Hoje vamos centrar fogo em uma parte periférica da política: a organização social que impera atualmente. Vi durante toda semana uma espécie de homenagem ao jornalista Cláudio Abramo, que a TV Cultura preparou durante o “Jornal da Cultura”. Não vou falar dele especificamente, mas sim do contexto que permitiu que um homem como ele agraciasse nosso país. Cláudio Abramo estudou apenas o primeiro grau, não tendo feito sequer o ginásio, concluindo seus estudos (até o médio) somente quando adulto, através do sistema de “madureza” (supletivo E.J.A hoje em dia). Àquela época não tínhamos um curso superior de Jornalismo, e por coincidência tínhamos os melhores jornalistas (alguns até hoje na ativa). Naquela época construções eram levadas adiante muitas vezes por “mestres de obra” sem formação técnica em engenharia ou coisa do tipo. Naquela época se valorizava a capacidade das pessoas e não o papel que elas penduravam na parede. Hoje, vemos uma tendência a maior especialização dentro da sociedade, um movimento que segue as normas capitalistas de divisão do trabalho. O ser humano vai perdendo suas capacidades criativas e se fechando num miúdo universo que lhe garanta o sustento diário. Os limitados empresários brasileiros contratam baseados no diploma, sem considerar o intelecto, a capacidade criativa do sujeito. Resultado: patetas que fazem a reprodução e mais reprodução da mesmice de sempre. Até mesmo a TV Cultura que fez a homenagem exige a formação profissionalizante de hoje em dia. O jornalista Heródoto Barbeiro, formado em História, teve que se submeter a uma Casper Líbero da vida para assumir o cargo que tem hoje. A interação humana que regia a constituição de um mercado de trabalho competente foi substituída por entrevistas mesquinhas focadas na formação técnica de que um sujeito dispõe. A valorização das competências criativas do individuo foi substituída pelo enclausuramento intelectual, pela adequação profissional imposta pelo Capital, enfim, pela redução da liberdade. O sujeito deixa de ser avaliado pelas suas capacidades para ser taxonomizado pela sua formação. Claro que também não podemos cair no outro extremo realizado pelos nossos representantes do Planalto. Lá, nem a capacidade nem a formação são levadas em consideração, mas sim o parentesco, o poder de influência, os aliados, ou mesmo o dinheiro. Cargos são ocupados por mero jogo político, apenas para se aprovar uma CPMF aqui ou para prorrogar uma investigação ali, e assim vai caminhando o Brasil. A intenção não é ser saudosista, mas sim chamar atenção para um problema: descaracterização do que é ser humano, do ser que cria cultura, que inova, que é capaz de assimilar conhecimento quando lhe dão a oportunidade. Infelizmente nossas cotas de “Cláudios” tem diminuído.
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
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2 comentários:
é isso aí
especialização de cu e rola!!!! hahahaha!
Nossa !!!
Prestem muita atenção, essa será uma das poucas vezes que eu não irei discutir alguma coisa, que não irei discordar de alguns pontos ou não irei fazer uma critica.
Muito bom !!!
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