sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Sexta Literária: Moçambique
CAI MAL comemora 2 anos e os maloqueiristas fazem evento na vila
C.A.I-MAL / D.E.Z
Centro de Ação In-formal- Espaço de Proposição do Caos Cultural-
Diferentes Estados da Zona - II Anoz
Palco I
Família Madá & Nova versão / O quarto das cinzas /Sarabudja / Encantadeiras
Palco 2
Lei di DAi & seletor Stranjah - moa ambessa sound system
Groove de RuaDesfile de moda performático TRAPO & CORA CORAL
Experimento ProsótypoOA+Récita:
Marcelino freire / Ana Rüsche / Ivan Antunes / Daniel Minchoni / Mavot Sirc & Prof.Lú / Sônia Pereira / Nando Poesia / Tula Pilar & Pedro Lucas + palco aberto
Performances:
Juliana Barros / Tiago Mine & Rafael Menta / Carlos Galdino e o candeeiro incendiário
Instalações:
Karol Pinheiro / Rômulo
AléxisFêra:
Indumentária / Artesanato / Lanches Naturais / Sucos & Chás / Banca Literária - Revista Não Funciona / OCAS / O Casulo / Autores Vivos
Sábado - 29 / 09, a partir das 14 h
Beco- Rua Belmiro Braga, s/n,
Vila Madalena- SP
ENTRADA FRANCA
Infs: cai_mal@yahoo.com.br
www.poesiamaloqueirista.blogspot.com
Eu vou, e você?
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Política pra quem?
- Ou fulano, precisamos de você aqui no plenário!
- Pra quê?
- Pra aprovar a CPMF!
- Ah! Deixe-me dormir! Passar bem!
- Ou fulano, pelo Brasil!!!!
- tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...
Não duvido que tenha ocorrido isso! Afinal, segundo o “jesse” quem paga mais CPMF são os ricos, então por que aprová-la? Aliás, o imposto seria justo pelo fato de que “cobra de todos, até daqueles que lavam dinheiro”. Realmente, cobra 0,38% do mais pobre correntista até o mais rico banqueiro, muito justo hein? Essa política continua servindo a interesses particulares e não ao Brasil. A oposição tenta tirar o imposto para conseguir simpatia popular e ao mesmo tempo travar a maquina estatal, pouco se importando com as conseqüências disso. O governo tenta manter o imposto para abastecer seu caixa, contribuir com os auxílios sociais e ampliar sua rede de cargos públicos. Ambos trazem benefícios a quem? A eles mesmos, às classes a que representam, aos grupos dominantes. Que raio de representatividade é essa? Eu quero ver o circo que vai ser para o Governo acalmar a base aliada no Senado (por conta dos cargos da Petrobrás), quando a votação chegar lá. Vai ser uma distribuição de cargos como jamais se viu antes! Mais uma ciranda política em cima do povo. E eu que cheguei a comentar com os outros ministros sobre a possibilidade de escrever um texto com teor positivo sobre a política. Assim fica difícil. O Planalto pede pra apanhar. Mas, quem tem imunidade diplomática precisa temer o que?
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Mito da Cassandra
A nova alcunha do Czar...
Cassandra é uma personagem da mitologia grega, filha do rei Príamo e da rainha Hécuba de Tróia.
A mitologia grega conta-nos como quando Cassandra e o seu irmão gêmeo, Heleno, ainda crianças, foram brincar para o Templo de Apolo. Os gêmeos brincaram até ficar demasiado tarde para voltarem para casa, e assim, foi-lhes arranjada uma cama no interior do templo. Na manhã seguinte, a ama encontrou as crianças ainda a dormir, enquanto duas serpentes passavam a língua pelas suas orelhas. A ama ficou aterrorizada mas as crianças estavam ilesas. Como resultado do incidente os ouvidos dos gêmeos tornaram-se tão sensíveis que lhes permitiam escutar as vozes dos deuses.
Cassandra tornou-se uma jovem de magnífica beleza, devota servidora de Apolo. Foi de tal maneira dedicada que o próprio Deus se apaixonou por ela e ensinou-lhe os segredos da profecia. Cassandra tornou-se uma profetisa, mas quando se negou a dormir com Apolo, ele, por vingança, lançou-lhe a maldição de que ninguém jamais viesse a acreditar nas suas profecias ou previsões.
Cassandra passa então a ser frequentemente considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça.
A gravidade da incredibilidade das previsões e profecias de Cassandra levaram à queda e consequente destruição de Tróia, quando esta viu frustradas as suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que este destruísse o cavalo de madeira (Cavalo de Tróia) divisado por Ulisses para a conquista de Tróia pelo seu interior.
Antes de mais nada...
PARABÉÉÉÉÉÉÉNS ELTON!!!!!
Um sujeito bacana até deitado na cozinha!
Muitos anos de vida, muitos textos pra todos nós!!!!!!
Esse aí é o cara!!!!!!
Meditação
Caro leitor, antes de seguir uns conselhos:
-Respire fundo
-Esfregue os olhos(só um pouquinho)
-Estique os braços pra cima; se espreguice, jogue a cabeça pra trás e respire fundo novamente
-Diga em voz alta as seguintes palavras: "Senhor, dai-me paciência para ler um texto comprido na tela do meu computador. Ele é enorme, mas valerá a pena, assim seja"
Continue...
Quarta MeiaEntrada - O Dia da Marmota
O tempo é oficialmente meu inimigo. Está contra mim em quase todos os momentos em que eu preciso dele, e nos momentos em que ele não me é necessário faz questão de não fazer a menor diferença ma minha vida. Enquanto eu escrevo aqui no blog sobre filmes e música, sempre vejo que, com um pouco de tempo a mais sempre poderia ter feito algo melhor, poderia ter desenvolvido um tema de um modo mais inteligente, poderia ter resolvido de forma mais concisa algumas questões que eu mesmo coloquei e me traí pela prolixidade dos meus textos. Por outro lado, as vezes quando o tempo nos parece ser todo o do mundo para fazermos as mesmas coisas, é lógico que acabamos de entrar no Inferno, porque o inferno é a repetição. Se você, pobre leitor, tem alguém que possa chamar de “Amor da Sua Vida” imagine essa pessoa declarando que você também é o amor da vida dela. Agora imagine isso nas mesmas circuntâncias sob os mesmo aspectos sempre do mesmo jeito, com exatamente a mesma medida de amor, nem um pouco a mais para nos gabarmos, nem um pouco menos para nos preocuparmos, somente a mesma coisa sempre, rotina. É o Inferno.
