quarta-feira, 14 de maio de 2008

...E segue a peleja


Mais do Tio Allan Sieber... é bem por aí...

Um conto pra esquentar

Em tempos de poucas postagens, vai aí um conto meu saído do forno. Não tenho a qualidade técnica da Carol ou do Ivan, muito menos a inventividade do Salvaterra, mas vou arriscar. Um breve conto de Horror pra vcs. Divirtam-se (ou não). Mais tarde tem quarta MeiaEntrada pra garotada.

Aquele que espera por ela

"Não somos, por acaso, as máquinas do prazer de Deus?"
Ray Brabury

Na primeira sala eu era o caco de um espelho cuidadosamente jogado no canto esquerdo. Você era o primeiro reflexo interessante que eu reproduzia e eu me sentia refazendo você. Quando você me viu, viu você e eu te vi de perto, quando de perto você me viu, se aproximando de mim, fazendo eu me aproximar um pouco mais de você. Você me pegou no chão e quando se tocava eu tocava você. Bastava apenas não se ver e ver que como você eu também te via enquanto mostrava você ao contrário. E você se viu exposta, invertida por mim. Creio que em uma questão de segundos, se ver tão exposta e ainda ao contrário pode tornar a admiração em repulsa mesmo que a curiosidade seja grande. Eu, na minha condição de caco de espelho tinha as minhas pontas mal aparadas e te cortei quando você se cortou. Nada mais natural ao me ver sangrar sangrando você se me largar e se afastar, eu me soltando e me afastando de você. A porta estava aberta e em poucos passos você estava na sala seguinte.
Lá eu me fiz um banco concentrado daquela matéria que é conhecida(se não me engano) como madeira e você era alguém com um dedo sangrando. Eu me oferecia gentil para que você se sentasse e talvez pensasse sobre o que realmente te apoiava. Você sentou-se e, com o dedo machucado na boca parecia efetivamente pensar, enquanto eu pensava no que você estaria pensando. Quando seu dedo parou de sangrar você me percebeu, e dessa vez em vez de refletir você, eu era o seu apoio. Você levantou-se e caminhou ao redor da sala, que eu esvaziara cuidadosamente para que nela fosse eu apenas o seu apoio, o banco de madeira. É possível que você não tenha se sentido confortável diante da minha solidez , por isso segui a porta e para a próxima sala.
Lá eu era mofo nas paredes e me espalhava em volta de você silenciosamente, mas não deixando de crescer e te evolver a distância (pelo menos nesta sala). Pela primeira vez você pareceu compreender o que eu era e falou comigo. Infelizmente disse não estar satisfeita , alegando que eu trazia em mim (nessa forma) uma idéia de antiguidade e de abandono ou destruição que não lhe agradava, eu na minha condição de mofo consequentemente devorando o novo que estava naquela sala. Queria te dizer que na verdade trazia a consequência do que é estar vivo, um presente em forma de ensinamento ( me fora ensinado que o presente mais valioso que existe é aquele que pode ser guardado exclusivamente na memória, e o que se guarda lá é que pode ser aprendido e ensinado posteriormente). Mas nada disse, pois na minha condição de mofo nada poderia mesmo dizer. Assim, dessa vez outra novidade: creio que a sua reação era a de irritação, e mesmo sabendo que um sentimento como esse dificilmente poderia derivar em uma forma de atenção positiva, já sabia que você tinha sentido alguma coisa por mim.
Quando a passos largos você se dirigiu a próxima sala, eu me fiz a sombra de lá. Tinha como intuito mostrar a você como a luz é de uma beleza ímpar quando vista através das sombras e como a presença de sombras também afasta a idéia de escuridão, pois as sombras se fazem justamente pela presença de luz. Eu sabia desde quando te refleti da luz que você tinha dentro de você, e como sombra sentia de forma poética (se é que consegui entender de forma completa o significado de uma poesia, das muitas que li) completando-a. Você, ao me ver como sombra demorou um pouco a me reconhecer e quando o fez brincou comigo, iluminando toda a sala, expondo justamente aquela luz que eu sabia que você tinha, sendo apenas você completa, insinuando que a sua luz era tal que poderia eliminar de forma sistemática qualquer sombra que pairasse dúvida sobre isso. Eu então me retirei, para que você fosse unicamente luz, e da sala seguinte pude ouvi-la rir e pular por alguns momentos até adentrar a próxima sala.
Lá eu fui afetado por você de forma diferente. Ao entrar sua luz antes de qualquer coisa me coloriu e eu era todas as cores daquela sala. E eu era tantas e tão vivas ao mesmo tempo que envolvi você, enquanto você se deixava envolver pelo turbilhão multicolor que a cercava. Julguei que o que vi em você naquele momento era o que é denominando de Felicidade e essa sua sensação me dava a capacidade de me multifacetar em cada vez mais cores de forma alternada e cada vez mais rápida, de certo modo talvez até sufocante, mas para mim definitivamente inebriante. O efeito disso em você pra mim foi inesperado, pois aparentemente assustada e com um líquido escorrendo dos olhos (seriam essas as tais “lágrimas” que tanto me causavam curiosidade?) partiu rapidamente para a sala seguinte.
Nesta sala eu me fiz como alguém da sua espécie, um homem cuidadosamente moldado, que a observava como quem observa sua relíquia mais preciosa. Dessa vez vi em você um sentimento que nunca antes havia concebido, mas que provavelmente era o que é definido como desespero. Você me tocou, e eu me senti tão eufórico quanto vi você na sala anterior. Mesmo enquanto você gritava de forma aterradora e, sobre mim me apertava e me tocava em movimentos rápidos e fortes a ponto de começar a desfigurar o que eu havia concebido como um rosto, senti justa e finalmente o que tanto buscava e até cheguei a ter dúvidas sobre a real existência: Prazer. Sim, estou convicto de que o que me percorreu naquele momento e fez eu simplesmente paralizar meus sentidos, com foco apenas no que ocorria em mim era o que é conhecido como prazer. Você, para meu deleite, passou bastante tempo nessa sala, tempo suficiente para destruir toda a minha forma humana. Quando eu estava totalmente deformado e ao mesmo tempo extasiado de um modo inigualável você deixou a sala, com o mesmo semblante de desespero que por ela havia entrado.
Na sala seguinte o que ouvi de você,mesmo tendo um conhecimento respeitável da sua forma de comunicação, foi quase totalmente incompreensível. Pude perceber que você falava muito e entre o que pude distinguir como palavras haviam sons, ora guturais, ora agudíssimos, de alta intensidade e longa duração, que estão além da minha compreensão. Dentre a palavras que entendi, ficou claro que você queria que eu saísse de perto de você, me retirasse da sala e de qualquer outro lugar onde você estivesse (lembro-me claramente da palavra “Prisioneira” e várias inflexões da mesma, mas seu significado é um mistério pra mim). Mesmo você se dirigindo a todos os lugares da sala enquanto falava, tenho dúvidas se você realmente sabia que eu estava lá te observando. Sei que, sedento de poder encontrar mais uma vez o prazer que havia obtido, achei mais prudente obedecer aos seus pedidos o mais rápida e eficientemente possível. Nesta sala afim de que você se sentisse mais tão assustada quanto parecia estar, me fiz todo o ar que a rodeava. Assim nessa condição, me retirei completamente, deixando você só e totalmente livre de qualquer ar, no estado mais silencioso que o vácuo pode proporcionar. Fui para a sala seguinte aguardando a sua chegada, dessa vez sem assumir ou me reagrupar atomicamente de forma nenhuma, sendo como eu sou naturalmente, na minha forma primária.
Há um longo tempo espero você nessa sala, mas parece que você se recusa a sair da sala anterior. Daqui apenas posso ver você deitada de bruços, imóvel desde quando eu me retirei.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Aprendendo com o Tio Allan a parar de fumar

(Cartum do Allan Sieber)

Meu primeiro round tá assim:
Vamos ver como eu me saio nas próximas semanas...



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Impressões


Ah viagens! Nada como uma boa viagem para me revigorar dessa selva tecnocrata que é São Paulo. Acabo de voltar do Rio, e a despeito de dengues e assaltos eu simplesmente adoro a cidade. No Rio as coisas são todas um pouco desorganizadas. Ao contrário de São Paulo em que cada tribo freqüenta uma região diferente, os cariocas se misturam e produzem verdadeiras cenas surreais em suas ruas. Reflexo da própria arquitetura da cidade, com construções modernistas e românticas lado a lado. Florestas dividem espaços com shoppings, montes de pedras com casas, produzindo uma sensação de estranheza à quem não é da cidade. Sensação essa agradável, mas não menos impactante. A despeito da miséria ser bem mais visível no Rio (quem tem medo de pobre?) e infelizmente eu não poder sair sozinho sem atrair muita atenção, sou apaixonado pela atmosfera boêmia e desleixada do lugar. Já pensei mesmo em morar por lá, em conviver com o povo carismático e bem mais aberto que os enrustidos paulistas, mas sei que minhas preocupações não se apartariam ao ver a grande desigualdade que assola a cidade. Enfim, prefiro visitar esporadicamente, experimentando sempre a sensação de estranheza que curto nas viagens que faço. Alguns momentos que valeram boa diversão foram o Funk carioca na Lapa (o tal de Fuck Funk), com entrada de R$1,00 (!), assistir a final de campeonato no Maracanã (com desconhecidos se abraçando e dançando crééééééu para a torcida do Fluminense), visitar a favela da Maré, comer a pizza carioca (e sentir saudades de casa), tomar de assalto a cidade de Conservatória (com cerca de 3000 habitantes) e claro, fazer tudo isso com 140 amigos bebendo cachaça Claudionor...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada na Virada Cultural


Seguindo os sábios conselhos da Carol Marossi (que vai ter uma surpresa no Sábado), vou aproveitar pra falar da Virada Cultural, que acontece nesse fim de semana(26 e 27 de Abril) aqui em São Paulo.
Primeira coisa: Todas as capitais do Brasil deviam ter uma Virada dessa, não é tão difícil de fazer quanto parece e os resultados são bem interessantes do ponto de vista de revitalização do centro da cidade. Tendo em vista que a maioria dos centros das nossas capitais estão próximos do estado de degradação que se encontra o centrão paulistano, é algo que deveria ser pensado, sem contar que do ponto de vista governamental (não se essa é a palavra certa) é uma boa forma de incentivar o turismo interno.
Segunda coisa: A exemplo do que será feito esse ano, seria uma ótima idéia convidar também artistas estrangeiros para participar do evento, claro que considerando que você mantenha o espaço para vários artistas da cena independente paulistana participarem em palcos reservados só para eles.
Agora, antes de um breve roteiro dos shows que eu recomendo e que provavelmente irei ver por lá, não poderia deixar de falar de algumas coisas que vão acontecer e que também valem muito a pena, como o show do Luis Melodia as 18h no Teatro Municipal, Arismar De Espírito Santo no palco do piano, Zé Ramalho na São João e as sessões de cinema no Cine Olido coordenadas pelo Carlos Reichenbach, onde o tema será filmes sobre Vampiras, e aqui meu único protesto: Dentre todos os excelentes filme que ele programou, me entristece muito saber que um dos maiores clássicos do gênero, o filme “Rosas de Sangue” de Roger Vadim não estará na programação.

