Esse negócio de tratar aluno como freguês na educação pública não deveria existir. Estou cada vez mais convicto de que aluno deve ser tratado como aluno. A fábrica de freguês começa em casa, quando a família ao colocar a criança na escola acha que está fazendo uso de uma instituição que deve resolver os problemas da educação de seu filho. Se pensarmos seriamente que a criança absorve o mundo que está a sua volta, chegamos a conclusão que a criança absorve a modernidade sem compreendê-la. Pior de tudo, a criança e adolescente aceita a modernidade a partir da forma de vida dos pais. Quantas vezes não escutamos a frase: "Ai senhora diretora não aguento mais meu filho, não sei mais o que fazer com ele." Realmente uma frase assustadora. Algumas pessoas não compreendem que gerar um filho é acompanhá-lo até o fim da vida deste. O monitoramento deve haver a todo tempo e com ele os puxões de orelha enquanto há tempo. As noções de certo e errado mais sedutoras serão absorvidas pela criança. Se o microcosmo familiar não estiver a par dessas propostas sedutoras que o mundo oferece e não criar estratégias para debatê-las quando a criança vier com esses questionamentos, os pais não terão armas para transformar as crianças em seus verdadeiros filhos, ocorrerá uma perda de referências da criança que se sentirá perdida, sendo potencializadora da rebeldia da modernidade. O rebelde de hoje, não é o rebelde de ontem. O rebelde da modernidade é aquele que algumas vezes tem as referências em casa, mas que nunca foi contestado por uma mãe ou por um pai. A omissão é a maior fábrica de pequenos rebeldes, pequenos desgovernados.
O modelo de escola não existe mais. As instituições não existem. A proposta deveria rodar em torno de aulas com maior duração, o professor teria tempo de ser mais humano, tempo de aproximar-se dos questionamentos dos alunos, ouvir cada aluno e organizar a sala de aula da maneira mais interessante para aprendizagem daqueles ocorrer. As diretorias de ensino deverião apresentar projetos pedagógicos constantes às escolas e não simplesmente achar que abandonar o giz e a louza, vai resolver todos os problemas.
Estou cada vez mais convicto após algumas aulas na licenciatura e algumas experiências em sala de aula com ensino fundamental de que o aluno deveria retornar ao seu lugar de aluno e professor deveria ocupar novamente o seu lugar de professor e não simplesmente abrir mão. Pedagogia do amor? Só se for a nós mesmos, amor a nossa posição de professor e amor por realizar uma aula com energia que essa merece. Agora, um a pergunta que não quer calar: Um professor aguenta exercer o seu real papel de professor durante 30 aulas semanais? Nem o mais bem intencionado deles. Não há energia suficiente. Não há vontade por parte dos governos a incentivarem o professor a ter energia por 30 aulas semanais e enfrentar sozinho a modernidade carregada nos alunos. Hormônios a flor da pele, a educação pública e a modernidade sem instituições devem dialogar com grupos de pensadores, professores bem intencionados e não em separado de maneira asquerosa na câmara dos vereadores ou em algum órgão do gênero.
25 comentários:
A escola laica passou mais de um século tentando afastar a família do aprendizado da criança e agora pede ajuda. Atura o parabéns!!
Mas falando sério, mandou bem ivanito. To lendo umas coisas na licenciatura assustadoras sobre educação. A cada aula jogam uma pá de terra na minha crença numa educação libertadora.
os pais não terão armas para transformar as crianças em seus verdadeiros filhos
A omissão é a maior fábrica de pequenos rebeldes, pequenos desgovernados
o aluno deveria retornar ao seu lugar de aluno e professor deveria ocupar novamente o seu lugar de professor
Tenho medo dessas frases ditatoriais!
Elton,
cada vez mais descobrimos o problema em que estamos metidos.
caro leitor,
se você tem medo dessas frases ditatoriais, então vamos passar a mão na cabeça dos alunos e deixar as coisas rolarem e como estão,
o que acha?
Sabemos dos problemas, o negócio é não se abater.
A proposta não é agredir ninguém ou partir para a coerção com falta de respeito, mas adequar-se a modernidade e ao mundo dos alunos sem largar mão do posto de professor, essa é a questão maior.
Acompanhem discussões sobre educação no www.otatubola.blogspot.com
obrigado pelas leituras.
ivan
Tenho medo dessas frases ditatoriais!
Lembrei da Regina Duarte agora hehehehe
Eu nao concordo com algumas ideias do texto, mas definitivamente nao me assusto com frases q carregam intenções de controle.
