sociedade esse problema da violência urbana e suas malfadadas soluções é importantíssimo, urgente e inteligente. Vejam que ele tem a visão de um documentarista, e não de um ficcionista, e é por isso que o filme gerou toda essa polêmica nos meios intelectualóides. Começa que ele é muito bem feito, o eu gerou o adjetivo “Hollywoodiano”. Nada mais preconceituoso que isso! Quer dizer que pra um filme ter conteúdo ele tem que ser mal feito??? Haja paciência...O filme é muito bem feito sim, e méritos pro cinema nacional, que começa a encontrar o caminho entre técnica e arte, finalmente. Agora o que me dói mesmo, não é ver a classe média e as crianças aderindo aos modismos do Capitão Nascimento (isso só reforça como o filme é bom e como a atuação do Wagner Moura é excelente), me mata ver que quem deveria mostrar o quão realista é o filme e como o seu grande objetivo é mostrar a ineficiência do trato com a violência no Brasil, se debruçar sobre mesquinharias a respeito da ideologia do filme.
Tenho pena de todos nós.
Peleja Literária
na Casa Amarela em Santo Amaro
Vale a pena conferir, afinal é da polêmica que surgem as definições como indicou o Vicente mestre, amigo e participante da mesa.
O Paço Cultural Júlio Guerra (casa amarela) em Santo Amaro convida para:
PELEJA LITERÁRIA
Dia 26 de Outubro, sexta-feira
19.30h às 22h - Mesa: Periferia da Literatura ou Literatura da Periferia?
Mediação: Paloma Klysis, escritora e jornalista
Ad Rocha, poeta e músico
Antonio Vicente Pietroforte, professor de semiótica – USP
Elizandra Batista de Souza, poetisa e editora
Renato Palmares, poeta e ator
Renato Seixas, poeta
Paço Cultural Júlio Guerra Casa Amarela
Praça Floriano Peixoto,131
5548.1115
pacoculturaljulioguerra@ig.com.br
www.picasaweb.google.com/casamarela13
(Próx. ao Largo 13 de maio)
Estacionamento gratuito no local.
NA TELA: Sexta Literária virou cinema. A trama Fascistóide chega arrepiando no morro do Tantaprosa
Que a Sexta- Feira é Literária, isso todos nós já sabemos. Ao ver o filme "Tropa de Elite" não podemos nos esquecer do livro "Elite da Tropa", onde todo o relato começou.
"Na primeira parte do livro, concentram-se relatos impressionantes sobre o cotidiano dos policiais de elite. Na segunda, um dos nossos personagens seguirá numa trama envolvendo autoridades de segurança, traficantes, políticos e policiais - uma rede que tece alianças improváveis entre os vários atores deste cenário.Depois de cavalgar 100 quilômetros, sem arreio e sem descanso, mortos de fome e sede, eles têm licença para um descanso brevíssimo até que alguém anuncie que a comida está servida - sobre a lona, onde o grupo exaurido vai se debruçar para comer tudo o que conseguir, com as mãos, em dois minutos.Esta é apenas uma das etapas de treinamento da tropa de elite da polícia. Eles obedecem a regras estritas, as leis da guerrilha urbana. Na dúvida, mate. Não corra, não morra. Máquinas de guerra, eles foram treinados para ser a melhor tropa urbana do mundo, um grupo pequeno e fechado de homens atuando com força máxima e devastadora."Elite da Tropa" é o primeiro livro, no Brasil, a mostrar este lado desconhecido do combate diário, nas grandes cidades - o ponto de vista do policial, seus hábitos, medos e desafios. "
Ao ver o filme criei um relato após quase uma semana pensando nos efeitos deste sobre a sociedade. Peço licença ao Tio Vinix depressivo ministro das investidas psiquiátricas para falar um pouco mais do enredo do filme e criticar a cena poética em que este se encontra vendo a ficção participando da realidade e fazendo parte do inconsciente coletivo de toda essa gente brasileira.
Após assistir ao filme "Tropa de Elite", uma análise fria era necessária ser feita. Acreditar na conversa do Dimenstein na Folha de São Paulo do domingo passado seria uma grande inocência. O Jornalista esclarece que o filme tem o intuito de evidenciar o financiamento do tráfico pelos usuários como se atrocidades do BOPE fossem normais.
Matar ou morrer para o Capitão Nascimento e seus seguidores era uma questão de sobrevivência de acordo com o que percebemos no filme. Fica evidente o ponto de vista do BOPE sobre o tráfico, corrupção e sobre a vida no morro da Babilônia no RJ.
Cenas de Corrupção de PMs do RJ em pena luz do dia e diversas falcatruas desta PM, que de acordo com o filme deve bater continência ao BOPE, eleva a tropa de elite a um patamar superior ao da PM.
Trata-se de um filme com cenas romantizadas, como no filme "O Resgate do Soldado Ryan" quando um batalhão resgata um soldado no meio de tantas adversidades, combatendo inimigos e matando geral, a diferença é que o conflito final do filme "Tropa de Elite" acontece em cima de uma laje na favela do morro da Babilônia por um "herói" do BOPE.
Violência gera violência. Acredita você que dessas cópias piratas algumas já não chegaram as mãos dos traficantes mais procurados do país? De duas uma: Ou estão se divertindo com o ar "quase" Hollywoodiano do filme ou estão se armando até os dentes, com mais receio do BOPE do que nunca , preparando um mega ataque do crime.
A reação de algumas pessoas me faz pensar da importância deste filme neste momento atual no Brasil.
Os risos eram estridentes por boa parte dos espectadores que acompanhavam o filme na sessão das 21.45h de um domingo em um dos mais movimentados cinemas da zona sul de São Paulo, quando a tortura tomava conta da tela.
Escutei algumas pessoas dizendo numa conversa de ônibus que no RJ estavam aplaudindo o filme quando o BOPE entrava em ação. Imagine você? As pessoas levantando-se de suas cadeiras e medindo palmas ao capitão Nascimento quando faz pau-de-arara em um muleque do morro ou enfia o saco plástico na cabeça de outro.
