- Artigo IV. Sobre o problema da habitação, tomam-se as seguintes medidas: expropriação geral dos solos e sua colocação a disposição comum; requisição das residências secundárias e dos apartamentos ocupados parcialmente; são proibidas as profissões de promotores, agentes de imóveis e outros exploradores da miséria geral; os serviços populares de habitação trabalharão com a finalidade de restituir verdadeiramente à população parisiense o seu caráter trabalhador e popular.
- Artigo V. Sobre os transportes, tomam-se as seguintes medidas: os ônibus, os trens suburbanos e outros meios de transporte públicos são gratuitos e de livre utilização; o uso de veículos particulares é proibido em toda a zona parisiense, com exceção dos veículos de bombeiros, ambulâncias e de serviço a domicilio; a Comuna põe à disposição dos habitantes de Paris um milhão de bicicletas cuja utilização é livre, mas não poderão sair da zona parisiense e seus arredores.
- Artigo VIII. Sobre o Urbanismo de Paris e os arredores, consideravelmente simplificado pelas medidas precedentes, tomam-se as seguintes decisões: proibição de todas as operações de destruição de Paris: vias rápidas, parques subterrâneos etc.; criação de serviços populares encarregados de embelezar a cidade, fazendo e mantendo canteiros de flores em todos os locais onde a estupidez levou à solidão, à desolação e ao inabitável; o uso doméstico (não industrial nem comercial) da água, da eletricidade e do telefone é assegurado gratuitamente em cada domicilio; os contadores são suprimidos e os empregados são colocados em atividades mais úteis.
O que vemos nos artigos é a tentativa de reformular a cidade segundo os padrões das classes proletárias. È uma resposta instintiva àquele ideal urbano imposto anteriormente, que se dissociava da vida real da grande população. Esta “reforma”, feita pela Comuna, também é destruidora e demolidora de monumentos públicos, mas no intuito de destruir as forças que não expressassem o homem produtor. Hoje enfrentamos uma diferença gritante daquela época: a periferia não mais se identifica entre si, mas se espelha na cobiça, lutando para um dia ser igual aos que menosprezam as classes baixas. A falta de coesão dificulta o reconhecimento dos processos exploratórios que atingem os pobres, resultando num conglomerado medíocre que busca acumular objetos e acessórios para disfarçar sua origem social. A História serve como ensinamento e estimulo ao pensamento critico nessas horas; talvez por isso tenha saído de moda.