quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Aux Arms! Aux Arms!

O Ministro volta forte novamente! E nada melhor para comemorar a superação dos obstáculos do que falar das barricadas de Paris em 1871. Sim, falemos da Comuna, mesmo sendo um evento distante espacial e temporalmente. Aliás, existe uma teoria sobre História que bem cabe a esse meu texto. Todo historiador escreve a partir do presente, com a visão do presente e com os problemas do presente. Em outras palavras, só conseguimos reconhecer no passado aquilo com que estamos familiarizados em nosso tempo. Tenho certeza de que entenderão o que quero dizer no decorrer da leitura.

Execução, após a derrota da Comuna, com damas burguesas e soldados preparando-se para fuzilar operários.

Não se pode entender a Comuna sem falar da Reforma de Paris. A Reforma intensificou as diferenças existentes na cidade. Criou um centro burguês, luxuoso e que incentivava o consumo deliberado de produtos sem grande importância, mas criou também um conglomerado de distritos onde a população pobre se concentrou, e que serviu de modelo para reformas em todo mundo, inclusive Rio de Janeiro e São Paulo no inicio do século XX. È a história da Paris plebéia que a Comuna retrata; uma Paris que não aceitava quieta as recentes imposições do governo imperial, que tinha seu próprio “mundo”, tão diferente do outro lado aristocrático-burguês, que muitas vezes atraia esses capitalistas curiosos de novas experiências. O Segundo Império (comandado por Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte) não representava a massa, dava possibilidades da burguesia enriquecer enquanto mantinha tradições aristocráticas. A “marcha para o progresso” procurava ostentar o triunfo das ciências, ao mesmo tempo que recuperava monumentos medievais, construía grandes palácios e estatuas de figuras nobres que eram espalhadas por toda cidade. Foi um período de mudança de comportamentos, modas alternadas constantemente, enquanto o Império sustentava palacetes e obras enfeitadas tradicionalmente para embelezar a cidade. Ressaltava aos olhos o contraste de um tradicionalismo revestido de modernidade que destoava do dia a dia do povo e dos artistas marginais que desenvolviam um novo realismo. Existia então duas Franças: O proletário à assistir o cancã das prostitutas e o burguês ao L´Opéra. O pobre tinha sua própria cultura, sua própria opera representada nos cabarés. Segundo os burgueses, ali o publico revelava tamanha decadência e estupidez, ria de forma tão depravada, enlouquecia em seu entusiasmo, parecia rumar para uma revolução. Só muito derramamento de sangue haveria de limpar o ar. Era o confronto de classes se dando em diversas esferas, nas artes, na dança, na música etc. O segundo Império favoreceu o consumo da burguesia, entretendo-os longe das decisões. A nova geração, segundo um intelectual da época, vivia num vácuo mental e emocional. Tendo pensado sobre a roupa que deveria vestir e os acessórios indispensáveis à sua imagem, o jovem da época esgotaria sua capacidade de raciocínio. Eram isentos de paixões violentas, o excesso os amedrontava. Burgueses por natureza, evitavam o tédio e qualquer tipo de risco também. O proletário era a preocupação principal da modernidade. A Reforma ampliara imensamente a oferta de trabalho da mão de obra civil, atraindo pessoas do campo e operários de outras cidades. Como alojar todos? Um amontoado de operários que crescia vertiginosamente passou a chamar atenção do Estado receoso de uma Revolução Popular. A nova cidade se conformava à lógica geométrica; a sistematização burguesa se sobrepunha à antiga cidade cosmopolita. A rua, antes pequena e dos ambulantes, agora era ampla para o tráfego da nova elite. A “arte de perambular”, de caminhar, ficara ameaçada pela lei do trânsito que a reforma impôs. Mas a mente humana resistiria a mecanização plástica pela qual a cidade passou, e se levantaria contra a opressão que o sistema da reforma impulsionou. A coisa se agrava com a Guerra Franco Prussiana, onde já de inicio Napoleão III é preso pelas tropas de Bismarck; levando com que Paris decrete a republica logo em seguida. O cerco do exército Prussiano à cidade acaba unindo a população sobre o impulso patriótico. A partir de então desencadeiam-se os fatos conhecidos, a Comuna é decretada, e vemos surgir a tona, nos artigos que deveriam reger a vida em sociedade, as luta da França operária contra a França burguesa. Só para dar gostinho na boca, colocarei três artigos dentre os vários decretados durante o movimento:

- Artigo IV. Sobre o problema da habitação, tomam-se as seguintes medidas: expropriação geral dos solos e sua colocação a disposição comum; requisição das residências secundárias e dos apartamentos ocupados parcialmente; são proibidas as profissões de promotores, agentes de imóveis e outros exploradores da miséria geral; os serviços populares de habitação trabalharão com a finalidade de restituir verdadeiramente à população parisiense o seu caráter trabalhador e popular.

- Artigo V. Sobre os transportes, tomam-se as seguintes medidas: os ônibus, os trens suburbanos e outros meios de transporte públicos são gratuitos e de livre utilização; o uso de veículos particulares é proibido em toda a zona parisiense, com exceção dos veículos de bombeiros, ambulâncias e de serviço a domicilio; a Comuna põe à disposição dos habitantes de Paris um milhão de bicicletas cuja utilização é livre, mas não poderão sair da zona parisiense e seus arredores.

- Artigo VIII. Sobre o Urbanismo de Paris e os arredores, consideravelmente simplificado pelas medidas precedentes, tomam-se as seguintes decisões: proibição de todas as operações de destruição de Paris: vias rápidas, parques subterrâneos etc.; criação de serviços populares encarregados de embelezar a cidade, fazendo e mantendo canteiros de flores em todos os locais onde a estupidez levou à solidão, à desolação e ao inabitável; o uso doméstico (não industrial nem comercial) da água, da eletricidade e do telefone é assegurado gratuitamente em cada domicilio; os contadores são suprimidos e os empregados são colocados em atividades mais úteis.

O que vemos nos artigos é a tentativa de reformular a cidade segundo os padrões das classes proletárias. È uma resposta instintiva àquele ideal urbano imposto anteriormente, que se dissociava da vida real da grande população. Esta “reforma”, feita pela Comuna, também é destruidora e demolidora de monumentos públicos, mas no intuito de destruir as forças que não expressassem o homem produtor. Hoje enfrentamos uma diferença gritante daquela época: a periferia não mais se identifica entre si, mas se espelha na cobiça, lutando para um dia ser igual aos que menosprezam as classes baixas. A falta de coesão dificulta o reconhecimento dos processos exploratórios que atingem os pobres, resultando num conglomerado medíocre que busca acumular objetos e acessórios para disfarçar sua origem social. A História serve como ensinamento e estimulo ao pensamento critico nessas horas; talvez por isso tenha saído de moda.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Quarta MeiaEntrada - É só Viagem




Ontem eu me dei a última oportunidade de ir com a cara do Wes Anderson. O Placar estava desfavorável, bem desfavorável a ele. Seus dois filmes que eu tinha assistido, “Os Excêntricos Tennenbauns” e “ A Vida Marinha De Steve Zissou”são chatos, chatíssimos. Mas lá fui eu no cinema para assistir de peito aberto (essa foi ótima...) o seu último filme, “Viagem a Darjeeling”. A primeira cena do filme já me lembrou porque eu não simpático ao cinema desse rapaz. Você vê um Bill Murray no táxi, tenso, um Bill Murray correndo numa estação de trem, atrás de um trem que já está partindo, um Bill Murray sendo ultrapassado por um Andrew Brody surgido sabe-se lá de onde, um Bill Murray ficando pra trás de um Andrew Brody que conseguiu pegar o trem, o título do Filme, “Darjeeling Limited”. Eis o meu problema com o Wes Anderson nos outros filmes dele que eu vi: Ele começa a contando uma coisa e termina contando outra. Isso não me agrada e logo a primeira cena do filme já evidencia isso. Mas sigo pacientemente, acompanhando a história de três irmãos que estão na Índia afim de uma espécie de viagem espiritual em busca de retomarem os laços fraternos que os uniam, toda a viagem arquitetada pelo irmão mais velho (Owen Wilson). Durante a viagem vai ficando claro que os três não confiam de forma nenhuma um no outro e não haverá remissão espiritual que possa corrigir isso a não ser que todas se vejam dispostos a recomeçar as suas relações sem que pautem as ações alheias. O irmão mais velho, que acabara de sofrer um acidente de moto onde quase morreu e usa isso como argumento para reunir os irmãos, na verdade quer todos juntos para que eles possam ir atrás da mãe, que se tornou uma freira e está numa comunidade isolada do interior indiano. O pai deles morreu num acidente e fica claro que o irmão do meio (Andrew Brody) não superou essa perda. Já o irmão mais novo (Jason Schwartzman) está num estado letárgico após o fim de sua relação com sua namorada (a qual nós temos um breve relato no curta que antecede o filme, “Hotel Chevalier”, onde há uma ponta da Natalie Portman, de um jeito que eu nunca tinha visto). Com esse ponto de partida, Wes Anderson finalmente desenvolve uma comédia onde, mesmo que de forma tortuosa e as vezes arrastada, se chega a algum lugar. Os méritos do diretor estão no seu apuro técnico (vide a digressão perfeita na cena em que nós vemos o funeral do pai dos três), inegável bom gosto na trilha sonora e na capacidade de aproveitar as cores da Índia com extrema inteligência. O fim da viagem dos três nos revela que saber como se preocupar com o próximo é a melhor forma de aprender a cuidar de si próprio. Sim, apesar de um discreto final otimista (outra característica desse diretor), a distância desse filme da pieguice é enorme. E afinal, acho que estou começando a entender as qualidades do Wes Anderson. Talvez deva rever os seus outros filmes.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Terça mochilão

Tio Sam knows it all.