Quanto às crianças, ocorreu o inusitado e ficou evidente para onde estamos caminhando. Hoje perguntei à 5ªsérie (Ensino Fundamental), se por acaso alguém tinha assistido ao filme "Tropa de Elite". Assustei-me com o número: 17 crianças numa sala de 35 já tinham assistido às cenas de barbárie, meu papel deveria ser importante então naquela sala...percebi que uma discussão deveria ser feita com toda atenção e cuidado para fazer aquelas crianças de 11 anos pensarem sobre a realidade brasileira.
Os valores realmente invertiam-se: "Os policias tinham razão professor, eles estavam vingando a morte de um parceiro, é assim mesmo que deve fazer..."
Matar ou morrer tinha peso igual para aquelas crianças. Mais escola, menos presídio...Sim! Talvez essa fosse a primeira saída.
Mais educadores dentro de casa seria necessário, mais pessoas que resolvessem assumir a responsabilidade de se ter um filho e educá-los de fato, para que estes mantenham a cabeça aberta para as questões da realidade. O valor à vida deve ser resgatado. As crianças devem saber disso. Deveriam saber. Os pais das crianças é que deveriam saber e providenciar este encontro das crianças com o valoração da vida. A culpa ainda fica na costas das autoridades e do professor que não ensinou direito a tal intelectualidade e o tal censo crítico que deveria começar dentro da sala da própria casa, o fato de saber pensar nas coisas e discutir e aprender a ver o que é certo e o que é errado. Logo, a culpa passa a ser do filme? Minha nossa...o pai não discute o filme com o filho e o cineasta ainda é culpado? Ainda não sei disso...Mas a verdade é que violência gera violência, isso é fato. A inversão dos valores transparece e me entristece profundamente.
É necessário que discutamos muito essas questões afinal o momento é esse. Cutucados ou não...Abraçemos a Elite da Tropa ou a Tropa de Elite e vamos colocá-la sobre nossas cabeças para recuperar outros relógios de ouro de lucianos? O povo pobre e que cheira a povo e sorri como povo só quer dançar funk? O Pão e Circo toma conta do Brasil mais uma vez e o BOPE do morro do RJ. E os moradores da favela?...Ah isso é uma outra história, fica pra depois...Dá trabalho, dizia um governante conhecido nosso...O Povo dá muito trabalho e fede.
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Neoliberal Style
Olha eu viajando mais uma vez! Ouvindo “In My Place” do Coldplay e com a imaginação a mil, começo a bolar uma teoria doida (porém com alguns fundamentos) a respeito de nosso modo de vida. O fato de estar de pijamas ainda e escrevendo sem consultar nenhum outro livro não significa que não tenho embasamento para defender o que estou expondo. Por outro lado, como é algo novo, pode apresentar muitas falhas e possíveis brechas para que muitas pessoas em diversos graus possam argumentar suas opiniões a respeito (discordando e/ou concordando). Mas vamos ao texto... estava eu pensando se é possível essa idéia que ouvi a muito tempo atrás (se não me engano do ilustríssimo Marco Maciel), de ser liberal político sem o ser economicamente. Uma coisa que me chamou muita atenção foi o debate no canal Futura, a respeito da “Democracia”. Participavam Cientistas Políticos famosos, inclusive Leonardo Boff - vulgo “filho do Ulpiano” (piada interna, confesso rs) – e foi levantada a seguinte questão: seria compatível a lei de mercado atual e a democracia? Oras, mas nosso mundo atual vem, cada vez mais, dissociando economia de política, chegando ao ponto de acontecer crises de mensalões e acusações contra o presidente do Banco Central sem que o crescimento do PIB e os índices da Bovespa sofram sequer uma oscilação; o que raios tem a ver uma coisa com outra? É... ao menos o que nos vem a tona, a teatralidade exposta, nos revela isso. Mas será mesmo? É possível mesmo ser uma cobra na economia, puxar tapetes, gerar concorrências ferrenhas, destruir rivais e não ser afetado política e culturalmente por esse jogo? A economia está tão desligada da vida privada? Eu acredito que não. Esse impulso pelo consumo perpassa diversas esferas de nossa vivência, assim como determina, até certo ponto, nossa reação frente as situações experimentadas. Sendo um pouco mais atrevido, seria o atual neoliberalismo o eixo de constituição do tempo contemporâneo, não sendo apenas uma faceta econômica da sociedade, mas extrapolando sua influência e podendo ser identificado na cultura, na política, na religião, etc.? Se assim for, um pesquisador do tempo contemporâneo poderia utilizá-lo como modelo para certas premissas a sua hipótese. Petulância minha, não? Pode até ser, mas garanto que não é algo desprovido de coerência. Talvez estejamos vivendo não uma economia neoliberal, mas uma época inteira neoliberal (liberais, chorem! Rs). No próximo post eu coloco os pormenores dessa minha idéia...
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
Primeiras palavras
Com licença... olá a todos, espero não estar interferindo em nada e garanto e serei ligeira, ok?
Providenciei uma Sukita pro Tio Vinix ir em paz, mas ele logo volta.
Até a próxima Quarta!
