quarta-feira, 5 de março de 2008

Quarta MeiaEntrada – O Básico da MPB V

Racionais Mc's
" Sobrevivendo no Inferno" 1997


O barato é o seguinte mano, se cê acha que Rap é coisa de favelado e os cambau tá mó errado. Se fosse, os maluco que eu vou por na roda aqui não tinham vendido 1 MILHÃO DE CÓPIAS¹ desse disco que é na moral, o melhor disco de Rap da história do Brasil, e não foi só na Favela que esse disco vendeu. Os caras tavam inspirados nesse disco e deram uma aula pros mano e pros Playba de como falar da miséria e da periferia, fazendo um esquema de transformar as letras tipo numas crônicas, em histórias que falam do povo que tá na margem do real (chama aê de marginal se você preferir, boy) e provou que “Periferia é periferia em qualquer lugar²”, certo? Sem contar que abriu o mercado do Rap nacional pras gravadora e descolou o rótulo que os patrão punha no gênero, de que o RAP era pobre em rima e que tinha que ter um branco fazendo Rap pra vender (estava provada a diferença entre “ser pensador e ser da rua onde é a lei da bala³”). Tudo o que o Mano Brown, o Ice Blue e o Edy Rock falam no disco é o retrato do que é ser de um mundo que não é mundo das Mina-Coisa-Fina que o malandro quer pegar nas balada. As mina não é, mas todas elas ouviram e prestaram atenção em “Diário de um detento”, em “Mundo mágico de Oz” e por aí vai.Os caras foram beber lá na fonte de de São Jorge Ben e botaram de volta na cena o som que sempre fez mais sucesso no Brasil: O som do preto pobre que relata o que vive com o coração e com todo o ódio que a vida dá pra quem é estigmatizado e sistematizado, ou o samba também não é isso? Pena que ainda não surgiu ninguém que fosse na dos caras e chegasse a bater na porta do sucesso, mesmo porque depois dos caras terem vendido aquela caralhada de Cd que venderam sem apoio de nenhuma gravadora grande(a grande maioria do Cd’s foram vendidos nos shows, bailes da comunidade e em Camelôs) os patrão ficaram com o pé atrás. É básico porque é a evolução da Música Preta no Brasil, é um divisor de águas na visão crítica do RAP merecendo até referência no Dicionário Cravo Albin de Música, é firmeza e merece um salve.

1- Em alguns lugares você vai ver 500 mil cópias, mas eu confio mais nas contas dos próprios Racionais, que falam em 1 milhão, contabilizando as cópias piratas.
2- Trecho e título de uma música do Edy Rock que está nesse disco.



3- Sistema Negro, “Bem vindos ao inferno”

PS: Se algum PASQUALE da vida vier encher o saco, eu recomendo que leia antes a entrevista do Marcos Bagno na Caros Amigos desse mês. Fui.

2 comentários:

Elton disse...

Aí, representou, Vini. No último CD deles tem uma letra muito foda, que muito poeta diplomado e graduado não chega nem aos pés. Felizmente não é preciso um canudo pra ser gênio.

O que é, o que é??

Clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma
tonelada...tem sabor de mar,

pode ser discreta, inquilina da dor, morada
predileta....na calada ela vem, refém da vingança,
irmã do desespero, rival da esperança... pode ser
causada por vermes e mundanas...e o espinho da flor,
cruel que você ama

amante do drama, vem pra minha cama, por querer, sem
me perguntar

me fez sofrer...e eu que me julguei forte...e eu que
me senti...serei um fraco, qdo outras delas vir..se o
barato é louco e o processo é lento...no
momento...deixa eu caminhar contra o vento...o que
adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável...o
vento não, ele é suave, mas

é frio e implacável....(é quente) borrou a letra
triste do poeta (só) .....correu no

rosto pardo do profeta...verme sai da reta...a lágrima
de um homem vai cair...esse é o seu B.O. pa
eternidade...diz que homem não chora...ta bom,
falou...não vai pra grupo irmão ai .... JESUS CHOROU !

Tatu disse...

mandou bem...
"é som de preto de favelado, mas quando toca ninguém fica parado"