Eu, já há um bom tempo tenho inveja do meu amigo Phil Connors (Bill Murray, em “Feitiço do Tempo”), o cara que tem uma chance com o tempo, não para fazer a mesma coisa sempre todos os dias, mas para REFAZER o mesmo dia sempre de um jeito diferente. Ele tem uma epifania em camera lenta( se é que isso é possível), pois com o tempo totalmente ao seu favor( ou seja: acordando sempre no mesmo dia terrível onde ele tinha que cobrir o enfadonho Dia da Marmota) pode discernir o que realmente é importante pra sua vida e como ele pode e deve mudar o que nela há de errado, e assi mais adiante, quando ele abandona o materialismo e deixa de desejar o que quer de forma individualista, ele tem o que merece(essa é uma interpretação budista desse filme que eu vi num site chamado Saindo da Matrix...doidera). Com isso, ele também tem a chance de conquistar a mulher da sua vida, e com a vantagem do tempo ele pode ser tudo o que ela espera em uma pessoa num único dia. Enquanto apenas ela se repete, vítima do tempo inimigo, o meu amigo Phil pode aprender sobre ela, conhece-la, conquista-la superficialmente e depois verdadeiramente, mas isso só depois de enfrentar os seus demônios, de ser inconsequente, de desistir da suposta peça que o tempo lhe prega e tentar se matar N vezes. O que ele não vê a princípio(olha a interpretação budista de novo) são as facilidades que o tempo lhe proporciona com a oportunidade de refinar as suas próprias ações(como se os dias que se repetem fossem reencarnações) enquanto os outros estão apenas presos a mesma rotina, de forma metafórica. Por exemplo, nesse tempo de repetição a amada de Phil, a Rita, (Andie Macdowell no filme) não conhecerá niguém que possa ser aquilo que ela queria num homem, enquanto o Phil se torna esse homem pra ela. E por que ela se apaixona por ele? Porque pra ela, o meu amigo se torna o que ela esperava a primeira vista e não na verdade uma sucessão de erros até encontrar a afinação certa pra tocar o seu coração (eeeeeeeeeeita cafonice!). Olha que vantagem, marmanjos: Aquela mulher que você acabou de conhecer e tá pagando uma madeira, de repente pausada, sem que nenhum outro Mané venha lá e enquanto você sozinho sofre pra encontrar o melhor jeito de chegar e quebre o seu serviço. Sem aquele terrível arrependimento que depois virá quando você imaginar “nossa, se eu tivesse sido mais ágil, mais rápido, eu poderia ter conseguido”.
Para nós, pobres mortais, todo o dia é Dia da Marmota.
Título Original: Groundhog Day
Gênero: Comédia
Tempo de Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1993
Estúdio: Columbia Pictures Corporation
Distribuição: Columbia Pictures
Direção: Harold Ramis
Roteiro: Danny Rubin e Harold Ramis, baseado em estória de Danny Rubin
Produção: Trevor Albert e Harold Ramis
Música: George Fenton
Direção de Fotografia: John Bailey
Desenho de Produção: David Nichols
Direção de Arte: Peter Landsdown Smith
Figurino: Jennifer Butler
Edição: Pembroke J. Herring
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Terça mochilão
- Robert Bailey Junior, 17 anos: US$ 138.000,00
- Theo Shaw, 17 anos: US$ 130.000,00
- Carwin Jones, 18 anos: US$ 100.000,00
- Bryant Purvis, 17 anos: US$ 70.000,00
- Mychal Bell, 16 anos (único acusado judicialmente como adulto): US$ 90.000,00
Um menor também fazia parte do grupo, mas não foi identificado. O fato é que dois desses rapazes devem ficar presos até o julgamento, especialmente porque suas famílias não conseguiram a quantia necessária para o pagamento da fiança e, convenhamos, na terra da liberdade ser negro também é, na esmagadora maioria das vezes, sinônimo de economicamente marginalizado, tal e qual acontece nessas bandas de cá.
Por falar em julgamento, espera-se que os jovens negros sejam condenados em até 100 anos de prisão, enquanto absolutamente nada foi feito com relação aos adolescentes brancos que penduraram as malditas forcas na 'white tree'. Somente o estudante branco que portava a arma na loja de conveniência foi acusado e preso por porte ilegal de arma, mas por ter levado um rifle contendo 13 balas para a escola de Jena. Porém, foi liberado após o pagamento de uma fiança de US$ 5.000,00.
Em face de tantas injustiças, a cidadezinha recebeu cerca de 60.000 mil manifestantes na semana passada. Vindos de todas as partes dos EUA, eles exigiram a revisão do caso (inclusive novos julgamentos) e a libertação de dois dos rapazes, que ainda permanecem presos. Na ocasião, um abaixo-assinado com cerca de 410 mil assinaturas foi entregue à Comissão de Direitos Civis do Departamento de Justiça norte-americano, em Washington, exigindo a revisão do caso e libertação do 'The Jena Six'.
Espera-se que o caso seja revisto, mesmo porque foi notícia no mundo todo e é forte a pressão da população norte-americana. O incrível é que grande parte dos juristas, inclusive o procurador-geral do Estado da Lousiana, dizem enfaticamente que o preconceito de raça não está presente no caso e que não houve nenhuma arbitrariedade. Ah, tá, mas eles são brancos, é sempre bom lembrar.
