quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Anistia, anistia!

Em exclusividade, segue carta do Ministro Puskas aceitando anistia concedida em Prosatantsky.

“Meus nobres companheiros,

É com imensa felicidade que recebo a noticia de poder retornar ao velho lar dos utópicos. Durante meu exílio fui aconselhado a partir rumo a terra do Eldorado, lugar onde as artes e a política comungavam a esperança, assim como em Prosatantsky. Mas o México não é a maravilha que todos pensam! As mulheres não são como em Prosatantsky; aqui possuem bigodes. A política não é pelo povo, mas pelo partido (“revolucionário”). Os esquerdistas sobem ao poder em busca do dinheiro Yankee, patrocinando empresas que usufruem da barata mão-de-obra local. Achei aos ventos a famosa frase “México, tão longe de Deus e tão próximo dos Estados Unidos”, e a despeito de vários reivindicarem sua autoria, preferi não acreditar em ninguém. Desiludido com Frida Kahlo, parti rumo a América do Sul, observando guevaristas financiarem luxos próprios com trafico de drogas, filhas de presidentes depostos pelo regime militar apoiando o liberalismo e, para meu desgosto, vi em Argentina a insignificância da esquerda num país derrotado pela social democracia. Cheguei ao Brasil, num momento de festa, acreditando ser carnaval quando para meu espanto se tratava de uma comemoração política. Procurei por um homem de codinome “o velho”, o único de quem ouvira falar em minha terra natal. Descobri que morreu, mas que ajudou a fundar um legado chamado “PT” (igual a sigla que damos aos nossos carros quando batidos aí em Prosatantsky). Pois bem, procurei esse legado e cheguei a casa de onde iniciara-se a tal festa. Chamava-se “senado”, uma espécie de Câmara Alta do legislativo, bem próxima do Presidente deste país. Cabe aqui uma explicaçãozinha sobre a democracia no Brasil. Existem duas câmaras legislativas, uma baixa composta por deputados que teoricamente deveriam exercer poder de resistência e contestação ao executivo (ministros e presidência), e a alta que eles consideram como um “filtro” para o governo, que com poderes supremos de decidir o que é certo ou errado (inclusive para si próprios) articulam-se com o executivo para comprar terras, rádios, açougues etc. Quanto ao poder Judiciário, este serve apenas como fachada a sociedade. Oprime os pobres para que não contestem a democracia e libera os ricos a praticarem a libertinagem que citei na crônica anterior. A festa era em prol de um certo alagoano, que conseguira a façanha de roubar muito em diversas áreas diferentes (desvio de verbas, lavagem de dinheiro, concubinamento empresarial, sonegação de impostos, dentre outras) e saíra livre de punição. Pelo que pude entender era uma espécie de aposta, que procurava demonstrar a superioridade da câmara alta em relação à baixa. Através de conversas, um tal de Sr. Suplicio disse-me com naturalidade que cerca de vinte deputados haviam recebido dinheiro do executivo através de propina e conseguiram se livrar; de quebra tentaram um aumento de 90% em seus salários, mas a oposição conseguira impedir. O Senado então decidiu mostrar que seus jogos, além de mais complexos, não eram páreos para a oposição. Esta, sedenta por um jogo divertido, aceitou o desafio de tentar punir o alagoano (o “prínceps”). Falhou! A despeito de mobilizar mídias, polícias e todos os recursos de que tinha disponível. Como tudo não passou de um jogo, comemorava na parte escura da câmara, abaixo de uma faixa com o lema “O importante é competir!”. Atônito perguntei sobre o povo, mas nenhum dos presentes conseguiu compreender o que eu queria dizer. Talvez meu sotaque tenha dificultado o entendimento... assim espero. Perguntei também sobre o presidente, mas fui informado que este nada declarou a respeito do jogo. Cansado de uma viagem, preferiu dormir sem falar com a mídia. Depois soube que o presidente, em nome da democracia, dizia não intervir no senado, afinal todos têm direito de jogar. Em meio a festa, entre Whiskys e Champanhes, recebo em meu laptop o e-mail de todos os ministros de Prosatantsky comunicando sobre a anistia que o Czar Vermelho havia declarado. Algum fotógrafo engraçadinho registrou a tela de meu computador com suas lentes, publicando no telão eletrônico do senado o e-mail que me fizera decidir por voltar. Saí esgueirando-me por entre bêbados políticos da festa, que olhavam para o telão catando em alta voz “Anistia, anistia!”.

11 comentários:

Elton disse...

Anistia ampla, geral e irrestrita, como defendem os militares hoje em Pindorama? =D

Anônimo disse...

Assim como a anistia aos militares argentinos na decada de 80

Anônimo disse...

Vá fazer ciências políticas vá Sr. Puskas ;)

Anônimo disse...

Frase do Lula hoje: "Agora ta na hora do Senado voltar a trabalhar!" - É a prova de que tudo antes não passou de brincadeira hahaha

Tio Vinix disse...

Eu, aqui de Prosatantsky, espero o retorno do nobre Ministro Puskas.
Investigações estão encaminhadas, tanto sobre as ações do Czar Vermelho quanto sobre as declarações do Ministro.

Ministro Davidovitch

Anônimo disse...

não esqueça o real player. :P

Ministro Puskas disse...

Alminha, vá fazer História vá! :p

Julia disse...

Ministra Yulia se pronuncia solenemente: texto animal.
Vossa Excelência arrasou, Ministro.
Infelizmente, nosso Czar não difere muito do 'presidente' do Brasil. Espero que possamos, um dia, encontrar um 'presidente' e um modelo de parlamento que seja melhor que essa merda atual.
Atenciosamente,

Ministra Yulia.

Carol M. disse...

Puskas, Puskas, PUTA QUE PARIU! Que texto animal, hein? Adorei, até porque ironia e sarcasmo são comigo mesmo, hehehehe.

Beijos!

Anônimo disse...

eu já faço história ministro Puskas. ;)

Tatu disse...

genial meu caro,
genial.

parab�ns!

"me llaman el desaparecido que cuando llega ya se ha ido"

kkkkk...

"At�nito perguntei sobre o povo, mas nenhum dos presentes conseguiu compreender o que eu queria dizer. Talvez meu sotaque tenha dificultado o entendimento... assim espero."

deviam estar decidindo sobre a cpi no corinthians ou comemorando a vit�ria da selecinha sobre o m�xico... vai ver foi isso.