segunda-feira, 28 de abril de 2008

Aprendendo com o Tio Allan a parar de fumar

(Cartum do Allan Sieber)

Meu primeiro round tá assim:
Vamos ver como eu me saio nas próximas semanas...



quinta-feira, 24 de abril de 2008

Impressões


Ah viagens! Nada como uma boa viagem para me revigorar dessa selva tecnocrata que é São Paulo. Acabo de voltar do Rio, e a despeito de dengues e assaltos eu simplesmente adoro a cidade. No Rio as coisas são todas um pouco desorganizadas. Ao contrário de São Paulo em que cada tribo freqüenta uma região diferente, os cariocas se misturam e produzem verdadeiras cenas surreais em suas ruas. Reflexo da própria arquitetura da cidade, com construções modernistas e românticas lado a lado. Florestas dividem espaços com shoppings, montes de pedras com casas, produzindo uma sensação de estranheza à quem não é da cidade. Sensação essa agradável, mas não menos impactante. A despeito da miséria ser bem mais visível no Rio (quem tem medo de pobre?) e infelizmente eu não poder sair sozinho sem atrair muita atenção, sou apaixonado pela atmosfera boêmia e desleixada do lugar. Já pensei mesmo em morar por lá, em conviver com o povo carismático e bem mais aberto que os enrustidos paulistas, mas sei que minhas preocupações não se apartariam ao ver a grande desigualdade que assola a cidade. Enfim, prefiro visitar esporadicamente, experimentando sempre a sensação de estranheza que curto nas viagens que faço. Alguns momentos que valeram boa diversão foram o Funk carioca na Lapa (o tal de Fuck Funk), com entrada de R$1,00 (!), assistir a final de campeonato no Maracanã (com desconhecidos se abraçando e dançando crééééééu para a torcida do Fluminense), visitar a favela da Maré, comer a pizza carioca (e sentir saudades de casa), tomar de assalto a cidade de Conservatória (com cerca de 3000 habitantes) e claro, fazer tudo isso com 140 amigos bebendo cachaça Claudionor...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada na Virada Cultural


Seguindo os sábios conselhos da Carol Marossi (que vai ter uma surpresa no Sábado), vou aproveitar pra falar da Virada Cultural, que acontece nesse fim de semana(26 e 27 de Abril) aqui em São Paulo.
Primeira coisa: Todas as capitais do Brasil deviam ter uma Virada dessa, não é tão difícil de fazer quanto parece e os resultados são bem interessantes do ponto de vista de revitalização do centro da cidade. Tendo em vista que a maioria dos centros das nossas capitais estão próximos do estado de degradação que se encontra o centrão paulistano, é algo que deveria ser pensado, sem contar que do ponto de vista governamental (não se essa é a palavra certa) é uma boa forma de incentivar o turismo interno.
Segunda coisa: A exemplo do que será feito esse ano, seria uma ótima idéia convidar também artistas estrangeiros para participar do evento, claro que considerando que você mantenha o espaço para vários artistas da cena independente paulistana participarem em palcos reservados só para eles.
Agora, antes de um breve roteiro dos shows que eu recomendo e que provavelmente irei ver por lá, não poderia deixar de falar de algumas coisas que vão acontecer e que também valem muito a pena, como o show do Luis Melodia as 18h no Teatro Municipal, Arismar De Espírito Santo no palco do piano, Zé Ramalho na São João e as sessões de cinema no Cine Olido coordenadas pelo Carlos Reichenbach, onde o tema será filmes sobre Vampiras, e aqui meu único protesto: Dentre todos os excelentes filme que ele programou, me entristece muito saber que um dos maiores clássicos do gênero, o filme “Rosas de Sangue” de Roger Vadim não estará na programação.

Agora, o meu roteiro:

As 18h na São João a Deusa Caboverdiana Cesária Évora, a Rainha da Morna.

As 21h no Teatro Municipal Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos executando o disco “Dança das Cabeças”, um dos maiores clássicos da música instrumental do século XX.

0h, minha única dúvida: Assistir grande promessa da música paulistana Andréia Dias ou ver o que será que o Zé Celso Martinez Corrêa aprontará com um PIANO no palco destinado justamente a esse instrumento?

As 3h Maria Alcina. Ela é só a melhor interprete da música “Fio Maravilha” do Jorge Ben. Isso já é mais do suficiente pra ir ver o show dessa extraordinária cantora.

As 8h Záfrica Brasil. Rap de muita, mas muita, mas muita qualidade.