Fico a me perguntar o que podemos esperar desse mundo pós-moderno. Inacreditável como as pessoas não conseguem conviver com a diversidade e, por isso, acabem alijando desse sistema capitalista execrável qualquer indício de que isso aqui vai de mal a pior. 'Racismo? Imagina. Somos a sociedade mais democrática do mundo' (isso que não menciono o que acontece por aqui). Como disse o Orwell no seu 'Revolução dos Bichos', somos todos iguais, mas uns são mais iguais do que os outros.
Na falta de palavras mais contudentes, deixo a Billie Holiday cantar 'Strange Fruit' (Southern trees bear strange fruit/Blood on the leaves and blood at the root/Black bodies swinging in the southern breeze,/Strange fruit hanging from the poplar trees) e aquele poema que postei aqui há umas semanas atrás, justamente sobre esse assunto.
*** Para quem quiser se manifestar em favor dos rapazes de Jena:
The Jena Six Defense Committee
PO Box 2798
Jena, LA 71342
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
Questão de prioridade
Em sua coluna de 19 de setembro, Clóvis Rossi menciona um ensinamento que aprendeu na faculdade de jornalismo: "é mais importante um cachorro que morra na esquina de casa do que 100 indianos que morram na Índia".
Só que nesse mesmo dia, em que saiu nos jornais o levantamento do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) de que em 2006 a pobreza no Brasil alcançara o menor índice em 20 anos, as manchetes principais da Folha e do Estadão foram referentes à queda de 0,5% nos juros praticados pelo Fed (Federal Reserve, o BC norte-americano).
Compreende-se a importância e o alcance da política econômica dos EUA; contudo, ao relegarem a queda da pobreza a uma chamada minúscula em suas capas, Folha e Estadão reafirmam a idéia de que nossa elite econômica e a classe média têm os pés fincados em solo pátrio, mas a cabeça e os hábitos orientados pelo império. Privilegiou-se uma informação que interessa mais a um punhado de especuladores do que uma que afeta a todos no país de forma direta – sejam os pobres, que vivem menos mal; sejam a classe média ou os ricos, que passam a ter menos pedintes e assaltantes em seus calcanhares.
O Estadão ainda conseguiu a proeza de não mencionar o aumento real do salário mínimo nem as transferências assistenciais, como o bolsa-família, que, apesar de distantes do ideal, foram fatores importantes que contribuíram para a queda na pobreza.
domingo, 23 de setembro de 2007
Modernização Conservadora Ludopédica
Uma característica permeia a história do São Paulo Futebol Clube, o conservadorismo. Apesar de ter nascido de um racha de um dos clubes da elite de São Paulo - o Paulistano - o tricolor paulista não renegou as origens, afinal “suas glórias vêm do passado”. Só que a herança não se resume apenas a um passado digno de memória, pois também permaneceu o elitismo e principalmente o conservadorismo, que se manifestou recentemente numa cartilha elaborada para os jogadores de base. O conteúdo é de fazer inveja à Opus Dei, e talvez nem Ratzinger produziria uma bula com um conteúdo tão antiquado e moralista. O Manual Disciplinar do Atleta proíbe bonés e revistas eróticas. A proibição ao uso de bonés não dá pra entender, mas a de revistas eróticas deve ter o intuito de, além de poupar energia dos jovens jogadores, lembrá-los de que viverão do trabalho de seus pés, não de suas mãos...
"A prioridade é formar pessoas de bom caráter, e a educação é o principal ponto", disse Zé Sérgio, técnico do sub-17, ao bravo Tiago Leme, do "Agora". (Coluna do Xico Sá, Folha de S.Paulo, 14/09)
De fato, embora o time tenha se popularizado bastante, basta analisarmos sua história recente para percebermos uma equipe moderna nos gramados, e conservadora fora deles – com toda a carga ideológica que esses termos possuem.
Pegue-se, por exemplo, o maior técnico da história do clube, Telê Santana, adepto do futebol arte, técnico da seleção brasileira derrotada nas copas de 1982 e 1986. Encontrou a redenção e o solo fértil para seu estilo de jogo e de vida no tricolor paulista. Apesar da década de 90 ter sido marcada pelo estilo Dunga-Lazaroni, continuou fiel à sua filosofia: ousado dentro das 4 linhas, e conservador notório fora delas. Se em 1982 o haviam acusado de ser leniente com os jogadores, a partir de 1986, ao cortar Renato Gaúcho da seleção por ter chegado tarde à concentração, passaria a impor disciplina rígida e até a dar conselhos aos boleiros sobre questões financeiras e familiares.
Um craque com o temperamento comedido e religioso como Kaká só poderia ter despontado no Morumbi. Ato contínuo, tornou-se ídolo num dos clubes mais elitistas da Europa, o Milan, cujo presidente e acionista majoritário é ninguém menos que Silvio Berlusconi.
Ex-auxiliar de Telê Santana e atual técnico do clube, Muricy Ramalho impõe um estilo de jogo hierárquico, burocrático, padronizado - e extremamente eficiente. O time avança e recua em bloco, à maneira de um pelotão, semelhante a o que fazem os europeus. Quando marca o adversário no campo inimigo, promove uma espécie de blitzkrieg que obriga o outro time a rifar a bola ou a sair jogando com os becões. O setor defensivo é sólido, e o meio de campo composto por volantes que sabem marcar e tocar a bola o suficiente para não fazer feio. O time é homogêneo, não tem nenhum craque e seu ídolo, o goleiro Rogério Ceni – o único fora de série do elenco – certa vez, comentando um quebra-pau entre torcidas, afirmou que o brasileiro não está preparado para a democracia. Um estilo de jogo e de jogadores totalmente adaptado à ausência de craques e de contestadores que presenciamos nos gramados pátrios. Foi-se o tempo que um Reinaldo – que já fora comandado curiosamente por Telê Santana - mesclava genialidade e contestação, ao comemorar seus gols pelo Atlético Mineiro erguendo o braço com o punho cerrado em alusão ao símbolo socialista. Ou do próprio Muricy, que, quando aspirante, mesmo proibido pelo técnico Poy de ter cabelos compridos, não cortou as madeixas, foi punido com gancho e ainda assim acabou estreando no São Paulo, com 17 anos de idade e pinta de bicho-grilo - graças à sua técnica; não à tesoura.
