sexta-feira, 28 de março de 2008

Sexta Literária e as questões da educação brasileira...

Esse negócio de tratar aluno como freguês na educação pública não deveria existir. Estou cada vez mais convicto de que aluno deve ser tratado como aluno. A fábrica de freguês começa em casa, quando a família ao colocar a criança na escola acha que está fazendo uso de uma instituição que deve resolver os problemas da educação de seu filho. Se pensarmos seriamente que a criança absorve o mundo que está a sua volta, chegamos a conclusão que a criança absorve a modernidade sem compreendê-la. Pior de tudo, a criança e adolescente aceita a modernidade a partir da forma de vida dos pais. Quantas vezes não escutamos a frase: "Ai senhora diretora não aguento mais meu filho, não sei mais o que fazer com ele." Realmente uma frase assustadora. Algumas pessoas não compreendem que gerar um filho é acompanhá-lo até o fim da vida deste. O monitoramento deve haver a todo tempo e com ele os puxões de orelha enquanto há tempo. As noções de certo e errado mais sedutoras serão absorvidas pela criança. Se o microcosmo familiar não estiver a par dessas propostas sedutoras que o mundo oferece e não criar estratégias para debatê-las quando a criança vier com esses questionamentos, os pais não terão armas para transformar as crianças em seus verdadeiros filhos, ocorrerá uma perda de referências da criança que se sentirá perdida, sendo potencializadora da rebeldia da modernidade. O rebelde de hoje, não é o rebelde de ontem. O rebelde da modernidade é aquele que algumas vezes tem as referências em casa, mas que nunca foi contestado por uma mãe ou por um pai. A omissão é a maior fábrica de pequenos rebeldes, pequenos desgovernados.
O modelo de escola não existe mais. As instituições não existem. A proposta deveria rodar em torno de aulas com maior duração, o professor teria tempo de ser mais humano, tempo de aproximar-se dos questionamentos dos alunos, ouvir cada aluno e organizar a sala de aula da maneira mais interessante para aprendizagem daqueles ocorrer. As diretorias de ensino deverião apresentar projetos pedagógicos constantes às escolas e não simplesmente achar que abandonar o giz e a louza, vai resolver todos os problemas.
Estou cada vez mais convicto após algumas aulas na licenciatura e algumas experiências em sala de aula com ensino fundamental de que o aluno deveria retornar ao seu lugar de aluno e professor deveria ocupar novamente o seu lugar de professor e não simplesmente abrir mão. Pedagogia do amor? Só se for a nós mesmos, amor a nossa posição de professor e amor por realizar uma aula com energia que essa merece. Agora, um a pergunta que não quer calar: Um professor aguenta exercer o seu real papel de professor durante 30 aulas semanais? Nem o mais bem intencionado deles. Não há energia suficiente. Não há vontade por parte dos governos a incentivarem o professor a ter energia por 30 aulas semanais e enfrentar sozinho a modernidade carregada nos alunos. Hormônios a flor da pele, a educação pública e a modernidade sem instituições devem dialogar com grupos de pensadores, professores bem intencionados e não em separado de maneira asquerosa na câmara dos vereadores ou em algum órgão do gênero.

Levanta por favor e movimenta sua carteira um pouco mais pra frente? Ah meu, que saco. Que saco o quê? Se você soubesse mais sobre essas questões da educação não ficaria falando assim comigo. Falaria sim professor...falaria sim professor, eu sei que a educação é uma merda mesmo. Olha a boca menino, olha a boca menino. Eu que mando nela professor. Ainda bem eu não queria mandar na sua falta de educação e vem mais pra frente com essa carteira antes que eu te dê uma advertência. Advertência professor? Num pega nada não e me deixa de boa aqui onde estou ó. Tá bom então fica de boa, quer que eu traga para você umas fritas? Não professor obrigado mesmo. Uma soda? Uma tubaína? Uma cerveja? Ô professor endoidou? Eu sou de menor ainda, se minha mãe sabe que eu bebo, cheiro um lança e fumo todas ela me mata. Conta pra ela da melhor maneira possível, ela vai te amar pro resto da vida. É mesmo professor, você tem razão, minha mãe me ama, mas não conto nada não. Quer que eu traga um banco para você apoiar os pés? Não professor valeu mesmo em sangue bom, valeu mesmo...Não precisa me tratar que nem marajá que aí você me ofende, dá sua aula mano...dá sua aula. O verbo transitivo é aquele que transita pela frase. Transar professor? Ih...to querendo comer todas, tô querendo, lá no pancadão é tudo nosso qualquer dia te convido profressor...te convido pros rolês você vai curtir meus camaradas, to pra dizer que você é gente boa professor, mas não me muda de lugar não.