Secretária Célia(na minha senha, problema já devidamente solucionado)
Quarta MeiaEntrada: O Tio recomenda
Em 1979 uma jovem entrava no estúdio da Odeon pra gravar o seu primeiro disco. Ela tinha o seguinte currículo na bagagem: Um 1º lugar em um festival como compositora aos 17 e um música incluída num show da Elis aos 19. Só. Quando ela foi gravar, contava com 21 anos. Teve o apoio de Oscar Castro Neves nos arranjos de suas composições e de uma banda de excelentes músicos, como o percussionista Marçal, e Gilson Peranzzetto ao piano. O disco não fez lá muito sucesso em seu lançamento, mas que não seja reconhecido como uns dos maiores trabalhos da MPB de todos os tempos hoje em dia, é um absurdo, no mínimo. Mais absurdo que a compositora e cantora que fez um disco daqueles e que ainda está em atividade não seja devidamente reconhecida. Os seus outros discos são também muito bons, mas essa estréia e sem dúvida das mais impressionantes que eu já vi. Impressionante por ter composições com uma maturidade que simplesmente não poderia caber em uma jovem de 21 anos. O mundo que essa compositora retrata em suas canções é o carioca suburbano e a pobreza, mas com uma clareza que só os grandes compositores têm, aquela que nos faz pensar que seria impossível que quem escreveu aquela música não tivesse realmente vivido tais situações. E principalmente, a visão feminina dessa compositora (e estupenda cantora, diga-se de passagem), é a de uma cronista das mais hábeis, e que tem a vantagem de ser justamente mulher para dar o tom certo às suas personagens cantadas. O desprezo, o ódio, o amor, a vingança, a superioridade (sim, a superioridade meninas, vocês que são bobinhas e não sabem) são transformados em letras sublimes com metáforas perfeitas, impossíveis de serem retocadas. Faixa a faixa, o disco se desenha como um apanhado das chamadas canções de “Fossa”, mas com uma classe e perfeição poética de fazer inveja a qualquer Chico Buarque. O nome dessa compositora é Fátima Guedes, e o seu primeiro disco, que leva o seu nome é esse aqui:
Um exemplo da moça
Previsão
quem sabe você volta quando estiver de porre
do mesmo jeito que chegou parando o meu corre-corre
da mesma forma me abraça tonto ébrio de louco de amor
deitando por cima de mim como quem agoniza e morre
quem sabe você se levanta de manhã; passado o fogo
dizendo que acabou o alcool mas nao acabou o jogo
pedindo pra voltar pra mim, pro meu colo, pro meu calor
com aquela humildade de quem já se acha superior
você é quem bebe e eu que fico embriagada
você quem volta e eu que fico apaixonada
se dorme na minha cama e toma do meu café
de manha, cadê meu pudor, amor?
Cara lavada...
E então,
E então eu me pulo de novo pra vida com você
Perdôo, eu não tinha mesmo mais nada o que fazer
Meu coração é um bicho bobo e acostumou neste descaso
E tudo se prepara pra outra vez acontecer
(Fátima Guedes)
Comunicado do Ministro
Caros,
O clima em Prosatantsky é totalmente instável e inesperado. Vejam, até Março desse ano existia em frente ao meu Ministério um jardim com as mais variadas e coloridas flores, jardim este que se estendia quase a se perder de vista. Mas eis que inexplicavelmente ao fim do verão todas as minhas flores secaram, apodreceram, murcharam. Em seu lugar vejo apenas um deserto, um deserto cujo o fim minha vista não alcança mais. Depois de muito hesitar, resolvi que é hora de atravessar o deserto. Parto, e receio que terei dificuldades em manter as minhas atualizações culturais em dia. Indico na minha ausência a desconhecida suplente Célia Soares, que não é tão séria quanto parece, mas transparece o que é. Espero voltar a Prosatantsky com Rosas e Paçocas.
Att.
Ministro Davidovitch
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Terça mochilão
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Ditadores e Presidentes
Aproveitando o ensejo do excelente artigo da Carol Marossi sobre as mulheres chinesas, vamos falar um pouco sobre alguns chefes de Estado mal vistos pelas potências ocidentais e a denominação que recebem pelos veículos de comunicação. Os exemplos clássicos são Fidel Castro e Hu Jintao.
Ambos são oficialmente presidentes em seus países, mas Fidel Castro comumente recebe o título de ditador, ao passo que Hu Jintao, o de presidente.
Tanto num como noutro, determinadas práticas das democracias liberais são ignoradas, como sistema eleitoral pluripartidário, liberdade de organização e livre manifestação de opinião.
Então por que a diferença de tratamento?
O motivo é evidentemente econômico. Cuba ainda permanece oficialmente socialista, apesar de vir adotando medidas liberalizantes nos últimos anos. Já a China sempre que pode exige o reconhecimento de um “socialismo de mercado” e é recebida de portas, braços e bolsos abertos pelas potências ocidentais.
Alegarão os incautos que Fidel Castro está no poder há mais de 40 anos e que na China ocorrem mudanças no comando do poder com certa periodicidade. Ora, isso é apenas parte de uma situação muito mais complexa, afinal, no Brasil tivemos 5 “generais presidentes” e não são poucos os estudiosos e jornalistas que classificam o regime militar como ditatorial. A “rotatividade no poder” merece um exame minucioso, pois não se sustenta apenas por sua existência oficial.
Isso impõe uma reflexão séria. Temos, com isso, a submissão do conceito político ao modelo econômico. Mesmo que em Cuba já existam grandes redes de hotéis multinacionais e um mercado paralelo, não há como comparar o processo vivido pela ilha com o do gigante oriental. A China está num processo de abertura econômica selvagem, cujo paralelo só tem lugar com a Revolução Industrial - em que um rápido processo de acumulação de capital liberou as forças produtivas e engendrou as classes fundamentais do capitalismo contemporâneo: a burguesia e o proletariado. Ou com o Imperialismo (ou Neo-Colonialismo) - quando a África foi partilhada e explorada até os ossos pelo Ocidente e a própria China foi objeto de “zonas de influência”. Daí seu atual processo de “brasilianização”, como se referem alguns críticos ao crescimento estratosférico concomitante ao alarmante aumento na desigualdade social.
Entretanto, a diferença fundamental reside no aspecto ideológico incorporado por seus dirigentes. Fidel Castro coloca-se como defensor do socialismo e, sempre que pode, denuncia as iniqüidades do sistema capitalista. Já Hu Jintao posiciona-se como um agente de negócios, pronto para abrir as portas de seu mercado controlado com mão de ferro.
Para usar as palavras de Hannah Arendt, na obra “As Origens do Totalitarismo”, a China caminha para uma concepção de vida burguesa, cuja característica não se resume a ser uma classe proprietária, mas considerar que “todos podem pertencer a ela, contanto que concebam a vida como um processo permanente de aumentar a riqueza e considerem o dinheiro como algo sacrossanto que de modo algum deve ser usado como simples instrumento de consumo”.
Com isso, os dirigentes chineses recebem de seus congêneres ocidentais e da imprensa em geral o pomposo título de presidentes, ainda que violem certos princípios liberais – exceto o principal, é claro.
sábado, 20 de outubro de 2007
Porque hoje é Sábado e ontem foi sexta feira de Peruada
Foi Peruada... Oba? Nem tanto.