Assim é o São Paulo, o símbolo futebolístico da modernização conservadora brasileira. E o time do meu coração. Ó tricolor...
sábado, 22 de setembro de 2007
Porque hoje é Sábado
A história da Maria
Não sei o que leva uma mulher a vender o corpo pra sobreviver (ou se divertir, quem sabe... e quem sou eu pra julgar?). Nunca conversei com uma prostituta pra saber a razão pela qual ela faz o que se pede com quem paga o preço acordado. Mas há sempre as justificativas comuns: dinheiro “fácil” (ênfase nas aspas); necessidade de sustentar uma casa; gosto/vocação pra coisa.
A Maria Porto, rapariga que eu introduzi no post anterior, foi ser prostituta por uma confluência de fatores. Aos 14 anos de idade foi trabalhar num bar na "zona"onde obviamente ofereceram-lhe dinheiro por atos sexuais, e assim que ela começou. Após ter engravidado, saiu de casa, aos 15 anos. O bebê ficou com seus pais e ela partiu da cidade onde morava aos 16. Criou um site de serviço de acompanhante e está nisso até hoje (creio que tem 20 anos).
Não quero ficar com puritanismos sobre se deve a mulher ou não se “rebaixar” a essa condição, se devem os homens procurar prostitutas, se deve o governo proibir, punir, legalizar. Eu, particularmente, acho bobeira homem procurar puta, uma vez que sempre há quem queira dar e que não cobra por isso. Por outro lado, existe a fantasia, a possibilidade de se pedir e fazer tudo o que se quer (ou quase tudo), a baixa auto-estima masculina e talvez até preguiça.
O que me intriga na verdade é aquele momento em que uma mulher decide que vai virar prostituta. Diz o que? Mãe, quero ser puta? Não que deva nem não deva, mas porque vai? Como vai? Acho que, normalmente, elas se encontrem nessa profissão meio sem saber como chegaram ali. A própria Maria Porto, por exemplo... de garçonete a acompanhante tripeira.
A Maria, meu exemplo para análise, é uma mulher comum. Pode ser de beleza incomum, mas é uma mulher como eu ou como você. Adora ler, é fã d’Os Simpsons, joga The Sims, tem MSN, vai ao supermercado, cria a filha, come pizza, assiste DVD, tem senso de humor apurado, apaixona-se e sofre. Com uma diferença: ela faz tudo isso com o dinheiro ganho fazendo sexo (ou não).
Acho que pra conseguir abstrair a relação física nesse ponto, tornando-a ex offício, a Maria Porto (não é o nome verdadeiro da tripeira, claro) criou esse personagem que ela “veste” quando tem de ser Maria. E volta a ser Andréa (nome de batismo) quando está com a filha, com o namorado (que é casado, by the way), com a mãe. Isso deve requerer um nível de consciência, uma sanidade e um equilíbrio quase sobrehumanos. Porque imagino a confusão que deve ser na cabeça de uma pessoa ser duas! E a “nossa amiga” não se identifica nem com a Maria nem com a Andréa.
Imagino que as prostitutas em geral "entram" num personagem mesmo pra viver a vida que vivem. Porque fácil não é mesmo. Ainda mais quando se tem filhos, casa, comida pra fazer, cama pra arrumar, uma vida inteira pra se organizar em paralelo à profissão clandestina. E tudo meio que escondido, porque duvido que ao buscar a filha na escola a prostituta comente com as outras mães-donas-de-casa sobre o cliente da noite anterior...
Mas a razão mesmo eu ainda desconheço Cada uma deve ter a sua. E digo que nunca seria porstitua, mas porque a vida é/tem sido fácil e boa pra mim. Só que nunca sabemos o que pode acontecer, não? Não sei o que seria capaz de fazer pra sobreviver, pra sustentar um filho...
Vejamos o que a nossa prostituta-fonte diz no blog:
Dia muito estúpido. Hoje á noite tenho encontro marcado com o Velhote. O Velhote é um Apaixonado. Estive com ele uma vez (a mãe dele estava a dormir no quarto ao lado).
Estivemos juntos cerca de 15 minutos, e, passados cerca de 10 minutos depois de ter saído de casa dele (um apartamento minusculo), recebi uma sms dele, que dizia algo do genero "Amo-te para sempre!".
Devo ter passado mais de meia hora a rir-me. Ah, a propósito, o meu nome é "Maria", tenho 18 anos, modelo fotografico (eh eh), vivo no Porto, e sou Acompanhante de profissão; ou seja, faço sexo em troca de pasta. Muita pasta (sou das caras).
Gosto disto, embora nem sempre tenha pachorra para aturar os Chatos e os Apaixonados. Mas é o que mais há...
Perguntaram-me como, quando e porquê decidi ser Acompanhante. Pá, para explicar tudo direitinho precisava de uns bons dias...
Resumo: vivo sozinha desde os 15 anos. Sim, é verdade, há contas, contas monstruosas na caixa de correio todos os meses para pagar, renda, água, luz e merdas do género. Vivo no Porto -façam as contas a uma renda média no porto, e juntem-lhe o resto das despesas adicionais. É só para quem Pode (é que escrevo mal os F's).
Acho que no fim das contas, a maioria das razões a ser “acompanhante” são mesmo as contas que chegam pelo correio. Será que a greve aqui no Brasil não ta prejudicando a oferta de “amigas”? Sem contas, sem necessidade de trabalhar!
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Gau Ferreira Cartunista no Paço Júlio Guerra - Santo Amaro
Sexta Literária ainda...
