A partir de agosto, o Le Monde Diplomatique passou a publicar uma edição própria para o Brasil. Fazendo inveja a boa parte da grande imprensa mundial, o mais influente jornal de esquerda no mundo, publicado em 25 idiomas e 60 versões internacionais, conta com uma circulação mensal de 1,9 milhão de exemplares.
O Instituto Pólis é o responsável pela publicação por aqui, que teve, em sua primeira edição, dentre os artigos publicados, dois que merecem destaque: o de Silvio Caccia Bava, intitulado Democracia em Disputa, e o de Régis Debray, o Memorando Debray Sobre a Palestina.
O de Caccia Bava tem o mérito de trazer a tona a questão política fundamental para se entender os movimentos sociais atualmente. "Se por democracia se entende o funcionamento dos órgãos de representação e deliberação políticas, seu exercício fica restrito aos partidos e às instâncias de governo, ao legislativo e ao executivo. Se por democracia se entende o pleno exercício da cidadania, há um lugar central para a participação cidadã e suas representações coletivas, a política transborda das instituições, permeia toda a sociedade, e cria novas formas de relação governo e sociedade, novas instâncias de participação que democratizam a democracia." A recente ocupação da reitoria da USP e da Faculdade de Direito, sendo que a última contou com o apoio de organizações coletivas, como o MST e a Gaviões da Fiel, podem ser analisadas conforme as idéias de Caccia Bava.
Já o artigo de Régis Debray coloca como a questão da Palestina é um triste caso de como a maior parte da imprensa mundial – excetuando um ou outro jornalista isolado, como o Robert Fisk - dá mais valor ao que é dito do que ao que é feito de fato, pois privilegiam os discursos que tratam de uma paz fictícia e ignoram que o Estado de Israel promove "a estruturação de colônias, a construção de pontes e túneis, o cerco de territórios palestinos, expropriações de terras, destruição de casas etc.", o que inviabiliza um Estado Palestino, pondo a pique a idéia de existência de dois Estados na região. O autor conduziu uma pesquisa de campo a pedido do então presidente francês Jacques Chirac e elaborou um mapa ilustrativo do processo que bem valeria ser objeto de estudo em aulas de história, geografia ou geopolítica (queria mesmo era vê-lo na prova da FUVEST).
Apenas um senão: considerando o posicionamento político do mensário, talvez fosse mais coerente sacrificar a qualidade gráfica para que o preço final fosse mais baixo. O Le Monde Diplomatique Brasil vem com 30 páginas grampeadas e custa R$ 8,90. Levando em conta as poucas opções que temos em se tratando de imprensa de esquerda, é extremamente bem-vinda a versão brasileira do Diplô.
http://diplo.uol.com.br/
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Segunda-Avon - Diplô Brasil
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