Ministro Puskas trazendo palavras do grande messias para Prosatantsky
Atropelo
Eclipse nas coincidências do mundo: algo deixou de acontecer por mero acaso e aconteceu por puro capricho do que acontecia. Explicando: não foi por coincidência, o acontecido se deu por ter sido tramado pelo próprio acontecimento. Desmintam, neguem, tripudiem ― já está feito.
Foi assim: ele atravessava a rua, o outro dirigia. Quando houve o atropelamento, foi um remexer de asas, um esvoaçar de bandeiras, um bater de hélices.
― Ele apareceu do nada! ― Desculpou-se o que dirigia. ― Foi uma comunhão de máquina e sangue, capô e pernas ― concluiu ele.
Estavam em meio ao público, boquiaberto e entretido, esperando um pouco mais de vísceras e motivos para continuar a atravessar as ruas.
― O carro surgiu de lugar nenhum! ― Lamentou-se o atropelado, ― foi um encontro de surpresa e dor, de faixa de pedestres e indenizações.
Fernando Salvaterra
7 comentários:
savaterrismo
religiosismo
terrorismo?
Du caralhíssimo! Seja bem-vindo!
valeu!!! hahá, meu nick já tá ali do lado ó
---->
PS: o messias aqui não salva nem ele mesmo. :(
Nao sei se vc conhece, mas tem um conto do Baudelaire que chama "A Perda da Auréola" que lembra esse seu que eu postei. Vale a pena dar uma conferida
Nossa, fodido (ih, desculpem os palavrões)... Mas não tem nem palavra pra descrever... Fodido!
ei...genial salva a terra salvaterra de tantaprosa boa.
tem um lance de mistério sendo objetivo e passando a msg desejada, com algo refinado na escolha das palavras imagens... literatura boa.
puxe sua cadeira e chegue meu caro.
abraço
ivantues
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