Sexta Literária: Louca Sexta...Louca
Confere um trecho genial em que o DEL enfrenta uma trava no banheiro da Louca, nesta parte houve uma treta e depois só lendo para ver o que ocorre...entre tapas e beijos? Ficou um pouco grande, mas é algo de cinema a tal descrição.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Higiene brusca
As sujas ruas de São Paulo. Merecem limpeza, é claro. A Avenida Paulista maculada. Livrem-se dos ambulantes! É a prefeitura ajudando a cidade a ficar mais bonitinha. A bola da vez foi o Humaitá. Não conhece? Deve ser por isso que foi escolhido. É alojamento de gente pobre, ali na Vila Leopoldina. Bairro nobre com pobre? Pode não! Desocupa, desocupa! Faz uma praça no lugar! São Vito nos proteja! Já caiu! Caiu na mão da polícia militar. Jogou criança pela janela, velho pela escada. Lacrou e mandou pro morro. Corre pro Prestes Maia! Maior ocupação da América Latina! Que chic! Mas também caiu. Ficava no centro. Pode não. Quatrocentas e sessenta e oito famílias jogadas no lixo. Tinha até biblioteca no local. Recebeu voto de aplauso do senado, recebeu doação de escola rica, mas ali num podia ficar não. Centro é muito exposto, e dar de cara com pobreza todo dia desestimula o empresário a investir. Foram onde? Itaquera e Itapecerica. Pertinho, pertinho. O prédio ta lá vazio, esperando o dono pagar a divida de cinco milhões de IPTU.
Teve a bienal dos pobres, ali na Praça da Sé. Prefeitura chegou e tirou. Livro pra mendigo num pode não. Expulsa e põe fogo! Coloca ferro nos bancos que é pra não deitar. Limpa a República, limpa a Paulista! Limpa os viadutos jogando cimento debaixo do vão. Recicla esse povo! Que nem copinho, que nem latinha, recicla pra não deteriorar no chão. Pra não ficar parado, sujando a paisagem. Não trabalha porque não quer, não é? É, isso mesmo. Ao invés de fazer projeto de habitação, prefere anistiar divida de engravatado. Prefere comprar cacetete pra G.C.M, pra impedir ambulante de trabalhar. A estupidez impede o questionamento, afinal ta ali porque é vagabundo. Não é porque não tem dinheiro pra se alimentar. A higiene deu até discussão
* Foto de autoria própria
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Recomendações do Tio Vinix 1
To com preguiça de escrever, essa é a verdade.
Então procurei a melhor fonte de inspiração que eu conheço: Meus camaradas de blog(POOOOOUCO PUXA SACO). E resolvi fazer o seguinte: Baseado nos textos dos meus colegas proponho aos nossos milhares(!!!!!) de leitores que façam o que farei hoje: Liguem o Post ao filme. Assim ó:
Terça Mochilão- A Carol mandou muito bem(como sempre)nessa Terça, falando do Kosovo. Sabe que filme cairia direitinho com o texto dela?
"Antes da Chuva", do Milcho Manchevski, que assim como a senhorita Marossi tem a dose certa de seriedade e sensibilidade.
Segunda-Avon- O Elton falou sobre alguns temas nessa segunda, mas a notíca que mais me alegrou foi a volta do jazz na rádio Cultura.
Pra ele, eu mando de brinde um filmaço, que recomendo a todos os amantes de Jazz: "Cotton Club" Do Coppola.
Domingo Feira Livre-O Salvaterra mandou um microconto dele, pequeno no tamanho, imenso na qualidade. Me lembrou o João Batista de Andrade, que já foi um cineasta genial e fez um dos melhores filmes nacionais que eu já vi: " O Homem que Virou Suco". Salve Zé Dumont.
Porque hoje é Sábado- A Julinha foi caçar um blog sensacional, lá da Terrinha. Em homenagem ao seu post "família" eu vou de "Delta de Vênus", do irregular Zalman King.
Recomendações do tio Vinix 2
Fechando, com a Sexta e a Quinta passadas:
Sexta Literária- Já o meu amigo Ivan tinha acabado de inaugurar essa linha "família" no blog, falando de sadomasoquismo. E sobre esse tema, o Roman Polanski(queridinho das quartas feiras) fez uma peça de sedução das mais tentadoras, chamada "Lua de Fel"
Política de cu é rola-O nobre Ministro Puskas, de passagem pela América Latina me lembrou a visão crítica dos estrangeiros sobre as maracutaias e intermináveis golpes diretos e indiretos que por lá reinam. Pra ele, uma comédia, com a acidez(genial) típica dos seus textos e com um título sugestivo: "Bananas", do Woody Allen(esse sujeito aí merece um post, e logo mais ele virá)
Aguardo preguiçosamente mais inspiração dos textos que eu sempre tenho o maior prazer de ler aqui.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Terça mochilão
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Segunda-Avon – À sombra dos jornalões em flor
Uma das percepções mais difundidas que se tem do povo brasileiro é a de que ele é politicamente inativo. Certamente já ouvimos comparações com, por exemplo, os argentinos, afirmando que nossos vizinhos são muito mais participativos politicamente, indo às ruas quando se percebem ludibriados pelo poder. Entretanto, a grande imprensa brasileira só cobre as formas de manifestação de insatisfação popular quando há conflito com a polícia. Enquanto deram páginas e mais páginas para o Cansei, com direito a perfis e entrevistas com lideranças e participantes, não se tem a menor idéia de como se deu a articulação entre movimentos tão díspares em sua finalidade, como a Gaviões da Fiel e o MST, na ocupação da Faculdade de Direito da USP. Pouco ou nada sabemos sobre o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), os Sem-Teto, os Quilombolas, entre tantos outros. Matrizes teóricas, correntes internas, organização, forma de atuação, projetos que defendem, se possuem representantes legislativos, dentre muitas outras questões fundamentais, são ignoradas solenemente. Sem dúvida que uma escolaridade baixa e uma sociedade historicamente autoritária contribuem muito para que a atuação política seja mal vista por boa parte dos brasileiros. Contudo, o silêncio da imprensa reforça bastante essa sensação de alienação.