Agora, o meu roteiro:

As 18h na São João a Deusa Caboverdiana Cesária Évora, a Rainha da Morna.

As 21h no Teatro Municipal Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos executando o disco “Dança das Cabeças”, um dos maiores clássicos da música instrumental do século XX.

0h, minha única dúvida: Assistir grande promessa da música paulistana Andréia Dias ou ver o que será que o Zé Celso Martinez Corrêa aprontará com um PIANO no palco destinado justamente a esse instrumento?

As 3h Maria Alcina. Ela é só a melhor interprete da música “Fio Maravilha” do Jorge Ben. Isso já é mais do suficiente pra ir ver o show dessa extraordinária cantora.

As 8h Záfrica Brasil. Rap de muita, mas muita, mas muita qualidade.

12:30h tem Vasco Faé no Palco de Blues, grande gaitista que já tocou no Blues Etílicos e que faz um Fusion de ótima qualidade, acompanhado na percussão pelo meu parceiro que é o melhor percussionista do ABC: Fabio “Azeitona” Daros (quebra tudo, Azeitona!!!!!)

As 16:15h, vou de Bocato, o grande trombonista. Promessa de Jaaaaaaaaazz!

As 18h pra encerrar... TETÊ TETERETÊ!!!!! Jorge Ben Jor.

E é isso, boa festa pra todos, a gente se tromba no centrão. Mais informações sobre outros shows( e são muitos), horários e locais
aqui no site da Virada.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Quinze Minutos


Quinze minutos é o ápice do mundo contemporâneo. É o tempo necessário para se comunicar tudo a todos. É o tempo da internet, do blog, do programa de televisão. O ritmo acelerado do videoclipe que permeia nosso modo de ser, de falar, de se expressar, de pensar. Imagens aos montes entorpecem a mente dos jovens, causando alegria, êxtase e cansaço numa rapidez gritante, capaz de levar o ser ao vislumbre do nada. Somos a geração MTV. A geração do falar rápido e sem sentido. Do esboçar comportamentos múltiplos em questão de segundos, sem propósito algum. Cansados apenas em assistir televisão. Não nos surpreendemos com mais nada. Não nos causa estranhamento problemas, crises, misérias, solidão. Cultivamos o tempo do minuto, dando importância à estética, ao plástico acima de qualquer outro conteúdo. Nossa formação acaba aos vinte. Faculdades com três diplomas em dois anos. Broadcast até na hora de comer. Falta. Falta satisfação. A falta se transmuta em quantidade. Beijamos e saímos com muitos; entendemos poucos. Trabalhamos sem sentido algum. Trabalhamos para nós mesmos, sem construir algo duradouro. Sociedade com Q.I. de VJ.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada - O que é o amor hoje em dia na música brasileira?


Seria isso?


Zeca Baleiro - Mundo dos negócios

baby vem viver comigo no mundo dos negócios

traz o teu negócio junto ao meu negócio

vamos viver do comércio barato de poemas de amor

baby o que mais importa

a poesia está morta mas juro qua não fui eu

tudo à minha volta são reclames

desejos vãos e sóis

tudo à minha volta são reclames

desejos vãos e só

baby vamos ao cinema a vida é cinema

já vi esse filme sempre o mesmo filme

canções de amor se parecem porque não existe outro amor

("Cidades vertiginosas, edifícios a pique, Torres, pontes, mastros, luzes, fios, apitos, sinais. Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais, As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais, Deus não nos reconhece mais.")


Ou isso?


Luiz Tatit/Dante Ozzetti - Nosso amor


Se falei de você só falei por falar(não tinha mais de quem falar)

Só sonhei com você pois não pude evitar(temos que sonhar)

Se fiquei com você só fiquei por ficar(quem fica fica por ficar)

Se aceitei seu amor aceitei sem pensar(não sei recusar)

Se ainda estou com você inda estou por estar

Nosso amor afinal não tem nada de especial

Não é paixão não é fatal

Não é assim essencial

Nem é só sentimento circunstancial

Não é tanta coisa mas é tão legal!

Infeliz de quem vem até aqui me buscar(quem busca adora rebuscar)

E me vê com você vendo o tempo passar(é só o que verá)

Sem saber se esse amor inda vai decolar(se cola pode decolar)

Eu por mim tudo bem deixo assim como está

Nosso amor se tornou uma história singular

É só calor e se calar é só compor sem cantar

Nosso amor se espreguiça só quer vadiar

Vai passando os dias sem se entediar...

Uma das dúvidas típicas que ficam no ar:

Como que um amor que não quer nada pode continuar?

Nosso amor não cansa de durar

Sempre foi assim sempre será

Não se pode esperar muito disso mas também por que esperar?

Se falei de você só falei por falar(não tinha mais de quem falar)

Se fiquei com você só fiquei por ficar(quem fica fica por ficar)

Infeliz de quem vem até aqui me buscar(quem busca adora rebuscar)

Sem saber se esse amor inda vai decolar(se cola pode decolar)


Ou talvez isso?


Paulinho Moska - Do amor


Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor. Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amoré um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?

Minha resposta? O amor é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.




Olha, eu não sei resposta não... vocês que dêem as suas.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Micro Terça Mochilão

Uma Charge Vale Mais do Que Mil Palavras!!!



Taí a minha opinião sobre os protestos pela libertação do Tibete que vêm acontecendo durante a passagem da tocha olímpica pelo mundo.

Idas e Vindas

Aviso aos leitores!!!

-O nosso querido Elton-Garotinho-Avon está entrando em recesso por tempo indeterminado devido a questões particulares e a nossa Segunda-Avon passará por algumas reformulações em decorrência disso.
- Em compensação, a Terça-Mochilão da Carol "Eu quero o meu guaraná Jesus!" Marossi está voltando logo logo...aguardem e verão..

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Confusão Público X Privado – O Caso UNB

E não é que a USP criou moda com a invasão de reitorias! Pois é, agora a UNB (Universidade de Brasília) é quem usa desse artifício para conquistar suas reivindicações. Eu confesso que, no inicio, fui contra a ocupação da mesma. Mas Ministro, o senhor não foi a favor da ocupação na USP? Por que foi contra à da UNB? É, acontece que a ocupação da reitoria na USP foi feita por questões internas à universidade. A luta era por melhores moradias, comida e reformas nos prédios de algumas faculdades. Em Brasília o problema era outro. O pedido de renuncia do reitor Timothy Mullholand envolve um escândalo de corrupção e mau uso do dinheiro público. Ou seja, os protestos não deveriam limitar-se ao espaço da UNB, porque não foi ela a única lesada. Greves e manifestações em toda cidade (como passeatas, por exemplo) seriam bem mais interessantes a meu ver. Mas tudo bem, os alunos da UNB acabaram reivindicando algo interno à instituição apenas (o uso do dinheiro para construção e reforma de moradia estudantil), o que por um lado legitimaria a invasão da reitoria, mas por outro afastaria a mesma universidade de uma participação mais ativa da sociedade em geral. Dessa forma presenciamos em Brasília os mesmos problemas que as universidades públicas de São Paulo enfrentam: falta de reconhecimento dos cidadãos sobre a importância e a necessidade de defenderem um patrimônio e instituição pública capaz de oferecer serviços de excelência a eles. Esse processo de não identificação da universidade com a sociedade a sua volta acaba por prejudicar em muito a legitimação dos atos em prol da luta por melhorias, ou por questões de corrupção mesmo, afinal a população além de não saber o que ocorre lá dentro, sequer consegue acesso à universidade. A chance que a UNB teve de usar um problema mais amplo (o uso de dinheiro público) para agregar seu espaço com a população de Brasília foi descartado, preferindo-se somente envolver órgãos e instituições ligados a atividade intelectual da mesma. É uma pena que uma oportunidade dessas acabou sendo deixada de lado. Agora resta ver se, através de suas forças internas apenas, a universidade conseguirá seus intentos (voltados somente a ela).

