sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O Cobrador na Sexta Literária.

Começa aqui então a seqüência de comentários sobre narrativas breves, contos, crônicas...etc etc.
Você já imaginou acabar com seu dentista? Matar qualquer um na rua simplesmente porque você é o cobrador? Já cansou de pagar por tudo?
Pois é o Cobrador fazia isso. Um conto que lembra muito o filme "Um dia de Fúria", o sujeito sai de casa pára no dentista e o enfrenta:
"...Esses caras são engraçados.
Vou ter que arrancar,ele disse, o senhor já tem poucos dentes e se não fizer um tratamento rápido vai perder todos os outros, inclusive estes daqui - e deu uma pancada estridente nos meus dentes da frente.
Uma injeção de anestesia na gengiva. Mostrou o dente na pona do boticão: A raiz está podre,vê? disse com pouco caso. São quatrocentos cruzeiros.
Só rindo, não tem não meu chapa, eu disse.
Não tem não o quê?
Não tem quatrocentos cruzeiros. Fui andando em direção à porta.
Ele bloqueou a porta com um corpo. É melhor pagar, disse. Era um homem grande, mãos grandes, pulso forte de tanto arrancar dentes dos fodidos. E meu físico franzino encorajava as pessoas. Odeio dentistas, comerciantes, advogados, industriais, funcionários, médicos, executivos, essa canalha inteira. Todo eles estão devendo muito. Abri o blusão, tirei o 38 e perguntei com tanta raiva que uma gota de cuspe bateu na cara dele - que tal enfiar isso no teu cu? Ele ficou branco, recuou. Apontando o revólver para o peito dele comecei a aliviar o meu coração: tirei as gavetas dos armários, joguei tudo no chão, chutei os vidrinhos, todos como se fossem bolas, eles pipocavam e explodiam na parede. Arrebentar os cuspidores e motores foi mais difícil, cheguei a machucar as mãos e os pés. O dentista me olhava, várias vezes deve ter pensado em pular em cima de mim, eu queria muito que ele fizesse isso para dar um tiro naquela barriga grande e cheio de merda.
Eu não pago mais nada, cansei de pagar! gritei para ele, agora eu só cobro! Dei um tiro no joelho dele. Devia ter matado aquele filho-da-puta."
Nem queira imaginar como o conto termina, vale a pena ler para descobrir, a verdade é que o cara sai tretando com Deus e o mundo e com uma de suas vítimas ele solta urros : "Não se fazem mais cimitarras como antigamente/ Eu sou uma hecatombe/ Não foi nem Deus nem o Diabo/ Quem me fez foi um vingador/ Fui eu mesmo/ Eu sou o Homem-Pênis/ Eu sou o Cobrador"
Hoje fiquei com uma vontade de ser o cobrador numa tal loja System Cell de celulares no meio fio da avenida Adolfo Pinheiro em Santo Amaro, meu celular está 4 meses arrumando...Melhor fazer um B.O.? Sei lá eu...
Ontem uma patifaria quase acontece na Faculdade de Letras da USP, aliás quase a Barbárie...O PCdoB e o PT zombando do PSTU e o movimento "Pão e Circo" querendo roubar a urna para impugnar as eleições do Centro Acadêmico das Letras (mais tarde explico na tokadotatu), o sujo falando do encardido...Todo mundo parece que tem um pouco de cobrador na veia e quer fazer justiça com as próprias mãos.
Não se pode esquecer de dizer que o texto "O Cobrador" é de Rubem Fonseca e está na coletânea "64 contos de Rubem Fonseca" da Editora Companhia das Letras.

7 comentários:

Tio Vinix disse...

ae
agora sim, esse é Ivan que eu tenho inveja.
já li esse conto, maravilhoso

Julia disse...

Gostei do post, Ivanito! Aí, como foi o OSCAR da maninha?

Bom, queria ter sido cobradora hoje também... Não, não, tenho que coibir esses ânimos violentos, repitam comigo "Ommmmmmmmmmmm"

Anônimo disse...

Om tsa ta!

Dica quentíssima, Ivanito! Rubem Fonseca é iguaria das melhores.

Unknown disse...

Gostei da forma como vc postou...Não te disse que os contos Do Rubem Fonseca,são no minimo excelentes!

salvaterra disse...

esse cara exige respeito.
eu aprovo muito ele.

Tatu disse...

ou ié...e vem mais por aí...valeu valeu...
ooooommmm, é melhor assim.

Elton disse...

Nunca fui ao dentista. =D