quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quarta MeiaEntrada - O Fim da Delicadeza



Sou fã dos Irmãos Coen, fã mesmo. Já assisti quase tudo o que eles fizeram e gostei de quase tudo, mesmo os filmes que não obtiveram tanto sucesso, como “O Amor Custa Caro” e “Matadores de Velhinhas”. Os caras representam um cinema independente que hoje em dia está fraco, vêm de uma época onde se substituía a falta de recursos com soluções que resultassem em ação, mesmo que de forma mais teatral e não o fim da ação em troca apenas de diálogos teatrais, que é a tendência do cinema independente Estadunidense desde os anos 90. Agora coisa que eles não têm é cara de Oscar, por isso mesmo a minha aposta pra esse ano no premio da gringa é pra “Desejo e Reparação”, mesmo que provavelmente “Onde Os Fracos Não Tem Vez” seja um dos melhores filmes do ano. Ele traz os Coen com uma maturidade e um pessimismo que eu não tinha visto ainda em seus filmes. Há relações pertinentes com “Fargo” e “Arizona Nunca Mais”, como um policial que faz as coisas tranquilamente e um caçador implacável. Só que em “Onde os Fracos...” o mundo já não é mais o mesmo. Os policiais não farão milagres e os psicopatas não serão pessoas de maneiras elegantes como eram. Nesse mundo novo e violento (o filme se passa em 1980, um momento perfeito pra retratar a história ao mesmo tempo dos desmembramentos mais profundos da sociedade Estadunidense) um bom policial se vê muito mais incapaz de enfrentar ao mesmo tempo a cabeça dura de um caipira que acha 2 milhões de dólares e tenta fugir com eles, um psicopata que o caça e a máfia mexicana que caça os dois. E é claro que o policial interpretado por Tommy Lee Jones também está cansado. Esse mundo não é mais o mundo dele. E nem do caipira que acha que se for persistente e cuidadoso pode passar a perna em toda a máfia mexicana que trafica cocaína da fronteira do México para os EUA.

Esse mundo é o mundo de Anton Chigurh.

Esse é o mundo onde você não mata por interesse, não mata por ganância, não mata por medo. Você simplesmente mata. O personagem interpretado magistralmente por Javier Bardem é isso, a gênese do novo mundo. Um mundo onde as relações humanas acabaram, onde matar e morrer são conseqüências naturais de se estar em competição, onde a decadência assume a sua forma destrutiva, onde tudo faz parte de um plano asséptico, onde se vive de números e nunca de momentos. Em determinado momento do filme fiquei profundamente indignado com o caipira que pega os 2 milhões e desencadeia toda a ação do filme, mas em nenhum momento me indignei com o psicopata Anton Chigurh. Dele apenas se espera que ele faça o que ele faça. Dele apenas temos medo. Com certeza esse personagem estará entre os vilões mais perturbadores da história do cinema.

4 comentários:

Anônimo disse...

Eu falei que ia aparecer por aqui!
Adorei ontem, foi muito divertido.
Espero que tenham chegado bem em casa e que o Elton não tenha dormido na sarjeta.
Pode deixar que eu vou ler tudin tudin tudin e comentar depois.
Beijoca da fruta!

Elton disse...

Já quase dormi na rua, mas ficou no quase. Olha só: com Kiwi dá pra fazer uma salada mista...=D

Anônimo disse...

Hahahahaha que povo pimpão!
Pois é, eu tb gostei muito de "ontem", acho que rendeu bons papos, o que já nos remete a produzir novos encontros regados a cervejas e discussões ;)

Sinta-se a vontade no Tantaprosa!

Bjs do Ministro

Tio Vinix disse...

é, isso tudo aí.