Desencontro
Um telefone tocava em qualquer parte. Ela se rolava entre o cobertor. Rolava pela cama no ritmo da salsa que trazia o toque polifônico do celular. Jó estava nu lá dentro. Ela ainda vestida resistia aos amassos quentes do mesmo, sua virgindade era posta em foco. O telefone permanecia a tocar. A paciência de Jó ia se esgotando junto com o ritmo da salsa. Ela resistia. Ela queria. Jó desesperava-se por uma transa fácil. Ela queria que fizessem amor. Jó lembrava das fodas que presenciara com outras virgens: queriam apenas sentir o sexo roçando no sexo. Lembrara que as dificuldades não eram tantas assim. Bastava um homem e uma mulher afim. Jó queria que tudo fosse filmado tal qual os filmes pornôs que já assistira. Ela queria jogar. Ela queria ser amada e por mais que Jó pronunciasse tais palavras a resistência aumentava, frígida, fria, passiva.
Pela terceira vez o toque polifônico insistia pelo quarto. Lá fora, por traz da veneziana de alumínio a paisagem era a mesma o dia virara noite e tudo permanecia como estava. A vontade de Jó podia ser apenas atração tal era a insegurança gerada naquele momento. Jó refletia, coçava a sobrancelha, olhava para o teto. O pensamento divagava por aulas de pragmática, gramática, estatística algo que fosse mais exato do que a cena em que vivia. Jó lembrava-se de Fausto na busca pelo verdadeiro amor. Ela era insegura, Jó tornava-se inseguro. Fausto na eterna busca por mulheres que digam sim. Assim como Fausto os homens preferem tais moças. As que dizem “não” ou “talvez”, atravancam e dificultam em algum momento da vida a espontaneidade de algum cabra. Era o que vivia Jó.
Os amassos aumentavam, seus dedos nas pétalas dela. As montanhas e vales no céu da boca dele tudo era novo e único. Tudo era construído vagarosamente numa tentativa de absorver ao máximo o tal momento.
Jó tornava-se impaciente, pedia que ela atendesse ao telefone celular. A mãe podia ligar outra hora. A donzela era filha única de mãe solteira, ela era a boneca de vidro da mamãe. Jó não hesitou e disparou a traçar planos mirabolantes: pensou que pudesse negociar com a mãe a foda de sua filha. Seria a primeira foda. Jó por um momento pensava que tudo poderia não passar de um sonho. A mãe dela ligando. Ele delirando...A vontade reprimida de comer a sogra vinha à tona. Ele queria comer era a sogra naquele momento, não queria simplesmente negociar a foda da filha. Ouvia a doce voz da mãe no celular. Isso o deixava com mais tesão. A filha respondia delicadamente à mãe que estavam numa livraria comprando livros. Estavam por realizar a penetração, ela ainda resistia. Jó impacientava-se. A mãe não desligava, pedia um livro para presente algo do Paulo Coelho. Jó engolia seco cada risinho da donzela e agora odiava a sogra. Jó desejava não estar mais por ali naquela hora, desejava correr por algum parque, nadar nu em algum lago que fosse poluído. Ali não era mais o seu lugar, definitivamente deveria arrumar uma saída rápida, uma dor de barriga qualquer, ou simplesmente falar a verdade. Sua paz e êxtase divino encontravam-se fora dali.
A melhor saída era pedir uma porção de fritas pelo interfone do estabelecimento, olhava pela veneziana de alumínio, acendia um cigarro, assistia aos carros que aguardavam a vez de entrarem um por um ao quarto. Ela perguntava se tudo estava bem. Jó permanecia ali estático, de costas em posição de fuga pela janela que fosse. Ela enrolava-se numa posição quase que fetal, abraçava-se ao travesseiro, dizia a ele coisas sobre filhos, família e tentava discutir o sexo dos anjos. Jó se irritava com baforadas de cigarro sucessivas e rápidas. Ela percebia começava a chorar. Jó liberava energia fumando cada vez mais rápido abaixava a cabeça em tom de desaprovação. Ela chorava mais. Numa associação de idéias de liberdade, lembranças de tentativas frustradas de fazer a revolução, lembranças de frustrações com reprovações nos melhores cursos da faculdade, debruçava-se ainda mais pela janela e num instante único voava para liberdade.
Na fila de espera para os quartos lá em baixo Jó era o acontecimento. A multidão de funcionários vindos da cozinha e recepção do estabelecimento juntava-se aos casais que saíam dos carros e cercavam o corpo do rapaz. Jó voara para a liberdade e virgem permaneceria eternamente.
Um telefone tocava em qualquer parte. Ela se rolava entre o cobertor. Rolava pela cama no ritmo da salsa que trazia o toque polifônico do celular. Jó estava nu lá dentro. Ela ainda vestida resistia aos amassos quentes do mesmo, sua virgindade era posta em foco. O telefone permanecia a tocar. A paciência de Jó ia se esgotando junto com o ritmo da salsa. Ela resistia. Ela queria. Jó desesperava-se por uma transa fácil. Ela queria que fizessem amor. Jó lembrava das fodas que presenciara com outras virgens: queriam apenas sentir o sexo roçando no sexo. Lembrara que as dificuldades não eram tantas assim. Bastava um homem e uma mulher afim. Jó queria que tudo fosse filmado tal qual os filmes pornôs que já assistira. Ela queria jogar. Ela queria ser amada e por mais que Jó pronunciasse tais palavras a resistência aumentava, frígida, fria, passiva.