"Há um marcante desequilíbrio no sistema 'pós-Guerra Fria': a ordem econômica é tripolar, mas a ordem militar não o é. Os Estados Unidos continuam a ser a única potência com a disposição e a capacidade de exercer a força em escala global - de maneira ainda mais livre do que antes, com o declínio do freio soviético. Mas essa nação já não goza da preponderância do poder econômico que lhe permitira manter uma postura militar agressiva e intervencionista desde a Segunda Guerra Mundial. O poder militar, não sendo espaldado por uma ordem econômica equiparável, tem seus limites como meio de coerção e dominação. Mas pode muito bem inspirar o aventureirismo, a tendência a liderar pela força, possivelmente com conseqüências catastróficas" (p.15).
[...] "É apropriado que as duas primeiras oportunidades de uso da força nesta era (parcialmente) nova tenham ocorrido na América Central e no Golfo Pérsico. É comum os analistas e assessores políticos traçarem uma distinção entre 'nossas necessidades' e 'nossos desejos', sendo aquelas exemplificadas pelo Oriente Médio, com seus recursos energéticos incomparáveis, e estes na América Central, que não tem grande importância estratégica ou econômica, mas é uma área dominada pelos EUA por tradição" (p.16).
CHOMSKY, Noam. Deterring democracy.

Pois é, o Chomsky disse algumas coisas interessantes aí nessas linhas, mas algo me diz que o vídeo abaixo é bem mais emblemático e, por esse motivo, deixá-lo-ei falar. Sem maiores comentários por hoje, porque a proposta é que cada um faça seu próprio post sobre o tema. Nada de texto pronto, até porque a FUVEST foi no domingo último e a segunda fase está logo ali. Vão treinando para a redação, risos.



P.S: Na próxima terça, aguardem um texto inédito do nosso correspondente convidado, Maurício Schuartz, direto de Israel.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Demorô, hein truta!

Finalmente a imprensa “descobriu” as falcatruas do PSDB. Graças ao procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, o chamado “Mensalão Tucano” entrou na pauta das redações e foi destaque no final da semana passada. Detalhe curioso, o procurador não usa o termo “mensalão”, que aplicou quando da acusação aos “40 mensaleiros”, mas dessa vez prefere “esquema criminoso”, a meu ver muito mais correto e adequado a um membro do Judiciário. De qualquer maneira, não falarei sobre o termo aplicado e suas possíveis interpretações, coisa que já fiz aqui, mas ressalto que a imprensa acordou de vez apenas com a denúncia do procurador. Apesar das lambanças mineiras já terem sido abordadas anteriormente, a cobertura ganha fôlego apenas quando as fontes oficiais falam, como Ministério Público e Polícia Federal. A imprensa deveria garimpar mais informações sobre os negócios de Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia e entourage.
Com a denúncia, a “contabilidade ética” sem-vergonha que tucanos tentavam implantar na imprensa, visando diferenciar-se do PT, foi por água abaixo. De qualquer forma, é digno de nota o contraste entre a cobertura federal e a estadual. Aqui em São Paulo, por exemplo, a fiscalização dos atos dos deputados estaduais é falha e intermitente. CPIs são engavetadas pelo rolo compressor de tucanos e aliados (assim como na esfera federal fazem petistas e aliados), e suspeitas de corrupção grossa, como envolvendo a CDHU, ocupam pouco destaque ou são ignoradas.
Ao menos podemos ser gratos à Procuradoria Geral da República não ser mais ocupada pelo Geraldo Brindeiro, o engavetador-geral da República de FHC.

domingo, 25 de novembro de 2007

Mais lenha na fogueira...

"O olhar do homem já foi descrito várias vezes. Ele pousa friamente sobre a mulher, ao que parece, como se a medisse, a pesasse, a escolhesse, ou seja, como se a transformasse em coisa. O que não se sabe tão bem é que a mulher não está inteiramente desarmada contra esse olhar. Se ela é transformada em coisa, ela então observa o homem com o olhar de uma coisa. É como se o martelo tivesse de repente olhos e observasse fixamente o pedreiro que se serve dele para enfiar um prego. O pedreiro vê o olhar mau do martelo, perde a segurança, e dá uma martelada no próprio dedo.O pedreiro é o senhor do martelo, porém é o martelo que leva vantagem sobre o pedreiro, porque a ferramenta sabe exatamente como deve ser manejada, enquanto aquele que a maneja só pode sabê-lo mais ou menos."


KUNDERA, Milan. O Livro do Riso e do Esquecimento.

sábado, 24 de novembro de 2007

Porque hoje é Sábado Reflexivo

Estava ontem tentando escrever um poema. Às vezes aqueles fluxos de inspiração nos enchem de coisas a dizer, mas ontem a coisa estava meio empacada. Queria falar do peito aberto, das pessoas que se colocam sem barreiras pros sentimentos, sem bloqueios, sem medo.

Hoje, por coincidência, no episódio de Sex and the City (série que está sendo reprisada na Fox), a protagonista falava exatamente disso. "Quão perigoso é ter um coração aberto?". Pelo jeito, perigoso demais.


Pra quem não conhece a série, a protagonista, Carrie, é jornalista e com mais três amigas, fala da vida em NY, de sexo, relacionamentos, moda, sapatos, mais sexo, mais moda e um pouquinho sobre a vida americana. É uma série bem superficial, mas com alguns momentos "epifânicos", se é que se pode colocar assim.

Esse episódio de hoje é um deles. Carrie passou todas as temporadas do sitcom às indas e vindas com um homem apelidado Mr. Big. Ela era claramente apaixonada por ele, mas como todo homem, Mr. Big tinha "commitmment issues". É a expressão inglesa para "medo de compromisso" ou "problemas com comprometimento". Algo que todo homem teve, tem ou terá na vida.

Acontece que Big teve um problema coronário e passou por uma angioplastia. Carrie toda vez que o visitava no hospital começava a chorar. Alguns dias depois, ao ligar pro hospital, Carrie se surpreendeu com a notícia que ele havia tido alta, e foi procurá-lo no hotel em que ele usualmente se hospedava. Vestida de Stripper-vendedora-de-balas, ela fica entretendo big com dominós e conversas triviais.

Big acaba se sentidno mal, com uma febre alta, e Carrie fica cuidando dele. Num momento de delírio, ele abre seu coração para Carrie perguntando o por quê de não estarem juntos, já que se gostavam tanto. Ele diz pra ela "a vida é muito curta", e eles adormecem. Na manhã seguinte, Big acorda já com o coração "fechado" de novo e Carrie diz pra si mesma "a vida é muito curta", percebendo que não adiantava nada amá-lo se ele nunca estaria aberto pra ela.

Por mais piegas que seja essa cena, esse episódio, essas falas, essa é uma reflexão muito importante. "Quão perigoso é ter um coração aberto?". Se fosse fácil, não haveria tantos problemas. Se fosse seguro, não seria tão difícil um relacionamento estável, honesto, duradouro.

Sei que algumas vezes me permiti ter o coração aberto. Na última, o coração escancarado se deparou com um enclausurado. Enquanto um mergulhava de cabeça, o outro se mantinha fechado na seguraça da distância emocional. Sabem aqueles adesivos na traseira do ônibus, "Mantenha a distância"?

Qual é a distância segura para um coração? Quando se aproxima demais de um coração fechado, o estrago pode ser grande. Não se mantém a distância segura, e quando o outro coração freia, não há tempo suficiente para reagirmos e nos resguardarmos. Quando percebemos, já estamos presos nas ferragens, o carro já está todo amassado, os vidros quebrados, e um prejuízo bem grande para o conserto.

E nem por isso deixamos de andar de carro. Após um tempo estamos por aí em algumas ruelas. Depois arriscamos pegar a Rebouças, depois a 23 de maio, a Marginal, a Castello Branco, num crescendo inevitável em busca de encontrar um outro coração na mesma pista, na mesma velocidade. E vamos encontrar muitos! Uns mais rápidos, outros mais lentos, e esse descompasso levará às colisões. Serão só um toquinho, um arranhão, coisa leve. Outros encontros serão grandes acidentes com possíveis (prováveis) ferimentos e cicatrizes. Mas nem por isso vamos deixar de andar de carro.

Continuaremos dirigindo até o dia em que encontraremos a distância segura de andar com um outro coração que esteja no mesmo momento, direção e velocidade que nós. Nessa hora, não haverá mais risco tão grande de choque, e sim a chance de uma viagem tranqüila, sempre, claro, com alguns percalços no caminho, pois buracos e quebra-molas todos teremos pela frente.

Mas quando a viagem começa, é só tentarmos manter o coração aberto...

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

É o balcão de anúncios da sexta (de luto) literária

HUMANITUDE
uma memória anual ao dia da consciência negra
em Santo Amaro


Sábado 24/11
início: 13h


O Humanitude é um evento que ocorre anualmente em Santo Amaro. Trata-se de uma caminhada e um grande encontro de bandas e poetas num palco montado em frente a Casa Amarela. Trata-se do encontro da diversidade. Trata-se da celebração do Ser Humano e um momento de relfexão sobre a diversidade.

Primeiro momento:
Caminhada com Mamulengos pelo Largo Treze de Maio.
Concentração: às 13h na Casa de Cultura de Santo Amaro - Avenida João Dias em frente a Bilioteca Robert Kennedy.

Na sequência:
Paço Cultural Júlio Guerra (Casa Amarela) - Praça Floriano Peixoto, 131 - No palco em frente a casa.

- Jongo
- Poesia
- Bandas de Rock
- Poesia
- Samba
- RAP
- Samba/Rock
- Poesia
- Possibilidades
mais poesia...

Realização Coletivo Seres Humanos, Paço Cultural Júlio Guerra (Casa Amarela), Casa de Cultura de Santo Amaro, ASSESA (Associação de Escritores de Santo Amaro), Renato Palmares, Renato Seixas.


Paço Cultural Júlio Guerra
Casa Amarela
Praça Floriano Peixoto,131
5548.1115
Santo Amaro
Próx. Ao Largo Treze de Maio.


www.picasaweb.google.com/casamarela13
"Tudo que nasce morre" Tio Zé em paz!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Esfalfado


Chego em casa, agora, onze da noite, após um dia corrido. Estágio, banco, simpósio, faculdade. Não sei por que, mas gosto dessa vida; miserável felicidade de poder pagar minhas contas, de comer de graça, de poder comprar livros com descontos escandalosos. Ah faculdade! Nada como viver entre amigos podendo falar de futebol à xadrez, de favela à flâneur, de mulher à cigarro. Vida perfeita!

