Em Soweto, na África do Sul, há guerrilheiros da eletricidade. Bongani é um deles. Enquanto a empresa Esksom corta o fornecimento de energia dos inadimplentes, ele e seu grupo a restauram, o que já lhe rendeu processos e prisão.
Em Cochabamba, na Bolívia, há soldados da água. Homens, mulheres e crianças travaram uma verdadeira guerra contra a privatização do fornecimento de água na região. Rosa, uma senhora da comunidade, em meio ao confronto, se dirige aos policiais, disposta a lutar por seu direito. Nos enfrentamentos com a polícia e o exército, morreu um jovem, mas o controle do recurso vital ficou nas mãos do povo.
Em Brighton, na Inglaterra, há defensores do direito de ir e vir. Simon, condutor de trem, nos conta como sua vida profissional e sindical se interlaçam nesse ideal marcado por parcas vitórias, e muitas derrotas. Particularmente no que se refere ao sucateamento das linhas e a ocorrência de acidentes (futuro da Linha 4 Amarela?)
Nas Filipinas, em Manila, há quem defenda o direito à vida. Tocante e revoltante as dificuldades por que Minda passa para que seu filho possa fazer uma hemodiálise. Igualmente, as dificuldades que os enfermeiros do sistema de saúde público têm de enfrentar para cuidar das pessoas, como as situações descritas e mostradas pelo enfermeiro Delfin.
Nos EUA, Joseph Stligtz, ex-economista-chefe do Banco Mundial que, de uns tempos pra cá, tece duras críticas ao Consenso de Washington, afirma que em determinadas áreas a “Mão Invisível” simplesmente não existe. Dessa forma, podemos entender que, se em alguns setores a regulação pelo mercado possa ser vista, para o economista, como a mais acertada, em outras, o Estado deve ser o controlador.
Dirigido por Florian Opitz, o documentário “A grande liquidação” (Der Grosse Ausverkauf ou The Big Sell Out) encadeia a vida dessas pessoas no processo de privatização que assola o mundo inteiro desde a década de 70, tanto no centro como na periferia, e mostra os mecanismos de resistência, muitas vezes débil noutras mais incisiva, que adotam frente ao processo.
De qualquer forma, é sintomático que parte de representantes do establishment sediado nos EUA finalmente perceba que o domínio do mercado em todas as esferas da produção não significa necessariamente melhora no padrão de vida da maioria da população. Se um outro mundo é possível, até lá ainda haverá muitos confrontos, prisões e mortes, majoritariamente nas camadas mais pobres da população. No documentário percebemos que o conceito de luta de classes é parte constitutiva da realidade e que a constituição e defesa de direitos universais não se enquadra na agenda neoliberal. Considerando o recente leilão de privatização de trechos de rodovias federais e os problemas que apresenta a linha amarela do Metrô - de responsabilidade privada – o futuro brasileiro continua sendo vendido numa prateleira somente à parcela mais rica da população.
Indicação de leitura: A Globalização da Pobreza e a Nova Ordem Mundia, de Michel Chossudovski.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Quarta Meia-Entrada - À Venda
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4 comentários:
Gostei do Texto, Elton, onde que vc viu o documentário?
Na mostra. Esse foi o melhor que vi esse ano. Mas vi poucos (uns 5). E a maioria no Olido (grátis).
Poxa, e eu trabalhando aqui na Galeria Olido e você nem pra me chamar hein!
Julia, esquema a dois. A não ser que vc tope um a três. =D
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