segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Questão de prioridade

Em sua coluna de 19 de setembro, Clóvis Rossi menciona um ensinamento que aprendeu na faculdade de jornalismo: "é mais importante um cachorro que morra na esquina de casa do que 100 indianos que morram na Índia".
Só que nesse mesmo dia, em que saiu nos jornais o levantamento do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) de que em 2006 a pobreza no Brasil alcançara o menor índice em 20 anos, as manchetes principais da Folha e do Estadão foram referentes à queda de 0,5% nos juros praticados pelo Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano).
Compreende-se a importância e o alcance da política econômica dos EUA; contudo, ao relegarem a queda da pobreza a uma chamada minúscula em suas capas, Folha e Estadão reafirmam a idéia de que nossa elite econômica e a classe média têm os pés fincados em solo pátrio, mas a cabeça e os hábitos orientados pelo império. Privilegiou-se uma informação que interessa mais a um punhado de especuladores do que uma que afeta a todos no país de forma direta – sejam os pobres, que vivem menos mal; sejam a classe média ou os ricos, que passam a ter menos pedintes e assaltantes em seus calcanhares.
O Estadão ainda conseguiu a proeza de não mencionar o aumento real do salário mínimo nem as transferências assistenciais, como o bolsa-família, que, apesar de distantes do ideal, foram fatores importantes que contribuíram para a queda na pobreza.

3 comentários:

Ministro Puskas disse...

Cada um escreve pro seu povo ler. Quem compra Estadao e Folha em plena Quarta Feira? Quem quer saber da queda do juros ou do resultado do Fome Zero?

Julia disse...

Então, por isso que eu digo, antes ler o Estadão que assume essa posição, do que a Folha, que pretende-se imparcial mas é igualzinha ao Estado (só que com um nível de escrita inferior, como eles escrevem mal!)

Carol M. disse...

Pobreza não vende jornal, Elton. É simples assim.
Os caras querem saber quanto seu dinheiro aplicado nos multimercados vai render após a intervenção do FED para remediar a crise imobiliária nos EUA.
George Soros e NYSE são nossos pastores e a probreza não nos atropelará, amém.

Beijos!