Segunda-Avon – Round Midnight
Depois de muita chiadeira do público, a Cultura FM resolveu repor o Jazz em sua grade de programação. O Cultura Jazz, no ar diariamente à meia-noite e com uma hora de duração, tem apresentação de Hélio Vacari, o mesmo do antigo Linha Imaginária, que tinha um nome bem mais bonito e poético do que o burocrático Cultura Jazz, mas que era apresentado num horário ruim pra chuchu: nas madrugadas de sábados e domingos. Ao menos agora podemos ter contato diário e num horário menos ingrato com uma das coisas de que os norte-americanos podem realmente se orgulhar de ter criado.
sábado, 15 de setembro de 2007
Porque hoje é Sábado
Semana passada falei demais sobre os homens. Agora é hora de falar de novo das mulheres. Só que não é de qualquer mulher, não. É uma "classe" específica, dizem que são as profissionais mais antigas da história (não sei, Ministro Puskas pode nos esclarecer isso melhor).
A idéia desse post veio de um blog de uma moçoila portuguesa. Afinal, Portugal também tem a sua Bruna Surfistinha. Só que ela se chama Maria Porto, e seu livro contando as peripécias dos seus programas e da vida de mulher da vida se chama "A Tua Amiga". O endereço do blog, muito interessante por sinal, está aqui.
Esse tema será o assunto de uma série de 3 posts. O primeiro, hoje, será sobre a profissão. É muito apropriado, vendo-se que fecharam o Bahamas e provavelmente outras casas do gênero. Será que deve-se legalizar a prostituição, criando-se a "carreira" de garota de programa? Sei que na Suécia, por exemplo, legalizaram a profissão, mas criminalizaram o "cliente". Ou seja, seria crime ir até a Rua Augusta... Já na Holanda, é outra história.
O segundo post será sobre o que leva uma mulher a essa vida e o terceiro sobre os homens que saem com prostitutas. Polêmico, sim. Mas vale a pena.
Agora vejamos o que Maria Porto tem a dizer
O UNIVERSO E AS SUAS PUTAS
Tenho andado sem tempo para escrever, porque antes mesmo de chegar a Lisboa, os meus dias aqui já estavam muito ocupados. Amanhã vou embora para a Invicta, não sem antes ir ao Salão Erótico comprar brinquedos e tirar fotos. Ontem escrevi "meio-post" mas adormeci a meio e decidi deixa-lo para outro dia. Para além do dia altamente cansativo, no final do 'expediente' ainda fiz uns sets novos para a área privada do meu site.
Ontem estive na conversa com um cliente, estava a contar-lhe como ando há imenso tempo a querer fazer um Inter-rail, e acabámos por falar da Holanda e suas putas (porque eu também quero muito visitar o Red Light District).
Para quem não sabe, em alguns países em que a prostituição é efectivamente uma profissão legalizada e regulamentada, as pessoas podem procurar um emprego de prostituta e, por exemplo, se estiverem no desemprego, se recusarem um cargo de prostituta perdem o subsidío de desemprego.
Vai daí fiquei a pensar no giro que era se Portugal fosse assim. As putas passariam recibos, teriam livro de reclamações e poderiam subir de cargo ou procurar melhores locais de trabalho, quando tivessem um bom currículo ("Xôra Puta-Mor, recebi uma proposta ali para a Casa Das Popozudas, podia passar-me uma carta de recomendação? Sim?").
Ora, isto iria certamente revolucionar a putaria no país. Acabar-se-iam as mercenárias do "tudónaturale", porque a segurança seria certamente obrigatória, transformando o trabalhismo fodal num ambiente mais justo. Os broches e espetanços apressados e mal aviados seriam passíveis de queixa no Livro de Reclamações:
"Ai não chupas? Então passa aí o Livro de Reclamações!"
"Ai, disculpi, já íá chupá, vem cá..."
As boas fodas seriam obviamente bem recompensadas:
"Sim senhor, Cátia Vanessa, gostei muito da tua técnica de cambalhota, traz cá o Livro de Visitas para te recomendar"
"Oh, obrigado, sinhor Sousa, acabei de candidatar-me para a Boate das Rabudas e vai dar imenso jeito!"
"Olha, não podes tirar aí dez euritos à factura...?"
O IRS começaria a perseguir as moçoilas:
"Xôra Sheyla Bobó, no ano passado você efectuou 330 broches e 290 espetadelas, e só declarou 200 brochadelas e 170 espetanços!"
"Ai, dévi tê sido um inganu..."
"Deixe cá ver o pacote... Ah, îsso não engana ninguém, a xôra Sheyla está obviamente a esconder as metidelas anais do fisco! Venha connosco, faxavor..."
And so on, and so on...
E vocês, acham que a prostituição deveria ser regulamentada como uma profissão normal?
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Sexta Literária: Sexta Sadomasoquista
"Que saudades de Amsterdã" (Um leitor após ler o romance)
Trecho do Romance:
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Anistia, anistia!
Em exclusividade, segue carta do Ministro Puskas aceitando anistia concedida em Prosatantsky.
“Meus nobres companheiros,
É com imensa felicidade que recebo a noticia de poder retornar ao velho lar dos utópicos. Durante meu exílio fui aconselhado a partir rumo a terra do Eldorado, lugar onde as artes e a política comungavam a esperança, assim como
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Quarta MeiaEntrada- 18 Observações Sobre "Paris, Je T'aime"
- O fato dos curtas não serem separados por título, de serem todos em seqüência como se fossem mesmo vários momentos que podem eventualmente acontecer dentro de Paris poderia tornar o filme confuso, mas o resultado está perfeito.
- Sensibilidade é uma coisa em falta em qualquer metrópole.
- Sensibilidade é uma coisa que também transborda nas pessoas de qualquer metrópole.
- O Steve Buscemi é um dos melhores atores da sua geração. Nos EUA, só os irmãos Cohen viram isso. Por isso que eu respeito os caras.
- Dê liberdade ao Wes Craven e ele faz uma coisa que fica ou magnífica ou horrível. O episódio dele é magnífico.
