Danae, Gustav Klimt.
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
Futuros Amantes, Chico Buarque.
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
Futuros Amantes, Chico Buarque.
Pobres escafandristas! Mal sabem o que os espera. Paixões furiosas, nunca correspondidas, e um único amor, meio embolorado e cheio de tédio. O armário ainda cheira mal, mesmo depois de tantos mortos terem sido enterrados: ofício comum e enfadonho que exerceram durante quase toda a vida. Ser coveiro do amor alheio até que é tarefa fácil. Complicado é enterrar o "amor-seu", aquele que se fundiu às carnes, embriagado de noites mal (ou muito bem) dormidas, de vinho, de unhas, de suor, e beijos e cheiros e carinhos...E há também os amantes. Sempre há os amantes. Aqueles que rompem a noite invadindo a propriedade alheia com descaso, que arrancam suspiros à força, beijos tímidos e (depois) voluptuosos e muito desejados. Esses ficam entranhados na alma para sempre, nunca são sublimados, especialmente se as retinas se acostumaram a travar diálogos longos e incompreensíveis noites afora, alheios a qualquer (des)conhecimento. A ironia é que essa mesma linguagem de corpos aprisiona espíritos, tão grandiosamente disciplinados, sempre temerosos de um outro tipo de entrega, talvez. Desses amantes tem-se saudade. Infinita. Doída. Roxa. Angustiada. A grande tristeza, enfim, é que sempre afastam a metafísica, a deliciosa metafísica. Não dos corpos, mas das almas.
6 comentários:
Texto cheirando à naftalina! Infelizmente andamos sem tempo para produzir algo útil. Na próxima semana prometemos algo mais 'engajado'.
Besos!
como um bom vinho, carol
(como um velho chichê, Vinix...)
"Amar também é bom: porque o amor é difícil. O amor de duas criaturas humanas talvez seja a tarefa mais difícil que nos foi imposta, a maior e a última prova, a obra para a qual todas as outras são apenas uma preparação. Por isso, pessoas jovens que ainda são estreantes em tudo não sabem amar: tem que aprendê-lo. Com todo o seu ser, com todas as suas forças concentradas em seu coração solitário, medroso e palpitante, devem aprender a amar. Mas a aprendizagem é sempre uma longa clausura. Assim, para quem ama, o amor, por muito tempo e pela vida afora é solidão, isolamento cada vez mais intenso e profundo. O amor, antes de tudo, não é o que se chama entregar-se, confundir-se, unir-se a outra pessoa. Que sentido teria a união de algo esclarecido, inacabado, dependente? O amor não é uma ocasião sublime para o indivíduo amadurecer, tornar-se algo em si mesmo, tornar-se um mundo para si, por causa de um outro ser; é uma grande e ilimitada exigência que se lhe faz , uma escolha e um chamado para longe. Do amor que lhes é dado, os jovens deveriam servir-se unicamente como de um convite para trabalhar em si mesmos ("escutar e martelar dia e noite"). A fusão com o outro , a entrega de si, toda espécie de comunhão não são para eles (que deverão ainda juntar durante muito, entesourar); são de açgo acabado para o qual, talvez, mal chegue atualmente a vida humana."
Rilke
� que eu preciso dizer que te amo te ganhar ou perder sem engano...
Sou mais prosaico. Belo texto.
Eu to gostando é do embate entre Carol e Marcus. Nada como uma disputa "minino X minina" pra levantar meu ânimo rsrs
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