quarta-feira, 26 de março de 2008

Quarta Meia Entrada – O Império do Caos


Pobre Paul Haggis, o diretor mais subestimado dos últimos tempos... Desde que ele levou o MERECIDÍSSIMO Oscar por “Crash” sobrepujando o incensado “Segredo de Brokeback Mountain”, o cara é rotineiramente mal dito pela crítica especializada, tudo porque o cinema político venceu o cinema novelão do Ang Lee (a Janeth Clair de Hollywood). Pois essa semana tive a chance de ver o Haggis ratificando a condição de um dos melhores cineastas da atualidade com um dos melhores filmes que eu assisti esse ano: “No Vale das Sombras”. Ninguém até agora conseguiu mostrar o estado de caos que os estadunidenses criaram no Iraque e no no próprio império com a gananciosa invasão promovida as custas da manutenção do “jeito americano de viver” como Haggis mostra nesse filme, ao nos contar a história de um ex-sargento que vai atrás do seu filho que, ao voltar do Iraque desaparece. As crenças patriotas arraigadas do sargento interpretado por Tommy Lee Jones vão aos poucos se diluindo na estupidez de uma guerra que não existe, na sua própria estupidez militar e no soterramento de meninos que vão ao Iraque condicionados a serem heróis e não conseguem entender porque são os inevitáveis vilões, consequentemente retornando (quando a justiça não é feita pelas vítimas invadidas) como monstros para si próprios e para quem estiver ao seu redor. Mesmo quando eu pensava que o filme ganharia contornos ufanistas do tipo “somos legais mas estamos mal orientados”, Haggis consegue mostrar que a esfera do caos militar estadunidense se estende facilmente até a polícia civíl, que tem a mesma postura condicionada dos soldados do exército, só que voltados aos trâmites burocráticos e aos inevitáveis machismos e racismos que são a quintessência do império. A cena final do filme é emblemática e precisa. Há de se valorizar também a grande atuação de Tommy Lee Jones e o trabalho de edição preciso, sem grandes invenções, preservando a técnica de forma a arredondar o roteiro com maestria. Para ver e pensar.

Um comentário:

Elton disse...

Janeth Clair foi de matar de rir!!