quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Aurélio e o Brasil: uma carapuça para todos

Ditadura: Forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos dum individuo, grupo, partido ou classe. Tirania.

Tirano: Governante injusto, cruel ou opressor. Individuo impiedoso, ou que abusa de sua autoridade.

“Você sabe com quem está falando?”

Reconhece essa frase? Quem nunca a ouviu durante uma discussão? Não importa se foi numa conversa entre um policial e o filho do coronel, ou entre um motorista de ônibus e um estudante da USP irritado com uma parada fora do ponto, o que vale é que uma grande parcela da população brasileira sobe nos tamancos quando adquiri algo que está inacessível a outros. Pode ser o mais pobre estudante de Letras ou o mais rico estudante de Direito, ambos compartilham de uma sensação de prazer com o poder que conquistaram à custa da sociedade em geral. Ás vezes só é preciso olhar o próprio cotidiano para presenciar injustiças cometidas por indivíduos ou grupos que controlam alguma coisa. Basta permitir que uma pessoa coordene alguma coisa (como por exemplo, um blog) e já podemos ver manifestações de tirania surgindo. A idéia de que o comportamento é influenciado “de cima para baixo” deve começar a ser revisto; corrupção, opressão e abuso de autoridade estão presentes também nas classes médias e baixas despolitizadas do Brasil.

Outra forma de pactuar com a opressão é omitir-se frente às situações vividas. Durante o período militar uma boa parte da classe média preferiu isentar-se através do voto nulo, permitindo a manutenção do grupo tirano que se instalara no poder. O silêncio nada mais é do que o reflexo do “pactuísmo” e da fraqueza (da pessoa, grupo etc.).

Hoje costuma se falar de boca cheia em democracia, sem prestar um olhar critico as injustiças causadas pela vontade da maioria. Aléxis de Tocqueville já dizia em seu “Democracia na América” que a liberdade e igualdade tão proclamada pela república americana detinha problemas de desigualdade opressora. A voz da maioria suprimia (e suprime) o direito das minorias, estabelecendo moldes tirânicos de organização, com a alegação de que um maior número de pessoas podem se sobrepor à vontade de um número menor. Mas como lidar com isso? Talvez a resposta se encontre bem diante dos nossos olhos:

Declaração dos Direitos Humanos - Nações Unidas - 10/12/1948.

Artigo I.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Constituição Brasileira de 1988

Art. 5º.

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza...

Igualdade e fraternidade não devem estar presentes apenas nas leis, mas no comportamento humano em sociedade. Desde o foro privilegiado nos altos escalões, até a mera organização por estudantes, de um circulo de discussões, ambos devem se basear nesses dois conceitos e, se constatado a opressão, revistos de forma que a igualdade respeitosa seja restabelecida. O primeiro caso é um flagrante exemplo de privilégio desnecessário. Resta saber até quando iremos nos omitir frente a essas situações.

9 comentários:

Tio Vinix disse...

a igualdade é uma farsa, meu caro puskas... quem quer direitos iguais tá pensando no seu beneficio sobre o efeito.
Sempre.

Anônimo disse...

puskapé, diria eu...a aritimética...

Anônimo disse...

puskas ainda d� tempo comenta um pouco sobre a invas�o da tropa de choque l� na casa da marossi e da julita(largo s�o francisco), ali�s convoco todos para essa discuss�o...caminhamos e cantamos no ritmo do "pol�cia n�o, pol�cia � pra ladr�o"? leg�timo o ato?
na madrugada foram retirados a for�a..coitadinho do tom z�zinho...

Anônimo disse...

ah, sim, passo para dizer que leio aqui diariamente. a maroca disse que duvida. creio que tenho que comentar para provar. beijos aos tantosproseadores queridos, ana rüsche

Ministro Puskas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ministro Puskas disse...

Aviso aos navegantes: esse post é uma obra irônica. Não há logica politica nas argumentações que uso.

Carol M. disse...

Well, well, well, e daí acordamos e caímos da cama. Como dizia o Ortega y Gasset 'o sonho da razão produz monstros'.

Sobre essa 'invasão' aí, Ivanito, nem quero falar mais nada, já que gastei meu parco linguajar de filha da classe C pra tentar explicar pros filhotinhos da classe A que, dentre outras coisas, a faculdade de Direito é pública, mantida com dinheiro público e que essa historinha de 'território livre das arcadas' ser livre só pros alunos é papinho pra bovino dormir. Obviamente de nada adiantou, porque como disse aqui outro dia, nossa elite [econômica e não necessariamente intelectual] é burra. Não tem jeito não.

Besos e mandou muito bem Puskas!

Carol M. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julia disse...

Nem comento também essa invasão. Tá tudo errado, todos... Cada um (cada lado) parte de premissas distorcidas, batendo no peito pra se dizer defensor do que quer que seja o seu lado, na maior hipocrisia possível. Cansei, como diria o Marcelo Rubens Paiva (muito boa a crônica desse ser mau-humorado essa semana), cansei.