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada

O básico da MPB VII – Caetano veloso





Transa -1972



O melhor disco que o Caetano já lançou. SÓ ISSO. O que possibilitou isso foram vários fatores: O sujeito homem estava exilado em Londres e tinha que ganhar dinheiro ou seja, tinha que fazer uma coisa boa. Estando em Londres também tinha acesso a muitas outras influencias de forma mais completa, além de ter Jards Macalé como produtor e arranjador do disco. A referencia que ele faz a “The Long Way Winding Road” dos Beatles na faixa “It’s a Long Way” é antológica. Apesar da maior parte das músicas serem em inglês, destaco a faixa “Triste Bahia”, onde o compositor musicou um poema de Gregório de Mattos com extrema felicidade. Os improvisos que se seguem nessa faixa e em outras faixas do disco também podem ser considerados de certa forma inovadores, pois fazem uma comunhão do improviso aqui já tradicional do jazz com a tradição das festas nordestinas, onde um determinado cantador improvisa um mote sobre um determinado gênero ou sobre o mesmo rítmo desfia várias cantigas folclóricas diferentes, imputando na improvisação algo novo, pelo menos para os gringos. Esse é uma disco para ser ouvido com calma e várias vezes, pela sua riqueza em detalhes, além de importancia que ele tem na própria formação do Caetano, pois a partir daí ele passa a gravar os violões em suas músicas, o que ele não fazia antes do exílio, pois como não era considerado um bom instrumentista pelo produtores brasileiros e não tocava violão de uma forma tradicional. O título do disco é uma resposta irônica aos militares que, ao permitirem que Caetano viesse ao Brasil em 1971 para assistir a festa de 40 de casamento dos seus pais, pediram que ele compusesse uma música em homenagem a rodovia Transamazônica, que estava sendo construída. Básico porque a música brasileira de hoje é 60% Caetano Veloso (raríssimos os artistas que não tenham sido influenciados por ele) e “Transa” é 90% do que Caetano se tornaria nos anos 70 e 80 do século XX.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Tucano canta de galo, e põe fogo no ninho

Ao declarar que teve acesso a cópia do dossiê e que fora uma das fontes da revista Veja, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) fez “um gol contra”, como lamentou editorial do Estadão. A oposição colocava o governo nas cordas, FHC exigia a demissão de quem o teria produzido e eis que Álvaro Dias tenta cantar de galo e acaba favorecendo a argumentação do governo de que haveria um complô. Um bom resumo da história toda e das implicações do caso está no site da Carta Capital.
“Existe relação entre a ministra e o vazamento das informações? A Folha de S.Paulo de sexta-feira 28 de março afirmou em manchete que o braço direito de Dilma, Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, teria sido a responsável pelo suposto dossiê, mas não apresentou nenhuma prova contra a funcionária. E, por último, o mais relevante: quem pinçou as informações sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher, dona Ruth, do banco de dados da Casa Civil? Ou seja, se existe um dossiê, quem o fabricou?”
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=594
A questão é saber se houve vazamento de informação ou espionagem. Não sou especialista em área criminal, mas pelo que li o responsável pela divulgação dos dados sigilosos pode pegar de 1 a 4 anos de prisão. Carol, Julia?

Acabou-se o que era doce

Ontem a Folha publicou a última coluna de Mário Magalhães como ombudsman do jornal. O relato de sua saída é belíssimo e expõe os dilemas por que passam uma publicação que expõe a crítica que faz a si mesmo. O contrato com ele poderia ser renovado por mais um ano, mas a Folha condicionou sua permanência ao fim da exposição da crítica diária na Internet, ao que o jornalista foi contra. A coluna dominical do ombudsman permanece, mas a Folha retrocede ao impedir o acesso dos leitores à crítica diária.
O observatório da imprensa comentou
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={2446BA0E-8D1F-4383-B3DA-8FDFDCEC3D87}
Em minha humilde opinião (se é que ela tem alguma importância), o Mario Magalhães fez um bom trabalho.
Contudo, com o Conversa-Afiada fora do ar, o blog do Mino desativado e agora essa da Folha, a idéia de que a Internet é um “meio democrático” deve ser bastante relativizada.

domingo, 6 de abril de 2008

A curva da praça: proposição do novo

(para ver, clique na imagem)

Pessoal, divulgação do evento que vai acontecer na praça floriano peixoto no próximo sábado.
Participação especial do Tio Vinix e percurssão, apresentação de índios da barragem e morro da saudade, artesanato hippie, som, poesia, carlos galdino, rui mascarenhas, monólogos em cena e possibilidades...

por favor divulguem e compareçam, a praça não é longe, só pegar o Terminal Santo Amaro e em 25 minutos chegar (sábado sem trânsito): longe é o ato de não tocar na mão de um cachaceiro com uma faca na mão.

artes, ou o espetáculo com sangue diário?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Esfinge da Universidade Pública

Eu até que ia adorar falar das revoltas na Argentina onde a população pobre é feita de massa de manobra para garantir que a lucratividade dos grandes ruralistas não seja comida pelo governo, mas nosso querido Elton acabou por fazer um post muito esclarecedor a meu ver, capaz de incitar o pensamento dos mais críticos a tirarem suas próprias conclusões. Também poderia fazer uma boa postagem sobre o escândalo do “dossiê FHC” no governo, mas quer saber? Dane-se. Todos sabemos no que vai dar isso tudo, que ninguém vai ser investigado porcaria nenhuma, e que até 2010 muitas águas vão rolar trazendo à tona novas denuncias e revelando alguns “aloprados” no processo político brasileiro. Preferi falar de uma noticia recente que saiu num jornalzinho pouco lido fora da cúpula uspiana – O Jornal do Campus.
A parte da reitoria responsável pelo cuidado com os cursos de graduação da USP publicou as estatísticas referentes ao desempenho dos alunos ingressantes no ano de 2007. Dentre algumas surpresas, o que foi revelado é que os alunos de graduação dos cursos de Humanidades são os que tiram as melhores notas e apresentam os melhores desempenhos lá dentro. É pessoal, aqueles caras cabeludos, fedidos e maconheiros dos cursos de Humanas são os que mais conseguem notas altas na maior universidade do país. Mas não é esse o ponto que mais me chamou atenção. O que vale a pena destacar nas tais estatísticas é o índice de desempenho acadêmico apresentados pelos alunos provenientes das escolas públicas que foram beneficiados pelo chamado “Inclusp”, um programa que concede bônus à nota do vestibular do candidato proveniente dessas instituições. E adivinhem? Sim, o rendimento deles foi maior do que os estudantes que não receberam o bônus! Mas Ministro, que diabos isso significa, além de mostrar que eles estudaram mais que os outros? Significa que os alunos que não passariam no vestibular sem o bônus não são incapazes de freqüentar a Universidade Pública. Em outras palavras, o vestibular não se mostra como alternativa válida para medir a capacidade de alguém de freqüentar ou não uma faculdade. Ele não serve nem como questão de medir mérito (a tal da meritocracia que os defensores do exame tanto pregam), afinal as estatísticas mostram exatamente que, mesmo advindos de um ensino inferior, esses alunos possuem mais mérito (em notas) na Universidade do que os demais. Sendo mais explicito ainda, vestibular serve para barrar pobre e negro, afinal eles podem até ter mais mérito, mas mesmo assim não conseguirão entrar. Esperava-se, contudo, que a pesquisa fomentasse uma visão critica da pró-reitoria de graduação da USP à respeito da Fuvest. Ledo engano senhores. As palavras do órgão negam a contradição do vestibular na seguinte frase: “elas reforçam a idéia de que os que ingressaram pelo Inclusp têm tanto mérito acadêmico quanto os demais”. Então eu pergunto, se eles possuem o mesmo mérito, porque precisaram do tal bônus?

Frase do dia: "O Brasi não é para principiantes" - Tom Jobim

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Quarta-meia entrada: recomendações

Como o Tio está sem acesso a computador, aqui vão algumas dicas que ele pediu para colocar no blog:

Da mostra de documentários É Tudo Verdade, recomendamos Tirando o Capuz, que trata de crimes de tortura cometidos pelos EUA, no bojo da "Guerra ao Terror", e Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei - que aborda a história da ascensão e queda de Wilson Simonal (que era muito melhor do que o filho, o Simoninha).
http://www.itsalltrue.com.br/2008/

E hoje à noite, na TV Cultura, vai ao ar um show histórico de Itamar Assumpção, devidamente acompanhado de sua banda Isca de Polícia. Gravado em 1983, é uma rara oportunidade de assistirmos ao Nego Dito na TV e percebermos por que ele é considerado um dos ícones da música independente no Brasil. Morreu praticamente no anonimato.

20h00 - Programa Repertório Popular - TV Cultura

terça-feira, 1 de abril de 2008

Ausência – Terça-Mochilão com toque de Segunda-Avon

Devido a compromissos com o Judiciário- fui convocado para ser jurado- e pessoais –burocracia universitária e pesquisa na biblioteca da Eca, que não abre as sábados- a coluna não foi ao ar ontem. Mas hoje ela vem com um toque de terça-mochilão, para relembrar um pouco nossa querida Carol Marossi.

A Bola da Vez

Conforme antecipado por esta coluna (huahuahua), Dilma Roussef está no olho do furação. No dia em que saiu o laudo sobre a cratera do Metrô diagnosticando que o acidente foi uma “fatalidade”, preferiu-se dar destaque ao dossiê do “braço direito de Dilma”.

Entretanto, do ombudsman da Folha, domingo:
“O vazamento das 13 páginas pode ter sido obra de petistas, aloprados ou não? Pode. Em 2006, com a reeleição de Lula nas mãos, a ambição de ganhar também o pleito paulista produziu o escândalo que contribuiu para empurrar a eleição presidencial ao segundo turno.
As 13 páginas também podem ter sido obra de quem queria desgastar o governo e reanimar a CPI dos Cartões. Ou, mais especificamente, ferir a ministra Dilma, que está longe de ser a candidata preferida do PT e de setores do Planalto para 2010.”

E do blog do Nassif:
“Tanto na matéria da Folha quanto da Veja, não havia uma indicação nem de onde veio o tal dossiê, nem quem foi chantageado por ele. E essa ausência absoluta de informações acende a luz amarela em qualquer jornalista com experiência em reportagem investigativa.”

Piquetes, panelaços e a Recoleta na rua.

Considerações sobre a cobertura do panelaço contra Cristina Kirchner.

