quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Quarta MeiaEntrada - Representando a Falsidade



Eu tava louco pra trocar de tema (só essa semana) com a Julia, queria muito falar sobre relacionamentos mais pessoais essa semana, mas infelizmente não deu. Aí fiquei aqui pensando se eu tinha como dar um jeitinho de falar disso nessas Quartas de vinho e rosas... Não que eu tenha capacidade suficiente pra substituir a “Petit Ministre” aos sábados (e olha que as Quartas ela tiraria de letra), mas eu sou movido a álcool, e álcool deixa a gente sentimental.

Esse fim de semana eu tive a oportunidade de observar vários rapazes e mocinhas no mesmo ambiente, superexpostos a eles mesmos, gerando faíscas, inclusive fui eu vítima dessa tediosa superexposição, ao ponto de perder um pouquinho a paciência (só um pouquinho). Quando eu vejo essas relações de fora, acho curioso, divertido, porque inevitavelmente as pessoas se põem em papéis para entreter as outras, (ou uma em especial) gerando um peça de improviso que acaba durando a noite inteira e que degringola à medida que o álcool entra e os pseudo-atores vão perdendo a capacidade de atuar, ou pior, vão sofisticando os seus papéis a ponto de se despersonalizarem quase completamente. O cinema comercial nos ensina que pra você conquistar alguém, há de se caminhar até a sinceridade. Pra isso que existem as Comédias Românticas, que nos pregam em geral que se você demonstra o que é de verdade, pode dar uns malhos até na Daryl Hannah, mesmo tendo um nariz de 20 centímetros (“Roxanne”, 1987, uma adaptação meia boca do Cyrano de Bergerac, com o Steve Martin e a já citada atriz). Mas quem faz isso na vida real? Quem acredita que uma coisa dessas funciona na vida real? Parece que nós sofremos da “Síndrome de Adam Sandler”, pois aos sermos nós mesmos, nos sentimos automaticamente desinteressantes para os padrões que impomos ao próximo, e entramos em jogos, fazemos os nossos jogos, interferimos nos jogos dos outros. E isso explica pra quem já me questionou, porque que eu acho “Closer” uma merda sem tamanho. Esse filme não passa de uma sucessão de joguinhos, onde o sexo é instrumento de tortura ao próximo, não de prazer pra você e pra quem você gosta. Quando eu, na mesa do bar onde eu assistia e participava estupidamente desses jogos de ego, vi uma Natalie Portman ali, um Jude Law aqui, Um Clive Owen acolá (Julia Roberts tinha um monte...) me senti péssimo, e pior, eu não me excluo dessa jogatina. Como não tenho o poder aquisitivo que os personagens do filme têm, nem tampouco chego perto da beleza projetada dos atores do filme, faço portanto um reflexo distorcido. A perfeição do mito da Caverna se torna o Mike Nichols, e nós somos essa disformidade travestida de pessoas supostamente inteligentes. Românticos são essencialmente mentirosos e o mal dessa geração viciada em jogos e em atenção é o romantismo.

10 comentários:

Anônimo disse...

Fico curioso e até um tanto quanto ansioso pelo final desse filme, onde ao subir das letrinhas aparece o nome do ator juntamente com seu respectivo personagem. Fui vilão? Fui mocinho? Um mero "sem o que fazer" que completa o elenco?
A curiosidade me consome enquanto aguardo o "THE END".

Carol M. disse...

Fico só imaginando uma ninfetinha fazendo o pobre Tio Vinix sofrer, tanto que ele escreveu um post meloso (se bem que verdadeiro e lúcido) só pra amenizar a tristeza, hahahaha.

[Mulheres assim me causam estupefação!]

Brincadeiras à parte, boas as ponderações, mas nem sempre as coisas se resumem aos jogos. Eu, por exemplo, não gosto at all de jogar quando estou de fato a fim de alguém. Por outro lado, quando não estou e o cara é egocêntrico, fico totalmente alheia ao dano que causo. Tem gente que merece, oras!

salvaterra disse...

que inspirado esse texto hein!!!

agora eu só jogo rpg, e muuuito de vez enquando ainda por cima (saco).

Elton disse...

Estou com o Rodrigo. Aguardo o cair do pano.

Anônimo disse...

Você quase me conquistou com seu texto. Mas foi num ponto de discordancia que acordei e fugi de um ultimo golpe numa continuidade do eterno jogo da sedução.

No filme o sexo não é instrumento de tortura ao outro (parceiro). É um jogo de dominação entre homens. Demonstra a importância que vocês dão ao sexo. Nesse ponto o filme é bom. Dois homens mostram o quanto são fortes atraves de um jogo em que procuram provar um ao outro quem é o melhor. E quem é o melhor para eles (os homens [no filme?]). O que consegue levar a mulher do outro p/ cama. Ou melhor, o que consegue levar mais mulheres p/ cama.

Essa critica é válida e acho que seu sentimentalismo deixou escapar.
Sentimentalismo ou mais uma trama de um jogador assiduo? Ao meu ver você deveria era se identificar com o filme.

Anônimo disse...

hehehe.

mas também discordo dessa visão de disputa desta história. e as poucas mulheres com quem tive intimidade pra sondar, descobri que eram tão homens quanto os homens, e que no final das contas ambos os sexos são apenas gêneros de uma mesma espécie.

Anônimo disse...

natalie portman é uma jogadora das bravas ;)

Tio Vinix disse...

Carol: Ce tirou o dia pra me chutar, né? rsrsrs... Chutar cachorro morto não tem graça, guria. O problema é que qdo vc não não joga, vc tb está jogando. Mulheres assim me tiram do eixo...

Natalie: Eu assumo que na verdade sou um jogador compulsivo. Agora, se há competição entre os dois homens, há mulheres pra serem conquistadas, e não acho que nenhuma mulher não saiba do poder que tem ao ser alçada a condição de "Prêmio", e que não aprenda a utilizar isso em qualquer jogo, principalmente qdo por exemplo, joga se "excluindo" do jogo. A propósito, a sua atuação é a melhor coisa do "Closer"

Elton e Rodrigo: Somos protagonistas dos nossos próprios jogos, sempre heróis, no sentido translato.

Salvaterra: Vc já "passou de fase" rapaz...hehehehe

Ministro Puskas disse...

"Ah vai! Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
A fim de te acompanhar"

Declaro essa a Semana "Dê um puxao de orelha no Vinix e ganhe uma mariola!" ;)

Quanto aos comentarios do filme: Existem dois tipos de jogadores, os que criam uma fantasia por medo de se exporem e os que apenas gostam da diversão que um joguinho proporciona de vez em quando. O primeiro é caso de analise, enquanto o segundo chega mesmo a ser saudavel.

PS: Esse negocio de disputa entre homens eu desconheço... :p

Julia disse...

Todos jogamos, até quando nos retiramos da partida. Tudo é golpe, artimanha, plano e planejamento. Assustador, meu caro vinix, como você teve exatamente a mesma impressão da Merda do Closer que eu...

Fico até meio chateada de pensar como eu mesma jogo e sou até ardilosa... E os homens não são nem um pouco vítimas, na medida que também jogam comigo e machucam e manipulam... Vinix, se quiser um ombro solidário, tô contigo e não abro.

Beijos