sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Sexta Light Literária: Drummond

(MUNCH, Edvard. O Grito. 1893)

"Pra dançar creu tem que ter disposição
Pra dançar creu tem que ter habilidade
Pois essa dança ela não é mole não
Eu venho te falar que são cinco velocidades"
(MC Creu)
O que vem acontecendo na sala de aula do ensino fundamental é assustador. Alunos se rebolam nos ritmos mais calientes desse verão: de creu a piriguetes os alunos se divertem. Penso muito nas inovações necessárias que um professor de português pode fazer para tornar sua aula mais agradável e adequada ao momento de vida de seu público ouvinte (alunos). Portanto, a inovação do momento foi trabalhar um rap do Gabriel O Pensador chamado "Estudo Errado" em que o escritor condena o sistema de ensino, aprovação automática, falta de inovação dos professores e conformismo dos pais dos alunos.
A tentativa nesse momento é de fazer a leitura e a lieratura implacarem no meio dos alunos. Para que a leitura tranforme-se em hábito é necessário muio estímulo para buscar as respostas esperadas. Por outro lado para que a literatura e a vontade de escrever poemas e contos seja o maior desejo de um aluno e torne-se um hábito, é necessário aprendizagem, amadurecimento e concentração nas técnicas de escrita e nos autores que já fizeram seus registros.
Para fazer esse post ganhar vida nessa sexta de poucos bares, pouco dinheiro e muito vontade de realizações é melhor que seja repassado aos leitores um poema do Carlos Drummond de Andrade (ou pelo menos parte dele). Assim sendo, diretamente da lanhouse in my house (computador em minha própria casa, mas que tenho que marcar hora pra usar) posto o Drummond desejando fartura nas terras áridas tantaproseanas, desejando realmente que BUSH seja incluído na lista de terroristas de acordo com o grito de Hugo Chaves e a vontade de muitos e tentando entender a descoberta de petróleo em uma das luas da galáxia:
(...)
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra
e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema.
Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada
no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara:
ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo agora é raso.

Tatu disse...

raso é pouco.