O Pagina 12 chamou de lockout, deu destaque ao pronunciamento de Cristina Kirchner, viu um caráter classista no movimento, encabeçado pelos grandes proprietários de terra, que estariam utilizando os pequenos e médios de testas-de-ferro. Reforça a sensação de uma orquestração pelo alto a adesão da zona norte de Buenos Aires, com destaque para o bairro nobre da Recoleta.

http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-101318-2008-03-26.html

Destacou a opinião de Mario Weinfeld, que, apesar de algumas ressalvas, apoiou Crsistina Kirchner.
“Así las cosas, en la lectura de este cronista, en su sesgo general, el Gobierno tiene razón en defender las líneas maestras de su política económica que fue convalidada por un margen amplio en las elecciones de octubre pasado.” http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/subnotas/101318-31920-2008-03-26.html

O La Nación priorizou o ponto de vista dos ruralistas, o apoio espontâneo que receberam e nomeou o movimento de a “maior greve do campo”. Em editorial, apesar de condenar os métodos dos ruralistas, jogou a culpa no “Estado voraz e insaciable, que hace pagar al campo el costo de sus arbitrariedades.”

http://www.lanacion.com.ar/EdicionImpresa/politica/nota.asp?nota_id=998754&pid=4181155&toi=5800&pid=4181155&toi=5800

O Clarín destacou o “apoio da cidade ao campo” e o “Panelaço após duro discurso de Kirchner.” E descreveu os confrontos na Praça de Maio entre “piqueteros oficialistas” e “manifestantes.” Destaque para Elisa Carrió, que responsabilizou Cristina e sua fala “violenta.”
http://www.clarin.com/diario/2008/03/26/index_ei.html
Não dá pra entender a Carrió, se ela é de esquerda por que condena a fala de Cristina, que criticou justamente o comportamento dos proprietários?

No Brasil, a Folha foi na mesma toada: “Discurso de Cristina inflama greve.”

A BBC falou em “greve dos agricultores” [farmer’s strike] e dos protestos de manifestantes que, logo após a fala de Cristina Kirchner, foram às ruas contra a Presidente.
Na página principal, não deu nenhuma linha sobre os piqueteiros favoráveis às medidas.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7314067.stm
Só na BBC Brasil.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080325_argentinaprotestos_mc_ac.shtml

Já o UOL priorizou a pancadaria:
"Panelaço" provoca confronto entre partidários e opositores de Kirchner.
E, seguindo o La Nación, classificou o movimento ruralista de greve.
http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/03/26/ult35u58845.jhtm

Segundo o El País, os “Ecos de um panelaço histórico” resultaram numa busca desenfreada da população por carne e leite, o risco iminente de desabastecimento e o “apoio massivo” [multitudinario respaldo] de todo o país aos ruralistas.
http://www.elpais.com/articulo/internacional/Buenos/Aires/amanece/carne/eco/cacerolazos/elppgl/20080326elpepuint_13/Tes

O ombudsman da Folha foi certeiro:
“Que eu saiba, greve de empresário tem outro nome, locaute.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ombudsman/criticadiaria/ult10000u386025.shtml

E Celso Ming, no Estadão de 27/03/08, também classificou de locaute e relembrou a tática histórica do empresariado latino-americano de promover paralisações como estratégia de desestabilizar governos, como no caso de Salvador Allende. Entretanto, Ming diz que não é esse o caso. Como diz o Leandro, a primeira atitude é negar.

E a correspondente da Folha em Buenos Aires, depois do puxão de orelha do ombudsman, na edição seguinte passou a classificar movimento dos ruralistas de locaute.

Conclusão, infelizmente não temos um jornal como Página 12 no Brasil.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Sexta Literária e as questões da educação brasileira...

Esse negócio de tratar aluno como freguês na educação pública não deveria existir. Estou cada vez mais convicto de que aluno deve ser tratado como aluno. A fábrica de freguês começa em casa, quando a família ao colocar a criança na escola acha que está fazendo uso de uma instituição que deve resolver os problemas da educação de seu filho. Se pensarmos seriamente que a criança absorve o mundo que está a sua volta, chegamos a conclusão que a criança absorve a modernidade sem compreendê-la. Pior de tudo, a criança e adolescente aceita a modernidade a partir da forma de vida dos pais. Quantas vezes não escutamos a frase: "Ai senhora diretora não aguento mais meu filho, não sei mais o que fazer com ele." Realmente uma frase assustadora. Algumas pessoas não compreendem que gerar um filho é acompanhá-lo até o fim da vida deste. O monitoramento deve haver a todo tempo e com ele os puxões de orelha enquanto há tempo. As noções de certo e errado mais sedutoras serão absorvidas pela criança. Se o microcosmo familiar não estiver a par dessas propostas sedutoras que o mundo oferece e não criar estratégias para debatê-las quando a criança vier com esses questionamentos, os pais não terão armas para transformar as crianças em seus verdadeiros filhos, ocorrerá uma perda de referências da criança que se sentirá perdida, sendo potencializadora da rebeldia da modernidade. O rebelde de hoje, não é o rebelde de ontem. O rebelde da modernidade é aquele que algumas vezes tem as referências em casa, mas que nunca foi contestado por uma mãe ou por um pai. A omissão é a maior fábrica de pequenos rebeldes, pequenos desgovernados.
O modelo de escola não existe mais. As instituições não existem. A proposta deveria rodar em torno de aulas com maior duração, o professor teria tempo de ser mais humano, tempo de aproximar-se dos questionamentos dos alunos, ouvir cada aluno e organizar a sala de aula da maneira mais interessante para aprendizagem daqueles ocorrer. As diretorias de ensino deverião apresentar projetos pedagógicos constantes às escolas e não simplesmente achar que abandonar o giz e a louza, vai resolver todos os problemas.
Estou cada vez mais convicto após algumas aulas na licenciatura e algumas experiências em sala de aula com ensino fundamental de que o aluno deveria retornar ao seu lugar de aluno e professor deveria ocupar novamente o seu lugar de professor e não simplesmente abrir mão. Pedagogia do amor? Só se for a nós mesmos, amor a nossa posição de professor e amor por realizar uma aula com energia que essa merece. Agora, um a pergunta que não quer calar: Um professor aguenta exercer o seu real papel de professor durante 30 aulas semanais? Nem o mais bem intencionado deles. Não há energia suficiente. Não há vontade por parte dos governos a incentivarem o professor a ter energia por 30 aulas semanais e enfrentar sozinho a modernidade carregada nos alunos. Hormônios a flor da pele, a educação pública e a modernidade sem instituições devem dialogar com grupos de pensadores, professores bem intencionados e não em separado de maneira asquerosa na câmara dos vereadores ou em algum órgão do gênero.

Levanta por favor e movimenta sua carteira um pouco mais pra frente? Ah meu, que saco. Que saco o quê? Se você soubesse mais sobre essas questões da educação não ficaria falando assim comigo. Falaria sim professor...falaria sim professor, eu sei que a educação é uma merda mesmo. Olha a boca menino, olha a boca menino. Eu que mando nela professor. Ainda bem eu não queria mandar na sua falta de educação e vem mais pra frente com essa carteira antes que eu te dê uma advertência. Advertência professor? Num pega nada não e me deixa de boa aqui onde estou ó. Tá bom então fica de boa, quer que eu traga para você umas fritas? Não professor obrigado mesmo. Uma soda? Uma tubaína? Uma cerveja? Ô professor endoidou? Eu sou de menor ainda, se minha mãe sabe que eu bebo, cheiro um lança e fumo todas ela me mata. Conta pra ela da melhor maneira possível, ela vai te amar pro resto da vida. É mesmo professor, você tem razão, minha mãe me ama, mas não conto nada não. Quer que eu traga um banco para você apoiar os pés? Não professor valeu mesmo em sangue bom, valeu mesmo...Não precisa me tratar que nem marajá que aí você me ofende, dá sua aula mano...dá sua aula. O verbo transitivo é aquele que transita pela frase. Transar professor? Ih...to querendo comer todas, tô querendo, lá no pancadão é tudo nosso qualquer dia te convido profressor...te convido pros rolês você vai curtir meus camaradas, to pra dizer que você é gente boa professor, mas não me muda de lugar não.

Ouvindo Moraes Moreira e Paulinho da Viola saiu o texto acima.

(silêncio e reflexão).

quinta-feira, 27 de março de 2008

Le Transit


Ah São Paulo ! Terra da Garoa! Terra da garoa? Depois desse aquecimento global e de bons invernos sem chuva, essa cidade virou mesmo terra do congestionamento. Aproveitemos então que estamos no começo do outono, com chuvinhas amenas para refrescar e transformar a cidade em mais um caos viário. Enquanto grandes cidades no mundo civilizado (descartem Nova Iorque e essas cidadelas americanas) fazem seus exemplos de contenção aos carros, nós, brasileiros apaixonados, cultuamos o deus carro e pensamos em meios de continuar reverenciando a fumaça diária e melhorar o trajeto urbano. Paris, Londres, Berlin e até mesmo Bogotá já possuem incentivos à prática da bicicleta, e algumas até instituíram o pedágio urbano, o bixo papão dos brasileiros. Eu, inocente que sou, fiquei pasmo ao ouvir a Rádio Eldorado conversando com os nobres moradores da zona Sul, tentando expor meios de fazer o privilegiado deixar seu carro com ar condicionado em casa e utilizar um transporte público. A proposta dos moradores? Simples! Criar um transporte por vans, com assentos anti-liquido (sem brincadeira!), ar condicionado e com um preço mais elevado para que o pobre não se utilize dele. Perfeito! Afinal, por que raios os ricos tem que se misturar com os demais? Já moram em “ilhas condomínicas” que os impedem de ver a desgraça lá fora (ou impede a desgraça de entrar), poderiam ao menos saírem em vans, conversarem entre si e ter um motorista particular que os leve para o trabalho e de volta às suas casas. E sabe do que mais? Os esclarecidos da classe média apóiam. Acham que é necessário criar um incentivo ao rico que compense-o a deixar o conforto de seu carro. Incentivo quem tem que ter é o pobre! Que já sofre todos os dias com ônibus lotado e trabalha para sustentar essa elite medíocre. Mas o pior de tudo é ver a luta da classe media em conquistar seu espaço nas ruas de São Paulo. Sonho maior é comprar um carro e pegar transito. É ficar parado respirando gás carbônico enquanto olha para o lado e sente pena das pessoas em pé no ônibus. Até quando a inerte população agüentara isso? Os paulistas, tão orgulhosos de sua cidade, continuarão felizes por morarem com a qualidade de vida que lhes é devida, desde que tenham seus carros para brincar.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quarta Meia Entrada – O Império do Caos