Essa semana não falei de política com ninguém. Não li jornais nem textos interessantes, não saí com nenhuma mulher (apesar de me apaixonar três vezes em dois dias). Vi futebol, bebi, degustei até comida japonesa (um luxo para quem vive às custas da faculdade); pensei em vários assuntos para escrever no blog, mas quer saber, vou é falar de mim mesmo. Visitei a feirinha do livro pensando em comprar algo válido para meu mestrado. Saí com livros de cultura e arte, algo bem distante dos discursos políticos de paulistas do século XIX. Tenho mudado... Visualizo o deserto no horizonte, hesito, acendo um cigarro. Nesse purgatório entre céu e inferno fico esperando uma alma me resgatar. Ela vem, mas só conversa de longe. Brinca sorridente, me encanta e desvanece. Dou dois passos em direção ao horizonte questionando quem me faz mais mal, a alma ou o cigarro? Sei bem a resposta, por isso acendo outro fumo. Vida ingrata!

Essa gangorra sentimental é que me destrói. Ando sobre cacos que um dia foram chão de vidro; a dor é lassinante. Onde está a bondade do mundo, esse sentimento feminino cada vez mais difícil de encontrar? Sei que o deserto não me revelará sua localização. Espero então pacientemente meu resgate, entre um apaixono e outro, rezando para que seja breve.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Quarta Meia Entrada - Microcríticas

Por Tio Vinix


Preguiça!!! A Câmara de Hibernação que eu mandei instalar aqui no Ministério funciona muito bem, são 13 horas de sono garantido. Mas depois parece que a gente acorda de ressaca.

Avisos Ministeriais: No deserto que se instalou em frente ao meu humilde palacete assobradado estão sendo relatados por transeuntes o desmesurado tráfico de um líquido inebriante, que vem sendo chamado pelos populares de “Sonho Cor-de-Rosa”. A Secretária Célia está encarregada de averiguar tais denúncias. O ministério também pede ajuda ao mártir Salvaterra nas investigações, pois é sabido o seu carisma entre os mais necessitados.

O Ministério saúda a volta da Sobrinha Marossi ao mundo Tantaproseano, e recomenda: Se for, já é. As suas encomendas já estão quase todas providenciadas, mais informações a cargo da Secretária.

As Críticas, enfim

Um balancinho das melhores coisas que saíram esse ano, que começa hoje e vai até Dezembro*:










Noites de Gala, Samba na Rua – Mônica Salmaso (CD) – O melhor disco dela. Só isso.














Volta – Bjork (CD) – Ela voltou pra Terra. Que bom.




















Piaf (Filme) – Nessa nova onda de Cinebiografias, a melhor que eu já vi.











Saneamento Básico: O Filme (Filme) – O melhor filme do ano, a prova cabal que o Jorge Furtado é um dos cineastas mais criativos do mundo em atividade.













Zodíaco (filme) – David Fincher é bom mesmo. Alguém ainda tem dúvida?














O Mar de Sophia – Maria Bethânia (CD) – Outra que está cada vez melhor.






* Isso não significa que eu vá só fazer isso até o fim do ano. Ainda tenho muito pra chorar...hahaha

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Terça mochilão

I'm back to Sin City, crianças! O exílio foi bom e altamente proveitoso, apesar do objetivo ter sido totalmente diverso daquele que levou certos ministros tantaproseanos a se refugiarem láááá no deserto, cercados de garrafas e pensamentos mórbidos.
Essa que vos escreve, ao contrário, andou flertando com o nirvana em terras longínquas, tendo como companhia somente uma pesada mochila e um desejo insólito por uma certa marca de guaraná que uns e outros aí ficaram de trazer de outras paragens.
Muito bom estar de volta à cidade cinza, mesmo não sendo musa, ministra ou algo que o valha.
Yes, a China tem bananas!
Abram os olhos porque o império está mudando de lugar. Pequim, além de um lugarzinho mais caótico e barulhento que NY, agora também anda plantando bananas. Explico: na semana passada os chineses deram uma enorme (banana!) para a Organização Mundial do Comércio.
Admitida no clube que regula o comércio mundial há pouco tempo, a China disse um sonoro não à retomada das negociações da Rodada Doha, iniciada em 2001 no Catar e paralisada em junho do ano passado. Os chineses não estão interessados em abrir certos setores do sua economia aos demais membros da organização e ainda não parecem dispostos a se submeterem às regras da OMC, principalmente no que tange à proteção da propriedade intelectual.
Tio Sam esboçou um beicinho e os europeus deram um amigável tapinha nas costas da maior potência econômica da atualidade, afinal não querem DE FATO ceder nenhum milímetro no já desgastado assunto dos subsídios à agricultura (ponto chave da Rodada), não enquanto existirem aqueles franceses plantando uvas (ou nada!) há pelo menos cem anos em terras impregnadas de tradição e história. A tal PAC- Política Agrícola Comum- da Comunidade Européia é recente (datada do início da década de 60), mas tem feito muitos estragos, principalmente em certos países tupiniquins que ainda dependem de commodities agrícolas para atingirem superávit na sua balança comercial. E isso porque sequer mencionei o modus operandi norte-americano de conceder os mesmos subsídios.
O fato é que os chineses com sua perspicácia oriental sabem muito bem como defender seus interesses no tabuleiro internacional: não foi sem razão que demoraram longos 15 anos para ingressar na OMC, afinal eles queriam que Pequim tivesse status de país em desenvolvimento e que Taiwan fosse admitida como região não independente, dentre outros pontos sensíveis. Ambos os objetivos foram atingidos e hoje Pequim e o resto do planeta sabem bem a pujança da sua economia e o tamanho do seu mercado consumidor.
Dessa forma, se as propostas na mesa não lhes são favoráveis, os chineses não têm porque se esforçarem para ressuscitar a complicada Rodada Doha, repleta de impasses e falácias diversas. Obviamente tal postura dificulta ainda mais as negociações e faz alguns especialistas ficarem de cabelo em pé e duvidarem do funcionamento do intrincado sistema internacional, aí incluídas organizações internacionais como a ONU e a OMC.
Enfim, parece que Tio Sam encontrou um concorrente à altura naquela política do "se você não jogar bola como eu quero, também não brinco mais", seguida de um 'mimimimimimi' e de um confisco da bola. Vivas a mais recente República das Bananas. Ou não.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Torta de Frango dos Novos Yuppies

Ironia das ironias, leio um retrato ácido e mordaz dos novos ricos de Nova York justamente numa revista voltada para... ricos e emergentes brasileiros. Na revista Vogue RG de setembro, Tom Wolfe assina um perfil dos operadores de hedge funds e conta o conflito entre dinheiro novo e dinheiro velho, um dos temas mais batidos da literatura, mas que nas mãos de jornalistas e escritores de talento rende ótimas histórias e muitas vezes serve de marco para assinalar períodos de mudanças sociais mais profundas. O autor da matéria conhece o assunto, pois já adentrou o universo dos ricos e poderosos, sempre com descrições elaboradas e ironias refinadas. Exemplo fácil: “Fogueira das Vaidades”, adaptado para o cinema por Brian de Palma.
“Essa gente” que ele descreve nesse perfil ganhou dinheiro muito mais rápido do que qualquer outra geração e, na busca desenfreada por status, afinal, o resto eles já têm, descamba para a agressividade e o desejo de controle total das situações.
Na contramão, a revista Época de 5 de novembro apresentou um perfil otimista e benevolente dos novos aplicadores da Bolsa de São Paulo e trouxe dicas para quem deseja se tornar um. A capa é eloqüente: “Ganhei um milhão na Bolsa.” A descrição é eufórica, só apresenta vitoriosos e coloca a Bovespa como se estivesse ao alcance de qualquer um. A imagem de um cassino financeiro teria ficado para trás, a gestão das empresas é cada vez mais transparente, o que faz com que as pessoas “comuns” tenham até 70% do patrimônio na bolsa.
Nas palavras de Paulo Leme, economista-chefe do Goldman Sachs:
“Uma empadinha com uma cervejinha bem gelada cai bem, mas uma torta de frango, além de mais substanciosa, pode servir muito mais gente.” Só faltou falar: vamos fazer crescer a torta de frango, para depois dividi-la.
Algumas informações acerca dos riscos que se corre aplicando na Bolsa e um perfil dos “derrotados” seria o mínimo que se esperaria de equilíbrio jornalístico. “Exuberância irracional” e “ganância infecciosa”, conforme falou Alan Greespan uma vez há não muito tempo, parecem idéias de uma época tão distante quanto 1929.

sábado, 17 de novembro de 2007

Porque hoje é sábado - direto de Pintolândia!

Eu vim até uma lan house chechelenta aqui em Pintolândia para postar este texto. Muito apropriado à minha localização, by the way, uma vez que fala de homens, suas duas cabeças, etc...

Só pra não postar com delay e naõ ouvir reclamações dos outros ministros daqui de tantaprosa, eita cambada exigente...

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Homens e o Sr. Charles, mais uma vez...

Não estou aqui pra falar que homens são de Marte e Mulheres de Vênus e que não falamos a mesma língua, apesar disso tudo ser bem verdade. Mas não, não vou falar que homens fazem sexo e mulheres fazem amor (porque nem sempre é assim), nem que os homens são cachorros e as mulheres são burras (na maioria das vezes é assim...).

Estarem os dois sexos sempre em níveis diferentes de conversa, de vida, de sentimento já é fato. Disso todo mundo sabe, até os livros a oito reais vendidos na banca de revista sabem. Cada um justifica o “desnível”, ou “diferença” se preferirem, das mais variadas formas. Culpam os hormônios, o tamanho do cérebro, o formato dos órgãos sexuais... Só que independentemente de explicações fisiológicas, deve haver algo a mais.

Geneticamente é óbvio que somos diferentes. Mulheres começam melhor, cromossomos iguais, XX. Os homens já vêm complicando, introduzem um cromossomo diferente na seleção natural, o Y. Daí já podemos tirar muitas conclusões.