12:30h tem Vasco Faé no Palco de Blues, grande gaitista que já tocou no Blues Etílicos e que faz um Fusion de ótima qualidade, acompanhado na percussão pelo meu parceiro que é o melhor percussionista do ABC: Fabio “Azeitona” Daros (quebra tudo, Azeitona!!!!!)

As 16:15h, vou de Bocato, o grande trombonista. Promessa de Jaaaaaaaaazz!

As 18h pra encerrar... TETÊ TETERETÊ!!!!! Jorge Ben Jor.

E é isso, boa festa pra todos, a gente se tromba no centrão. Mais informações sobre outros shows( e são muitos), horários e locais
aqui no site da Virada.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Quinze Minutos


Quinze minutos é o ápice do mundo contemporâneo. É o tempo necessário para se comunicar tudo a todos. É o tempo da internet, do blog, do programa de televisão. O ritmo acelerado do videoclipe que permeia nosso modo de ser, de falar, de se expressar, de pensar. Imagens aos montes entorpecem a mente dos jovens, causando alegria, êxtase e cansaço numa rapidez gritante, capaz de levar o ser ao vislumbre do nada. Somos a geração MTV. A geração do falar rápido e sem sentido. Do esboçar comportamentos múltiplos em questão de segundos, sem propósito algum. Cansados apenas em assistir televisão. Não nos surpreendemos com mais nada. Não nos causa estranhamento problemas, crises, misérias, solidão. Cultivamos o tempo do minuto, dando importância à estética, ao plástico acima de qualquer outro conteúdo. Nossa formação acaba aos vinte. Faculdades com três diplomas em dois anos. Broadcast até na hora de comer. Falta. Falta satisfação. A falta se transmuta em quantidade. Beijamos e saímos com muitos; entendemos poucos. Trabalhamos sem sentido algum. Trabalhamos para nós mesmos, sem construir algo duradouro. Sociedade com Q.I. de VJ.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada - O que é o amor hoje em dia na música brasileira?


Seria isso?


Zeca Baleiro - Mundo dos negócios

baby vem viver comigo no mundo dos negócios

traz o teu negócio junto ao meu negócio

vamos viver do comércio barato de poemas de amor

baby o que mais importa

a poesia está morta mas juro qua não fui eu

tudo à minha volta são reclames

desejos vãos e sóis

tudo à minha volta são reclames

desejos vãos e só

baby vamos ao cinema a vida é cinema

já vi esse filme sempre o mesmo filme

canções de amor se parecem porque não existe outro amor

("Cidades vertiginosas, edifícios a pique, Torres, pontes, mastros, luzes, fios, apitos, sinais. Sonhamos tanto que o mundo não nos reconhece mais, As aves, os montes, as nuvens não nos reconhecem mais, Deus não nos reconhece mais.")


Ou isso?


Luiz Tatit/Dante Ozzetti - Nosso amor


Se falei de você só falei por falar(não tinha mais de quem falar)

Só sonhei com você pois não pude evitar(temos que sonhar)

Se fiquei com você só fiquei por ficar(quem fica fica por ficar)

Se aceitei seu amor aceitei sem pensar(não sei recusar)

Se ainda estou com você inda estou por estar

Nosso amor afinal não tem nada de especial

Não é paixão não é fatal

Não é assim essencial

Nem é só sentimento circunstancial

Não é tanta coisa mas é tão legal!

Infeliz de quem vem até aqui me buscar(quem busca adora rebuscar)

E me vê com você vendo o tempo passar(é só o que verá)

Sem saber se esse amor inda vai decolar(se cola pode decolar)

Eu por mim tudo bem deixo assim como está

Nosso amor se tornou uma história singular

É só calor e se calar é só compor sem cantar

Nosso amor se espreguiça só quer vadiar

Vai passando os dias sem se entediar...

Uma das dúvidas típicas que ficam no ar:

Como que um amor que não quer nada pode continuar?

Nosso amor não cansa de durar

Sempre foi assim sempre será

Não se pode esperar muito disso mas também por que esperar?

Se falei de você só falei por falar(não tinha mais de quem falar)

Se fiquei com você só fiquei por ficar(quem fica fica por ficar)

Infeliz de quem vem até aqui me buscar(quem busca adora rebuscar)

Sem saber se esse amor inda vai decolar(se cola pode decolar)


Ou talvez isso?


