sábado, 22 de setembro de 2007

Porque hoje é Sábado

A história da Maria

Não sei o que leva uma mulher a vender o corpo pra sobreviver (ou se divertir, quem sabe... e quem sou eu pra julgar?). Nunca conversei com uma prostituta pra saber a razão pela qual ela faz o que se pede com quem paga o preço acordado. Mas há sempre as justificativas comuns: dinheiro “fácil” (ênfase nas aspas); necessidade de sustentar uma casa; gosto/vocação pra coisa.

A Maria Porto, rapariga que eu introduzi no post anterior, foi ser prostituta por uma confluência de fatores. Aos 14 anos de idade foi trabalhar num bar na "zona"onde obviamente ofereceram-lhe dinheiro por atos sexuais, e assim que ela começou. Após ter engravidado, saiu de casa, aos 15 anos. O bebê ficou com seus pais e ela partiu da cidade onde morava aos 16. Criou um site de serviço de acompanhante e está nisso até hoje (creio que tem 20 anos).

Não quero ficar com puritanismos sobre se deve a mulher ou não se “rebaixar” a essa condição, se devem os homens procurar prostitutas, se deve o governo proibir, punir, legalizar. Eu, particularmente, acho bobeira homem procurar puta, uma vez que sempre há quem queira dar e que não cobra por isso. Por outro lado, existe a fantasia, a possibilidade de se pedir e fazer tudo o que se quer (ou quase tudo), a baixa auto-estima masculina e talvez até preguiça.

O que me intriga na verdade é aquele momento em que uma mulher decide que vai virar prostituta. Diz o que? Mãe, quero ser puta? Não que deva nem não deva, mas porque vai? Como vai? Acho que, normalmente, elas se encontrem nessa profissão meio sem saber como chegaram ali. A própria Maria Porto, por exemplo... de garçonete a acompanhante tripeira.

A Maria, meu exemplo para análise, é uma mulher comum. Pode ser de beleza incomum, mas é uma mulher como eu ou como você. Adora ler, é fã d’Os Simpsons, joga The Sims, tem MSN, vai ao supermercado, cria a filha, come pizza, assiste DVD, tem senso de humor apurado, apaixona-se e sofre. Com uma diferença: ela faz tudo isso com o dinheiro ganho fazendo sexo (ou não).

Acho que pra conseguir abstrair a relação física nesse ponto, tornando-a ex offício, a Maria Porto (não é o nome verdadeiro da tripeira, claro) criou esse personagem que ela “veste” quando tem de ser Maria. E volta a ser Andréa (nome de batismo) quando está com a filha, com o namorado (que é casado, by the way), com a mãe. Isso deve requerer um nível de consciência, uma sanidade e um equilíbrio quase sobrehumanos. Porque imagino a confusão que deve ser na cabeça de uma pessoa ser duas! E a “nossa amiga” não se identifica nem com a Maria nem com a Andréa.

Imagino que as prostitutas em geral "entram" num personagem mesmo pra viver a vida que vivem. Porque fácil não é mesmo. Ainda mais quando se tem filhos, casa, comida pra fazer, cama pra arrumar, uma vida inteira pra se organizar em paralelo à profissão clandestina. E tudo meio que escondido, porque duvido que ao buscar a filha na escola a prostituta comente com as outras mães-donas-de-casa sobre o cliente da noite anterior...

Mas a razão mesmo eu ainda desconheço Cada uma deve ter a sua. E digo que nunca seria porstitua, mas porque a vida é/tem sido fácil e boa pra mim. Só que nunca sabemos o que pode acontecer, não? Não sei o que seria capaz de fazer pra sobreviver, pra sustentar um filho...

Vejamos o que a nossa prostituta-fonte diz no blog:

Dia muito estúpido. Hoje á noite tenho encontro marcado com o Velhote. O Velhote é um Apaixonado. Estive com ele uma vez (a mãe dele estava a dormir no quarto ao lado).
Estivemos juntos cerca de 15 minutos, e, passados cerca de 10 minutos depois de ter saído de casa dele (um apartamento minusculo), recebi uma sms dele, que dizia algo do genero "Amo-te para sempre!".
Devo ter passado mais de meia hora a rir-me. Ah, a propósito, o meu nome é "Maria", tenho 18 anos, modelo fotografico (eh eh), vivo no Porto, e sou Acompanhante de profissão; ou seja, faço sexo em troca de pasta. Muita pasta (sou das caras).
Gosto disto, embora nem sempre tenha pachorra para aturar os Chatos e os Apaixonados. Mas é o que mais há...
Perguntaram-me como, quando e porquê decidi ser Acompanhante. Pá, para explicar tudo direitinho precisava de uns bons dias...
Resumo: vivo sozinha desde os 15 anos. Sim, é verdade, há contas, contas monstruosas na caixa de correio todos os meses para pagar, renda, água, luz e merdas do género. Vivo no Porto -façam as contas a uma renda média no porto, e juntem-lhe o resto das despesas adicionais. É só para quem Pode (é que escrevo mal os F's).