Ouvindo Moraes Moreira e Paulinho da Viola saiu o texto acima.

(silêncio e reflexão).

quinta-feira, 27 de março de 2008

Le Transit


Ah São Paulo ! Terra da Garoa! Terra da garoa? Depois desse aquecimento global e de bons invernos sem chuva, essa cidade virou mesmo terra do congestionamento. Aproveitemos então que estamos no começo do outono, com chuvinhas amenas para refrescar e transformar a cidade em mais um caos viário. Enquanto grandes cidades no mundo civilizado (descartem Nova Iorque e essas cidadelas americanas) fazem seus exemplos de contenção aos carros, nós, brasileiros apaixonados, cultuamos o deus carro e pensamos em meios de continuar reverenciando a fumaça diária e melhorar o trajeto urbano. Paris, Londres, Berlin e até mesmo Bogotá já possuem incentivos à prática da bicicleta, e algumas até instituíram o pedágio urbano, o bixo papão dos brasileiros. Eu, inocente que sou, fiquei pasmo ao ouvir a Rádio Eldorado conversando com os nobres moradores da zona Sul, tentando expor meios de fazer o privilegiado deixar seu carro com ar condicionado em casa e utilizar um transporte público. A proposta dos moradores? Simples! Criar um transporte por vans, com assentos anti-liquido (sem brincadeira!), ar condicionado e com um preço mais elevado para que o pobre não se utilize dele. Perfeito! Afinal, por que raios os ricos tem que se misturar com os demais? Já moram em “ilhas condomínicas” que os impedem de ver a desgraça lá fora (ou impede a desgraça de entrar), poderiam ao menos saírem em vans, conversarem entre si e ter um motorista particular que os leve para o trabalho e de volta às suas casas. E sabe do que mais? Os esclarecidos da classe média apóiam. Acham que é necessário criar um incentivo ao rico que compense-o a deixar o conforto de seu carro. Incentivo quem tem que ter é o pobre! Que já sofre todos os dias com ônibus lotado e trabalha para sustentar essa elite medíocre. Mas o pior de tudo é ver a luta da classe media em conquistar seu espaço nas ruas de São Paulo. Sonho maior é comprar um carro e pegar transito. É ficar parado respirando gás carbônico enquanto olha para o lado e sente pena das pessoas em pé no ônibus. Até quando a inerte população agüentara isso? Os paulistas, tão orgulhosos de sua cidade, continuarão felizes por morarem com a qualidade de vida que lhes é devida, desde que tenham seus carros para brincar.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quarta Meia Entrada – O Império do Caos