Pra quem não sabe, a Peruada é uma festa da Faculdade de Direito da USP (São Francisco, conhecida como Sanfran) e ocorre toda terceira sexta feira do mês de outubro. Há várias teorias sobre como surgiu essa "micareta" que ocupa o centro de São Paulo.
Uma é que quando os calouros entravam na Sanfran, a festa de "alforria" ou algo que o valha era regada a cachaça, assim como faziam com os perus antes do abate - enchiam as pobres aves de pinga - e eles andavam pelo centro da cidade "comemorando" ou whatever.
A segunda teoria é que um professor possuía perus muito bons, premiados em feiras agrícolas e que os alunos mataram, assaram e ofereceram os perus ao professor em um banquete e que ele se fartou com as aves sem saber que eram os seus animais.
Com teoria "a" ou "b", a peruada começou lá pelas 10h30, em um local restrito para os estudantes que adquiriram os convites, um estacionamento vazio no Largo do Paissandú. Lá dentro, o open bar rolava solto e a pegação já tinha começado.
A Partir das 13h o pessoal sai atrás de um trio elétrico pelas ruas. O trajeto passou pelas avenidas São João, Ipiranga, praça da República, São Luiz, viaduto 9 de Julho, rua Maria Paula, viaduto Brigadeiro Luis Antônio, rua Cristóvão Colombo, largo São Francisco, rua Libero Badaró, viaduto do Chá, praça Ramos e rua Conselheiro Crispiniano, até voltar ao estacionamento.
Coisas que vi durante a Peruada: um boquete, sexo explícito, umas esfregadas que um cara deu por trás de uma mina que ele não conhecia, muito beijo na boca e em outros lugares, homens fazendo xixi no canteirinho da Av. São Luis na frente dos policiais, dentre outras atrocidades.
Isso aconteceu (achar que são atrocidades) porque meu nível etílico estava muito baixo pra tudo aquilo fazer sentido. Odiei a Peruada esse ano. Odiei. É uma farsa: deveria ser uma festa política, mas é um circo. Deveria ser diversão, mas no fim é só um porre. Pra quem não está bêbado, não tem graça nenhuma andar atrás de um caminhão com som alto, música ruim e pessoas fantasiadas trombando e derrubando vinho em você. Vinho ruim, ainda por cima.
Não quero ser a reclamona que porque não bebeu e não beijou odiou a festinha que todo mundo adorou. Mas é que quando se olha bem de perto, tudo aquilo parece estúpido. Beijar pessoas que você nunca viu na vida, ou tentar beijar a mina vadia porque vai conseguir alguma ação, ou beijar a mina mais bêbada porque é mais fácil. Ninguém curte ninguém, ninguém gosta de ninguém, é tudo plástico e nonsense.
Olha, não entendo mesmo o "modus operandi" da peruada e dos homens e das mulheres e dos ohni's (objetos humanos não-identificados). Não faz sentido nenhum aquela contabilidade competitiva tipo "quantos você beijou? Três? Ah, eu beijei cinco!". Eu beijei ZERO. Talvez seja mesmo porque, pra mim, beijar é bom demais pra ser desperdiçado em quem eu nem conheço ou não gosto nem um pouco (ou não sei por onde a boca andou)...
Quem mandou ficar sóbria?
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
O Cobrador na Sexta Literária.
Literatura no Paço Cultural Júlio Guerra
A Casa Amarela promove eventos literários a fim de reunir e investigar a literatura existente em Santo Amaro. Confira as datas e participe dos eventos e oficinas programadas para a última semana de outubro, trata-se de uma homenagem ao horário de verão e a primavera, tudo grátis:
PELEJA LITERÁRIA
Dia 26 de Outubro, sexta-feira
19.30h às 22h - Periferia da Literatura ou Literatura da Periferia?
Mediação: Paloma Klysis, escritora e jornalista
Ad Rocha, poeta e músico
Antonio Vicente Pietroforte, professor de semiótica – USP
Elizandra Batista de Souza, poetisa e editora
Renato Palmares, poeta e ator
Renato Seixas, poeta
OFICINAS
(Concedidas pelo Jornal Literário O Casulo, premiado pelo VAI)
Dia 22 de Outubro, segunda-feira
Das 15h às 17h, Grátis
OFICINA LITERÁRIA: DIÁLOGOS
OFICINEIRO: Renan Nuernberger, poeta e membro do coletivo Vacamarela
A oficina visa oferecer um panorama dos principais símbolos e temas da poesia lírica, assim como sua influência na poesia que se produz hoje. A pauta principal será o símbolo FLOR e sua mudança de significado ao longo dos séculos e escolas literárias. Serão usados exemplos de poemas renascentistas, românticos, modernistas e contemporâneos, assim como letras de música de conhecida repercussão. O exercício prático será a construção de um poema que dialogue, através de seus símbolos e temas, com algum poema de nosso cânone modernista, devido a familiaridade dos alunos de ensino médio com este tipo de poesia.
Dia 24 de Outubro, quarta-feira
Das 15h às 17h, Grátis
OFICINA LITERÁRIA: CORDEL
OFICINEIRO: Carlos Galdino da Silva, cordelista do coletivo Candieiro Incendiário
A oficina visa desenvolver a linguagem do Cordel, por criação declamação, jogral, dramatização, etc.Pretende também apresentar aos alunos a
possibilidadede se integrarem com outras linguagens na fusão do cordelcom a música e poesia.
Confira as fotos da Récita Maloqueirista ocorrida no último dia 4/10 em frente ao Paço Cultural Júlio Guerra na Praça Floriano Peixoto em Santo Amaro.
www.picasaweb.google.com/casamarela13
Paço Cultural Júlio Guerra
Casa Amarela
Praça Floriano Peixoto, 131 – Santo Amaro
Fone: 5548. 1115
(Próx. Ao Largo Treze de Maio)
Estacionamento no Local
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Planeta USP?
Após ligeira interrupção de nosso estimado Ministro da Cultura, seguimos com a programação normal...
