Considerações sobre a cobertura do panelaço contra Cristina Kirchner.
O Pagina 12 chamou de lockout, deu destaque ao pronunciamento de Cristina Kirchner, viu um caráter classista no movimento, encabeçado pelos grandes proprietários de terra, que estariam utilizando os pequenos e médios de testas-de-ferro. Reforça a sensação de uma orquestração pelo alto a adesão da zona norte de Buenos Aires, com destaque para o bairro nobre da Recoleta.
http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-101318-2008-03-26.html
Destacou a opinião de Mario Weinfeld, que, apesar de algumas ressalvas, apoiou Crsistina Kirchner.
“Así las cosas, en la lectura de este cronista, en su sesgo general, el Gobierno tiene razón en defender las líneas maestras de su política económica que fue convalidada por un margen amplio en las elecciones de octubre pasado.” http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/subnotas/101318-31920-2008-03-26.html
O La Nación priorizou o ponto de vista dos ruralistas, o apoio espontâneo que receberam e nomeou o movimento de a “maior greve do campo”. Em editorial, apesar de condenar os métodos dos ruralistas, jogou a culpa no “Estado voraz e insaciable, que hace pagar al campo el costo de sus arbitrariedades.”
http://www.lanacion.com.ar/EdicionImpresa/politica/nota.asp?nota_id=998754&pid=4181155&toi=5800&pid=4181155&toi=5800
O Clarín destacou o “apoio da cidade ao campo” e o “Panelaço após duro discurso de Kirchner.” E descreveu os confrontos na Praça de Maio entre “piqueteros oficialistas” e “manifestantes.” Destaque para Elisa Carrió, que responsabilizou Cristina e sua fala “violenta.”
http://www.clarin.com/diario/2008/03/26/index_ei.html
Não dá pra entender a Carrió, se ela é de esquerda por que condena a fala de Cristina, que criticou justamente o comportamento dos proprietários?
No Brasil, a Folha foi na mesma toada: “Discurso de Cristina inflama greve.”
A BBC falou em “greve dos agricultores” [farmer’s strike] e dos protestos de manifestantes que, logo após a fala de Cristina Kirchner, foram às ruas contra a Presidente.
Na página principal, não deu nenhuma linha sobre os piqueteiros favoráveis às medidas.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7314067.stm
Só na BBC Brasil.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080325_argentinaprotestos_mc_ac.shtml
Já o UOL priorizou a pancadaria:
"Panelaço" provoca confronto entre partidários e opositores de Kirchner.
E, seguindo o La Nación, classificou o movimento ruralista de greve.
http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/03/26/ult35u58845.jhtm
Segundo o El País, os “Ecos de um panelaço histórico” resultaram numa busca desenfreada da população por carne e leite, o risco iminente de desabastecimento e o “apoio massivo” [multitudinario respaldo] de todo o país aos ruralistas.
http://www.elpais.com/articulo/internacional/Buenos/Aires/amanece/carne/eco/cacerolazos/elppgl/20080326elpepuint_13/Tes
O ombudsman da Folha foi certeiro:
“Que eu saiba, greve de empresário tem outro nome, locaute.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ombudsman/criticadiaria/ult10000u386025.shtml
E Celso Ming, no Estadão de 27/03/08, também classificou de locaute e relembrou a tática histórica do empresariado latino-americano de promover paralisações como estratégia de desestabilizar governos, como no caso de Salvador Allende. Entretanto, Ming diz que não é esse o caso. Como diz o Leandro, a primeira atitude é negar.
E a correspondente da Folha em Buenos Aires, depois do puxão de orelha do ombudsman, na edição seguinte passou a classificar movimento dos ruralistas de locaute.
Conclusão, infelizmente não temos um jornal como Página 12 no Brasil.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Piquetes, panelaços e a Recoleta na rua.
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Um comentário:
POxa eu ia falar sobre isso no assunto de quinta (alias estou pensando em falar ainda rsrs), mas vc adiantou muita coisa, seu... seu... desprezivel rsrsrs
Que nada! Eu achei otima a exposiçao de diferentes jornais sobre o assunto. Aqui no Brasil a midia ta muito "perdida", sem saber como tratar o assunto... não sei se propositalmente ou não :P
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