Mulheres são simétricas. (?!). Calma, calma, eu explico. Não temos um lado X e um lado Y. Somos todas XX, inteiras, únicas. Claro que dentro desse duplo X há muita loucura e confusão, mas é somente porque mulheres são assim de natureza. O X é o responsável pela sensibilidade, pela paixão, pela "drama queen" interior, pelos arroubos, por tudo que se pode dizer "é coisa de mulherzinha". Se temos dois X, temos tudo isso ao quadrado. Por isso às vezes ficamos meio "doidas"...

Vão me perguntar "e como você explica as mulheres racionais, as duronas, que parecem que têm Y?". Ah, simples. Em toda gravidez há testosterona na placenta. Quanto maior o nível de testosterona, mais se desenvolve o lado racional, prático, matemático. Há algumas mulheres que se expuseram mais a esse hormônio, e por isso se assemelham mais aos homens.

Eles, homens, por sua vez, são seres assimétricos. Há um lado X e um lado Y. Pensem: "conflito". A cada hora um se manifesta. O lado X é quase igual ao das mulheres, mas um pouco mais influenciado pela testosterona. É o lado normal, humano, carinhoso, afetivo, sentimental, etc...
Já o lado Y é aquela parte que nenhuma mulher consegue compreender. Na minha teoria maluca (que sei que vai ser rechaçada por todos os cuecas aqui do blog), o lado Y é o lado masculino hardcore.

Isso, fisicamente falando, é meio óbvio, já que o cromossomo Y é que faz meninos terem pênis (as meninas têm vagina – alguém assistiu “Um Tira no Jardim de Infância”?). Mas o Y também é responsável pela capacidade masculina de dizer que vai ligar e não ligar, de esquecer do mundo ao olhar para um par de seios, de a cada 5 segundo pensar em sexo, de a cada 3 segundos pensar em futebol ou algum esporte.

O Y também é responsável pelo medo de compromisso que os homens têm. O Y é culpado pela cabeça anterior inferior dos homens, a que comanda o “fuja” quando se começa a deixar o lado X falar mais alto e se deixa sentir algo mais que tesão... É a cabeça que fala “mas como você vai passar o resto da vida bimbando só essa daí? O que aconteceu com perpetuar a espécie?”...

O Y em conflito com o X é engraçado. Analisemos a covardia masculina: nasce desse conflito! Não se sabe qual lado ouvir, como nos desenhos animados nos quais aparece um diabinho vermelho num ombro do personageme no outro um anjinho branco, cada qual falando coisas contrárias. o X é o anjo, o Y o diabo, e quase sempre os machos preferem ouvir o vermelhinho... Por medo, por desconfiança, por qualquer razão que seja, é sempre covardia de não assumir seus sentimentos.

Imaginem se homens e mulheres ambos fossem XX. Por alguma aberração da natureza, eles continuariam fisicamente idênticos, mas mudaria todo o esquema mental/sentimental dos seres humanos. Seria X à quarta potência! Todas as relações seria mais complexas? Sem dúvida mais dramáticas e melosas...

Mas pelo menos nos entenderíamos... Maldita genética.

É, tio Darwin, tudo culpa sua... Tinha que ser homem, né?

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Armênio Vieira na Sexta Literária

(Armênio Vieira tomando algo. Fonte: Wikipedia)

Esta recomendação de leitura vai para os pinguços (as) de plantão que freqüentam a terra do tantaprosa. Como havia comentado já retorno rumo ao morro Ararat e às terras tantaproseanas, saí de pasárgada após uma rápida espairecida para escrever o post de terça. Resolvi passar por Cabo Verde, refleti um pouco sobre a geografia do local e entendi que há cidadãos e escritores por aqui que brincam com a situação da seca na região como por exemplo um senhorzinho vendedor de guarda-chuvas que persuade a todos sobre uma mega-chuva que virá...Isso deu até um livro por essas bandas.
Aproveitando a deixa, decidi ler um pouco sobre Armênio Vieira, um camarada que está vivo até hoje e escreve com um humor cortante em sua inteligente ficcão. Recomendo o livro chamado "O Eleito do Sol".
Resumindo em algumas linhas, trata-se de um escriba (personagem principal) que vive no Egito e em todos os comércios que passa manda o comerciante colocar o valor gasto na conta do Faraó, afinal apresenta-se como neto da Eminência. De tanto fazer tal peripécia é convocado pelo faraó que não sabia muito da situação e dá um mês para o escriba descobrir e provar a todos que realmente é neto dele . O Escriba vai por diversos lugares e depara-se com uma esfinge, vemos aí a retomada da história de Édipo...Bem, não vou contar o que a esfinge diz e muito menos o fim da história. Vale a pena ler, afinal garanto boas risadas. Cabo Verde tem prosa e tem verso. Essa é a dica de prosa...Não estamos nos referindo apenas a um minúsculo arquipélago esquecido próximo a África.
Segue a baixo um trecho do livro "O eleito do Sol" (1990) de Armênio Vieira:

"O escriba deteve-se junto a um enorme cartaz que dizia: o Faraó , nosso imperador e Guia, tem um olho sempre aberto, mesmo quando dorme. Tende cautela, conspiradores, os crocodilos do Nilo adoram carne humana. Em seguida lembrou-se de que se lhe esgotara a erva para cachimbo. Arrastou as solas até uma lojeca e ali pediu um pacote de Populares.
- Ponha na conta do Sumo Sacerdote, sou neto dele - disse ao empregado.
- Neto de Sua Eminência, andas sem taco, pedes fiado e fumas Populares. Caramba! - exclamou o sujeito.
- Não sou eu, mas os deuses, quem governa a roda da Fortuna. Dito doutra forma, para ser mais explícito: fui suspenso até à próxima inundação do Nilo, por vontade de quem pode e manda, mas voltarei a ser o que era.
E, com esta tirada, o escriba foi-se embora dali entoando a canção Ó Faraó, Imperador de todas as tribos, nós te saudamos.

(...)

Apressou o passo, tomou por uma viela malcheirosa, percorreu outras duas no gênero e por fim desembocou numa baiuca onde lhe serviam gafanhotos imigrantes com cebola e piripiri. Virou-se depois para o basbaque do garçom, que também fazia de caixa, e disse:
- Mande a conta ao Sumo Sacerdote, sou neto dele.
O sujeito fitou-o com os olhos muito abertos e perguntou:
- Neto de quem?!
- Do Sumo Sacerdote - repetiu o escriba.
- Neto de Sua Eminência, olhe que não parece.
O escriba, quando já ia sair, disse:
- Nem tudo o que parece é. Identicamente, nem tudo o que é parece. Aprenda isto, seu cretino, e deixe de fazer apreciações obtusas.
Tudo isto foi contado no mesmo dia ao Faraó."

É por isso que disse no começo sobre os pinguços (as) de plantão, quem sabe se não colocarmos nossas cachaças na conta do Lula um dia somos presidente ao invés de músico, poetas ou blogueiros...Minha nossa, embora seja um livro difícil de se encontrar, vale a dica...Quem quiser arrumo, ou algo assim.

Sarau Negro na Biblioteca Alceu Amoroso Lima

- Professora Regiane Vecchia USP (moçambique/angola) discute Craveirinha, Noemia de Souza e outros poetas.
- Integrantes do Coral USP
- Vídeos (a cofirmar)
- Sarau Negro e lançamento da Antologia Vacamarela
- Outras possibilidades...

A discussão sobre a chamada data da "consciência negra" se faz necessária e a literatura pede passagem mais uma vez.

Biblioteca Alceu Amoroso Lima
Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros

Dia 30/11/07
às 19.30h

Discussão garantida ou a sua televisão de volta.

Balada Literária do Marcelino Freire

Confira a programação em www.baladaliteraria.org/home.html

O Luandino Vieira (o angolano que recusou o prêmio Camões) vem aí, quem vai perder?

Tá vou ajudar com alguma coisa por aqui:

EDUARDO SIMÕES
da Folha de S.Paulo

São Paulo já tem uma festa para os livros. A Balada Literária acontece de amanhã a domingo, com bate-papos e debates com mais de 50 convidados, brasileiros e estrangeiros, entre eles o crítico Antonio Candido e o escritor angolano José Luandino Vieira, que em 2006 recusou o Prêmio Camões. Com entrada franca (salvo uma roda de samba com a cantora Fabiana Cozza), os encontros acontecem em "redutos" da boemia literária paulistana, como Mercearia São Pedro, Ó do Borogodó e Livraria da Vila. A bem da verdade, a Balada teve seu "ano zero" em 2006, mas os organizadores, os escritores Marcelino Freire e Maria Alzira Brum Lemos, queriam repensar o formato antes de lançá-lo formalmente. A inspiração, diz Freire, vem da própria Festa Literária Internacional de Paraty, que fez do evento literário uma celebração. "São Paulo é uma cidade baladeira. Queríamos a literatura envolvida nesse espírito", diz o escritor, que contou com o apoio de editoras e do Instituto Cervantes para fazer o evento. "O que os outros fazem com 1 milhão, eu faço com humilhação", brinca Freire. O evento terá também a exposição "O Lugar do Escritor", do fotógrafo Eder Chiodetto, a peça "Dois Perdidos Numa Noite Suja", de Plínio Marcos, com atores de Moçambique, o espetáculo "Cantos Negreiros", de Freire e Fabiana Cozza, e um show de encerramento, no domingo, às 20h, no espaço b- arco, com Lirinha, do grupo Cordel do Fogo Encantado. Encerramento? Bem, como toda balada, terá direito à ressaca. Duas, aliás: no dia 19, com aula do escritor mexicano Mario Bellatin. E no dia 26, numa conversa com o escritor Luis Fernando Verissimo. Paralelamente, a Associação Brasileira de Imprensa inaugura hoje o 1º Salão Nacional do Jornalista Escritor, no Memorial da América Latina, com participação de nomes como Ruy Castro e Fernando Morais.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Ditadura (do proletário?)