Pobre Paul Haggis, o diretor mais subestimado dos últimos tempos... Desde que ele levou o MERECIDÍSSIMO Oscar por “Crash” sobrepujando o incensado “Segredo de Brokeback Mountain”, o cara é rotineiramente mal dito pela crítica especializada, tudo porque o cinema político venceu o cinema novelão do Ang Lee (a Janeth Clair de Hollywood). Pois essa semana tive a chance de ver o Haggis ratificando a condição de um dos melhores cineastas da atualidade com um dos melhores filmes que eu assisti esse ano: “No Vale das Sombras”. Ninguém até agora conseguiu mostrar o estado de caos que os estadunidenses criaram no Iraque e no no próprio império com a gananciosa invasão promovida as custas da manutenção do “jeito americano de viver” como Haggis mostra nesse filme, ao nos contar a história de um ex-sargento que vai atrás do seu filho que, ao voltar do Iraque desaparece. As crenças patriotas arraigadas do sargento interpretado por Tommy Lee Jones vão aos poucos se diluindo na estupidez de uma guerra que não existe, na sua própria estupidez militar e no soterramento de meninos que vão ao Iraque condicionados a serem heróis e não conseguem entender porque são os inevitáveis vilões, consequentemente retornando (quando a justiça não é feita pelas vítimas invadidas) como monstros para si próprios e para quem estiver ao seu redor. Mesmo quando eu pensava que o filme ganharia contornos ufanistas do tipo “somos legais mas estamos mal orientados”, Haggis consegue mostrar que a esfera do caos militar estadunidense se estende facilmente até a polícia civíl, que tem a mesma postura condicionada dos soldados do exército, só que voltados aos trâmites burocráticos e aos inevitáveis machismos e racismos que são a quintessência do império. A cena final do filme é emblemática e precisa. Há de se valorizar também a grande atuação de Tommy Lee Jones e o trabalho de edição preciso, sem grandes invenções, preservando a técnica de forma a arredondar o roteiro com maestria. Para ver e pensar.

terça-feira, 25 de março de 2008

Nota

Morreu hoje o jornalista Sergio de Souza, um dos fundadores da revista Caros Amigos.
Menos uma boa opção para quem queria aprender a ser um jornalista sério.

Justificativa

Me desculpem a falha da semana passada. Tive meu acesso a computadores drásticamente reduzido devido a equação músicocrítico trabalhando com contabilidade+corte na empresa= Tio desempregado.
Espero poder compensar nessa semana.

O básico Da MPB VI

Tom Jobim (a escolha do freguês)



Lembra o vendedor meninão da FNAC? Imagina você, jovem desbravador da misteriosa MPB juntando uma grana, juntando mais um pouco, mais um pouco... Aí você chega lá na loja e fala pro vendedor: “TEM TOM JOBIM?”, o cara vai olhar pra sua cara com a mesma cara que olhou lá quando você foi lá perguntar de MPP e talz... E vai voltar com uns 15 Cds e um sorriso maroto(tipo pagodeiro mesmo). Aí sabe o que você diz pra ele? “LEVO TUDO!!!”. E sabe por que? Porque Tom Jobim é que nem o Evair batendo batendo penalti: Não tem erro. Tudo, absolutamente tudo o que o Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (aprendeu mais essa boy?) gravou é bom, é mais que bom, é do caralho, é a música roçando a perfeição. Pra ninguém falar que eu sou ruim eu deixo a minha dica de disco preferido (vai que você está desempregado que nem eu e aí pra só dá pra juntar sorriso amarelo...), que é “Passarim” de 1987, uma aula de música pra qualquer ouvido.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Liberdade de imprensa pra quem?

O conversa-afiada acabou. Ou melhor, acabaram com ele. O site estava hospedado no IG e Mino Carta, em solidariedade ao amigo Paulo Henrique Amorim, “pediu pra sair.” Depois da batalha judicial entre a Abril e Nassif, esse é mais um tiro em nossa liberdade de imprensa.

Cops

No Brasil Urgente de sexta-feira, foi ao ar mais uma ação policial. O bandido se encontrava na favela Funchal, devidamente cercada. O local era descrito como “verdadeira fortaleza”, onde foram encontrados “armas e dinheiro.” Nas imagens, um 38 carregado e, até onde consegui contar, uns R$ 200,00. O ápice, o “estouro” da fortaleza, quando, devido à câmera, temos a sensação de estarmos juntos dos policiais na hora, completa-se com a visão do bandido já de joelhos e algemado.
Queria saber uma coisa: a luz da câmera não atrapalha ou todas elas possuem qualidade suficiente para captar imagens no escuro?
Por que não fazem reportagens iguais de uma ação da Polícia Federal contra sonegadores, criminosos de colarinho branco ou contrabandistas? Já imaginou as cenas da Polícia Federal entrando na Daslu? Ou os home com as quadrada na cara do Lalau, socando ele no camburão e dando tapa na cara dele – vai logo, vagabundo! Dá pra comparar os R$ 200,00 de um bandido da favela Funchal com os R$ 169.500.000,00 (quanto zero!) que foram desviados na construção do TRT?

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sexta crítica e literalmente literária

Um texto curto conectando as idéias do filósofo da modernidade Zygmunt Bauman, acho que saiu um texto com caráter literário que será publicado no meu novo Zine-Mentolado, portanto abro mão dos comentários sobre o texto Identidade do filósofo em questão:

“O desenvolvimento das habilidades do consumidor talvez seja o único exemplo bem-sucedido da tal ‘educação continuada’ que teóricos da educação e aqueles que a utilizam na prática defendem atualmente.” (Zygmunt Bauman)

Propagando a modernidade

O mundo em caos. Escola em crise, abalada e líquida. Amor líquido. Igreja liquidada. Televisão em liquidação e eu que compro. O Carpe diem torna-se a melhor saída. Surfar sobre as ondas fluidas da liquidez é mais raso não pense na identidade coesa. Bóie nessa onda. Não há regras. Não há chances. Não há estruturas rígidas. Tudo passa e eu descarto você que descarta eu que descarto minha crise e fico bem. A auto-afirmação é a arma do negócio assim como a propaganda. O “presente” não compromete o “futuro”. Não há futuro. Eu temo a vitória e a derrota. Amor de orkut é a nova onda. É créu, vai rebola. A nova mensagem de voz no celular me aquece. Eu me esqueço. Sou desamparado. Não há Deus, pai, mãe, escola e nem eu existo. Você não existe como eu e vivemos com crédito liberado para usufruirmos do delivery de uma magazine líquida na qual você pode, compra e aceita tudo, aproveita.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Quarta-meia entrada meio sexta-literária: Antecipada

Kadu Ayala (toca kaduuuuu) se apresenta quarta-feira, dia 19/03, na Livraria da Vila, às 19h00. Amigo da turma aqui do tanta, Kadu participa do evento Mesa para Oito, que terá a presença dos poetas Frederico Barbosa e Fabricio Carpinejar, dentre outros.
http://www.livrariadavila.com.br/site/eventos/eventos.php
Rua Fradique Coutinho, 915.

Deve ser culpa de sagitário

De acordo com a pesquisa Focus, que o BC realiza com o (Walter) mercado, ou seja, analistas financeiros, o crescimento do PIB ficaria em 3,5%. Acabou ficando em 5,4%. Uma diferença de quase dois pontos percentuais, o que, para nossos padrões, é gritante. Não sei como fazem esses cálculos, mas a quantidade de variáveis implícitas deve ser o suficiente para desautorizar muitas projeções. Uma delas, e a mais imponderável, é a política. Mas desde que os economistas tentaram reduzir sua disciplina a cálculos matemáticos, uma quantidade imensa de Mães-Dinah impõe uma pauta, apresentando um futuro que está em suas cabeças, muitas vezes descoladas da realidade. Afinal, não é a matemática a ciência mais abstrata que existe?... Muito mais importante é se perguntar, por exemplo, por que o feijão está tão caro. R$ 6,00 o quilo é um absurdo para um item básico no prato do brasileiro. É quase o mesmo preço de 5 kg de arroz. Só que a imprensa prefere ir atrás do “mercado”, que, assim como o Walter, faz das suas mandraquices. Chute djá!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quarta MeiaEntrada - Pérolas Escondidas




Não sou muito de confiar em filmes que nem passam pelo cinema e chegam direto em DVD. A maioria desses filmes costumam ser as produções “B” do cinema estadunidense que foram um fracasso por lá e que não conseguiram então notoriedade para passar nas telonas por aqui. Mas logicamente existem excessões e uma delas é o filme “Terra de Ninguém” (Land of Blind) que eu tive a oportunidade de assistir semana passada. O filme é uma crítica pesada ao poder, aos modos do poder e a como nós vemos quem está no poder, numa história que conta como um guarda de uma penitenciária de um país fictício é aos poucos doutrinado por uma preso político de esquerda e o ajuda a dar o golpe no comandante daquele país. Mais importante são os dobramentos desse golpe com o intelectual de esquerda no poder e o ex-guarda, que paga o preço por ter estudado mais do que apenas a doutrina formadora e por consequencia se opor a qualquer forma de autoritarismo vigente. E nós sabemos muito bem que uma ditadura de direita é tão cruel quanto uma ditadura de esquerda, afinal vivemos em uma. As referencias diretas a Ditadura dos Estados Unidos, a ditadura Soviética e ao assassinato de Marat são bem interessantes de se observar. Recomendo, apesar de ter me deixado um tanto pessimista.
Outro filme que eu assisti essa semana foi “Mandando Bala” (Shoot 'Em Up), um filme muito mal interpretado pela crítica, afinal meu, aquilo é uma sátira!!! E hilária... algumas cenas são claras provocações aos filmes de ação de hoje em dia, como o Clive Owen matando um cara com uma CENOURA e atirando SEM ARMA (essa é sensacional, só assistindo pra entender e acreditar). No fim das contas me diverti muito com esse filme e não o descarto. Taí uma boa dica pra quiser dar umas boas risadas num tarde chuvosa de Sábado. Esse até passou no cinema, mas não teve uma desempenho muito bom... Sei lá porque...


Olha o Clive Owen e sua inseparável Cenoura...

Quarta Meia-Entrada: Nas ondas do rádio

Já que ninguém escreve nessa bodega mais, vamos lá...