Pobre Paul Haggis, o diretor mais subestimado dos últimos tempos... Desde que ele levou o MERECIDÍSSIMO Oscar por “Crash” sobrepujando o incensado “Segredo de Brokeback Mountain”, o cara é rotineiramente mal dito pela crítica especializada, tudo porque o cinema político venceu o cinema novelão do Ang Lee (a Janeth Clair de Hollywood). Pois essa semana tive a chance de ver o Haggis ratificando a condição de um dos melhores cineastas da atualidade com um dos melhores filmes que eu assisti esse ano: “No Vale das Sombras”. Ninguém até agora conseguiu mostrar o estado de caos que os estadunidenses criaram no Iraque e no no próprio império com a gananciosa invasão promovida as custas da manutenção do “jeito americano de viver” como Haggis mostra nesse filme, ao nos contar a história de um ex-sargento que vai atrás do seu filho que, ao voltar do Iraque desaparece. As crenças patriotas arraigadas do sargento interpretado por Tommy Lee Jones vão aos poucos se diluindo na estupidez de uma guerra que não existe, na sua própria estupidez militar e no soterramento de meninos que vão ao Iraque condicionados a serem heróis e não conseguem entender porque são os inevitáveis vilões, consequentemente retornando (quando a justiça não é feita pelas vítimas invadidas) como monstros para si próprios e para quem estiver ao seu redor. Mesmo quando eu pensava que o filme ganharia contornos ufanistas do tipo “somos legais mas estamos mal orientados”, Haggis consegue mostrar que a esfera do caos militar estadunidense se estende facilmente até a polícia civíl, que tem a mesma postura condicionada dos soldados do exército, só que voltados aos trâmites burocráticos e aos inevitáveis machismos e racismos que são a quintessência do império. A cena final do filme é emblemática e precisa. Há de se valorizar também a grande atuação de Tommy Lee Jones e o trabalho de edição preciso, sem grandes invenções, preservando a técnica de forma a arredondar o roteiro com maestria. Para ver e pensar.

terça-feira, 25 de março de 2008

Nota

Morreu hoje o jornalista Sergio de Souza, um dos fundadores da revista Caros Amigos.
Menos uma boa opção para quem queria aprender a ser um jornalista sério.

Justificativa

Me desculpem a falha da semana passada. Tive meu acesso a computadores drásticamente reduzido devido a equação músicocrítico trabalhando com contabilidade+corte na empresa= Tio desempregado.
Espero poder compensar nessa semana.

O básico Da MPB VI

Tom Jobim (a escolha do freguês)



Lembra o vendedor meninão da FNAC? Imagina você, jovem desbravador da misteriosa MPB juntando uma grana, juntando mais um pouco, mais um pouco... Aí você chega lá na loja e fala pro vendedor: “TEM TOM JOBIM?”, o cara vai olhar pra sua cara com a mesma cara que olhou lá quando você foi lá perguntar de MPP e talz... E vai voltar com uns 15 Cds e um sorriso maroto(tipo pagodeiro mesmo). Aí sabe o que você diz pra ele? “LEVO TUDO!!!”. E sabe por que? Porque Tom Jobim é que nem o Evair batendo batendo penalti: Não tem erro. Tudo, absolutamente tudo o que o Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (aprendeu mais essa boy?) gravou é bom, é mais que bom, é do caralho, é a música roçando a perfeição. Pra ninguém falar que eu sou ruim eu deixo a minha dica de disco preferido (vai que você está desempregado que nem eu e aí pra só dá pra juntar sorriso amarelo...), que é “Passarim” de 1987, uma aula de música pra qualquer ouvido.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Liberdade de imprensa pra quem?

O conversa-afiada acabou. Ou melhor, acabaram com ele. O site estava hospedado no IG e Mino Carta, em solidariedade ao amigo Paulo Henrique Amorim, “pediu pra sair.” Depois da batalha judicial entre a Abril e Nassif, esse é mais um tiro em nossa liberdade de imprensa.

Cops

No Brasil Urgente de sexta-feira, foi ao ar mais uma ação policial. O bandido se encontrava na favela Funchal, devidamente cercada. O local era descrito como “verdadeira fortaleza”, onde foram encontrados “armas e dinheiro.” Nas imagens, um 38 carregado e, até onde consegui contar, uns R$ 200,00. O ápice, o “estouro” da fortaleza, quando, devido à câmera, temos a sensação de estarmos juntos dos policiais na hora, completa-se com a visão do bandido já de joelhos e algemado.
Queria saber uma coisa: a luz da câmera não atrapalha ou todas elas possuem qualidade suficiente para captar imagens no escuro?
Por que não fazem reportagens iguais de uma ação da Polícia Federal contra sonegadores, criminosos de colarinho branco ou contrabandistas? Já imaginou as cenas da Polícia Federal entrando na Daslu? Ou os home com as quadrada na cara do Lalau, socando ele no camburão e dando tapa na cara dele – vai logo, vagabundo! Dá pra comparar os R$ 200,00 de um bandido da favela Funchal com os R$ 169.500.000,00 (quanto zero!) que foram desviados na construção do TRT?