Chavez, Chavez! Novo exemplo de esquerda para a América Latina. Se bem que, talvez de novo aí só tenha o nome. Seria ele mais um interessado em se encastelar no poder, usando o discurso contra o imperialismo capitalista para justificar seus abusos? Eu apoiava o homem na Venezuela, a despeito de ter origens militares, de ter vindo de um golpe fracassado e de usar uma imagem picara que muitas vezes dá força à oposição burguesa. Mas o que é essa idéia de reforma constitucional que ele vem propondo? Por que se eleger ilimitadamente? É mesmo receio do capital tomar o poder? Veja, se for essa a crença, Chavez perde muito de minha admiração por ele. A escolha foi feita, a via da esquerda foi tomada, e crer que a falta de um homem forte no poder irá levar os capitalistas burgueses a controlar o país é ter uma visão limitada de História. Os processos estão se encaminhando, a “revolução” proletária prossegue justamente até que alguém mal intencionado resolve tomar as rédeas para si próprio. Chavez, se acredita realmente num socialismo justo, também deve ter mais fé no povo que representa. Essa história de que é preciso guiar a nação rumo à ditadura do proletário está mais para um espírito positivo-iluminista completamente descrente do poder das massas. Aliás, a ditadura do proletariado pretende-se ampla, dando poder a maioria. A classe operaria não deve ser identificada apenas na figura de um caudilho bom de oratória. Chavez está no poder desde 2002, sobreviveu a um golpe de estado, aproximou-se de Cuba e vem se armando de maneira assustadora nos últimos anos. Diferente de nosso presidente Lula, Chavez se aproximou diretamente do povo e construiu uma estrutura de apoio invejável, capaz de garantir uma incrível blindagem contra novos golpes. Pois bem, mas e os resultados? Já vamos para sete anos de mandato e até agora o percentual de pobreza no país não diminuiu (cerca de 60%), a corrupção dos tempos anteriores se manteve, e até mesmo acordos com magnatas foram feitos (cadê a taxação de imposto para redistribuição de renda?). Cerca de 80% dos veículos midiáticos estão a trabalho do governo, ou melhor, do “Petroestado”, cujo capital atrai cobras, chacais e rapinas famintas. Alterar a Constituição venezuelana para se fixar indefinidamente no poder transformará Chavez em ditador, capaz de controlar os veículos de comunicação para construir um mítico presidente, maquiando um totalitarismo através do clima de um inimigo oculto na pátria – os capitalistas. Esse jogo só serve para justificar abusos e perseguições políticas para manutenção dos privilégios conquistados. A classe operaria não deve servir de massa de manobra para encastelar populistas. Deve é lutar pela construção de uma base de poder cada vez mais ampla, representante de seus ideais, forte, ditatorial, mas justa à maioria cujo suor construiu a pátria. O proletário não deve ter ilusões de uma democracia burguesa, cuja teatralidade mascara a opressão da pobreza, fome e desigualdade, mas deve também atentar-se a manobras que o levem a uma sujeição limite, que o impeça de exercer seus direitos de derrubar governos não representativos. Chavez sairia pacificamente caso a massa não se identificasse mais com ele? Difícil.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Quarta MeiaEntrada - Vestibular Stephen King




O Ministro Puskas me ajudou nesses últimos dias, pra que eu pudesse escrever o post de hoje, me levando pra ver "1408" no cinema. Um bom filme, uma boa adaptação de um conto do Stephen King, uma coisa cada vez mais rara hoje em dia, porque o Tio Stephen é uns dos autores mais adaptados pra cinema, pudera, é também um dos mais prolíficos, o que gera por consequência o fato de ele escrever boas e más histórias. Por isso acho que deveria ser instituído para cineastas que querem seguir no ramo do cinema de Suspense/Terror o "Vestibular Stephen King", que consistiria no seguinte: O cara pega um livro qualquer do Tio Stephen e adapta pro cinema ou pra TV mesmo. Se o resultado for bom, tá aprovado, pode fazer o que quiser depois. Se não, esquece, é MULEKE (já diria o famigerado capitão Nascimento). Exemplos pra justificar esse vestibular não faltam, e que fique bem claro: Vale tudo na hora de adaptar, mesmo porque o Tio Stephen não tem lá um dos melhores gostos pra avaliar suas próprias obras no cinema. Digo isso porque numa entrevista publicada no Caderno Mais! da Folha ele disse que a melhor versão cinematográfica de um livro seu havia sido "Cujo" (história de um São Bernardo endemoniado que resolve inexplicavelmente atacar uma mãe e seu filho até o fim, ou seja, até um deles morrer) do desconhecido Lewis Teague. Esse aí pra mim não passou. O Mesmo King nessa mesma entrevista diz ter ficado putíssimo(não com essas palavras né?) com o Stanley Kubrick, porque ele alterou pelo menos 60% do que estava no livro "The Shining" ao fazer "O Iluminado". Só que o filme ficou bom pra caralho, pra mim um dos melhores do genero. Aprovado. A tática perfeita então seria mexer até não poder mais nos livros do cara? Não, e a prova se deu 4 anos antes do lançamento de "O Iluminado" e veio se ratificar 3 anos depois. Em 1976, um ainda jovem Brian de Palma adaptou um livro de King quase que letra por letra para o cinema. O resultado foi "Carrie, a estranha", outro clássico absoluto do Terror. Aprovado. Um outro diretor (esse na época já em busca de reconhecimento) acabou fechando com o próprio King como co-roteirista pra adaptar sua obra. O resultado dessa vez foi "A Hora da Zona Morta", 1983, de David Cronenberg. Aprovadíssimo. Mas, mais méritos que esses citados até aqui merece um dos poucos diretores que podem ser chamados de "Mestre" com todo o respeito que a palavra implica: John Carpenter, aquele que ousou pegar um livro do King que tratava de uma carro assassino e o transformou numa metáfora sobre a irracionalidade do ser humano ao se dedicar mais aos objetos inanimados do que ao próximo, a obsessão pelo bem(coisa) -"Christine: O carro Assassino"- Genial. Até mesmo o meloso Rob Reiner soube como se sair bem nesse Vestibular com o excelente "Conta Comigo" e sua filosofia sobre o que seria o Pateta (afinal de contas o Pluto é o cachorro, o Donald pato, o Mickey rato...), fora a memorável cena das Sanguessugas. Depois ele (Reiner) provaria de novo que é bom com "Louca Obsessão", contando com uma atuação primorosa da Kathy Bates. Outro aprovado. Méritos também para Mary Lambert, que conseguiu pelo menos não estragar "Cemitério Maldito", o melhor livro de King, e para Tommy Lee Wallace, que segurou a onda de um livro com um final péssimo (finais péssimos também podem ser considerados quase que característica de uma fase do Stephen King), o filme foi "It".
Pra não dizer que não falei dos não aprovados, só deixo pra vocês a listinha de filmes dispensáveis: O apanhador de sonhos, Rose red, A tempestade do século, Montado na bala, As vezes eles voltam, Fenda no espaço,Janela secreta, A espera de uma milagre(EU TAMBÉM ESPEREI... 3 HORAS...) e por aí vai...
Conclusão: Stephen King é pra mim um mistério. Vocês que façam o Vestibular e me contem.

PS: To caindo de sono. Talvez vocês encontrem um montão de erros nesse texto. É só avisar que o Tio corrige tá? Ah, e menção honrosa pra "Trocas Macabras". O filme não é bom, mas é umas das melhores e mais originais histórias de terror que eu já vi, creio que o méritos sejam nesse caso muito mais do Stephen King do que do diretor.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Terça Mochilão


(por ivan antunes)


"Fazer um post não é contar piada
é preciso um pouco de tristeza"

(diálogo com vinicius de moraes)


Caros amigos,


Deram liberdade agora aguentem, entre chatices repentinas dos blogueiros estressados na terra do tantaprosa, fui-me embora pra pasárgada, manja? Prometo que só voltarei sexta feira ou quem sabe só depois do feriado prolongado...Ô beleza.
Assim sendo narro por aqui minha visão sobre a terça mochilão. Acho que fazer blog, não deve ser uma obrigação, mas uma grande diversão...Assim é que as coisas funcionam. Digo isso porque resolvi contar minhas experiências sobre Pasárgada essa terra não tão distante daí de vocês depois do morro Ararat entre os muros tantaproseanos. Parei minha resenha, meus dois textos e a análise de alguns poemas para a faculdade para postar na terça vaga. A marossi em viagem também, mas sem internet pelo visto não pode postar(volta logo).
Em Pasárgada tem alcalóides a vontade pra gente se divertir, aqui é outra civilização e ó...tem métodos seguros pra evitar a concepção, tem prostitutas bonitas pra gente se divertir...Em Pasárgada tem tudo.
Essa viagem começou quando decidi pegar o ônibus lá pelos cantos da FFLCH (USP) com o letreiro em garrafais amarelo "PASÁRGADA BOA VIAGEM!". Decidi que assim deveria ser.
Aqui em Pasárgada tem homens que não são homens e mulheres que deixam de ser mulheres em alguns momentos. Há uns camaradas que usam umas máscaras parecidas com aquelas da Comédia Del Arte, o choro e o riso já estão programados de acordo com a cena.
Talvez eu tenha ido pra pasárgada só para escrever o tal post desta terça-feira e só para isso também...Aqui descobri que posso ser amigo do Rei e posso ter a mulher minha na cama que escolherei...Isso é bom demais. A mãe dágua no meu ouvido e as coisas acontecendo lá fora e o Café com pão Café com pão lá longe na montanha, o cheiro de manteiga com geléia, vixi... só por isso que vim pra cá.
Em Pasárgada algumas pessoas da alta casta costumam dividir a sociedade por mulatos, negros, caboclos, mestiços e de acordo com a cor a condição social da pessoa é estabelecida. Não chove nunca em Pasárgada, nunca nunca...Já decidiram fazer inúmeros textos falando de cá e na verdade nada entendi, acho que minha descrição está um pouco mais minuciosa.
Há portugueses metidos a brasileiros por aqui. Em princípio pensei que fossem todos palmeirenses por andarem com a bola alvi-verde debaixo do braço, mas depois descobri que Pasárgada é tão pobre que não tem televisão em lugar algum nem para saberem que time está jogando, ou então quais são os times brasileiros. Aqui não conhecem Pelé. As pessoas sofrem influências colonizadoras de Portugal, os negros apanham noite e dia e preferem fechar a boca e trabalhar...O Gente que trabalha, mas ainda não entendi porque apanham tanto. Não entendo muito o que os negros falam, então não sei o porque de tantos embates corporais.
Estou enviando este relato através do Lap Top emprestado pelo Ministro Puskas, vejo neste momento um descanso de tela de sombra e água fresca que me faz lembrar muito as proximidades aí do monte Ararat atrás dos muros tantaproseanos junto com coqueiros repletos de verdes côcos, aqui só ouço tiros a todo tempo e negros chorando de dor, vocês deveriam nunca viur pra cá. As pessoas aparentemente só comem peixes e tomam água de côco por aqui, mais nada...Ah fazem sexo, sim muito sexo. Não sei ao certo que língua falam só entendo os portugueses de vez em quando, na maioria daz vez não compreendo, suas palavras não condizem com suas atitudes, não os entendo...
Assim sendo, não estou disposto a muito papo por aqui, sem contar que tenho que terminar algumas tarefas para quando voltar por aí após o feriado da consciência negra. Aqui em Pasárgada eles não comemoram a consciência negra, eles não sabem o que é isso, nem imaginam o que seja consciência...Lembro-me das histórias de Bandeira, Pasárgada além de prostitutas um rei, peixes, côcos e seca (por falta de chuva), há uma gama enorme de tuberculosos.
Por aqui vou ficando, em breve nos vemos.
Um forte abraço aos amigos,