Acho que nao devemos so nos adaptar ao "mundo dos alunos" como Ivan disse, mas o contrário tbm é válido. Professor tem que reassumir seu papel hierárquico na escola. E quando digo hierárquico me refiro a noção de transferência de Freud. Nada de militarismo na sala de aula (hauahua). O "mestre" deve se comportar como tal perante aos outros dando segurança ao aluno. Hoje em dia a sociedade em geral perdeu o respeito pela figura do professor, o que causa um confronto que busca desqualificar o profissional de sua area e tirando um pouco do sentido da educação escolar
Freud inventou umas balelas que �s vezes d� medo.
Convenhamos que o professor realmente deve voltar a seu papel de professor e aluno ao seu papel de aluno.
Nada de militarismo, a quest�o da adapta�o seria algo como "saber que existe uma realidade na casa daquele moleque" uma realidade que faz parte da modernidade, da� a necessidade de entender a porra da modernidade.
A quest�o do controle seria para "sobrevivermos" a tda a turbul�ncia moderna, convenhamos tamb�m que nenhuma revolu�o na educa�o ocorrer� t�o cedo e os professores, se fodendo a cada dia com o modelo de institui�o falido e entregando cada vez mais o posto deles de professor. Quest�es focalutianas devem ser implementadas dentro das salas de aula, talvez na rela�o professor aluno.
muito foda tudo...
Para a Hannah Arendt, a modernidade se caracteriza por uma crise da autoridade. E para ela, autoridade não quer dizer autoritarismo. Será, não?
boa!
será não não...
uma coisa é uma coisa outra coisa é outra coisa.
ivan
Nao quer dizer autoritarismo mesmo. A Hanna vai na ideia de hierarquia natural das coisas... algo bem proximo do fenomeno de transferencia que falei do Freud. É como uma relação entre mae e filho. Há uma hierarquia construida naturalmente que permite a mae se sobrepor a alguns comentarios do filho. Hanna aArendt diz que essa ideia de transferir uma autoridade ao proximo (por razoes diversas como admiração, inteligencia, respeito e etc.) está em crise hoje em dia... pq? Pq ninguem tem mais certeza de nada nesse mundo. Tudo passa a ser contestado por qualquer pessoa (que muitas vezes nem tem capacidade intelectual mas mesmo assim contesta).
Freud inventou umas balelas que às vezes dá medo.
Que balelas?!?
É precipitado da parte de um estudante de graduaçao desqualificar alguém como Freud assim...
Lembrei de um comentario entre a comunidade de Historia. Fala-se que um cantor/autor/artista é ruim quando se pode suplantar sua obra.
Muitos falam mal de Chico Buarque desmerecendo o trabalho do cantor/compositor, dando a entender ser mais inteligente que ele. É complicado fazer isso, principalmente estando anos à frente do tempo que se critica. Chamar de "BALELA" a obra de um Freud é um desafio e tanto! Além é claro de falta de respeito com o trabalho gerado por um intelectual conceituado. Olha a crise de autoridade aqui tbm!
leia o que focault fala de freud.
eu não suplanto ninguém.
pois eu desmereço o freud sim senhor e com muita razão e não sou estudante de nada, apenas leitor do Focaut, do Reich e do Jung. Esses aí suplantaram o Freud com graça e leveza, tal qual Mané Garrincha suplantou Charles Miller.(RÁÁÁ!!!!)
Vc nao suplanta nem o Fracis Fukuyama meu amigo. Quem fez isso, e se fez, foram os autores que vc citou. Aliás é preciso mais do citar autores para desmerecer Freud. è preciso explicar quais são suas balelas e como foram superadas. De qualquer modo a superação é sempre bem vinda, e não dá motivos para chamar teorias do século passado de balelas. Garanto que na época em que foram feitas elas foram revolucionarias e portanto um minimo de respeito é necessário
Eu diria que o positivismo é uma balela. Agora se for pra teorizar o que é balela em freud e pq é balela, eu preciso de um post, não de um comentário. E acima de tudo, sem catedraticismos
Hahahaha
O Positivismo foi uma balela? Tipo, toda uma sistematização metodológica que encontra-se até hoje nas mais progressivas das teorias foi uma balela? As noçoes de critica interna e externa e reflexões sobre um documento, um artigo, uma sociedade foi uma balela? Até hoje usamos fortes metodos de raizes positivistas nas ciencias humanas, exatas e biológicas! Desconsiderar isso vai além de rebeldia ao "catedraticismo" (sic), é jogar fora questões de tradiçao e passado e contestar sem um discurso acadêmico, que, bem... serve numa conversa de bar, mas não passa disso. Não é preciso ter faculdade para questionar teorias, mas é preciso seguir um método. Um método científico válido, caso contrário o discurso fica sem lógica, baseada em crenças e facilmente refutável ou ignorado (Em outras palavras, ser metodico, e ter uma linha de raciocinio coerente com a elucidação do que se quer explicar). Não vejo isso como academicismo ou coisa parecida.