sexta-feira, 21 de março de 2008

Sexta crítica e literalmente literária

Um texto curto conectando as idéias do filósofo da modernidade Zygmunt Bauman, acho que saiu um texto com caráter literário que será publicado no meu novo Zine-Mentolado, portanto abro mão dos comentários sobre o texto Identidade do filósofo em questão:

“O desenvolvimento das habilidades do consumidor talvez seja o único exemplo bem-sucedido da tal ‘educação continuada’ que teóricos da educação e aqueles que a utilizam na prática defendem atualmente.” (Zygmunt Bauman)

Propagando a modernidade

O mundo em caos. Escola em crise, abalada e líquida. Amor líquido. Igreja liquidada. Televisão em liquidação e eu que compro. O Carpe diem torna-se a melhor saída. Surfar sobre as ondas fluidas da liquidez é mais raso não pense na identidade coesa. Bóie nessa onda. Não há regras. Não há chances. Não há estruturas rígidas. Tudo passa e eu descarto você que descarta eu que descarto minha crise e fico bem. A auto-afirmação é a arma do negócio assim como a propaganda. O “presente” não compromete o “futuro”. Não há futuro. Eu temo a vitória e a derrota. Amor de orkut é a nova onda. É créu, vai rebola. A nova mensagem de voz no celular me aquece. Eu me esqueço. Sou desamparado. Não há Deus, pai, mãe, escola e nem eu existo. Você não existe como eu e vivemos com crédito liberado para usufruirmos do delivery de uma magazine líquida na qual você pode, compra e aceita tudo, aproveita.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Quarta-meia entrada meio sexta-literária: Antecipada

Kadu Ayala (toca kaduuuuu) se apresenta quarta-feira, dia 19/03, na Livraria da Vila, às 19h00. Amigo da turma aqui do tanta, Kadu participa do evento Mesa para Oito, que terá a presença dos poetas Frederico Barbosa e Fabricio Carpinejar, dentre outros.
http://www.livrariadavila.com.br/site/eventos/eventos.php
Rua Fradique Coutinho, 915.

Deve ser culpa de sagitário

De acordo com a pesquisa Focus, que o BC realiza com o (Walter) mercado, ou seja, analistas financeiros, o crescimento do PIB ficaria em 3,5%. Acabou ficando em 5,4%. Uma diferença de quase dois pontos percentuais, o que, para nossos padrões, é gritante. Não sei como fazem esses cálculos, mas a quantidade de variáveis implícitas deve ser o suficiente para desautorizar muitas projeções. Uma delas, e a mais imponderável, é a política. Mas desde que os economistas tentaram reduzir sua disciplina a cálculos matemáticos, uma quantidade imensa de Mães-Dinah impõe uma pauta, apresentando um futuro que está em suas cabeças, muitas vezes descoladas da realidade. Afinal, não é a matemática a ciência mais abstrata que existe?... Muito mais importante é se perguntar, por exemplo, por que o feijão está tão caro. R$ 6,00 o quilo é um absurdo para um item básico no prato do brasileiro. É quase o mesmo preço de 5 kg de arroz. Só que a imprensa prefere ir atrás do “mercado”, que, assim como o Walter, faz das suas mandraquices. Chute djá!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Quarta MeiaEntrada - Pérolas Escondidas




