Era uma vez uma menina. Nem bonita nem feia, só uma menina normal. Bem, normal não era, afinal, quem o é? Mas era regular. Nem alta nem baixa, nem gorda nem magra, nem bonita nem feia.
Estava viajando num fim de semana de calor intenso, para uma cidade muito longe... A menina seguia sob sol forte para Pintolândia. Vejam bem, não foi dado esse nome à cidade por maldade, nem por sarro. Acidente mesmo, como daqueles pais que batizam a filha de Madinusa (sabem, “made in USA”?).
Dizem que hoje em dia, nos registros de certidão, os cartórios têm permissão pra vetar alguns nomes que sejam deveras “excêntricos”, pra não falar horrendos, vergonhosos, humilhantes. Deveria existir um cartório pra registro de nome de cidade também. Afinal, aposto que quem mora em Bofete, por exemplo, gostaria de mudar o nome da sua cidade.
Voltando à Pintolândia, repito, acidentalmente assim chamada, era uma cidade como a menina. Nem bonita nem feia. Se bem quealguns diriam que estava mais pra feia, só que, com esse nome, a gente dá uma colher de chá. Não era grande nem pequena, nem avançada nem atrasada, nem bonita nem feia.
O triste da cidade, além da mediocridade, era que não fazia jus ao nome. Mas isso não vem ao caso, que a história aqui é outra.
Chegou na cidade, pra esse fim de semana de calor, onde havia comoção geral em toda a região pois haveria o casamento do ano. Do século alguns diriam. Foram seis mil reais em flores. Seis não, doze, não se esqueça da festa! Outros falavam apenas na expectativa da roupa da mãe da noiva. Se fosse enrolada num tapete de zebra ninguém se assustaria.
Mas a menina regular, assim como a cidade, não estava acostumada com essas coisas, sabem? Lhe causava muito espanto tanto dinheiro e energia gastos, nessa ordem, pra um mísero dia. Um diazinho só, ou nem isso, algumas horas da tarde e da noite. Se o casamento durasse uma semana, como os ciganos fazem, ainda valeria a pena. Mas pra ficar menos de 12 horas no evento, parecia esforço demais pra aproveitar de menos.
Se bem que, uma menina regular daquela, o que sabia ela sobre casamento e felicidade e amor e até que a morte os separe? Pensou bem e concluiu que: quem dera ela, normal assim, arranjar alguém que ela amasse e que a quisesse tanto a ponto de torrar milhares em flores que dentro de horas estariam no lixo! Quem dera ela ainda ter a ilusão do amor eterno, e querer um casamento cinematográfico! Talvez seria mais feliz.
Acontece que a menina normal (bem, não era normal...) dentro daquela cidade normal, estava mais pra alienígena que pra menina. Onde já se viu dizer que não ia casar? Onde já se viu dizer que não ia casar na Igreja? Onde já se viu dizer que não gostava da Igreja? ONDE JÁ SE VIU DIZER QUE NÃO ERA CATÓLICA? Ih, muitas perguntas para uma única menina normal.
Sem pretensões do véu e grinalda, a menina deu de ombros e resolveu aproveitar a abundância de bebida e comida boa, docinhos, mais os brindezinhos coloridos da festa.
A dinheirama não era dela mesmo!
sábado, 13 de outubro de 2007
Porque hoje é Sábado pós-festa
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3 comentários:
muito bem... posta com delay mesmo...
essa sua falsa modéstia é que mata.
No ônibus que pego, uma garota fez comentário parecido. Foi à festa de casamento da tia que todos acreditavam ficar solteirona até o resto da vida, apreciou a festona e saiu de lá quase acreditando no amor. Talvez efeito do álcool...
Se essas festas fazem a gente acreditar no amor eu não sei, mas que dá vontade de ter uma igual, ah, isso dá. Ainda bem que o efeito passa logo, porque gastar uma grana que eu não tenho pra fazer casório não ia rolar. Definitivamente.
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