ivan

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Nas Asas da Tragédia

Desde que assumiu o Ministério da Defesa, Nelson Jobim, o mais tucano dos peemedebistas, vem se mostrando excelente num aspecto: criar factóides na imprensa. Apesar de ocupar um dos cargos mais sensíveis do governo – devido ao caos aéreo -, não se sabe de nenhuma medida de efeito que o ministro tenha tomado, ou que sequer planeje tomar, para melhorar os problemas aeroviários do país. Em compensação, lá está ele, toda semana nas páginas dos jornais e na tela da TV para alguma declaração ou ação oficial, na maioria das vezes irrelevante. Tudo pago pela FAB (ou seja eu e você), que leva jornalistas para cobrirem os atos do ministro. Creio que a única ação um pouco mais incisiva foi a decisão de se criar um indicador de desempenho das companhias aéreas, a fim de se avaliar os atrasos e elevar as multas decorrentes deles. Mas tudo ainda “em estudo.”
Logo após o último acidente aéreo, o ministro declarou que a fiscalização aérea não é eficaz. Novidade alguma nisso? O interessante foi ver jornais, revistas e analistas reclamarem mais pessoal para realizar a fiscalização do setor, ainda que isso signifique “inchaço da máquina pública”, fator que normalmente combatem. Mas, como se trata de transporte dos privilegiados, aí a presença de agentes públicos é não só necessária como urgente. Por que não falar com o mesmo afinco do apagão da saúde, da educação e do transporte público? Pra que serve a Anac, afinal?

sábado, 10 de novembro de 2007

Porque hoje é Sábado e o Darwinismo

As mulheres são invejosas.

Neguem quanto for preciso, mas sentem sempre aquela pontinha de inveja ao olhar para aquela outra ali do lado. Pode dizer, vai! Você também já sentiu, assim como eu... E como ela de mim.

Não que sempre seja uma coisa ruim, dizem que existe "inveja branca", aquela que te faz desejar ter aquilo igual, não que a outra não tenha nada! Ainda assim, não é também algo ótimo de se sentir, não? Afinal, olhar pro lado e pensar "ah, eu queria aquilo!" é um pouco deprimente, se não muito.

Mas o que incomoda mesmo é a inveja negativa, quando se quer tirar do outro aquela felicidadezinha. Inveja mesquinha e egoísta, do tipo "se eu não tenho, ninguém tem!". Mulher é assim às vezes, acho que é genético. Queria saber porque a seleção natural manteve esse gene e não outro...

Um exemplo de mulher invejosa é a "empata-foda". Provavelmente a pior espécie da raça feminina (ah, raça não se pode dizer, né? É politicamente incorreto... foda-se!). São sempre mal-comidas e se rasgam de inveja, ficam roxas, ao ver uma mulher satisfeita com seu homem. Falam sempre com um ar empostado "eu não preciso disso!", mas como não são fodidas, não perdem uma oportunidade de foder com a foda dos outros!

Acho que estou a falar muitos palavrões nessa coluna de hoje.

Continuando, já a espécie mais comum é a "fofoqueira". Não pode ver felicidade alheia que fica azul de inveja e começa a difamar, injuriar, caluniar (Artigos 138 a 145 do Código Penal Brasileiro - penas de até 2 anos de reclusão). Um casal feliz é um prato cheio, o cara é galinha, a moça é feia, ambos são cornudos, por aí vai uma gama interminável de comentários venenosos que não são tão poderosos, mas podem surtir efeitos nefastos.


Por fim há a espécie mais recatada, e por isso a mais incomum, que fica verde de inveja sem transparecer nada. Sorri calmamente e diz palavras suaves enquanto pensa "humpf, imagina, até parece que isso vai durar!". Essa pode ser a mais inofensiva para os outros (ainda assim, zica alheia às vezes pega...), mas é fatal pra si mesma. Essa de ficar remoendo dá câncer, sabe?


O melhor mesmo é não ter inveja e ficar genuinamente feliz ao ver uma outra mulher feliz, um casal apaixonado, pessoas de bem com a vida... Sendo muito plagiadora de livros de auto-ajuda, pense sempre "poxa, eu também sou/fui/serei tão ou mais feliz que ela, e pronto!": seus desejos se realizarão.


Hahahahaha, até parece...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Esmigalhado em frações de pedaços

É preciso ser muito artista para ver graça nas injustiças da vida.
O Grande Ministro adoeceu e precisa de um tempo para se recuperar.
Peço desculpas a todos e compreensão aos amigos.
Abraços
Eu

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Quarta Meia-Entrada - À Venda

Em Soweto, na África do Sul, há guerrilheiros da eletricidade. Bongani é um deles. Enquanto a empresa Esksom corta o fornecimento de energia dos inadimplentes, ele e seu grupo a restauram, o que já lhe rendeu processos e prisão.
Em Cochabamba, na Bolívia, há soldados da água. Homens, mulheres e crianças travaram uma verdadeira guerra contra a privatização do fornecimento de água na região. Rosa, uma senhora da comunidade, em meio ao confronto, se dirige aos policiais, disposta a lutar por seu direito. Nos enfrentamentos com a polícia e o exército, morreu um jovem, mas o controle do recurso vital ficou nas mãos do povo.
Em Brighton, na Inglaterra, há defensores do direito de ir e vir. Simon, condutor de trem, nos conta como sua vida profissional e sindical se interlaçam nesse ideal marcado por parcas vitórias, e muitas derrotas. Particularmente no que se refere ao sucateamento das linhas e a ocorrência de acidentes (futuro da Linha 4 Amarela?)
Nas Filipinas, em Manila, há quem defenda o direito à vida. Tocante e revoltante as dificuldades por que Minda passa para que seu filho possa fazer uma hemodiálise. Igualmente, as dificuldades que os enfermeiros do sistema de saúde público têm de enfrentar para cuidar das pessoas, como as situações descritas e mostradas pelo enfermeiro Delfin.
Nos EUA, Joseph Stligtz, ex-economista-chefe do Banco Mundial que, de uns tempos pra cá, tece duras críticas ao Consenso de Washington, afirma que em determinadas áreas a “Mão Invisível” simplesmente não existe. Dessa forma, podemos entender que, se em alguns setores a regulação pelo mercado possa ser vista, para o economista, como a mais acertada, em outras, o Estado deve ser o controlador.
Dirigido por Florian Opitz, o documentário “A grande liquidação” (Der Grosse Ausverkauf ou The Big Sell Out) encadeia a vida dessas pessoas no processo de privatização que assola o mundo inteiro desde a década de 70, tanto no centro como na periferia, e mostra os mecanismos de resistência, muitas vezes débil noutras mais incisiva, que adotam frente ao processo.
De qualquer forma, é sintomático que parte de representantes do establishment sediado nos EUA finalmente perceba que o domínio do mercado em todas as esferas da produção não significa necessariamente melhora no padrão de vida da maioria da população. Se um outro mundo é possível, até lá ainda haverá muitos confrontos, prisões e mortes, majoritariamente nas camadas mais pobres da população. No documentário percebemos que o conceito de luta de classes é parte constitutiva da realidade e que a constituição e defesa de direitos universais não se enquadra na agenda neoliberal. Considerando o recente leilão de privatização de trechos de rodovias federais e os problemas que apresenta a linha amarela do Metrô - de responsabilidade privada – o futuro brasileiro continua sendo vendido numa prateleira somente à parcela mais rica da população.

Indicação de leitura: A Globalização da Pobreza e a Nova Ordem Mundia, de Michel Chossudovski.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Com licença

Por Tio Vinix

Para você, feliz fã da Marossi que acabou de entrar no blog totalmente empolgado com a possibilidade de ler mais um ótimo texto da moça (como sempre), a má notícia: O Tio intrometido resolveu escrever no espaço dela hoje. Eu sei, pode chorar, xingar, se jogar no chão, não vai ter jeito não... Mas se você, caro leitor das Terças-Mochileiras é corajoso a ponto de AINDA estar lendo esse texto, siga-me. E não repare a bagunça, por favor.

[Eu (o Salvaterra) estou publicando a estimada correspondência do nosso longínquo Vinistro, que teve uns problemas com uma caravana de traficantes de escravos quando voltava do deserto. As medidas necessárias para que ele chegue quase inteiro à Prosatantsky já foram devidamente tomadas, não se preocupem. Só me pronuncio para "dar o toque" que ele tão desesperadamente pediu-me para dar quando seus créditos expiravam e os abutres famintos guinchavam ameaçadores por sobre sua cabeça: "hoje à noite vai passar "Woyzeck" na Cultura, as 23:40... Um raro caso de um classíco na TV aberta num horário relativamente acessível."]