Não sou muito de confiar em filmes que nem passam pelo cinema e chegam direto em DVD. A maioria desses filmes costumam ser as produções “B” do cinema estadunidense que foram um fracasso por lá e que não conseguiram então notoriedade para passar nas telonas por aqui. Mas logicamente existem excessões e uma delas é o filme “Terra de Ninguém” (Land of Blind) que eu tive a oportunidade de assistir semana passada. O filme é uma crítica pesada ao poder, aos modos do poder e a como nós vemos quem está no poder, numa história que conta como um guarda de uma penitenciária de um país fictício é aos poucos doutrinado por uma preso político de esquerda e o ajuda a dar o golpe no comandante daquele país. Mais importante são os dobramentos desse golpe com o intelectual de esquerda no poder e o ex-guarda, que paga o preço por ter estudado mais do que apenas a doutrina formadora e por consequencia se opor a qualquer forma de autoritarismo vigente. E nós sabemos muito bem que uma ditadura de direita é tão cruel quanto uma ditadura de esquerda, afinal vivemos em uma. As referencias diretas a Ditadura dos Estados Unidos, a ditadura Soviética e ao assassinato de Marat são bem interessantes de se observar. Recomendo, apesar de ter me deixado um tanto pessimista.
Outro filme que eu assisti essa semana foi “Mandando Bala” (Shoot 'Em Up), um filme muito mal interpretado pela crítica, afinal meu, aquilo é uma sátira!!! E hilária... algumas cenas são claras provocações aos filmes de ação de hoje em dia, como o Clive Owen matando um cara com uma CENOURA e atirando SEM ARMA (essa é sensacional, só assistindo pra entender e acreditar). No fim das contas me diverti muito com esse filme e não o descarto. Taí uma boa dica pra quiser dar umas boas risadas num tarde chuvosa de Sábado. Esse até passou no cinema, mas não teve uma desempenho muito bom... Sei lá porque...


Olha o Clive Owen e sua inseparável Cenoura...

Quarta Meia-Entrada: Nas ondas do rádio

Já que ninguém escreve nessa bodega mais, vamos lá...

Como o Tio colocou um disco do Paulinho da Viola no básico da MPB, recomendo a série que o programa Olhar Brasileiro, da Rádio USP, está apresentando sobre o sambista. O programa vai ao ar aos domingos, das 10h00 às 11h00 e está disponível na Internet http://www.radio.usp.br/programa.php?id=37&edicao=080302

Falando em rádio, os amantes do violão têm obrigação de ouvir o programa Violão, apresentado por Fabio Zanon, na Rádio Cultura FM. Programa único no rádio brasileiro, aborda a história do instrumento, técnicas de fabrico, os diferentes intérpretes e compositores, com destaque para a música de concerto. Além de ser extremamente didático, Fabio Zanon é um dos melhores violonistas brasileiros hoje em atividade. Aproveitando para cutucar os que defendem o diploma de jornalismo para exercer a profissão, não conheço nenhum jornalista que apresentasse o programa melhor do que o Zanon. Ele comenta desde a madeira com que é feito o instrumento até a qualidade do intérprete, analisando, por exemplo, se o ataque é bem feito, passando, é claro, pela dificuldade e beleza das peças. O Brasil tem uma tradição de ótimos violonistas (Turíbio Santos, Raphael Rabello, Baden Powell, Egberto Gismonti, Yamandú Costa, Duo Assad, Duo Abreu, Duofel, Quaternaglia, só pra ficar nos mais famosos) que o grande público infelizmente desconhece. O programa vai ao ar aos domingos, às 13h00, com reprise às quartas, às 20h00. Só é uma pena que a Cultura FM não disponibilize seus programas na Internet.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Guerra no ar

- Não colou a alegação de Álavro Uribe de que a Colômbia reagiu a um ataque das Farc e falta provar que a guerrilha possuía intenções claras de comprar urânio.

- A tentativa de classificar as Farc de terrorista atendem ao desejo dos EUA e da União Européia e, de quebra, condena Hugo Chávez, pois possuiria ligações com os “terroristas”.

- Problema: se Chávez possuía ligações com os terroristas, Sarkozy também, pois, junto com Espanha e Venezuela, o governo francês estava fortemente empenhado em negociar a libertação da cidadã franco-colombiana Ingrid Betancourt. Sarkozy inclusive se propôs a ir à fronteira Colombiana.

- Alberto Dines, do Observatório da Imprensa, considera as Farc terrorista e acusa os jornais brasileiros de capitularem diante da autodenominada guerrilha colombiana.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=474JDB014

- O tema é impossível de ser abordado num blog, pois não há consenso em relação a o que é “terrorismo”, no fundo, se trata, como quase tudo, de uma questão política.