Discussão de mesa de bar: seria a USP um mundo a parte ou apenas uma versão intelectual da sociedade brasileira? Complicada a questão. Acho melhor voltar alguns anos no tempo, mais exatamente na década de 60. Movimentos políticos aflorados, golpe militar, primavera dos povos, embate da Maria Antônia. Saiam os estudantes às ruas, assim como recentemente fizeram na ocupação à Reitoria e na luta pela autonomia universitária. Lutava-se antes pela democracia, enquanto que no tempo presente buscou-se direitos exclusivistas (dos uspianos). Antes de criticar o anacronismo lembremos as manifestações, de ambos períodos, e da retratação que a mídia deu aos estudantes. Lá, em maio de 68, os veículos de comunicação mostraram os embates dos estudantes com a repressão militar, com os reacionários (e pró regime) mackenzianos , e transformaram a única morte do confronto (um estudante secundarista) em ícone de luta contra a censura acadêmica (e midiática). Aqui, na invasão da Reitoria, os movimentos estudantis, primeiro não foram aceitos pelos próprios estudantes uspianos (vulgo expulsão do DCE), segundo foram alvos da mídia para mostrar a “bagunça” que acontecia numa universidade pública. Acontece que, no contexto de
Pára Tudo
Faço uma invasão extarordinária só pra um aviso.
Pela primeira vez um muitos anos um canal de tv a cabo dos mais acessíveis, a TNT, vai fazer a partir de hoje a tarde uma homenagem ao Clint Eastwood, que merece isso há um bom tempo já. As 16:15 vai passar "Um Mundo Perfeito", o auge da capacidade de atução do Kevin Costner e um dos filmes mais sombrios que eu já vi, na sequência o reflexivo e inteligente "Cowboys do Espaço", seguido pelo (justamente) aclamado "Sobre Meninos e Lobos", baseado no excelente livro do Dennis Lehane, depois um policial do tipo dos que não se fazem mais hoje em dia: "Dívida de Sangue", encerrando com um dos melhores filmes que eu já vi do Eastwood: "Crime Verdadeiro". Esse é uma aula de cinema. Eis uma raríssima chance de ver o tal "cinema autoral" de forma crua, com um dos melhores, se não o melhor diretor estadunidense em atividade. E pra quem está na rua agora e está se lamentando que a mega sessão começe as 16:15, não se preocupe, ela vai até alta madrugada. Bom proveito pra que puder. e boa Quinta. Agora seguimos com a nossa programção normal.
Por Vinix
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Quarta MeiaEntrada - Um Pouquinho Diferente
Claire Danes
Os filmes de fantasia estão na moda de novo. Muito por causa do Harry Potter, muito por causa do Senhor dos Anéis, não que eu considere os dois um primor do cinema (já falei até positivamente do Harry Potter aqui), mas divertem. Vieram na esteira desses dois um monte de filminhos, longe do estilo de"O Cristal Encantado" dos anos oitenta ou “Guerreiros da Virtude” dos anos noventa, ou mesmo do meia boca "A Lenda" do Ridley Scott. Novamente, parecia que a história seguiria seu fluxo repetitivo, até que algum cineasta de bom coração resolveu prestar um pouquinho mais de atenção ao senhor Neil Gaiman. Baseado na sua Novela Ilustrada, chegou aos cinemas esse fim de semana o filme “Stardust”. Como é característica das histórias de Gaiman, o personagem principal está passando por uma mudança que determinará as suas ações. Essa mudança é algo comum, no caso a transição entre a adolescência e a fase adulta, mas cercada pelo fantástico. Eis a primeira diferença do filme para outras aventuras do gênero convencionais: A fantasia complementa a história, e não a história vive em função da fantasia. Outro ponto bem interessante é que os personagens que fazem parte de história quase conseguem fugir do maniqueísmo comum nesse tipo de filme. Nosso herói, Tristan, acaba por se envolver na história por motivos bem mesquinhos, e que acabam assim se revelando ao próprio personagem durante o desenrolar dos fatos. A bruxa-vilã, vivida por Michelle Pfeiffer também é outra personagem que quase saí do estereotipo “Sou-má-e-faço-o-mal-e-ponto”, mas talvez isso se deva a atuação magnífica da atriz. O Robert de Niro também se mostra muito bem, num papel nada convencional na sua carreira, mas peraí né, é o De Niro. Ele é como a musa. Pode e faz. E enfim, ponto pra Claire Danes, que faz como sempre uma boa atuação, mas raramente (como neste caso) num bom filme. Pra quem está afim de uma diversão com uma história um pouco mais inteligente, “Stardust” vale a pena.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Terça mochilão
As mulheres da China.
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
A Força das Palavras
Embora a crítica de Michel Foucault ao conceito de verdade por vezes tenda a um ceticismo que possa conduzir a uma paralisia e conseqüentemente à apatia, sua formulação de que quem controla o discurso controla a história é bastante pertinente para analisarmos o caso do Mensalão e sua divulgação na imprensa.
O caso já recebeu diversas nomenclaturas, como Valerioduto, Caixa 2, Crime Eleitoral e Dinheiro Não-contabilizado, e foi adotado por diferentes veículos de comunicação conforme seu posicionamento político-ideológico.
Vejamos alguns casos ilustrativos:
Folha, Estado, Globo e Veja adotaram Mensalão, assim como o Correio da Cidadania (www.correiodacidadania.com.br ) e o Brasil de Fato (www.brasildefato.com.br ) Já Paulo Henrique Amorim (www.conversa-afiada.ig.com.br ) e Mino Carta (www.blogdomino.blig.ig.com.br ) afirmam que o Mensalão não ficou provado e preferem o termo Caixa 2. De maneira bastante esquemática, sem entrar em nuances, podemos classificá-los em 3 grupos:
Liberal: Folha, Estado, Globo e Veja - Mensalão
Social Democrata: Mino Carta e Paulo Henrique Amorim – Caixa 2
Socialista: Correio da Cidadania e Brasil de Fato - Mensalão
Paulo Henrique Amorim e Mino Carta defendem publicamente o governo Lula, embora lhe façam restrições, Mino Carta principalmente.
Folha e Estado criticam especialmente as questões éticas do governo e a política econômica (basicamente câmbio e juros), sem, no entanto, atacar seus fundamentos.