Terça Mochilão

O Mundo Inteiro Junto

por Tio Vinix

Se há uma coisa que a globalização parece trazer a alguns lugares do mundo (mais vistosamente no 3º mundo) é a padronização de certas crenças políticas, seja no Brasil, na China, Angola ou França. O Brasil saiu de uma ditadura que foi aqui implantada em plena Guerra Fria e se deveu ao medo de que influências soviéticas viessem a seduzir o país com o maior território da América Latina (na verdade foi essa uma filosofia implantada pela inteligência Estadunidense em todos os países da AL, vide a suposta influência da IT&T a da comprovada interferência da CIA na greve dos caminhoneiros que culminou no golpe militar no Chile, por exemplo). O que veio após o fim da ditadura foi um afã de democracia popular, que foi devidamente solapado por intermináveis esquemas de corrupção, que são hoje o elo mais forte de ligação entre os partidos que se dizem “de esquerda” e os que se são denominados como “de direita” (esses aí não se assumem, segundo Diogo Mainardi e Olavo de Carvalho a grande falha deles). A total impossibilidade de confiança nos políticos do Brasil gera um círculo vicioso dos mais cruéis: Sendo todos os políticos sem exceção corruptos ou corruptíveis, não há renovação nem opção que resolva. Resta a consternação. Já na China a grande massa (grande, enorme, gigantesca) não precisa se preocupar em escolher esse ou aquele partido que se diz de esquerda ou direita, ela se conforma em saber que o Partido Comunista Chinês faz isso por ela, afinal de contas talvez não seja errado o chinês-médio pensar que não cabe a ele mudar a situação política do país e que é melhor não perder tempo se envolvendo nisso, fora o fato que se ele resolver se meter a qualquer coisa contra o Estado Chinês, ainda corre o risco de gerar despesas a sua família, com balas. De certa forma o medo e o conformismo parecem se aproximar também lá do outro lado do mundo, mesmo que de maneira um tanto distinta. E tendo isso em vista, não vejo porque não considerar a China uma ditadura, assim como Cuba, assim como o Sri Lanka, assim como Angola, esta por sua vez sendo bem financiada pela China, por bem financiada leia-se US$4,5 bilhões em linha de crédito para o presidente José Eduardo dos Santos, que está no poder desde 1979, quando considerou o povo angolano “não preparado” para eleições. O povo angolano por sua vez, resignou-se e espera até 2009, quando provavelmente se farão novas eleições para presidente, onde já há um pré-candidato e favorito: José Eduardo dos Santos. Até onde se separam as expressões “resignar” e “apoiar” para o angolano-médio eu não sei, e nem arrisco questionar quem já passou por tantos sofrimentos ao longo da história como passou o povo angolano. Poderia ser típico de países considerados menos desenvolvidos esse conformismo, mas peguemos como exemplo um país da parte nobre da Europa (ou seja, esqueçam Romênia, Bulgária, Albânia e o espetacular jogo da Pirâmide...) onde seu povo teve mais instrução e condições mais confortáveis de vida. Num país assim a alternância política seria natural, não? Poderíamos dizer que haveria a possibilidade de um partido de esquerda realmente de esquerda, um de direita realmente de direita e um centrista, mas que todos se revezassem de acordo com as necessidades populares? Creio que sim, poderíamos dizer... Mas de fato não há. Há algo muito mais importante e latente do que qualquer democracia nesses países: A necessidade da manutenção da condição que esses países alcançaram em enorme parte as custas dos pobres países não-desenvolvidos, desde matéria-prima até cérebros. O medo que a perda dessa condição gera no europeu-médio é muito maior que qualquer sentimento democrático, portanto é até uma saída justa (nada honrosa é claro) o cidadão francês, inglês ou alemão considerar o processo eleitoral de seus respectivos países democrático e se conformar com uma alternância de poder tão falaciosa quanto a brasileira, ou melhor, ao contrário, porque o exemplo vem de cima.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Dégradé

Regulamentação do direito de greve pelo STF confirma escalada da repressão – Correio da Cidadania – 05/11/07

STF limita direito de servidor – Folha de S.Paulo – 26/10/07

STF determina novos limites para greves de funcionários públicos – Jornal Nacional – 25/10/07

STF veta privilégio em greve de funcionários públicos – Estadão – 26/10/07

domingo, 4 de novembro de 2007

Poema dos outros

Não gosto muito de fazer isso, mas vai aí um poema do Álvaro de Campos que é umas das melhores coisas que eu já li na minha vida:

Cruzou por mim, veio ter comigo, numa rua da Baixa
Aquele homem mal vestido, pedinte por profissão que se lhe vê na cara,
Que simpatiza comigo e eu simpatizo com ele;
E reciprocamente, num gesto largo, transbordante, dei-lhe tudo quanto tinha
(Exceto, naturalmente, o que estava na algibeira onde trago mais dinheiro:
Não sou parvo nem romancista russo, aplicado,
E romantismo, sim, mas devagar...).

Sinto uma simpatia por essa gente toda,
Sobretudo quando não merece simpatia.
Sim, eu sou também vadio e pedinte,
E sou-o também por minha culpa.
Ser vadio e pedinte não é ser vadio e pedinte:
E' estar ao lado da escala social,
E' não ser adaptável às normas da vida,
'As normas reais ou sentimentais da vida -
Não ser Juiz do Supremo, empregado certo, prostituta,
Não ser pobre a valer, operário explorado,
Não ser doente de uma doença incurável,
Não ser sedento da justiça, ou capitão de cavalaria,
Não ser, enfim, aquelas pessoas sociais dos novelistas
Que se fartam de letras porque tem razão para chorar lagrimas,
E se revoltam contra a vida social porque tem razão para isso supor.

Não: tudo menos ter razão!
Tudo menos importar-se com a humanidade!
Tudo menos ceder ao humanitarismo!
De que serve uma sensação se ha uma razão exterior a ela?

Sim, ser vadio e pedinte, como eu sou,
Não é ser vadio e pedinte, o que é corrente:
E' ser isolado na alma, e isso é que é ser vadio,
E' ter que pedir aos dias que passem, e nos deixem, e isso é que é ser pedinte.

Tudo o mais é estúpido como um Dostoiewski ou um Gorki.
Tudo o mais é ter fome ou não ter o que vestir.
E, mesmo que isso aconteça, isso acontece a tanta gente
Que nem vale a pena ter pena da gente a quem isso acontece.

Sou vadio e pedinte a valer, isto é, no sentido translato,
E estou-me rebolando numa grande caridade por mim.

Coitado do Álvaro de Campos!
Tão isolado na vida! Tão deprimido nas sensações!
Coitado dele, enfiado na poltrona da sua melancolia!
Coitado dele, que com lagrimas (autenticas) nos olhos,
Deu hoje, num gesto largo, liberal e moscovita,
Tudo quanto tinha, na algibeira em que tinha olhos tristes por profissão

Coitado do Álvaro de Campos, com quem ninguém se importa!
Coitado dele que tem tanta pena de si mesmo!

E, sim, coitado dele!
Mais coitado dele que de muitos que são vadios e vadiam,
Que são pedintes e pedem,
Porque a alma humana é um abismo.

Eu é que sei. Coitado dele!
Que bom poder-me revoltar num comício dentro de minha alma!

Mas até nem parvo sou!
Nem tenho a defesa de poder ter opiniões sociais.
Não tenho, mesmo, defesa nenhuma: sou lúcido.

Não me queiram converter a convicção: sou lúcido!

Já disse: sou lúcido.
Nada de estéticas com coração: sou lúcido.
Merda! Sou lúcido.

Deserto Atravessado

Voltando do Deserto com algumas sementes...to achando que as coisas estão meio mortas por aqui, não?
Vou então criar coragem e postar uma tentativa de crônica-conto, vamos ver que bicho dá.

RECOMENDAÇÕES

Especialistas recomendam um salto de no máximo três centímetros em sandálias e outros calçados femininos. Arroubos de altura em alguns pés podem causar em certas donzelas efeitos devastadores após uso contínuo.
Médicos Holistas recomendam a interação entre corpo e espírito, entre o estado das suas coisas e o seu estado de espírito, o fino do equilíbrio.
Pessoas de bom senso recomendam o próprio bom senso como uma espécie de medida cautelar a qualquer ação, não obviamente o bom senso alheio, porém como medida no sentido translato.
Poetas regulares recomendariam uma definição estilística, afim de trazer o mínimo de coerência a qualquer texto.
O problema é que os mesmo especialistas provavelmente reconheceriam que saltos aliados a unhas vermelhas em sandálias vermelhas, independente do seu tamanho podem causar arroubos de ordem sentimental, cujos efeitos podem ser tão devastadores quanto quinze centímetros de salto, sejam nos pés da dama, seja na cabeça do rapaz. Assim como menos água e mais cachaça em busca de soluções extremas, sem medo dos limites mesmo sob o risco de olhares reprovatórios, não daqueles que te vêem como um estranho, mas daqueles que se julgam seus amigos pode ser fino do desequilíbrio, e ao mesmo tempo uma solução Holística, Já o bom senso com certeza trará a quem o usa embutido em seu juízo a diferença entre ajuda e condenação. E sendo a ordem do universo o caos, nada mais bem calcado do que a total indefinição por excelência. Pela ordem, senhores.
É certo, portanto, que uma boa recomendação seria o silêncio, em troca de uma melhor compreensão das coisas ao nosso redor e de um capacidade de ter parcimônia nos juízos, sendo assim uma pessoa mais correta, simpática, educada, humilde.
Obviamente impossível.

sábado, 3 de novembro de 2007

Porque Hoje não é mais sábado

Postando com delay...

Eu tinha dito há alguns posts que falaria de relacionamentos à distância. Só que, como nunca estive em um, não tenho muito o que falar...

Então acho que vou mudar de assunto dessa vez e falar um pouco dessa semana que passou... Pra quem não leu o post do Ivan sobre o Tordesilhas, esse festival aconteceu aqui em São Paulo nesses dias passados, de 30/10 a 04/11. Foi um baita festival, com nomes ótimos da poesia contemporânea de línguas ibero-americanas.

As festividades começaram bem antes, na sexta feira anterior à abertura, quando Ana Rusche, eu, Carol Marossi, Ana Paulo e Caqui-recém-chegado de Israel fomos à salsa no Conexión. Bailamos até quase morrer e fomos depois buscar Alan Mills, o príncipe da Guatemala, no aeroporto. Grande figura, já é um grande amigo também.

