Se vocês repararem, ultimamente aqueles filmes de roteiro mediano com orçamento mediano e atores medianos, de onde vez ou outra saíam boas histórias e grandes atuações de quem ainda não tinha tido a liberdade que esses filmes proporcionam ao seu elenco, acabaram. O cinema tem reservado 99% do seu espaço a grandes produções e produções independentes e/ou estrangeiras. Os filmes “menores” que eram feitos pelas grandes produtoras há até uns 10 anos atrás parecem eminentemente fadados a extinção, por culpa da TV.
E isso é ruim? Do meu ponto de vista não. Porque os produtores de TV resolveram dar um salto a frente desses filmes acima citados e criaram séries que ficam no limite do cinema, muitas vezes com orçamentos semelhantes, e que o telespectador pode ver sem sair de casa. Um bom exemplo disso: Em vez de ir a uma locadora ou a um cinema para ver um policial mediano, gênero onde muitas vezes se acham boas histórias, o telespectador pode ficar em casa e aguardar até a hora do próximo C.S.I., onde muitos bons roteiros são lançados, principalmente na sua vertente original (nada contra o CSI Miami, ou o Nova York, mas prefiro o de Las Vegas). É claro que os roteiros novelescos ainda proliferam na telinha e fazem sucesso entre as massas, caso do ridículo “Grey’s Anatomy”, que mesmo sendo fraquinho, fraquinho, faz parte da linha da evolução do Médico-Herói na tela pequena, que começa com o bonitão George Clooney pagando uma de pediatra em “E.R.” (segundo a Globo, “Plantão Médico”), ele e os médicos que só preocupam com os pacientes, heróis acima de quaisquer suspeitas, segue com os doutores que são uma espécie Deuses-Fofoqueiros em “Grey’s, uma mistura de “Barrados no Baile” com “E.R.”. Aliás, me dando a liberdade de uma digressão, “Barrados" é outra série que faz parte de uma linha do tempo de séries "jovenzinhas" que vai culminar em “O.C.”, caso vocês estejam interessados em saber a minha opinião sobre essas séries, digo que prefiro “Malhação”, acho que é o suficiente pra vocês entenderem a gravidade, né?. Mas voltando aos médicos, eis que, nessa onda de séries que são como filmes, um cara chamado Bryan Singer resolve bancar uma nova série sobre o dia-dia de médicos num hospital. O Bryan, pra quem não sabe é um cara que começou justamente nesse filão de filmes medianos, com o notável (porém superestimado) “Suspeitos” e depois, devido ao sucesso, ganhou a tarefa dificílima de adaptar a HQ “X-Men” para o cinema, e a fez com maestria nos dois filmes da série que dirigiu. Após isso e uma escorregadinha em “Super-Homem”, o cara resolveu ir para a TV bancar a tal série de médicos e talz... Só que ele resolveu inovar: Tendo em vista o que tem sido tendência no cinema e não na TV, apostou num Anti-Herói como protagonista, ou seja um médico que não se preocupa com os pacientes, nem com os outros, só com a doença em si e sua cura, o cúmulo do narcisismo de certa forma, e também muito mais realista. Tinha assim, ponto de partida para um bom roteiro em mãos, e precisava de um bom ator. Que tal um inglês totalmente fora dos padrões do estereotipo do Galã convencional (viu que jeito legal de dizer FEIO?), e que tinha tido a sua melhor oportunidade no cinema no filme “Stuart Little”?
Então... Alguém? Alguém?
Hugh Laurie era o alguém necessário para ser o protagonista dessa empreitada. Seu personagem? O doutor Gregory House, cujo sobrenome deu título a série. Um médico egoísta, arrogante, inescrupuloso, sádico, que acredita que todos os seus pacientes por serem humanos mentem (por sinal, mentir é uma das coisas que House mais faz durante a série) e que parte de princípio de tentativa e erro para curar seus pacientes, pra piorar na maioria dos casos, acerta.
Pois um personagem tão dúbio e tão bem interpretado (acreditem, a atuação do Hugh Laurie é quase perfeita) como o doutor House, aliado a bons roteiros, que não são repetitivos e fazem (por incrível que pareça) muitas vezes reflexões acerca do que é um comportamento correto em sociedade e quais os seus limites fazem dessa série um dos maiores sucessos da TV estadunidense. E ela (a série, não a TV estadunidense) é muito boa mesmo. Aqui a gente pode ver ou pela Universal (no cabo) ou pela Record.
Em vez de bom filme, boa série.
3 comentários:
Eu AMO House. Ele é o anti-herói mais amável e apaixonável e perfeito e incrível exatamente por ser tão humando! Vixe, adoro a série... Eita vício..
E o hugh não é feio não, isso é coisa sua, Sr. Tio Finícius.
A única série que acompanhei com certa frequencia foi Arquivo-X. Acho que vi mesmo só os dois primeiros anos. Dos demais umas coisas picadas. Ah a Gillian Anderson...
eita texto danado de bom.
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