- A Daniela Thomas traz uma delicadeza para os filmes do Walter Salles que faz tão bem... eles deviam sempre trabalhar juntos.
- O episódio dos dois senhores que estão se separando tem um dos melhores diálogos que eu já vi nos últimos tempos no cinema
- Só perde pro episódio com o Bob Hoskins (quanto tempo que eu não via o Bob Hoskins...)
- Se eu fosse apostar num grande diretor, que vai virar referencia nos próximos anos, eu apostaria no Afonso Cuarón.
- O episódio dos mímicos me fez chorar
- A Natalie Portman dá o fora mais doído que eu já vi. Se bem que tomar um fora da Natalie Portman já é uma dor por si só.
- Prezada Família Gyllenhaal: Sou mais a Maggie
- “No cemitério de Paris encontrei o tumulo onde estão enterrados juntos o Jean Paul Sartre e o Simon Bolívar” hahahahaha!!! GENIAL!!!!
- Quanto mais a Juliette Binoche deixa a sua idade transparecer, mais maravilhosa ela fica
- Oscar Wilde! Por favor, me ajude a pegar uma mina também!!!
- Se eu não morasse em São Paulo, ficaria impressionado com a diversidade cultural de Paris
- Ao sair do cinema pensei: Nunca fui a Paris. Provavelmente nunca irei. Porque iria me apaixonar por uma cidade que eu nunca verei? Ao sair do cinema percebi que sou apaixonado por São Paulo.
- Uma metáfora de um dos curtas(um dos mais bonitos): O Amor de verdade não é uma camiseta nova que você vê na loja e logo compra, é muito mais aquele casaco vermelho antigo, que você nunca se desfaz.
terça-feira, 11 de setembro de 2007
Não zoa, Vanessa...
"Rancoroso com raiva de tudo
Do fulano com seu carro novo
Não vê que ele trabalhou muito
Você pode se esforçar"
Vanessa da Mata, na música "Baú", do álbum "Sim" de 2007
Não mete essa*, dona Vanessa...
*Cortesia do Baralhinho do Momento, no antipropaganda
puta site...
PS: agora já é Quarta Feira, 0:20h, mas o relógio do blog tá doido
Terça mochilão
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Segunda-Avon - O Jeitinho Veja de ser
domingo, 9 de setembro de 2007
Domingo é dia da feira: posto eu posta você
Noite passada resolvi sentar-me no fundo do ônibus, e fazer cara de mal...Os olhos claros não enganam a descendência alemã, entretanto...Não botava medo em ninguém, mas a intenção não era essa...Queria apenas realizar a leitura do Vermelho e o Negro de Stendhal em meio as trepidações causadas pelo asfalto irregular do percurso – Largo da Batata – Avenida Berrini.
Já era quase meia noite, o ônibus dessa forma circulava pela Avenida Berrini a toda velocidade e sorrateiramente numa das paradas do percurso um casal sem condições financeiras para pagar a tarifa requisita ao cobrador a passagem por debaixo da catraca, este permite. Um terceiro cidadão suposto amigo do casal solicita ao cobrador realizar o mesmo ato que os primeiros, este permite.
Eu lendo Stendhal. Eu tentando ler Stendhal. Eu lendo Stendhal. Eu tentando segurar o livro com a trepidação e agora barulho que o trio provocava, afinal sentaram-se ao meu lado, e achavam-se os comandantes do azul-e-branco, achavam-se os comandantes das suas vidas e das vidas dos outros passageiros. Achavam-se importantes naquele momento davam atenção a eles, por terem passado por debaixo da catraca e por falarem alto interagindo com minha leitura e atrapalhando o sono de outros passageiros.
Em primeiro momento pensei em chamá-los para ler Stendhal comigo, seria uma oportunidade boa para estes conhecerem coisas novas e pra mim ter com quem discutir a s primeiras páginas do livro que começava a ler. Logo desisti. Olhei no relógio do aparelho celular por duas vezes, e a conversa continuava sem parada. As linhas do livro misturavam-se com a conversa, a conversa passava ser mais interessante que o livro. Comecei a virar a cabeça e voltar para o livro. Fingia que não prestava atenção nem no livro e nem na conversa. Começava a me desconcentrar. Achava estranho aquele papo e aquela forma como um tratava o outro. Eram amigos e ao mesmo tempo os três disputavam algo que não sabia ao certo o que poderia ser. Imaginei que a disputa pudesse ser pela mulher que estava por ali, mas não era. O rapaz que primeiro entrou com a mulher, formando o suposto casal com ela,agora a tratava de forma estranha. Agredia esta verbalmente. Ela o repudiava. O outro homem apenas balançava a cabeça. Eu observava. A moça negra dos lábios carnudos levantava e pedia a garrafa da cachaça para seu suposto parceiro e agressor. Este tratava-a como um cão insultava-a e mandava ficar caladinha no canto dela. Aquela conversa começava a me incomodar, embora permanecesse atento as linhas de Stendhal, para não me envolver no papo e falar alguma coisa atravessada para o rapaz da turma que estava ao meu lado insultando a moça. Me controlava, ele não. Ela não se controlava. O outro rapaz não se controlou, então disse aos outros dois:
- Ei vejam só a tatuagem que fiz nas costas!
O outro disse:
- Quero só vê!
O primeiro rapaz levantou metade da camisa e disse:
- Vê aí o mané, tá sangrando ainda e tá com o plástico que acabei de fazer, ó aí ...ó ...ó aí..ó..
O outro que antes agredia verbalmente a moça negra muda o foco de sua agressão e imediatamente diz:
- Virô bandido é? Desenha um diabo nas costas e ainda acha que é de deus?
O rapaz da tatuagem injuriou-se com o comentário do outro. A mulher insultada parecia que não estava mais por ali. Eu parecia que não lia mais Stendhal o ônibus inteiro parecia que não dormia mais aquela hora da noite.
