quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Quarta MeiaEntrada - A Arte e o Terror

Eis o meu genero favorito de filme. Não pelo sangue(jamais), não pela violência, nem pelas adolescentes de pouca roupa que tem sido praxe nos mais recentes filmes de terror , o que me fascina é o gosto pelo medo. Como todas as sensações que o Cinema e o Teatro provocam, são falsas as angústias, a claustrofobia, o desespero, (mesmo porque não são muitos o que realmente se desesperam durante um filme), mas existe algum outro animal que tenha necessidade de(ou prazer em) sentir medo? O que nos faz curiosos com relação a maldade, ao perigo, ao nosso próprio fim, ao assistir o fim de nossos semelhantes(o fim, não necessariamente a morte em si, mas a possibilidade de acabarmos)?
E frente a que, tememos? Eu digo que é o desconhecido, antes de qualquer definição maniqueísta que costuma ser desenhada num filme de terror, temos a princípio o desconhecido, este de todas a formas possíveis. Veja por exemplo "O bebe de Rosemary": A nossa protagonista é tratada pelos seus vizinhos da melhor forma possível, com sobremesas feitas pela velhinha um pouco enxerida do andar de cima(e quem é perfeito?), com vitaminas, eles ainda lhe indicam, por um preço camarada um dos melhores médicos da cidade para orientar a sua gravidez, mas cismam em cantar músicas estranhas a noite e ter pacto com o demônio... e daí, dona Rosemary? Só porque você não fala com o demônio os seus simpáticos vizinhos não podem falar?
E nós seguimos o mesmo raciocínio da protagonista, temos os mesmo medos a passamos pela mesma paranóia, porque não aceitamos o desconhecido, apenas o repelimos como uma coisa ruim, que nos fará mal.
Essa é a função do terror enquanto genero? Nos deixar sempre alerta sobre o que pode aparecer de novo diferente e de todo o mal que ele pode nos trazer? Isso, ao seu modo, não nos fazer pensar tanto quanto num drama existencialista?
Vocês perceberam que a maioria dos "mitos" elencados em filmes de terror são de origem Católica/Cristã? Pra mim, hoje em dia o cinema de terror oriental faz o sucesso que faz justamente porque trouxe uma visão um pouco diferente da visão de Mal dos filmes de terror ocidentais. Neles o Mal não está em luta com o Bem, ele apenas existe como consequência.

Por fim, Os monstros vem do espaço? Do inferno? Do mundo dos mortos?
Os monstros somos nós.

3 comentários:

Carol M. disse...

Eeee, Vinix, ficou pedindo piedade por causa do texto supostamente foda que postei abaixo, mas o seu está infinitamente melhor. Nada de sentimentalismo barato e tentativa de bancar a Clarice (coitada, deve estar a revirar no túmulo).
Sobre o medo, a humanidade ser monstruosa, a 'culpa' cristã que nos foi implantada no cérebro desde o berçário, só posso lembrar do Sartre depois do seu texto: 'o inferno são os outros', afinal. Hummm, mas peraí, os outros não são reflexo de nós mesmos? Os fragmentos não são a síntese do todo? Eu também tenho uma relação de amor/ódio com os monstros...

Beijocas!

salvaterra disse...

fechamos o círculo e redescobrimos o demônio! (??)

salvaterra disse...

o diretor é jesus
e os montros, somos nozes. kkkk