quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Partido X Candidato

Foi só eu dar uma espraiada por outros campos que o Governo resolve fazer algo para chamar minha atenção (egocentrismo pouco aqui!). Eu escrevendo sobre Freud e ele lá aprovando a lei que transfere o cargo político mais ao partido do que ao candidato. Confesso-lhes que recebi a noticia com certo gozo. Cerca de um ano e meio atrás tive uma discussão com o candidato a deputado federal (pelo PSDB), Noel Villas Boas, em que o cerne era exatamente o papel dos partidos na política atual. Na época devo ter sido tachado de leninista ou coisa parecida, mas em resumo, defendi que o partido era quem comandava os rumos dos votos nas Câmaras, enquanto que Noel dizia que os partidos estavam enfraquecidos e os candidatos votavam por sua própria opinião critica. Desavenças a parte, hoje percebo que ambos estavam certos (ou errados) em parte. Toda essa reviravolta tentou suprimir a sangria de deputados da oposição rumo ao governo, mas isso não é uma característica própria do modelo PT de governar. Realmente, desde o inicio da década de 90 é cada vez mais difícil ser oposição no país, afinal você fica fora dos cargos importantes, não recebe mensalões e por ai vai. Consequentemente todo mundo acaba flertando com o governo, independente de ser esquerda, direita ou centro, dando a impressão (por alguns momentos) de que não existe oposição e que todo mundo pensa na mesma direção. Nesse sentido Noel tinha certa razão, os partidos estão enfraquecidos, mas ainda assim acho que influenciavam a decisão dos votos. O PSOL por acaso, não surgiu exatamente por conta de uma infidelidade partidária? Pois é, então a tal lei que dá primazia dos cargos aos partidos foi uma coisa boa? Difícil. Por um lado é bom porque dificulta cirandas parlamentares por puro interesse mesquinho, mas por outro transforma o candidato em refém de partidos políticos muitas vezes corruptos. Por exemplo o PT, com uma boa tradição popular progressista, acabou atraindo diversos intelectuais as suas fileiras; subiu ao poder e praticamente jogou no lixo sua história. E aí? Como faz? Quero mudar de partido! Não posso, perco o mandato se mudar, e também perco se votar contra (que terror!). Antes de dar a pertença do cargo ao partido, o Supremo deveria ter criado uma outra lei – A de Fidelidade Ideológica! O partido, em sua criação, determinaria as bases ideológicas de seu funcionamento e os objetivos amplos que se propõe a estabelecer, podendo receber processo caso desobedeça essas diretrizes. Autoritário? Perceba que agora os partidos são aglomerações ideológicas que possuem cargos políticos, e consequentemente passam a ser o elemento central de representação popular (não mais identificada ao candidato). Agora não adianta mais escolher o candidato bonitinho, engraçadinho ou coisa do tipo, e sim votar no que o partido se propõe a fazer. Difícil é saber o que os partidos brasileiros se propõem a fazer...

3 comentários:

Tio Vinix disse...

eu acho é pouco... quero ver em 2010...

Julia disse...

Quem dera houvesse Fidelidade Ideológica, certamente algumas coisas estariam melhores.

Agora, não sei como pode haver tamanho tráfico de influência desvelado e ninguém fazer nada! Como me irrita essa barganha entre voto-cargo, cargo-dinheiro, dinheiro-voto, e assim nesse ciclo vicioso maldito... Não posso mais ler sobre política, acho que uma hora tenho um troço, um AVC, sei lá... (dramática, não?)

Ministro Puskas disse...

AVC foi foda!