O tatuado levantara-se para dar um sopapo no outro, o outro revidara os dois caem sobre meu livro do Stendhal. Eu me enervo, o ônibus se enerva. A turma do deixa-disso entra em ação tentando socar o primeiro que visse. Eu subo no banco e ameaço ou jogar o Stendhal pela janela, ou me jogar pela janela caso saísse tiro, ou jogar algum deles pela janela, afinal um ringue de boxe havia se estabelecido ali naquele momento na parte traseira do ônibus Guacuri naquelas horas da noite.
Imediatamente o cobrador que naquelas alturas cochilava acordou. O Motorista pisou no freio e gritou para que todos descessem. O cobrador veio apartar a briga. Eu empurrei-os de lado mais preocupado em afastar-me do que apartar a briga. Naquele instante veio em minha cabeça aquela música do Raul “Cowboy fora-da-lei” - “Eu não sou besta pra tirar onda de herói sou vacinado sou cowboy”, preferi calar-me. Queria apenas ler Stendhal e chegar em casa salvo. O ônibus inteiro só queria dormir e chegar em casa em paz. Lembrava-me de outras brigas que já havia apartado e que quase me dera mal.
O motorista urrava:
- Vai descê? Ou vai calá a boca?
Pararam. Olharam. Sentaram. Arrumaram os cabelos. Respiraram. Se enfrentaram com olhares e um deles ordenou ao motorista:
- Pode seguí que nóis vai até o fim!
O motorista meteu pé na tábua e seguiu viagem rumo ao Morro do morreu-mais-um. Na verdade o trio desceu no ponto mais próximo do beco mais escuro que encontrava-se na Avenida Berrini. Não foram até o final.
Pensando nas possibilidades de um tiro ter saído ali resolvi mudar de lugar logo que a briga havia iniciado e puxei uma conversar com outros passageiros sobre o ocorrido, expliquei que a briga não era comigo, expliquei que não era assalto. Explique às pessoas que era uma necessidade de sentirem-se vivos. Uma necessidade de afirmarem-se em uma sociedade que não se importa com quem não tem um puto no bolso. Brigaram. Lutaram. De forma errada. Entre si. A briga é outra. A cachaça auxiliou na alteração de percepções de um deles. Acontece. Acontece. Acontece.
Contei outras coisas mais aos passageiros, fechei meu livro de Stendhal, encostei a cabeça no vidro e fui até meu destino na Avenida Interlagos observando a paisagem noturna que passava lá fora.
sábado, 8 de setembro de 2007
Porque hoje é Sábado
E ninguém mais apropriado que o mulherengo mais famoso do Brasil para ser o muso-inspirador dessa coluna semanal. Adoro o Vinícius, porque além de mulherengo, era o maior beberrão (diga-se de passagem, característica que muito se assemelha a esta colaboradora que vos escreve).
Mas voltando ao tópico (se é que ele existe) ficou definido que, agora separada da Carol Marossi, eu teria os Sábados pra falar de “relações pessoais”. Foi isso que me designaram na nova configuração do blogue. É claro que esse assutno pode ser muito estimulante, como pode ser escasso. Quando faltar assunto, aí enveredarei por outros caminhos, ok? Espero só que continuem me lendo por aqui.
Sobre relacionamentos, não que eu seja uma conselheira amorosa certificada pela Associação dos Desiludidos, mas acho que posso às vezes apontar uma luz no fim do túnel para alguns desesperados. Ou não, e apenas dar o empurrãozinho pra pular da ponte, nunca se sabe o que os discursos honestos femininos podem fazer com alguém mais sensível.
Principalmente quando se fala de homem. “Os bares estão repletos de homens vazios”. E o poetinha estava certíssimo. Me pergunto como vocês, cuecas, são capazes de, às vezes, ser tão vazios. Não, queridos homens, não pulem da ponte. Pelo menos não ainda!!! Não é um ataque amargurado a ninguém, nem discurso de ressentimento. E não é uma generalização. É uma constatação do óbvio, como diria Ana Rüsche (plagiando o Paulo Ferraz).
Um exemplo clássico de homem esvaziado é o tipo mulherengo que eu apelido de “metralhadora sem bala”. É capaz de atirar pra todo lado, mas acaba não acertando ninguém. Eventualmente até pode acertar um alvo... Mas o mais comum é que ele seja acertado pela moça mais moderninha que se arriscar.
O fracasso desse 'tipo' se dá, principalmente, quando as investidas são entre moçoilas de um mesmo círculo. É bem vazio mesmo achar que a moça-alvo não percebe a falta de exclusividade das cantadas, e pior, achar que se ela percebe, o atirador ainda tem chances tem sucesso com algumas das convives.
O pior meeeesmo é quando o metralhador não desiste, e começa o assédio... Assediar a moça-alvo numa tentativa desesperada é bem comum. E patético. Como achar que se conquista uma senhora (das respeitáveis) passando a mão na bunda? Tudo hipoteticamente falando, é claro.
Tem também o desdém... Desdenhar o alvo quando ela fala, muito lucidamente, da falta de critério do atirador, afirmando que mulher nenhuma (das respeitáveis) quer homem que atira pra todo lado... Aí desdenha, achando que se fizer pouco caso a moça cede. Cede nada!!! Quem desdenha quer comprar já diria Esopo.
E tem até a negação... “Não, não, nunca dei em cima!”. Deixe, deixe, a gente sabe que deu. E sabe que quer!
Tem quem diga que a necessidade de disseminar (literalmente falando) a espécie que move o metralhador-vazio pra todos os lados. Eu particularmente acho desculpa esfarrapada pra aumentar as possibilidades de se dar bem com um mínimo esforço. Não se empenha com ninguém, mas tenta com todo mundo.
O que esse tipo não percebe é que, no fim, as possibilidades de acertar um alvo sendo um franco-atirador são muito maiores. Ainda que o franco-atirador tenha muito mais trabalho (e paciência) na conquista da moça, sua taxa de sucesso deve ser muito superior à de uma metralhadora sem balas...
Mas isso é só empirismo. Um dia ainda vou provar cientificamente as vantagens de ser franco-atirador...