Já o Correio da Cidadania e o Brasil de Fato atacam a falta ética do governo e os fundamentos econômicos em que se baseia.
A definição de Mensalão caracteriza-se pelo pagamento de propina a parlamentares para que votassem projetos do governo.
Já a prática do Caixa 2 refere-se a dinheiro não declarado para campanha de parlamentares.
É bom lembrar que os dois conceitos são crimes, e vale tanto para o “Mensalão Petista” como o “Valerioduto Tucano”.
Do ponto de vista moral, o termo Mensalão soa muito pior do que Caixa 2, porque, ao descrever os parlamentares como negociantes de votos, ataca a visão que temos de democracia representativa, em que o representante deveria legislar conforme suas bandeiras encampadas na campanha e não para quem lhe paga mais. Dessa forma o conceito que temos de República é corroído, pois o Executivo interferiria de modo corrupto no Legislativo.
O Caixa 2 estaria num patamar inferior de perversidade, pois, embora condenável, não chegaria a romper o fundamento da democracia representativa nem o equilíbrio dos Três Poderes. Trataria-se “apenas” de uma forma de levar vantagem no processo de campanha eleitoral.
O uso de um termo ou de outro traz implicações políticas fundamentais para o governo, principalmente para uma figura que esteve no olho do furacão: José Dirceu. Como Ministro da Casa Civil, ele era o responsável por estabelecer alianças com outros partidos. Logo, ele seria o chefe do Mensalão, conforme denunciou Roberto Jefferson e acatou o STF. Entretanto, não há nenhuma “evidência material” contra ele. Somente a denúncia de Jefferson, uma ou outra fala mais intempestiva e uma série de casos de corrupção ocorridos sob sua administração, mas que não o implicavam diretamente (Waldomiro Diniz e Correios). Diferente, por exemplo, do caso de João Paulo Cunha, cuja mulher sacou R$ 50.000,00. Isso é uma evidência material inegável de que no mínimo algo está errado. É por isso que Paulo Henrique Amorim e Mino Carta dizem que houve crime de Caixa 2 (eleitoral), mas que falta provar o Mensalão (compra de votos). Só que julgamentos também se fazem com testemunhas, e a principal testemunha contra José Dirceu é Roberto Jefferson, político extremamente astuto e que não esperava tornar-se réu no escândalo que ele mesmo denunciou.
O crime de Caixa 2 tende a isentar José Dirceu, porque fica restrito à área financeira do partido, ou seja, Delúbio Soares, e ao presidente do partido, José Genoíno, que assinou os empréstimos contraídos. O processo delimitaria-se à campanha, sem entrar na legislatura e na relação tensa entre Executivo e Legislativo. Entretanto, pagamentos foram efetuados quando os deputados já estavam legislando e é aí que a porca torce o rabo. Como provar que uma coisa não tem nada a ver com a outra? Impossível saber. Mas o texto está se alongando e adentrando demais no campo político, cujo espaço é às quintas. Voltando à mídia e aos jornais e blogs citados, podemos concluir que a opção pelo termo Mensalão implica num ataque direto ao governo, seja pelo lado liberal, que não vê com bons olhos a seqüência de escândalos nem a reafirmação do socialismo no PT em seu último congresso (embora completamente descaracterizado, mas sempre um risco ao liberalismo), seja pelo campo mais à esquerda, que consideram insuficientes os projetos governistas e uma traição as alianças com setores conservadores em prol da “governabilidade”. Os fatos obtidos até agora dão respaldo a Paulo Henrique Amorim e Mino Carta, os quais, numa luta inglória, proclamam que o chamado Mensalão tratou-se, por enquanto, de pagamentos de campanha não declarados, o que configura crime eleitoral. Que ficaria muito bem sob o rótulo de Valerioduto, pois dá conta da prática ilegal e corrupta implementada tanto por tucanos quanto petistas, sem que se caia num pré-julgamento, como no caso do termo Mensalão – criado por Roberto Jefferson, é bom lembrar, personagem interessado em dinamitar o governo. Quanto à situação de José Dirceu, qualquer afirmação de envolvimento é mera especulação. Aguardemos os fatos.
domingo, 14 de outubro de 2007
Porque Hoje é Sábado?
Bem... pelo menos era quando eu comecei a escrever, aliás eu comecei um pouco antes da meia noite e em menos de três linhas já passa de 1 da manhã. O horário de verão é surreal.
E enquanto a Musa do blog curte um fim de semana ao lado de outras Dianas, a minha sobrinha ganha hum real por abacaxis descascados, o Ministro Bezerra passa por um Intensivão de carioquês, o nobre Czar curte as desventuras do amor e o Ministro Puskas descansa porque ninguém é de ferro, o Tio trabalha e tenta manter a popularidade do blog em alta(ooooo!), fazendo essa substituição "deluxe" ao Sábado da Musa.
Serei breve.
O ruim de escrever sobre relacionamentos é que eu tenho o hábito de ser muito pessoal nas minhas constatações, o que não acaba contribuindo pro texto, mas dessa vez serei(tentarei ser) impessoal.