E por favor, qual texto do Focault vcs estão baseando suas idéias a cerca de Freud?
sim, o positivismo e tudo o que vc disse sobre ele foi e é uma balela, eu digo isso porque tb estudei a respeito, agora vc quer uma resposta a sua altura? Lamento, mas me recuso, pois não me valho de exibicionismos.
Quanto ao quesito tradição... Bem, nem risadas cabem aqui. É possível que vc me mande voltar as fontes e São Gregório numa próxima resposta, já não me espantaria...
A próposito, melhor definição do que "exibicionista" pra sua atitude nessa resposta seria "cabotino".
Balela = frase ou argumentação sem fundamento.
É nisso que centro minha duvida quanto aos comentarios de vcs. Eu não entendi qual que é a do exibicionismo na questão.Apenas questionei qual teoria freudiana seria sem fundamento. Não há exibicionismo aqui. Não há exibicionismo em reconhecer validade em teorias que não nos agrade (como o tal positivismo). E não quero uma resposta a minha altura (não sei de onde você tirou isso. Me considero tão inteligente quanto qualquer um aqui, nem mais nem menos) quero apenas saber qual texto se basearam para que eu possa ler e tirar minhas conclusoes. Debates sadios costumam ser assim... e engradecem muito as pessoas que gostam de participar. Não houve disputa de saberes nos comentários. Não referi em nenhum momento que você não estudou algo para falar a respeito. É uma questão de opinião, de argumentação. Você diz que Positivismo é balela (ou seja, sem fundamento) e eu discordo, Apresentei minha logica para a discordância. Agora ou você aceita ela e muda de opinião ou refuta com outro argumento. A vida é assim... crescemos nesse processo de discussão. O que é danoso a discussão é descambar para argumentos da ordem moral como "estou certo pq sou mais inteligente" ou "voce é um estupido entao não discuto isso contigo" ou mesmo taxar os outros de exibicionista recusando-se a argumentar por isso. Não houve ofensas morais nos meus comentários, apenas discordância de opinião e uma contra-argumentaçao. Nada de exibicionismo. Quanto a questão de tradição e passado que coloquei, não entendi seu comentário. Qual o problema de ver validade no passado? Qual o problema em basear logica de argumentaçao em experiência (minha e de outros, por isso tradição)?
Por favor, não se ofenda com meus questionamentos. Eles não são uma afronta a sua inteligencia e nem querem demonstrar um ar de superioridade de minha parte.
Round 3 - Fight!
Hauhauahuahaua
Isso pq eu solicitei que indicassem o texto hein! rsrs
viva focault, tudo por causa do focault!
o pensamento do homem da modernidade foi inventado.
freud não dá conta de explicar a modernidade, acerta com as patologias, mas ao fazer um estudo das patologias achou que ia ser mole dizer como são os "sãos", freud torna a modernidade confusa como um bom poeta ou ficcionista, acho que se o freud fosse brasileiro na época ganharia o premio jabuti (claro por politicagem).
vinicius, vc realmente poderia fazer tal post.
fui.
(não teve post ontem, só briga de facas...por esses dias posto).
Concordo em partes. Mas para não criar mais caso e até afugentar possiveis leitores não vou me prolongar sem antes ler o texto do Foucault, que aliás NÃO ME DISSERAM QUAL É!
Não estou pedindo que citem a fonte para basear suas argumentações. Isso é um blog. Mas POR FAVOR, qual o texto? rsrs Queria ler!!!
Ajudem um homem desesperado!!! rsrs
Abraços
Tá desesperado mesmo? Não é ironia? Então eu acredito.
Pois bem, eu poderia dizer que na sua faculdade na biblioteca tem quase toda a obra do foucaut traduzida, eliminando os livros sobre sexualidade e fica até mais fácil de achar. Mas eu digo que os livros são "O nascimento da clínica" e " As palavras e as coisas" (tive que consultar a biblioteca caseira pralembrar os títulos)
Aliás vc tb não citou de qual texto/livro do freud veio a teoria que vc citou.
Caro, conheci teu blog atraves do "Digestivo...".
Temos, aqui em Santa Catarina, um comentarista chamado Luis Carlos Prates, incrivel como oque ele falou HOJE 07/04 vai ao encontro deste teu texto. Ele deu o exemplo de como as escolas militares foram bem conceituadas na ultima prova do ENEM(ou outro metodo de avaliação, não me recordo). Disciplina, dizia ele, disciplina e o fato de que pais, nestas escolas, são pais de alunos e não clientes.
Abraço, e parabéns pelo blog.
El Torero,
Florianopolis 07/04/08
Poxa tava querendo mesmo saber do livro sim. A teoria do Freud que eu disse que conversa com a idéia da Hannah Arendt tá no artigo dele intitulado "A Dinâmica da Transferência".
Vou dar uma lida nos textos do Focault... fiquei interessado
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