Ontem eu me dei a última oportunidade de ir com a cara do Wes Anderson. O Placar estava desfavorável, bem desfavorável a ele. Seus dois filmes que eu tinha assistido, “Os Excêntricos Tennenbauns” e “ A Vida Marinha De Steve Zissou”são chatos, chatíssimos. Mas lá fui eu no cinema para assistir de peito aberto (essa foi ótima...) o seu último filme, “Viagem a Darjeeling”. A primeira cena do filme já me lembrou porque eu não simpático ao cinema desse rapaz. Você vê um Bill Murray no táxi, tenso, um Bill Murray correndo numa estação de trem, atrás de um trem que já está partindo, um Bill Murray sendo ultrapassado por um Andrew Brody surgido sabe-se lá de onde, um Bill Murray ficando pra trás de um Andrew Brody que conseguiu pegar o trem, o título do Filme, “Darjeeling Limited”. Eis o meu problema com o Wes Anderson nos outros filmes dele que eu vi: Ele começa a contando uma coisa e termina contando outra. Isso não me agrada e logo a primeira cena do filme já evidencia isso. Mas sigo pacientemente, acompanhando a história de três irmãos que estão na Índia afim de uma espécie de viagem espiritual em busca de retomarem os laços fraternos que os uniam, toda a viagem arquitetada pelo irmão mais velho (Owen Wilson). Durante a viagem vai ficando claro que os três não confiam de forma nenhuma um no outro e não haverá remissão espiritual que possa corrigir isso a não ser que todas se vejam dispostos a recomeçar as suas relações sem que pautem as ações alheias. O irmão mais velho, que acabara de sofrer um acidente de moto onde quase morreu e usa isso como argumento para reunir os irmãos, na verdade quer todos juntos para que eles possam ir atrás da mãe, que se tornou uma freira e está numa comunidade isolada do interior indiano. O pai deles morreu num acidente e fica claro que o irmão do meio (Andrew Brody) não superou essa perda. Já o irmão mais novo (Jason Schwartzman) está num estado letárgico após o fim de sua relação com sua namorada (a qual nós temos um breve relato no curta que antecede o filme, “Hotel Chevalier”, onde há uma ponta da Natalie Portman, de um jeito que eu nunca tinha visto). Com esse ponto de partida, Wes Anderson finalmente desenvolve uma comédia onde, mesmo que de forma tortuosa e as vezes arrastada, se chega a algum lugar. Os méritos do diretor estão no seu apuro técnico (vide a digressão perfeita na cena em que nós vemos o funeral do pai dos três), inegável bom gosto na trilha sonora e na capacidade de aproveitar as cores da Índia com extrema inteligência. O fim da viagem dos três nos revela que saber como se preocupar com o próximo é a melhor forma de aprender a cuidar de si próprio. Sim, apesar de um discreto final otimista (outra característica desse diretor), a distância desse filme da pieguice é enorme. E afinal, acho que estou começando a entender as qualidades do Wes Anderson. Talvez deva rever os seus outros filmes.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Olha que agora eu fiquei morrendo de vontade de ver o filme!!!
Faz tempo que não vou ao cinema, preciso me atualizar, shame on me... E eu gostei dos Excentricos Tennebaums, acho que porque lembra um pouco a minha esquizofrênica família...
Ah, tio, eu gostei pacas dos "Excêntricos Tennenbauns” e até iria assistir esse novo aí se não estivesse quebrada e cheia de coisas pra fazer.
Beijos e parabéns! As quartas são smepre fantásticas.
Cara gostei do jeito que escreveu o texto (apesar dos erros facilmente corrigiveis). Me levou a achar que ia ser um filme ruim, mas terminou instigando-me a ssisti-lo... gostei!
Postar um comentário