- A melhor análise feita por jornalistas até agora é a de Jânio de Freitas, para quem Uribe acabou com as negociações envolvendo Ingrid Betancourt, pois sabia que Raúl Reyes, o intermediário das Farc, estava no acampamento bombardeado. “A decisão repentina de acabar com o acampamento por bombardeio só pode ser atribuída à informação de que lá estava o guerrilheiro negociador. Uribe, agora desejoso do terceiro mandato, prometeu que acabaria com as Farc. Não por negociações.(...) As bombas caíram sobre o processo de liberação de seqüestrados.” Folha de S.Paulo, 4/03/08.

CNN racista e resquícios do colonialismo

Manchete no site da CNN: “Zimbábwe: Negros controlarão empresas”
Lei aprovada Robert Mugabe diz que as empresas no país deverão ter 51% do controle em mãos de cidadãos locais.
http://edition.cnn.com/2008/WORLD/africa/03/10/zimbabwe/index.html

Também no Guardian
http://www.guardian.co.uk/feedarticle?id=7370571

E na BBC
http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/7286513.stm

e num jornal de Zimbábwe
http://www.talkzimbabwe.com/news/117/ARTICLE/1837/2008-03-10.html

Ao dia da mulher

Aposto uma paçoca e uma mariola do Tio que a próxima vítima da grande imprensa será Dilma Roussef. Por quê? Porque é a melhor ministra da história recente do Brasil, porque a prioridade dela são os pobres, conforme atesta o projeto Territórios da Cidadania, e porque não há ministro que tenha feito o que ela fez: pegou um ministério combalido, o de Minas e Energia, e reergueu, isso logo após o apagão. E quando a crise do, vá lá, mensalão corroia a Casa Civil, ela assumiu o comando do ministério e desde então não se ouviu falar em caso semelhante. Não vou entrar em detalhes a respeito de algumas políticas do governo das quais discordo, mas ela e a Marina Silva são dos poucos membros do governo Lula que se salvam. Dirão uns que ela não fez mais que a obrigação, o que é verdade. O problema é justamente esse: qual político faz sua obrigação nesse país? Sem contar a biografia da mulher. Enfim, até aqui, currículo irretocável. É a candidata de Mino Carta, além de Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif morrerem de amores pela sua gestão. Se ela sair candidata, vai ser difícil derrubá-la. O Diogo Mainardi vai ter que gastar o dedo.

domingo, 9 de março de 2008

Trecho 1

Sr. Diekmann diz: (sarcasticamente) Mas você também é apaixonado por todas as mulheres do mundo! (Ri)

Tio diz: (sorrindo) Todas não, que é isso... só pelas que me dão atenção.







VINIX, Tio: "Minha Vida é Uma Comédia Mas Eu Não Dou Risada "; Peça; Sem editora; Sem data de lançamento e Sem vergonha na cara.

Trecho 2

Ninfeta Tatuada 2 diz: (com cara de coitada) Mas meu querido, você sabe o quanto eu gosto de você! Você sabe que ser sua amiga é uma das coisas mais legais que me aconteceu, mas se toda a vez que a gente sai eu tenho que te dar um fora porque você insiste em me cantar eu fico triste, assim a gente vai estragar essa amizade tão bonita que a gente tem...

Tio diz: Se a esperança é a última que morre, eu prefiro matá-la pessoalmente.