Alguém aqui já tomou um fora ouvindo da pessoa querida que ela não achava certo misturar a amizade com o romance? Acredito que sim, e se não foram vítimas disso, creio que conheçam alguém que já foi. Taí uma coisa que eu, do alto da minha burrice (que não é pouca) não entendo muito bem. Vou começar pelo fim: Quer dizer que aquele cara/mina com pinta, manha, marra e malícia duvidosos que você acaba de perceber que está te olhando da outra mesa do bar vale mais a pena do que o/a mané com quem você está sentado/a ouvindo os seus problemas e te dando atenção a noite toda? Esquisito isso. Mais esquisito então, é ouvir de muitas patrícias e patrícios que é muito complicado sentir atração por uma pessoa que é tão íntima de você (acreditem eu já ouvi essa de umas 4 pessoas). Eu pensava (quem mandou pensar né?) que uma relação amorosa só teria a ganhar com intimidade, acho que estava errado. E o argumento mais pesado do pessoal: O desejo. Nesses casos existe (e eu acredito que exista mesmo) o fator do desejo, que faz a gente se apaixonar por uma pessoa com quem a gente conversou apenas 5 minutos, faz subir aquela quentura, desmonta os nossos argumentos e que pode muito bem não ser nada do que a gente planejava para ser a nossa cara-metade, mas que nos tira do eixo. É aí, uma coisa incontrolável, mais forte que você, e quando as coisas que vem de nós são mais fortes do que as coisas que nós queremos de nós, é caixão e vela preta. Agora, quantas dessas relações fulminantes vão para um futuro promissor? Eu conheço 2 assim, e acho que 2 é um número bem pequeno. Enquanto isso, o nosso amigo de peito do sexo oposto (ou não) está lá, ao melhor estilo mestre-Sala(só rodeando a Porta-Bandeira), arame-liso(cerca mas não machuca), arroz (só serve pra acompanhar), e a gente esperando o "Incontrolável da Silva" aparecer. Nesse caso acontece que, com os nossos amigos que nós vemos que são mais do que amigos e que gostamos de te-los ao nosso lado, nós controlamos o incontrolável. Podem procurar, ele(o desejo) está lá sim. Só que bem guardado, evitando maiores constrangimentos.
E a humanidade segue, sempre bem-resolvida.
Há dentro desse ramo de relações, as amizades coloridas, mas isso é assunto pra um outro post...
sábado, 13 de outubro de 2007
Porque hoje é Sábado pós-festa
Era uma vez uma menina. Nem bonita nem feia, só uma menina normal. Bem, normal não era, afinal, quem o é? Mas era regular. Nem alta nem baixa, nem gorda nem magra, nem bonita nem feia.
Estava viajando num fim de semana de calor intenso, para uma cidade muito longe... A menina seguia sob sol forte para Pintolândia. Vejam bem, não foi dado esse nome à cidade por maldade, nem por sarro. Acidente mesmo, como daqueles pais que batizam a filha de Madinusa (sabem, “made in USA”?).
Dizem que hoje em dia, nos registros de certidão, os cartórios têm permissão pra vetar alguns nomes que sejam deveras “excêntricos”, pra não falar horrendos, vergonhosos, humilhantes. Deveria existir um cartório pra registro de nome de cidade também. Afinal, aposto que quem mora em Bofete, por exemplo, gostaria de mudar o nome da sua cidade.
Voltando à Pintolândia, repito, acidentalmente assim chamada, era uma cidade como a menina. Nem bonita nem feia. Se bem quealguns diriam que estava mais pra feia, só que, com esse nome, a gente dá uma colher de chá. Não era grande nem pequena, nem avançada nem atrasada, nem bonita nem feia.
O triste da cidade, além da mediocridade, era que não fazia jus ao nome. Mas isso não vem ao caso, que a história aqui é outra.
Chegou na cidade, pra esse fim de semana de calor, onde havia comoção geral em toda a região pois haveria o casamento do ano. Do século alguns diriam. Foram seis mil reais em flores. Seis não, doze, não se esqueça da festa! Outros falavam apenas na expectativa da roupa da mãe da noiva. Se fosse enrolada num tapete de zebra ninguém se assustaria.
Mas a menina regular, assim como a cidade, não estava acostumada com essas coisas, sabem? Lhe causava muito espanto tanto dinheiro e energia gastos, nessa ordem, pra um mísero dia. Um diazinho só, ou nem isso, algumas horas da tarde e da noite. Se o casamento durasse uma semana, como os ciganos fazem, ainda valeria a pena. Mas pra ficar menos de 12 horas no evento, parecia esforço demais pra aproveitar de menos.
Se bem que, uma menina regular daquela, o que sabia ela sobre casamento e felicidade e amor e até que a morte os separe? Pensou bem e concluiu que: quem dera ela, normal assim, arranjar alguém que ela amasse e que a quisesse tanto a ponto de torrar milhares em flores que dentro de horas estariam no lixo! Quem dera ela ainda ter a ilusão do amor eterno, e querer um casamento cinematográfico! Talvez seria mais feliz.
Acontece que a menina normal (bem, não era normal...) dentro daquela cidade normal, estava mais pra alienígena que pra menina. Onde já se viu dizer que não ia casar? Onde já se viu dizer que não ia casar na Igreja? Onde já se viu dizer que não gostava da Igreja? ONDE JÁ SE VIU DIZER QUE NÃO ERA CATÓLICA? Ih, muitas perguntas para uma única menina normal.
Sem pretensões do véu e grinalda, a menina deu de ombros e resolveu aproveitar a abundância de bebida e comida boa, docinhos, mais os brindezinhos coloridos da festa.
A dinheirama não era dela mesmo!
