sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sexta Literária: Louca Sexta...Louca

Dando continuidade a linha família de acordo com o Vinix iniciada semana passada, hoje comento um romance realizado por um de nossos amigos da Letras, Del Candeias. O Del faz mestrado em semiótica e recentemente lançou A Louca um livro de ficção em que qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, como o próprio autor comenta no fim do livro.
Um alter-ego do autor de nome DEL perambula pelos ambientes da conhecida balada paulistana "A Louca" situada na Frei Caneca nas proximidades da Avenida Paulista e juntamente com personagens como Fofolete, Fábio, Fiori, Amorphis, Amboolev, Gabi dentre outros inicia a trama como um personagem heterossexual num momento de descobertas e curtições.
Ao experimentar uma carreira de cocaína apresentada por uma de suas amigas no "banheeeeeiro" da Louca (ambiente de acordo com o livro em que aconteciam as cheiradas e os encontros sexuais dos mais variados), DEL acostumado a ser tímido e fracassado em suas investidas amorosas nos ambientes da balada, entra num estado de libertação e êxtase tal que passa a realizar pegações com Travestis (no livro chamados carinhosamente de travas), levando a cabo o discurso de ser heterossexual mas curtir travestis e homens efeminados.
Experimenta curtições diversas nos ambientes da Louca, regadas a flertes e vodka com groselha. Interessante é perceber como o plano de expressão mistura-se ao conteúdo, Del Candeias disponibiliza isso no texto de forma criativa: quando o personagem faz uso de cocaína e alucina-se, as consoantes embaralham o texto, novas palavras surgem, encontros consonantais irreconhecíveis no português aparecem, o texto não comunica mais para o leitor este que se desespera para entender em algum momento o que se passa e é tudo alucinação...Tudo viagem. Melhor que não se saiba então.
O prefácio é do Professor José Augusto Pasta Jr. do Departamento de Teoria Literária da USP que humildemente ontem me perguntou "ah você gostou do prefácio?", imagina...Grande mestre.
O livro inicia-se com a famosa frase do Ateneu de Raul Pompéia "Vais encontrar o mundo" e "coragem para a luta" de acordo com DEL isso ocorre na porta da balada e tais palavras são proferidas pela hostes gostosa.
A graça do livro está também nas colagens de outros autores. Inclusive nos momentos de alucinações, adivinha de quem?


Confere um trecho genial em que o DEL enfrenta uma trava no banheiro da Louca, nesta parte houve uma treta e depois só lendo para ver o que ocorre...entre tapas e beijos? Ficou um pouco grande, mas é algo de cinema a tal descrição.

"fui reclamando até o banheiro, onde parei junto de Amorphis, esperando Fofolete mijar, recuperando a sanidade roubada de modo fácil pela travesti, que, repentinamente, entrou, e eu, segurando os cães atrás de mim, pedi em silêncio para que ela não se atrevesse a me abordar outra vez, quase rezando, pois, senão, iria quebrar aquela cara, mas ela se aproximou dando "oi" cujo tom de amizade fez o estômago ranger como porta cheia de cogumelos, então, nem olhei, nem esbocei resposta, a não ser manter a expressão mais severa e tornar meu ódio aparente por meio da rigidez do corpo ereto, o que preocupou Amorphis, que sugeriu "ele está bravo", mas a sugestão não serviu de nada, e a travesti destemida passou a mão no meu cabelo, feito irmão mais novo, dizendo "está nada, é charminho", e eis que a violência a trôpegos , alçou-se feito vômito, e eu, sentindo minhas roupas rasgarem e a carne fermentar, agarrei seu pescoço com as mãos, grudei-a na parede, sussurrando feito Roberto Zucco "olha você nunca conheceu um psicopata antes", esperando ver pavor naquele rosto, querendo que ela se encolhesse e fugisse com o rabo entre as pernas e minha contundência esfarelou novamente...pois ela disse "hum...eu quero conhecer agora...", e isso era a gota d'água, num impulso joguei-a no chão, caindo por cima para despejar socos, aos quais ela reagia muito bem, defendendo as costelas e o fígado com os cotovelos, e eis que tomei um soco na cara, tentei um mata-leão, mas não consegui, pois ela era muito mais forte do que eu pensava, e acabávamos apenas rolando no chão, sujando nossas roupas de mijo e guimbas de cigarro, enquanto, entre socos e tapas sem grandes efeitos, percebíamos a plateia que se formava para assistir-nos (...)a briga física era exatamente a reprodução do que havia sido no plano verbal (...)quando acertei um soco em suas costelas, ela gritou de dor (...)tirava meus braços e fui numa dessas que senti a densidade de seus peitos de silicone, lembrei que estava batendo numa mulher, lembrei-me também que estava batendo num homem, e fomos interrompidos pelos seguranças que nos levaram para fora, fazendo, impacientes e protocolares, um curto questionário."
págs. 110 e 111

12 comentários:

Unknown disse...

Valeu, Ivã!
Olha a aliteração de novo. :)
No caso, valeu pela atenção.
Espero que você tenha se divertido.
Rá!

Julia disse...

Nossa, eu sabia que o Del era foda, mas não sabia que era TÃO foda! Talvez mereça até com PH, phoda....

Agora vou ler com certeza... Ivan, empresta?

Tio Vinix disse...

Bom pra caralho... mas daqui a pouco vamos montar o Bordel TantaProsa.

Anônimo disse...

aue...empresto,
bordel tantaprosa
borDEL?
kkkkk
seil�...se comuniquem com o daniel acima ae que � o autor da louca.
fui

Tio Vinix disse...

IVAN PORRA PARA DE FALAR JAVANES CARALHO

Tatu disse...

apertando a tecla sap para o vinix:

não estou falando javanês, acho que vc que não entendeu

1)borDEL...essa foi a coisa mais difícil...coisa de poesia besta e sem criatividade.

2) o "empresto" foi para júlia, não pra vc.

3) falei pra se comunicar com o autor para divulgar o borDELtantaprosa, o autor de "a louca" é esse daniel (conhecido como DEL CANDEIAS) foi o que postou em primeiro lugar.
pegou agora?

espero que tenha me comunicado, vinix...seu louco.

Ministro Puskas disse...

Por isso que eu gosto do tantaprosa. Sete loucos que resolveram se juntar sem nem mesmo se conhecerem direito. Tudo por causa de algumas cervejas. Tem coisa melhor?

Julia disse...

Olha, Leandro, vendo a minha vida agora posso dizer que há poucas, mas muito pocas mesmo, coisas melhores que isso aqui que temos: umas vrejas por algumas palavras!

Tio Vinix disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tio Vinix disse...

a parte do "empresto" eu entendi.
agora acredite ou não, há uma diferença entre divagar e comentar.
E qdo vc fala portugues é muito melhor mesmo.

salvaterra disse...

isso aqui tá ficando bom. cadê a luzinha vermelha? muito bom esse texto hein.

Carol M. disse...

Dedel é o cara! Precisamos chamá-lo pra ir ao próximo hh.