quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Alguns escritos nunca perdem seu valor

Não sei se é um momento de transição, entre o adulto e o adolescente, mas a verdade é que estou receoso de minha visão do mundo. Apesar de muitos considerarem a televisão uma porcaria e seus programas nada a acrescentar à uma boa cultura e educação, eu a vejo de um jeito um tanto pior. Vejo as manias e comportamentos que ela difunde sobre os adolescentes e acho isso tão horrível, hipócrita, que se paro um instante e mergulho numa lógica que meus pensamentos atribuem a tv, acabo chegando ao cumulo de temer a próxima geração. Fala sério, eu não sou nenhum velho, tenho aqui meus vinte e poucos anos e aceito muitas idéias que fariam meus pais ficarem de cabelos em pé, mas realmente é preocupante o rumo que as coisas vêm tomando. Vendo o famoso “Sex and the City” na televisão percebi que existem programas que geram um padrão comportamental sexualmente normal entre pessoas de média idade também. O sexo está em tudo, aceito-o de bom grado, mas não vamos partir para a apelação vá lá. Criticas são sempre bem vindas, Eça de Queiroz já afrontava a sociedade do XIX com seus escritos, e Nelson Rodrigues escancarava os pensamentos familiares entre os jornais, mostrando realmente a vida como ela é (era). Um adolescente, ao ler uma das apimentadas historias rodriguienses hoje em dia diria: Normal! Isso de certa forma é fabuloso, enfim estamos aceitando com naturalidade o que já era natural e ninguém queria. Mas, voltando aos programas, está surgindo entre a mídia a lição não de criticar, mas de forjar o certo, o normal, o atual. Eu imagino a cabeça de uma menina de 14 anos assistindo Malhação, ou mesmo o popular Sex and The City, e considerando os passos que precisa tomar para ser normal. Sei que muitas coisas lá ajudam, principalmente alguns debates que surgem em torno de assuntos polêmicos, mas espera um pouco, converse com esses indivíduos e verá que de críticos não têm nada. A Adolescência consome, consome de forma cada vez mais intensa e menos seletiva. Normal é ter aquela mochila da televisão, normal é aos 14 anos não ser mais virgem, ou então ser motivo de deboche. O adolescente sempre quer deixar o “titulo” de criança num passado distante, quer firmar-se como capaz de tomar as próprias decisões, mas veja como ele às escolhe! Vendo series de tv, filmes e romances um tanto quanto desprovidos de qualidade. Aposto minha vida que se em algum titulo de Harry Potter houvesse uma aventura em que o maguinho comesse a maguinha, dias depois filhas às centenas estariam perdendo sua virgindade. Mas qual o problema nisso? Oras, não sejamos tão hipócritas assim! Todos sabemos a tal curiosidade que permeia o imaginário do jovem, e o quanto ele é ávido por descobertas. Ele sempre busca mais, sempre vai um pouco além do conhecido (por ele). Os limites? É, sei que cabe aos pais o limite, ou um pouco da responsabilidade também aos educadores (em uma parcela infinitamente menor), mas qual a força deles frente à tv? A verdade está no amigo próximo, que já fumou, já bebeu, já fudeu e foi fudido, é ele quem continua vivo e experiente para tomar suas decisões (que quase sempre o leva a atos cada vez mais inconseqüentes), e jamais no caxias dos pais, do professor careta que provavelmente nunca fez nada por falta de colhões e agora tenta impedir o jovem de correr o risco e se dar bem. Pais com rotinas de 8 horas/dia de trabalho chegam em casa e não debatem coisas severas com seus filhos. O papel do educador vem ganhando cada vez mais espaço na definição de conseqüências e limites, mas como se apropriar disso? Primeiro de tudo, não cabe ao educador a repressão excessiva e nem o julgamento sumario e esmagador que faria-o ver o adolescente com um ar de superioridade. É necessário não julgar os erros do sujeito, apenas dar ferramentas que permitam-no ter uma maior consciência de seus atos e melhor definição do certo e errado (do seu próprio certo e errado). Não estou dizendo que tudo deve ser perdoado, quem me conhece sabe muito bem o que acho dos adolescentes, mas é minha função ensiná-los a ler algo de forma correta, a assistir algo de forma critica e é o que não está acontecendo hoje em dia. Julgar, todos nós julgamos, mas guardemos para si próprios o quão idiota consideramos o próximo, cabe aos pais o massacrante papel de repreender. E quanto aos “adultos” que são influenciados a buscar uma vida a lá New York Sex, onde não ter apego ao amor e não dar valor a si próprio é o lema, pensando apenas no quando será que vou sair com alguém? Com relação a esses sou bem sincero. Que o mercado de trabalho os consuma, que sumam em suas próprias vidinhas inúteis e violem-se cada vez mais. A própria natureza se encarregará de coloca-los em extinção; isso é claro se fizermos o nosso papel de educar.

* Escrito a muitos anos atrás...

3 comentários:

Unknown disse...

Elton, Viniiiiiiii!!!
Eu vim, não disse que viria?
Confesso que não pude ler os textos com calma ainda, mas assim que tiver um tempinho eu volto aqui!

Beijos!
Mari (Ó do Borogodó)

Elton disse...

Mari, agradecemos a visita e esperamos que tenha gostado.
Bj

Anônimo disse...

HÁ muitos e muitos anos.