Como o Tio colocou um disco do Paulinho da Viola no básico da MPB, recomendo a série que o programa Olhar Brasileiro, da Rádio USP, está apresentando sobre o sambista. O programa vai ao ar aos domingos, das 10h00 às 11h00 e está disponível na Internet http://www.radio.usp.br/programa.php?id=37&edicao=080302

Falando em rádio, os amantes do violão têm obrigação de ouvir o programa Violão, apresentado por Fabio Zanon, na Rádio Cultura FM. Programa único no rádio brasileiro, aborda a história do instrumento, técnicas de fabrico, os diferentes intérpretes e compositores, com destaque para a música de concerto. Além de ser extremamente didático, Fabio Zanon é um dos melhores violonistas brasileiros hoje em atividade. Aproveitando para cutucar os que defendem o diploma de jornalismo para exercer a profissão, não conheço nenhum jornalista que apresentasse o programa melhor do que o Zanon. Ele comenta desde a madeira com que é feito o instrumento até a qualidade do intérprete, analisando, por exemplo, se o ataque é bem feito, passando, é claro, pela dificuldade e beleza das peças. O Brasil tem uma tradição de ótimos violonistas (Turíbio Santos, Raphael Rabello, Baden Powell, Egberto Gismonti, Yamandú Costa, Duo Assad, Duo Abreu, Duofel, Quaternaglia, só pra ficar nos mais famosos) que o grande público infelizmente desconhece. O programa vai ao ar aos domingos, às 13h00, com reprise às quartas, às 20h00. Só é uma pena que a Cultura FM não disponibilize seus programas na Internet.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Guerra no ar

- Não colou a alegação de Álavro Uribe de que a Colômbia reagiu a um ataque das Farc e falta provar que a guerrilha possuía intenções claras de comprar urânio.

- A tentativa de classificar as Farc de terrorista atendem ao desejo dos EUA e da União Européia e, de quebra, condena Hugo Chávez, pois possuiria ligações com os “terroristas”.

- Problema: se Chávez possuía ligações com os terroristas, Sarkozy também, pois, junto com Espanha e Venezuela, o governo francês estava fortemente empenhado em negociar a libertação da cidadã franco-colombiana Ingrid Betancourt. Sarkozy inclusive se propôs a ir à fronteira Colombiana.

- Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, considera as Farc terrorista e acusa os jornais brasileiros de capitularem diante da autodenominada guerrilha colombiana.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=474JDB014

- O tema é impossível de ser abordado num blog, pois não há consenso em relação a o que é “terrorismo”, no fundo, se trata, como quase tudo, de uma questão política.

- A melhor análise feita por jornalistas até agora é a de Jânio de Freitas, para quem Uribe acabou com as negociações envolvendo Ingrid Betancourt, pois sabia que Raúl Reyes, o intermediário das Farc, estava no acampamento bombardeado. “A decisão repentina de acabar com o acampamento por bombardeio só pode ser atribuída à informação de que lá estava o guerrilheiro negociador. Uribe, agora desejoso do terceiro mandato, prometeu que acabaria com as Farc. Não por negociações.(...) As bombas caíram sobre o processo de liberação de seqüestrados.” Folha de S.Paulo, 4/03/08.

CNN racista e resquícios do colonialismo

Manchete no site da CNN: “Zimbábwe: Negros controlarão empresas”
Lei aprovada Robert Mugabe diz que as empresas no país deverão ter 51% do controle em mãos de cidadãos locais.
http://edition.cnn.com/2008/WORLD/africa/03/10/zimbabwe/index.html

Também no Guardian
http://www.guardian.co.uk/feedarticle?id=7370571

E na BBC
http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7286513.stm

e num jornal de Zimbábwe
http://www.talkzimbabwe.com/news/117/ARTICLE/1837/2008-03-10.html

Ao dia da mulher

Aposto uma paçoca e uma mariola do Tio que a próxima vítima da grande imprensa será Dilma Roussef. Por quê? Porque é a melhor ministra da história recente do Brasil, porque a prioridade dela são os pobres, conforme atesta o projeto Territórios da Cidadania, e porque não há ministro que tenha feito o que ela fez: pegou um ministério combalido, o de Minas e Energia, e reergueu, isso logo após o apagão. E quando a crise do, vá lá, mensalão corroia a Casa Civil, ela assumiu o comando do ministério e desde então não se ouviu falar em caso semelhante. Não vou entrar em detalhes a respeito de algumas políticas do governo das quais discordo, mas ela e a Marina Silva são dos poucos membros do governo Lula que se salvam. Dirão uns que ela não fez mais que a obrigação, o que é verdade. O problema é justamente esse: qual político faz sua obrigação nesse país? Sem contar a biografia da mulher. Enfim, até aqui, currículo irretocável. É a candidata de Mino Carta, além de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif morrerem de amores pela sua gestão. Se ela sair candidata, vai ser difícil derrubá-la. O Diogo Mainardi vai ter que gastar o dedo.

domingo, 9 de março de 2008

Trecho 1

Sr. Diekmann diz: (sarcasticamente) Mas você também é apaixonado por todas as mulheres do mundo! (Ri)

Tio diz: (sorrindo) Todas não, que é isso... só pelas que me dão atenção.







VINIX, Tio: "Minha Vida é Uma Comédia Mas Eu Não Dou Risada "; Peça; Sem editora; Sem data de lançamento e Sem vergonha na cara.

Trecho 2

Ninfeta Tatuada 2 diz: (com cara de coitada) Mas meu querido, você sabe o quanto eu gosto de você! Você sabe que ser sua amiga é uma das coisas mais legais que me aconteceu, mas se toda a vez que a gente sai eu tenho que te dar um fora porque você insiste em me cantar eu fico triste, assim a gente vai estragar essa amizade tão bonita que a gente tem...

Tio diz: Se a esperança é a última que morre, eu prefiro matá-la pessoalmente.






VINIX, Tio: "Minha Vida é Uma Comédia Mas Eu Não Dou Risada ", Peça; Sem editora; sem data de lançamento e sem paciência com ninfetas tatuadas.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Olhando ao redor eu pergunto:

Ministro...?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Quarta MeiaEntrada – O Básico da MPB V

Racionais Mc's
" Sobrevivendo no Inferno" 1997


O barato é o seguinte mano, se cê acha que Rap é coisa de favelado e os cambau tá mó errado. Se fosse, os maluco que eu vou por na roda aqui não tinham vendido 1 MILHÃO DE CÓPIAS¹ desse disco que é na moral, o melhor disco de Rap da história do Brasil, e não foi só na Favela que esse disco vendeu. Os caras tavam inspirados nesse disco e deram uma aula pros mano e pros Playba de como falar da miséria e da periferia, fazendo um esquema de transformar as letras tipo numas crônicas, em histórias que falam do povo que tá na margem do real (chama aê de marginal se você preferir, boy) e provou que “Periferia é periferia em qualquer lugar²”, certo? Sem contar que abriu o mercado do Rap nacional pras gravadora e descolou o rótulo que os patrão punha no gênero, de que o RAP era pobre em rima e que tinha que ter um branco fazendo Rap pra vender (estava provada a diferença entre “ser pensador e ser da rua onde é a lei da bala³”). Tudo o que o Mano Brown, o Ice Blue e o Edy Rock falam no disco é o retrato do que é ser de um mundo que não é mundo das Mina-Coisa-Fina que o malandro quer pegar nas balada. As mina não é, mas todas elas ouviram e prestaram atenção em “Diário de um detento”, em “Mundo mágico de Oz” e por aí vai.Os caras foram beber lá na fonte de de São Jorge Ben e botaram de volta na cena o som que sempre fez mais sucesso no Brasil: O som do preto pobre que relata o que vive com o coração e com todo o ódio que a vida dá pra quem é estigmatizado e sistematizado, ou o samba também não é isso? Pena que ainda não surgiu ninguém que fosse na dos caras e chegasse a bater na porta do sucesso, mesmo porque depois dos caras terem vendido aquela caralhada de Cd que venderam sem apoio de nenhuma gravadora grande(a grande maioria do Cd’s foram vendidos nos shows, bailes da comunidade e em Camelôs) os patrão ficaram com o pé atrás. É básico porque é a evolução da Música Preta no Brasil, é um divisor de águas na visão crítica do RAP merecendo até referência no Dicionário Cravo Albin de Música, é firmeza e merece um salve.

1- Em alguns lugares você vai ver 500 mil cópias, mas eu confio mais nas contas dos próprios Racionais, que falam em 1 milhão, contabilizando as cópias piratas.
2- Trecho e título de uma música do Edy Rock que está nesse disco.



3- Sistema Negro, “Bem vindos ao inferno”

PS: Se algum PASQUALE da vida vier encher o saco, eu recomendo que leia antes a entrevista do Marcos Bagno na Caros Amigos desse mês. Fui.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Segunda-avon mal cheirosa

O jornalismo latrinário praticado pela revista Veja é o último alvo de Luis Nassif. No endereço http://projetobr.com.br/web/blog/5 temos um mergulho no lodaçal que se tornaram as coberturas e reportagens da revista semanal mais lida no país. Antes que o acusem de estar a serviço do governo Lula ou de ser algum esquerdista revoltado, é bom que se diga que ele criticou duramente o MST, defendeu as pesquisas com transgênicos, possui uma agência de notícias em tempo real e prega uma eficiência estatal ao gosto liberal; no campo político, bateu duro tanto nos “cabeças de planilha” de FHC quanto nas alas radicais do PT. Trabalhou durante anos na grande imprensa, inclusive na Veja. Manteve uma coluna durante 15 anos na Folha, onde chegou a ser membro do conselho editorial. Conquistou prêmios importantes e possui boa reputação entre os pares, apesar de se especular que sua saída da Folha tenha ocorrido por fazer lobby com o banco Opportunity. Nos últimos meses tem se dedicado a analisar a imprensa, com textos bastante interessantes. Teme-se que a Editora Abril entre com ação judicial contra Luis Nassif, justamente pelas suas críticas. Além de jornalista, também toca bandolim muito bem e entende muito de samba e chorinho. Se eu fosse ele, trocaria os temas econômicos e midiáticos pelos musicais. A Veja pratica um jornalismo tão ruim que mesmo entre as hostes liberais – da qual Nassif faz parte – ela é execrada. Será que se alguém da Abril ler o tantaprosa processam a gente?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Quarta MeiaEntrada: O oscar e essas coisas aí...