VINIX, Tio: "Minha Vida é Uma Comédia Mas Eu Não Dou Risada ", Peça; Sem editora; sem data de lançamento e sem paciência com ninfetas tatuadas.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Olhando ao redor eu pergunto:

Ministro...?

quarta-feira, 5 de março de 2008

Quarta MeiaEntrada – O Básico da MPB V

Racionais Mc's
" Sobrevivendo no Inferno" 1997


O barato é o seguinte mano, se cê acha que Rap é coisa de favelado e os cambau tá mó errado. Se fosse, os maluco que eu vou por na roda aqui não tinham vendido 1 MILHÃO DE CÓPIAS¹ desse disco que é na moral, o melhor disco de Rap da história do Brasil, e não foi só na Favela que esse disco vendeu. Os caras tavam inspirados nesse disco e deram uma aula pros mano e pros Playba de como falar da miséria e da periferia, fazendo um esquema de transformar as letras tipo numas crônicas, em histórias que falam do povo que tá na margem do real (chama aê de marginal se você preferir, boy) e provou que “Periferia é periferia em qualquer lugar²”, certo? Sem contar que abriu o mercado do Rap nacional pras gravadora e descolou o rótulo que os patrão punha no gênero, de que o RAP era pobre em rima e que tinha que ter um branco fazendo Rap pra vender (estava provada a diferença entre “ser pensador e ser da rua onde é a lei da bala³”). Tudo o que o Mano Brown, o Ice Blue e o Edy Rock falam no disco é o retrato do que é ser de um mundo que não é mundo das Mina-Coisa-Fina que o malandro quer pegar nas balada. As mina não é, mas todas elas ouviram e prestaram atenção em “Diário de um detento”, em “Mundo mágico de Oz” e por aí vai.Os caras foram beber lá na fonte de de São Jorge Ben e botaram de volta na cena o som que sempre fez mais sucesso no Brasil: O som do preto pobre que relata o que vive com o coração e com todo o ódio que a vida dá pra quem é estigmatizado e sistematizado, ou o samba também não é isso? Pena que ainda não surgiu ninguém que fosse na dos caras e chegasse a bater na porta do sucesso, mesmo porque depois dos caras terem vendido aquela caralhada de Cd que venderam sem apoio de nenhuma gravadora grande(a grande maioria do Cd’s foram vendidos nos shows, bailes da comunidade e em Camelôs) os patrão ficaram com o pé atrás. É básico porque é a evolução da Música Preta no Brasil, é um divisor de águas na visão crítica do RAP merecendo até referência no Dicionário Cravo Albin de Música, é firmeza e merece um salve.

1- Em alguns lugares você vai ver 500 mil cópias, mas eu confio mais nas contas dos próprios Racionais, que falam em 1 milhão, contabilizando as cópias piratas.
2- Trecho e título de uma música do Edy Rock que está nesse disco.



3- Sistema Negro, “Bem vindos ao inferno”

PS: Se algum PASQUALE da vida vier encher o saco, eu recomendo que leia antes a entrevista do Marcos Bagno na Caros Amigos desse mês. Fui.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Segunda-avon mal cheirosa

O jornalismo latrinário praticado pela revista Veja é o último alvo de Luis Nassif. No endereço http://projetobr.com.br/web/blog/5 temos um mergulho no lodaçal que se tornaram as coberturas e reportagens da revista semanal mais lida no país. Antes que o acusem de estar a serviço do governo Lula ou de ser algum esquerdista revoltado, é bom que se diga que ele criticou duramente o MST, defendeu as pesquisas com transgênicos, possui uma agência de notícias em tempo real e prega uma eficiência estatal ao gosto liberal; no campo político, bateu duro tanto nos “cabeças de planilha” de FHC quanto nas alas radicais do PT. Trabalhou durante anos na grande imprensa, inclusive na Veja. Manteve uma coluna durante 15 anos na Folha, onde chegou a ser membro do conselho editorial. Conquistou prêmios importantes e possui boa reputação entre os pares, apesar de se especular que sua saída da Folha tenha ocorrido por fazer lobby com o banco Opportunity. Nos últimos meses tem se dedicado a analisar a imprensa, com textos bastante interessantes. Teme-se que a Editora Abril entre com ação judicial contra Luis Nassif, justamente pelas suas críticas. Além de jornalista, também toca bandolim muito bem e entende muito de samba e chorinho. Se eu fosse ele, trocaria os temas econômicos e midiáticos pelos musicais. A Veja pratica um jornalismo tão ruim que mesmo entre as hostes liberais – da qual Nassif faz parte – ela é execrada. Será que se alguém da Abril ler o tantaprosa processam a gente?