Acho que no fim das contas, a maioria das razões a ser “acompanhante” são mesmo as contas que chegam pelo correio. Será que a greve aqui no Brasil não ta prejudicando a oferta de “amigas”? Sem contas, sem necessidade de trabalhar!

11 comentários:

Tatu disse...

maria maria é um dom é uma certa magia...

Ministro Puskas disse...

Sabe o que é legal nesse post (p/ mim é claro): Ver o conflito da Julia em imaginar as razoes de um homem procurar uma prostituta. Proclamar varios motivos e mesmo assim não reconhecer um meio obvio: Elas são bonitas e há homens que gostam simplesmente pq são putas! Além do que, o cara não corre o risco de sofrer numa roda de fofocas entre amigas (afinal se as putas fofocarem dele, ele paga e tem elas do mesmo jeito rs) e tb não corre o risco da rapariga ficar pegando no pé dele depois. Não que eu seja um expert no assunto (não tenho sequer idade pra isso hahaha).
Não sei se é impressão minha apenas, mas posso sentir o desconforto da Julia imaginando os motivos de quem é puta e quem procura puta

Julia disse...

Não é desconforto, é desconhecimento mesmo. Não sou puta e nunca procurei uma puta, capisce? Por isso pra mim é meio incógnito isso de um homem procurar uma prostituta. E eu disse que há diversas razões, elenquei algumas. Se gosta ou não, se é porque não dá a dor de cabeça de ligar pra mina no dia seguinte, não sei, não ligo... Isso é assunto pro post da semana que vem.

salvaterra disse...

vou contribuir com meu pouco conhecimento de causa: conversei com uma prostituta uma vez. SIM! tinha enchido a cara e sai andando com outros dois amigos bêbados, lá pela minha cidade natal. verdade é que tava triste e p da vida. daí tomei coragem e arrastei os dois pra dentro do único bordel dentro dos limites da cidade: uma boca de porco bem feia só com duas prostitutas: a ana e a paula (justamente o nome de uma "namorada" da época, ana paula). entrei e perguntei pra paula o que ela tava fazendo ali:
- tenho duas filhas pequenas pra cuidar. deixei elas com meus pais na cidade do lado e o unico jeito de alimentar é fazendo isso aqui. não á nada demais, todo mundo escandaliza mas é bem simples - disse isso e vi que tava tremendo (acho que de medo de eu pedir pra ela fazer um programa, rs). bem, continuei p e não resolvi meu problema: fui arrastado pra casa pelos dois amigos.

Anônimo disse...

olha, eu acho que as coisas acontecem nesse ramo de forma a se criar uma dependencia financeira, pois a profissão é rentável. E uma coisa que fica bem claro numa prostituta é que não há prazer real. E, talvez tentando responder a sua pergunta sobre o que leva um homem a "utilizar" desses serviços me veio uma Quadra, da série "Quadras os Gosto Popular", encerrada no começo desse ano:

-Toda a vez que ela gritava "ai!"
Eu pensava: "será que é verdade?"
Nessa hora prefiro as putas
Cuja a certeza é a falsidade-

Julia disse...

Vinix, adorei a quadra! Muito boa... Será usada, com a devida licença, no próximo post.

Sobre o prazer, diz a Maria que há boas fodas e que ela até sente prazer em algumas... Não sei se é verdde, mas tem o fator de que ela se relaciona por longos períodos com um cliente... Aí às vezes ela realmente gosta... Sei lá... Acho que vou procurar uma puta pra entrevistar, afinal o Bomboa é apenas 1 quarteirão daqui de casa...

Anônimo disse...

Capisce Julia. No Stress!

Julia disse...

Pq as pessoas acham que eu falo estressada? No stress pra mim tb! Sei lá, será que tem como eu mostrar que não escrevi brava?

Carol M. disse...

Post ainda polêmico, baixinha!
Sei lá, acho que já disse tudo no seu post anterior. E acho também que homens adoram subjugar as mulheres, embora não tenham sequer idéia do que se passa com elas. Daí procuram uma profissional porque ela se coloca como mercadoria de forma explícita e assim ele se exime de dor de cabeça.
Ademais, a relação é de consumo: ele paga, ela faz o que ele quer. Vou eu sondar os misteriosos feromônios masculinos?

Ministro Puskas disse...

Sei não, mas pelo que ouço desse mundo a coisa não funciona do jeito que vcs estao colocando: Ele paga, sim, mas nem por isso ela faz o que ele quer. As coisas não são tão simples. Aliás saiu uma matéria no Jornal do Campus sobre esse assunto, e lá diz que no "Putusp" existem certas regras do tipo não beijar na boca, não fazer sexo anal etc etc.

Anônimo disse...

não sei se algum de vocés ja viu algum video da maria? mas acho que deviam ver.... kuanto a mim existem situações em que parece-me que ela é obrigada a fazer coisas sado pelos quais não quer fazer... como por exemplo num dos videos em que um sujeito estrangeiro mete a mão no orgão dela (e deviam ver o sofrimento dela).... bem sei que ela é paga mas eu acho que ninguém de seu perfeito juizo quer passar por aquilo...