O Oscar na verdade nem é grande coisa, mas devido o ranço do Império que se estabelece no mundo de hoje ele tem se tornado mais “globalizado” e um pouco mais interessante. Exemplo disso é que nenhum ator estadunidense levou o prêmio esse ano: Os melhores atores coadjuvantes foram o espanhol Javier Bardem e a britânica Tilda Swinton e os melhores atores foram o também britânico Daniel Day Lewis e a francesa-surpresa Marion Cottilard. Concordo com os 4 prêmios, mesmo porque ainda não vi a aclamada atuação da australiana Cate Blanchett em “I’m not There” que poderia ter tirado o oscar de Tilda Swinton. Mesmo assim, a Tilda é uma ótima atriz, extremamente versátil, e o filme pelo qual ela levou o oscar, “Conduta de Risco” é muito interessante e quase saiu de mãos abanando da festa. Festa essa que se preocupou bastante com a moda na suas premiações,vide os 3 Oscars para “Suprememacia Bourne”, um filme de câmera frenética e efeitos sonoros incansáveis. Essas características acabam por me dar enjôo de estômago, mas hoje em dia é moda dos filmes de ação, muito provavelmente por isso os prêmios ao filme do enjoativo Paul Greengrass. O resto foi só perfumaria. Nada mais justo do que finalmente premiar os irmão Cohen, mas os Oscars deles deveriam vir com um aviso, onde estaria escrito o seguinte: “Parabéns, nós adoramos Fargo”.

Injustiçados do Oscar 2008

Aqueles filmes e atores que deveriam ter tido pelo menos uma indicação ou deveriam ter sido premiados mesmo, e que passaram em branco esse ano:

“Eu Sou a Lenda”: Pelo menos uma indicação pela atuação do Will Smith. Sim, ele está muito bem mesmo.
“Harry Potter e a ordem da Fênix”: Não só uma indicação, mas também merecia o prêmio a Imelda Staunton, como atriz coadjuvante nesse filme.
O Sobrevivente”: Nenhuma indicaçãozinha pro Cristian Bale???
"Sweeney Todd": Os caras indicam o Johnny Deep e nada pra Helena Bonham-Carter? Ela está melhor do que ele nesse musical.
“O Gângster”: Sem comentários... Dá pra trocar com o “Supremacia Bourne” ?
“Os Senhores do Crime”: Melhor Roteiro Original? Alguém? Alguém? Brincadeira...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Vedete

O Brasil teve sua semana de mini-potência mundial. Manchetes de jornais, revistas e sites do mundo trataram das negociações dos preços do minério de ferro conduzidas pela Vale, do furto de dados estratégicos da Petrobras sobre os campos de Tupi e Júpiter e da “superação” da dívida externa brasileira. Internamente, do Conversa-Afiada à Folha, todos exultaram porque o Brasil passou a ser, pela primeira vez na história, credor externo. Dessa vez a imprensa não poderá censurar o Presidente por utilizar a frase “nunca na história desse país...”. A corrida pelo “grau de investimento” contaminou o noticiário e pouquíssimas opiniões críticas foram levantadas. Apenas as vozes ressaltando o “dever de casa” cumprido.

Casa da Mãe Joana

Casa que, por sinal, continua a mesma zona de sempre, pelo menos no que se refere a liberdade de imprensa, ainda regulada por lei criada em 1967, durante o regime militar. O ministro do STF Carlos Ayres concedeu liminar suspendendo processos judiciais relacionados a 20 dos 77 artigos da Lei de Imprensa. A decisão é um golpe na Igreja Universal do Reino de Deus e um golpe, por extensão, na Rede Record. A Universal é acusada de orquestrar processos de fiéis que pedem indenização por reportagens publicadas pela Folha, O Globo, Extra e A Tarde, em que tratavam das práticas da igreja e das relações com as empresas do bispo Edir Macedo. Como os processos, originários de diversos pontos do país, têm o mesmo conteúdo, suspeita-se que a Iurd esteja por trás deles. Se configurada litigância de má-fé, a pena é multa. Para o ministro Carlos Ayres, a Lei de Imprensa é incompatível com a Constituição.
Íntegra da Lei de Imprensa em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L5250.htm
Olha esse parágrafo da Lei, que beleza:

§ 1º Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de preconceitos de raça ou classe.
O que será subversão da ordem política e social?
Em terra de analfabeto, quem tem veículo de comunicação é rei.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Sexta Literária: O mundo da mesquinhez

(foto tirada da primeira gorjeta que fez meu coração palpitar mais forte)



Eis a prosa de hoje, é melhor aproveitar antes que seja cobrado para acessar o blogue, por enquanto é FREE, mas vai saber...Aproveita também porque não é todo dia que postam contos quase na íntegra de Rubem Fonseca e espero que não sofra problemas com os direitos autorais, ou com falta de solicitação para divulgação de partes do textos...que seja, estou divulgando o cara e seu excelente trabalho, mas, é pra isso que temos advogados ao nosso lado. nos confundir?

boa leitura!

O pedido

"Durante dois dias Amadeu Santos, português, viúvo, biscateiro, rondou o depósito de garrafas de Joaquim Gonçalves, sem coragem de entrar. Mas naquele dia chovia muito e Amadeu estava cansado, com perna doendo do reumatismo. Além disso a bronquite crônica fazia-o tossir sem parar."


Trata-se portanto da história de um garrafeiro que vai pedir dinheiro a um inimigo que não vê há um bom tempo. Fica envergonhado com o pedido mas mesmo assim o faz. Amadeu Santos chega ao depósito de garrafas do Joaquim , faz cara de coitado, olha para o chão aproveita-se da chuva e embala algum diálogo:


"E os negócios como vão?


Não me queixo, disse Joaquim imaginando qual seria o propósito da visita de Amadeu. As surradas roupas deste, os sapatos velhos, mostravam que Amadeu não estava bem de vida. Mas os negócios não são mais como antigamente, acrescentou Joaquim, já prevendo um possível pedido de dinheiro. Não creio que ele tenha a audácia de me pedir alguma coisa, pensou Joaquim, afinal somos inimigos e não nos falamos há anos.


(...)


Sem tirar os olhos do chão Amadeu disse:


Será que podias me emprestar quinhentos cruzeiros? Não ando bem de saúde e tive que parar de trabalhar.


Joaquim levantou os olhos e disse: Quinhentos cruzeiros? Pode não parecer, mas pra mim isso é muito dinheiro.


Eu sei mas não tenho ninguém a quem pedir, disse Amadeu humildemente. No fundo de suas olheiras doentes, seus olhos estavam opacos de vergonha.


E o teu filho doutor? Por que não pedes a ele?, disse Joaquim com escarninho.


Meu filho morreu."


Daí pra frente ocorre o desfecho da história em que o personagem um convence o personagem dois de que seria importante o empréstimo e que de fato este precisava da grana e que deixasse de lado qualquer briga, mas a mesquinhez e raiva do passado sobre um filho inútil, acaba com qualquer possibilidade de reconstituição de amizade. Acompanha o desfecho e aplaude de pé o mestre Rubem Fonseca:


"Não sei de tenho todo o dinheiro aqui, disse Joaquim, levantando-se e indo até um velho cofre no canto da sala... Preciso dizer alguma coisa boa para ele, pensou Amadeu, até agora só contei as minhas desgraças e pedi dinheiro.


Como vai o Manuel? Ele está bem?, perguntou Amadeu.


Joaquim estava curvado sobre o cofre, contando o dinheiro, quando Amadeu fez a pergunta. Ele parou como se tivesse levado um choque.


O quê?, exclamou Joaquim.


Como vai Manuel?, repetiu Amadeu, surpreendido com o tom de voz de Joaquim.


Joaquim jogou o dinheiro de volta dentro do cofre, fechando a porta com força. Por que me perguntas uma coisa dessa? falou Joaquim com mágoa maior do que a raiva que sentia.


Eu...eu...Balbuciou Amadeu.


Sabes muito bem como vai esse cretino!


Eu não sei de nada, protestou Amadeu. Mas Joaquim não prestou atenção no que Amadeu dizia e gritou:


O vagabundo não faz nada, nem para garrafeiro ele serve. Dorme o dia inteiro e à noite sai a passear. Um homem de mais de trinta anos vivendo as custas do pai, do pai não, da mãe, que é uma cabeça d'alho chocho e tira dinheiro do meu bolso para dar a ele. Um dia eu o mato, o parasita inútil.


Eu não sabia...disse Amadeu.


(...)


Lentamente Amadeu levantou-se e, antes de sair andando com dificuldade, disse, adeus.


Joaquim ficou sentado um instante curto. Eu não sou essa pessoa, ele pensou envergonhado com a sua mesquinhez, e correu em direção a porta da rua gritando Amadeu! Amadeu! Amadeu, volta eu te dou o dinheiro!


Mas ao chegar à rua, ela estava deserta. Joaquim ainda gritou o nome do amigo algumas vezes, enquanto escorriam pelo seus rosto lágrimas abundantes e úmidas, de homem gordo e forte que era."


(FONSECA. Rubem. 64 contos de Rubem Fonseca. Cia das Letras, SP, 2005.)



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sobre o afastamento de Fidel Castro do poder eu teria muito o que falar. Paixões a parte e preferindo não escrever um texto cheio de páginas que não caberiam num blog, preferi deixar que falassem por mim. Separei algumas frases que considero fantásticas a cerca do movimento revolucionário cubano encaminhado principalmente por este grande líder político que é Fidel Castro. Deixo com vocês a chance de contestarem tudo que a mídia vêm publicando nos últimos dias:

Sobre a ditadura em Cuba e nos Estados Unidos:

“Há pouco tempo, denominava-se ‘regimes totalitários’ os que tinham partido único, não admitiam qualquer oposição organizada e, em nome da razão de Estado, negligenciavam os direitos da pessoa; além disso, neles, o poder político dirigia soberanamente a totalidade das atividades da sociedade dominada.
A esses regimes, característicos dos anos 30, sucede, neste final de século, um outro tipo de totalitarismo, o dos ‘regimes globalitários’. Apoiando-se nos dogmas da globalização e do pensamento único, não admitem qualquer outra política econômica, negligenciam os direitos sociais do cidadão em nome da razão competitiva e abandonam aos mercados financeiros a direção total das atividades da sociedade dominada”
. (RAMONET, Ignácio. Geopolítica do caos. Petrópolis: Vozes, 1998. pág. 57).