Pela terceira vez o toque polifônico insistia pelo quarto. Lá fora, por traz da veneziana de alumínio a paisagem era a mesma o dia virara noite e tudo permanecia como estava. A vontade de Jó podia ser apenas atração tal era a insegurança gerada naquele momento. Jó refletia, coçava a sobrancelha, olhava para o teto. O pensamento divagava por aulas de pragmática, gramática, estatística algo que fosse mais exato do que a cena em que vivia. Jó lembrava-se de Fausto na busca pelo verdadeiro amor. Ela era insegura, Jó tornava-se inseguro. Fausto na eterna busca por mulheres que digam sim. Assim como Fausto os homens preferem tais moças. As que dizem “não” ou “talvez”, atravancam e dificultam em algum momento da vida a espontaneidade de algum cabra. Era o que vivia Jó.
Os amassos aumentavam, seus dedos nas pétalas dela. As montanhas e vales no céu da boca dele tudo era novo e único. Tudo era construído vagarosamente numa tentativa de absorver ao máximo o tal momento.
Jó tornava-se impaciente, pedia que ela atendesse ao telefone celular. A mãe podia ligar outra hora. A donzela era filha única de mãe solteira, ela era a boneca de vidro da mamãe. Jó não hesitou e disparou a traçar planos mirabolantes: pensou que pudesse negociar com a mãe a foda de sua filha. Seria a primeira foda. Jó por um momento pensava que tudo poderia não passar de um sonho. A mãe dela ligando. Ele delirando...A vontade reprimida de comer a sogra vinha à tona. Ele queria comer era a sogra naquele momento, não queria simplesmente negociar a foda da filha. Ouvia a doce voz da mãe no celular. Isso o deixava com mais tesão. A filha respondia delicadamente à mãe que estavam numa livraria comprando livros. Estavam por realizar a penetração, ela ainda resistia. Jó impacientava-se. A mãe não desligava, pedia um livro para presente algo do Paulo Coelho. Jó engolia seco cada risinho da donzela e agora odiava a sogra. Jó desejava não estar mais por ali naquela hora, desejava correr por algum parque, nadar nu em algum lago que fosse poluído. Ali não era mais o seu lugar, definitivamente deveria arrumar uma saída rápida, uma dor de barriga qualquer, ou simplesmente falar a verdade. Sua paz e êxtase divino encontravam-se fora dali.
A melhor saída era pedir uma porção de fritas pelo interfone do estabelecimento, olhava pela veneziana de alumínio, acendia um cigarro, assistia aos carros que aguardavam a vez de entrarem um por um ao quarto. Ela perguntava se tudo estava bem. Jó permanecia ali estático, de costas em posição de fuga pela janela que fosse. Ela enrolava-se numa posição quase que fetal, abraçava-se ao travesseiro, dizia a ele coisas sobre filhos, família e tentava discutir o sexo dos anjos. Jó se irritava com baforadas de cigarro sucessivas e rápidas. Ela percebia começava a chorar. Jó liberava energia fumando cada vez mais rápido abaixava a cabeça em tom de desaprovação. Ela chorava mais. Numa associação de idéias de liberdade, lembranças de tentativas frustradas de fazer a revolução, lembranças de frustrações com reprovações nos melhores cursos da faculdade, debruçava-se ainda mais pela janela e num instante único voava para liberdade.
Na fila de espera para os quartos lá em baixo Jó era o acontecimento. A multidão de funcionários vindos da cozinha e recepção do estabelecimento juntava-se aos casais que saíam dos carros e cercavam o corpo do rapaz. Jó voara para a liberdade e virgem permaneceria eternamente.
7 comentários:
parabéns Ivan. Belíssimo conto.
mas ainda mais leve do que tinha imaginado qdo vc me falou dele, rsrsrs...
vendi bem.
obrigado vinix...o tanto pesado que pensei ainda n�o saiu pro papel, uma hora sai...a nova moda � falar de pega�o.
fui.
bom de ler. vamos todos cair junto com o jó-babaca, hehe.
Ivan, senti um tom auto-biográfico, não?
Adorei o conto, salvos alguns errinhos, hahaha, a chata aqui não deixa passar nada! Devia ser revisora...
Beijos só pro Ivanito-escritor
não não julia,
na minha vida ainda não me joguei da janela por conta dessas coisas.
tá, nas próximas vezes mando pra vc então revisar.
melhor que advogada, só revisora, pronto!
fui.
Ui, ui, curti, Ivanito! Mesmo. Só não saquei porque o cara resolveu se jogar bem nessa hora, mas ok.
Beijocas.
li de novo agora o conto e gostei mais...
adoro quando leio personagens descritos assim: descascados e nus, prontos pra cairem na forca.
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