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
As Satyrianas saúdam a primavera em grande estilo
Rua
12h00 - “O Santo Guerreiro e o Herói Desajustado” (teatro), com a Cia. São Jorge de Variedades - local: Praça da República
16h00 – “Eu Experimento” (teatro de rua), Cia. Meses de Teatro, local: Praça Roosevelt
Espaço dos Satyros Um
02h00 – “Deve ser do Caralho o Carnaval em Bonifácio” (teatro)
03h00 – “Beckett in White” (teatro)05h00 – “Cântico dos Cânticos” (teatro)
10h00 – Café Literário – Os Novos Caminhos da Dramaturgia – Tema: “Leis de Incentivo e Políticas Culturais”, mediação: Rodolfo García Vazquez; debatedores: Hugo Possolo, Sergio Roveri e Paulo Fabiano
15h00 – “Visitando Arrabal” (teatro)16h00 – “Amor e Traição: um Olhar Sobre o Tema” (teatro)18h00 – “Memórias da Rua” (teatro), Cia. Barracão20h00 – “Assim Parece” (teatro)21h30 – “Só as Gordas São Felizes” (teatro)22h30 – “Carina está Viva” (teatro)24h00 – “O Santo Parto” (teatro)
Espaço dos Satyros Dois
01h30 – “Psicose 4h48” (teatro)
03h00 – “Sinfonia Patética” (teatro), Cia. de Orquestração Cênica
04h30 – “O Homem do Beijo Diferente” (teatro) – Cia. Artera
05h30 – “Inevitável” (teatro), Cia. Nem Nome Tem
15h00 – “Ensaio Aberto” (teatro)
17h00 – “Negro de Estimação” (teatro)
21h00 – “Delicadeza” (teatro), Grupo Kuringa
24h00 – “Últimas Notícias de uma História só” (teatro)
Espaço dos Satyros Pantanal
01h00 – “Assim é” (vídeo)
16h00 – “HIV” (teatro)Teatro da Vila
20h00 – “Cidadão de Papel” (teatro)
24h00 – “O Holandês” (teatro)
Espaço Parlapatões
01h00 – “Noite da Panelada” (teatro)
02h30 – “Ajeitando o Saccro” (teatro)
03h30 – “O Homem que queria ser Rita Cadilac” (teatro)
21h00 – “Eu Odeio Kombi” (teatro), Grupo Parlapatões
22h30 – “Comediantes em Pé de Guerra” (teatro)
Teatro do Ator
01h30 – “30 Anos, 3 Anas” (teatro)
03h00 – “Um Año de Amor” (teatro)
19h00 – “Moscarda” (teatro)
23h00 – “Caetaneando” (teatro)Studio 184
21h00 – “Quatro num Quarto” (teatro)
Next
22h00 – “Textículos” (teatro)
Tusp
19h00 – “Navalha na Carne” (teatro), Grupo Tusp
Galpão do Folias
20h00 – “Orestéia – o Canto do Bode” (teatro), Grupo Folias
Companhia Corpos Nômades
21h30 – “Fuga Fora do Tempo” (dança), Cia. Corpos Nômades
Eventos literários da Satyrianas:
Poesia e crianças no Capão Redondo
A Comunidade Itaoca convida todos para brincar com as crianças na rua!
(12 DE OUTUBRO) à A partir das 13 horas
Rua Miguel Francisco Dias – Jd. Itaoca
(Passar o Metrô Capão e descer a esquerda no Posto IPIRANGA na Estrada de Itapecerica 3500)
Palhaço Nó Cego em Pingo d’Água
(União Punk, HipHop, reggae)
Iniciativa e Apoio:
Comunidade Jardim Itaoca–Coletivo Semente de Fogo-Coletivo Humanitude-ASSESA
Comitê de Luta Contra a Carestia/Capã o-SINDIVÁRIOS- SP-FOSP-COB/ ACAT-AIT
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Partido X Candidato
Foi só eu dar uma espraiada por outros campos que o Governo resolve fazer algo para chamar minha atenção (egocentrismo pouco aqui!). Eu escrevendo sobre Freud e ele lá aprovando a lei que transfere o cargo político mais ao partido do que ao candidato. Confesso-lhes que recebi a noticia com certo gozo. Cerca de um ano e meio atrás tive uma discussão com o candidato a deputado federal (pelo PSDB), Noel Villas Boas, em que o cerne era exatamente o papel dos partidos na política atual. Na época devo ter sido tachado de leninista ou coisa parecida, mas em resumo, defendi que o partido era quem comandava os rumos dos votos nas Câmaras, enquanto que Noel dizia que os partidos estavam enfraquecidos e os candidatos votavam por sua própria opinião critica. Desavenças a parte, hoje percebo que ambos estavam certos (ou errados)
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Quarta MeiaEntrada - A Voz
Esse todo mundo conhece; Frank Sinatra
O post elucidante da minha sobrinha sobre o caso de Jena Six me trouxe a mente uma dúvida que eu sempre tive sobre cantores de jazz: Todo mundo tem em conta, quando se fala numa grande voz masculina do Jazz, o Frank Sinatra, não é? Beleza, até aí eu não tenho nada contra o cara e ele canta bem mesmo, ele fez muito sucesso, fez filmes... Enfim, ele é “A Voz”, é assim que e o chamam e eu não vou discordar disso, a princípio.
Agora, eu penso que pra que um cantor seja considerado “A Voz”, ou seja, o representante máximo de um gênero tão rico quanto o Jazz, ele tenha que ter sido um renovador, alguém que criou um estilo único e que foi imitado, alguém realmente relevante dentro do cenário. Pois bem, o velho “Blue Eyes” trouxe elementos da interpretação erudita ao jazz, só que o Nat King Cole já havia trazido esses elementos um pouquinho antes, mas tudo bem. Ele eternizou alguns Standards do gênero, como “Night and Day” e “I Got You, under my Skin”, ambos de Cole Porter por exemplo. Ou teria sido a Ella Fitzgerald? Talvez devêssemos considerar a sua capacidade no “Scat” o improviso vocal, um símbolo do jazz, que tal? Só que o Sinatra pouco improvisava… Quem improvisava e muito por sinal era o criador do “Scat”, Louis Armstrong.
Aí depois disso tudo eu volto à dúvida: Se o Sinatra, apesar de ter sido um ótimo cantor, não se enquadrou em nenhum dos quesitos que eu propus para que uma voz seja considerada “A Voz” no jazz, o que ele tinha que os outros citados acima não tinham? Vejamos os outros casos mais minuciosamente:
Louis Armstong era negro e realmente não era um grande cantor, era na verdade um grande trompetista, um dos maiores responsáveis pela popularização do jazz. Nat King Cole (esse sim um grande cantor) era negro e morreu de câncer em 1965, por fumar em média 3 maços de cigarro ao dia. Mesmo assim nunca fez um anúncio de cigarro e teve até um programa na TV cancelado por falta de anunciantes, que não queriam ligar suas marcas a um negro, por mais carismático que ele fosse. Ella Fitzgerald era negra, era mulher e era feia para os padrões Estadunidenses. Foi rejeitada em seus primeiros testes exatamente por isso, mas depois se consagrou, reinventou o modo de cantar jazz e foi elogiada tanto por sua técnica vocal perfeita quanto por suas interpretações dramaticamente precisas.
Mas “A Voz” é o senhor Francis Albert “Branco de Olhos Azuis” Sinatra.
Isso sem que eu precise citar outros cantores negros, como Brook Benton, Billie Holiday, Sarah Voughan...
Essa, pra quem não conhece, é a Ella Fitzgerald