“... o fato de haver mais de um partido é freqüentemente considerado como um indicador de escolha política. Será que isso significa que quanto maior o número de partidos, melhor? Será que a existência de apenas um partido, mas que possibilite a escolha entre diferentes candidatos, é suficiente para a liberdade democrática? A interpretação de qualquer um desses indicadores e sua avaliação qualitativa ainda estão largamente inexploradas”. (UNESCO. Nossa diversidade criadora. Campinas: Unesco, Papirus, 1997. pág. 349)

Ataques desnecessários dos Estados Unidos, em tempos mais recentes:

“Aqui está aquilo que sabemos agora: os Estados Unidos acreditam que Cuba tem, pelo menos, um limitado trabalho de pesquisa e desenvolvimento em armas biológicas ofensivas. Cuba proporcionou tecnologia de uso dual a outros Estados fora-da-lei. Estamos cientes de que essa tecnologia pode dar suporte a programas de armas biológicas nesses Estados”. (John Bolton, subsecretário do Departamento de Estado para o Controle de Armas e Segurança Internacional, em conferência na Heritage Foudation em 6 de maio de 2002 – o mesmo que acusou o Iraque de ter armas de destruição em massa.)

“Estabelecemos que: a) em todas as instituições financeiras internacionais (FMI, Banco Mundial etc.), os EUA devem votar contra qualquer tipo de empréstimo, ajuda financeira ou emissão para Cuba. Se mesmo nessas condições é outorgado um crédito a Cuba, os EUA subtrairão a soma correspondente às suas contribuições para a respectiva instituição... b) faz-se mais estrita a proibição de importações de produtos que contenham matérias-primas cubanas (por exemplo, níquel ou açúcar) de terceiros países; c) as ajudas financeiras dos EUA para os Estados sucessores da União Soviética serão reduzidas nas mesmas quantidades em que esses países prestem auxílio a Cuba”. (Lei Helms-Burton, aprovada por Bill Clinton em 1994. Repare que ela estende a jurisdição dos tribunais dos Estados Unidos para fora das fronteiras internacionais, contradizendo princípios do direito internacional, além de explicitar a postura imperial deste país).

Sobre o que os VERDADEIROS cubanos acham do regime Socialista:

“Com o sistema político e social revolucionário estabelecido nesta Constituição, o socialismo, que sempre resistiu às agressões de todo tipo e à guerra econômica dos governos da potência imperialista mais poderosa, e que demonstrou sua capacidade de transformar o país e criar uma sociedade inteiramente nova e justa, é irrevogável. Cuba não retornará jamais ao capitalismo”. (Constitución de la República de Cuba, aprovado por REFERENDO POPULAR com 97,7% estabelecido como lei em 26 de julho de 2002).


Em resposta a difamação que a mídia constantemente faz a respeito de Fidel Castro:

“Se a política tem a ver com a arte de conseguir apoio interno e externo, ampliar e unificar a base social, concertar aliança, preservar a estabilidade do regime, debilitar ao máximo a oposição e as ameaças externas, obter o respeito inclusive dos seus inimigos, e até saber ganhar um certo halo de invencibilidade, há poucos líderes vivos com a capacidade política de Fidel Castro”. (HERNANDEZ, R. Mirar a Cuba. México: Fondo de Cultura Economica, 2002. pág. 31).

Acha Cuba um regime opressor? Acha que é governada por uns poucos privilegiados que enriquecem em cima do povo? Acha que só Fidel e seus amiguinhos que dirigem o país?

“Inclui-se nisso o milhão de militantes do Partido e da Juventude Comunista? Aos delegados ao Poder Popular nas circunscrições? Ou é só a lista de membros do Comitê Central? Acaso apenas o Bureau Político? São aqueles que desfrutam de algum privilégio, por exemplo, possuir divisas e oportunidades para comprar em lojas especiais, como é o caso dos músicos, artistas, esportistas ou técnicos que viajam freqüentemente ao estrangeiro ou os que recebem dólares dos seus parentes no exterior? Talvez sejam os membros das instituições armadas? Talvez inclua aqueles que recebem rendas anuais dezenas de vezes superiores às de um operário, como é o caso da imensa maioria dos camponeses cubanos, possivelmente os mais ricos da América Latina? São os que tomam decisões? Onde, acerca do que: no Conselho de Estado ou em uma corporação, em matéria de religião ou de agricultura?” (HERNANDEZ, R. Mirar a Cuba. México: Fondo de Cultura Economica, 2002. pág. 33).

Cuba sem Fidel não significa Cuba capitalista:

“A idéia difundida pelos sucessivos governos dos Estados Unidos após o fim da guerra fria de que o mundo entrou num processo de transição civilizacional, cujo ponto de chegada é o modelo liberal de democracia e de economia de mercado, não concebe para Cuba outro destino que não seja o da antiga União Soviética.
Instruir arbitrariamente um ponto fixo no horizonte como referência de um destino obrigatório, prometendo o paraíso aos países que seguem pela trilha correta e a descida aos infernos para os que se afastam, expressa um fundamentalismo que, na essência, não difere das teologias finalistas que de tempos em tempos assombram a humanidade com suas ameaças de ‘guerra santa’ contra os ‘infiéis’ do momento”.
(AYERBE, Luis Fernando. A Revolução Cubana. São Paulo: Editora Unesp, 2003. pág 122.)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Quarta MeiaEntrada - O básico da MPB IV

Paulinho Da Viola

"Bebadosamba"




A moda é samba. A Molecada quer samba. A baladinha cabeça tem que ter samba. Porra, e você com isso, meu pobre desbravador da MPB??? Vai sair por aí dizendo pras mocinhas que o mundo é um moinho? Que você gosta de Maria Rosa mas quem te quer é Rosa Maria? Que toda rosa tem espinho e espinho não machuca a flor?
Não senhor.
O senhor vai ouvir Paulinho da Viola.
E sabe por que Paulinho? Porque as respostas estão lá. Todas as respostas aos seus anseios de samba. O Paulinho tudo sabe e tudo te explica, quer ver?



“Ame Seja como for



Sem medo de sofrer



Pintou desilusão



Não tenha medo não



O tempo poderá lhe dizer



Que tudo



Traz alguma dor



E o bem de revelar



Que tal felicidade



Sempre tão fugaz



A gente tem que conquistar”

Ta vendo? Você acha que precisa saber de mais alguma coisa sobre o amor nessa vida?






O cara sabe tudo. No disco em questão ele alcança a excelência nas letras e nas harmonias, seja no humor ácido ao tratar de um fim de relacionamento(“memórias conjugais”), seja ao falar da incondicional e eterna paixão a sua escola de samba (Porteeeeela...PORTEEELA!!), seja ao falar do samba em si. Se desse pra definir realmente o samba que é uma coisa tão ampla em um único disco, provavelmente seria esse. Esse disco tem umas das frases que eu mais gosto de ouvir:

“Um mestre do verso, de olhar destemido, disse uma vez, com certa ironia:



Se lágrima fosse de pedra eu choraria”



Perfeito.

PS






Há uma resposta a música "Memórias Conjugais" do Paulinho, feita por uma moça chamada Andreia Dias que é ótima também. Você acha essa resposta pra ouvir aqui. A música se chama "Asas"e a mina arrebentou. Paguei uma pau.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Veja embrulha tapioca de José Serra

A Veja vai estampar em sua capa alguma manchete indignada contra as suspeitas de uso indevido de cartões da administração de José Serra, assim como fizeram semana passada em relação ao escândalo dos cartões do governo federal? E quanto à ausência de transparência no governo Serra, alguma palavra?

Esporte, atividade física e saúde

Esporte não é droga. Pratique. Esporte é saúde. Esporte é vida. Será? Daiane dos Santos está com um problema no joelho, Guga aposentou as raquetes precocemente, Ronaldo, o Fenômeno, acaba de lesionar mais uma vez um dos joelhos, sem contar a lista de atletas que se contundem anualmente devido a divididas, entradas desleais ou simples excesso de atividade. Num país em que o futebol significa mais do que mero entretenimento e em que a noção de herói está ligada ao lugar que se ocupa no pódio, a sacralização do esporte atinge praticamente todos os veículos de comunicação. Domingo, 10 de fevereiro, no esporte Record News, houve uma entrevista interessante com um médico (infelizmente esqueci o nome dele), em que ele questionava exatamente o quanto a prática esportiva faz bem. Comentou principalmente que grande parte dos atletas profissionais não se submete a exames médicos periódicos, e falou marginalmente a respeito da imposição comercial sobre a atividade, o que expõe os atletas a riscos excessivos. Fez uma distinção interessante entre esporte e atividade física, infelizmente inexplorada pelo apresentador. O que me lembrou o falecido médico José Róiz, autor do livro Esporte Mata e que tinha uma coluna na Caros Amigos em que defendia sua polêmica tese. O livro foi proibido e o autor, acusado de promover afirmações sem sustentação. Controversas à parte, enquanto patrocinadores, empresários inescrupulosos, atletas sem outra alternativa a não ser se submeterem a jornadas e tratamentos extenuantes e uma imprensa que dá pouquíssima atenção ao “lado oculto” do esporte continuarem enredados em interesses escusos, continuaremos a assistir carreiras cada vez mais curtas e interrompidas por problemas físicos. A última vítima, contudo, não foi um atleta, mas o médico Bernardino Santi, demitido pelo Rei da CBF, Ricardo Teixeira, por lançar a hipótese de Ronaldo ter feito tratamento inadequado na Holanda, inclusive com o consumo de substâncias proibidas, o que teria aumentado seu peso de tal maneira que os joelhos não agüentaram.