Depois, sábado, ficamos fazendo social com o guatemalteco e com o Victor Sosa, poera URU-MEX fantástico, brasileiríssimo de coração. E no domingo levamos esses dois mais uns portugueses e uma argentina a dançar samba no Ódoborogodó. Amaram, claro.

Segunda feira teve maratona. Fomos ao espaço B_arco, depois no Consulado Mineiro e depois ainda na Mercearia. Na terça teve a Abertura do evento e depois baladinha no Café São Paulo em Santa Cecíla. Na quarta feira a baladinha foi no hotel, no quarto do Delmo Montenegro, querido. Já na quinta voltamos à Merceria e na sexta foi o Lançamento da Antologia Vamacarela, com 17 poetas contemporâneos, entre eles Ana Rusche, Fábio Aristimunho, Ivan Antunes, Carol Marossi e eu!

No sábado houve a festa de encerramento, que també foi no café São Paulo. Gringos incansáveis quiseram ir ao Ódoborogodó de novo às 2 da manhã e depois ainda pro Milo, onte toca indie rock, até quase 7 da matina. E domingo bateu a depressão-pós-festival na Rota do Acarajé, seguida pela casa do Caqui até uma e tanto da matina.

Cansada, eu? Imagina...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Sexta Literária: É tudo nosso...

Chega de propagandas, mas é sempre bom propagar as possibilidades de arte. Seja cá, sejá lá...Seja onde for.
Para esquentar o encontro do Festival Tordesilhas, decidi discutir por aqui o conto Portagem do Moçambicano Orlando Mendes.
Desenvolvi uma breve discussão e decidi que deveria abrir o papo com vocês, sem mesas de bar por enquanto...mas esse dia há de vir, tenho fé.
A resistência é predominante em determinados momentos na literatura Africana.
Quando falamos de Moçambique podemos identificar no conto “Portagem” de Orlando Mendes duas histórias que se entrecruzam.
A primeira história é a de um relacionamento entre Luisa e João Xilim em que ocorre a traição por parte da mulher, ou melhor, João Xinim é trocado por um “Branco” e "isso ele jamais adimitiria", pelo menos era o que imaginava Luisa.
Mais uma vez a prova de que literatura é imitação da vida assim sendo João Xilim pega uma faca e tenta acabar com a vida de Luisa, como vemos em muitas histórias do cidade alerta e de programas sensacionalistas da televisão. Luisa foge, mas arrepende-se. João Xilim volta para casa em que morava com a mãe Mamane Angelina e com Marcelino seu irmão.
Luisa decide ir dormir na porta da casa da mãe de João Xilim, vejam só o que acontece...
A sogra aparece na história, a moça é colocada para dentro de casa e o convívio entre João Xilim e a moça novamente volta a acontecer:

“Foi ficando. Vendo João Xilim todos os dias. Ele não lhe diz uma palavra procedendo como se não vivessem na mesma casa. Luísa não se queixa. Sabe que não merece a piedade de ninguém muito menos do marido. Se alguma coisa ela ainda merece é pancada.”

A primeira discussão que poderíamos tratar logo de cara é a respeito da traição, conseqüentemente da cólera por parte do marido que desencadeia numa sede de vingança. A sogra passa um pano na situação e traz a nora de volta pra casa.
Em algum momento deste novo encontro entre os dois personagens João Xilim fica a sós com Luísa, eles fazem sexo e ela fica grávida, coisa que João Xilim em primeiro momento não acredita.
A segunda história que se entrecruza com a primeira narrada até aqui pode apontar para semelhanças às histórias de Borges e Kafka de acordo com a teoria de Piglia sobre narrativas breves, há narrativas breves que se entrecruzam e isto causa um suspense adequado no leitor.
João Xilim tinha suas origens negras e não as negava juntamente com as origens de sua família. Estes eram vítimas de problemas sociais e raciais. Eram pobres e ainda por cima negros. Eis os acontecimentos:

“Um dia chegaram àquele bairro das palhotas do subúrbio um automóvel e um caminhão. Os negros que vinham neste, carregaram os instrumentos e seguiram atrás dos brancos. As mulheres apareceram curiosas às portas das casas. Os brancos fizeram medições, tiraram apontamentos, conferenciaram largamente. Um negro reuniu a população do bairro e explicou que os brancos donos do grande terreno iam construir muitas casas para brancos, os habitantes tinham que deixar o bairro no prazo de três meses”.

Há diferença entre casas de brancos e casas de negros. Trata-se da visão saturada e preconceituosa de que negro é pobre e branco é rico. Trata-se da visão do opressor sobre o oprimido, mais uma vez a velha discussão de que brancos são mais inteligentes ou superiores aos negros os primeiros facistas da história? A idéia de raça a essas alturas deveria ter caído por terra, mas ainda até então servia como justificativa para a opressão dos colonizadores na África.
Outra discussão que podemos fazer com este trecho são os negros trabalhando para os brancos e os negros cumprindo ordem para os brancos e dizendo que ali era “lugar para construir casa de branco”. Trata-se do negro submisso, que aceita tamanha imposição do colonizador e repassa isso aos outros sem ao menos se questionar ou questionar o patrão.
E os negros sonhavam:

“um dia eles hão de fazer também casas boas pra gente morar”

João Xilim resiste ao fato e aos comentários do negro que viera a mando dos brancos:
“Vocês não acredita neste mulato! A gente não precisa desta conversa! A gente fez aqui nossas casa há muito tempo, não é? Para quê vão mandar a gente embora? Onde está dinheiro? Pais de vocês e pais de pais de vocês não morava já aqui? Não é os pés da gente que pisa neste terreno? Tem muito lugar para os brancos ir fazer suas casas! Para que vão correr a gente daqui?
Os homens não dizem nada mas baixam as cabeças. João Xilim prepara-se para continuar.”
Há uma briga de bofetadas de João Xilim com o negro, esta é a resistência que vemos no conto. Enquanto alguns calam-se João Xilim não.
Atualmente no Brasil, vemos que não há diferença nenhuma com os negros oprimidos retratados por Orlando Mendes e os movimentos sociais de pessoas sem terra, sem moradia que são obrigados a retirarem-se para tornar a terra produtiva, ou então de políticos que destroem favelas para construírem avenidas ou então os cingapuras como alguns por aí. Podemos notar que opressão e questão racial existe em toda parte, e isto não se pode negar.
Os brancos vencem a batalha, os negros ganham algum tempo a mais para permanecerem mas devem sair das terras para serem construídas casas de brancos. Saem.
Nesse instante a primeira história de Luísa e João Xilim retorna: Na hora da mudança Luísa trabalha e muito carregando as coisas, e por fim perde o feto.
O Conto termina com ela abraçada por João Xilim e com a seguinte frase do narrador:

“E ela fecha novamente os olhos e fica assim por muito tempo, acordada e pensando em mais este bocadinho de esperança perdido.”
Parece que há o perdão do marido, mas o feto não nasce. A mudança oprime Luisa, as possibilidades de transformação da vida que levava não ocorrem, o feto não nasce a possibilidade de mudança da vida não ocorre, o sonho permanece.




Saiu do forno a antologia do Coletivo Vacamarela, a baixo segue alguns textos explicativos, comparece e vem ver a cara da literatura contemporânea na Praça Roosevelt - Centro de São Paulo às 00h do dia 2/11. Nos vemos com toda certeza.


Coletivo Vacamarela – Lançamento da Antologia Vacamarela (edição trilíngüe)


O Coletivo Vacamarela, formado neste ano por jovens escritores que realizam publicações e eventos literários, lança a Antologia Vacamarela (edição trilíngüe português/espanhol/inglês), na madrugada do dia 2 de novembro na Praça Roosevelt, em São Paulo. O lançamento é parte da programação do Tordesilhas, Festival Ibero-americano de poesia contemporânea (http://www.festivaltordesilhas.net/). Poetas estrangeiros convidados do festival e do coletivo deverão realizar uma leitura conjunta.Em formato paisagem e com projeto gráfico leve, e ao mesmo tempo sofisticado, a antologia traz textos dos 17 poetas do grupo, no espírito de variedade de estilos e temas que caracterizam a nova poesia brasileira do século XXI. A tradução de todo o conteúdo para o espanhol e o inglês representa um esforço de superação da barreira da língua para a poesia em língua portuguesa. O prefácio é assinado pelo poeta e crítico Frederico Barbosa e tem posfácio do professor, poeta e crítico literário uruguaio Alfredo Fressia.


A Vacamarela surge, portanto, como mais uma reafirmação da força e da qualidade da poesia produzida no Brasil hoje. São poetas que já surgem conscientes, sérios, articulados, organizados, arrojados, etc. Certamente em muito melhores do que nós, das gerações que os antecederam.


(Frederico Barbosa)


Fazia tempo que eu não traduzia uma poesia em transe, “transfronteirizada”, onde finalmente brilha pela ausência certo universo de emblemas locais e auto-referentes que vinham assombrando-nos desde os modernistas.


(Alfredo Fressia)


Numa força-tarefa, Vacamarela se reuniu com o propósito de intensificar a organização de leituras de poesia, oficinas literárias, assim como a preparação da FLAP!, evento paulistano de debates sobre literatura, e do jornal de literatura contemporânea O Casulo (ambos em atividade desde 2005). Este último recebeu recentemente o prêmio VAI (Valorização de Iniciativas Culturais) da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. O Coletivo Vacamarela ainda participou em setembro deste ano do Cartografia Literária, projeto do Sesc-Consolação.

Serviço:

Antologia Vacamarela – lançamento dia 2 de novembro, às 24h na Praça Roosevelt (Centro, São Paulo – SP)

Preço promocional de lançamento: R$ 15,00, 80 pp.


Leitura com poetas do Coletivo Vacamarela (mais participações especiais de poetas do Festival Tordesilhas):Ana Paula Ferraz/ Ana Rüsche/ Andréa Catrópa/ Carol Marossi/ Donny Correia/ Eduardo Lacerda/ Elisa Andrade Buzzo/ Fábio Aristimunho/ Gustavo Assano/ Ivan Antunes/ Julia Lima/ Lilian Aquino/ Paulo Moura/ Renan Nuernberger/ Thiago Ponce de Moraes/ Victor Del Franco/ Vinicius Baião