Paulinho Moska - Do amor


Não falo do amor romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com amor. Chamam de amor esse querer escravo, e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O amoré um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?

Minha resposta? O amor é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o amor será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. O amor quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.A vida do amor depende dessa interferência. A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.

O amor não é orgânico. Não é meu coração que sente o amor. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O amor brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, se estivermos também a devorá-lo.

O amor, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o amor a navega. Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no amor. E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.




Olha, eu não sei resposta não... vocês que dêem as suas.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Micro Terça Mochilão

Uma Charge Vale Mais do Que Mil Palavras!!!



Taí a minha opinião sobre os protestos pela libertação do Tibete que vêm acontecendo durante a passagem da tocha olímpica pelo mundo.

Idas e Vindas

Aviso aos leitores!!!

-O nosso querido Elton-Garotinho-Avon está entrando em recesso por tempo indeterminado devido a questões particulares e a nossa Segunda-Avon passará por algumas reformulações em decorrência disso.
- Em compensação, a Terça-Mochilão da Carol "Eu quero o meu guaraná Jesus!" Marossi está voltando logo logo...aguardem e verão..

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Confusão Público X Privado – O Caso UNB

E não é que a USP criou moda com a invasão de reitorias! Pois é, agora a UNB (Universidade de Brasília) é quem usa desse artifício para conquistar suas reivindicações. Eu confesso que, no inicio, fui contra a ocupação da mesma. Mas Ministro, o senhor não foi a favor da ocupação na USP? Por que foi contra à da UNB? É, acontece que a ocupação da reitoria na USP foi feita por questões internas à universidade. A luta era por melhores moradias, comida e reformas nos prédios de algumas faculdades. Em Brasília o problema era outro. O pedido de renuncia do reitor Timothy Mullholand envolve um escândalo de corrupção e mau uso do dinheiro público. Ou seja, os protestos não deveriam limitar-se ao espaço da UNB, porque não foi ela a única lesada. Greves e manifestações em toda cidade (como passeatas, por exemplo) seriam bem mais interessantes a meu ver. Mas tudo bem, os alunos da UNB acabaram reivindicando algo interno à instituição apenas (o uso do dinheiro para construção e reforma de moradia estudantil), o que por um lado legitimaria a invasão da reitoria, mas por outro afastaria a mesma universidade de uma participação mais ativa da sociedade em geral. Dessa forma presenciamos em Brasília os mesmos problemas que as universidades públicas de São Paulo enfrentam: falta de reconhecimento dos cidadãos sobre a importância e a necessidade de defenderem um patrimônio e instituição pública capaz de oferecer serviços de excelência a eles. Esse processo de não identificação da universidade com a sociedade a sua volta acaba por prejudicar em muito a legitimação dos atos em prol da luta por melhorias, ou por questões de corrupção mesmo, afinal a população além de não saber o que ocorre lá dentro, sequer consegue acesso à universidade. A chance que a UNB teve de usar um problema mais amplo (o uso de dinheiro público) para agregar seu espaço com a população de Brasília foi descartado, preferindo-se somente envolver órgãos e instituições ligados a atividade intelectual da mesma. É uma pena que uma oportunidade dessas acabou sendo deixada de lado. Agora resta ver se, através de suas forças internas apenas, a universidade conseguirá seus intentos (voltados somente a ela).

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quarta MeiaEntrada

O básico da MPB VII – Caetano veloso





Transa -1972



O melhor disco que o Caetano já lançou. SÓ ISSO. O que possibilitou isso foram vários fatores: O sujeito homem estava exilado em Londres e tinha que ganhar dinheiro ou seja, tinha que fazer uma coisa boa. Estando em Londres também tinha acesso a muitas outras influencias de forma mais completa, além de ter Jards Macalé como produtor e arranjador do disco. A referencia que ele faz a “The Long Way Winding Road” dos Beatles na faixa “It’s a Long Way” é antológica. Apesar da maior parte das músicas serem em inglês, destaco a faixa “Triste Bahia”, onde o compositor musicou um poema de Gregório de Mattos com extrema felicidade. Os improvisos que se seguem nessa faixa e em outras faixas do disco também podem ser considerados de certa forma inovadores, pois fazem uma comunhão do improviso aqui já tradicional do jazz com a tradição das festas nordestinas, onde um determinado cantador improvisa um mote sobre um determinado gênero ou sobre o mesmo rítmo desfia várias cantigas folclóricas diferentes, imputando na improvisação algo novo, pelo menos para os gringos. Esse é uma disco para ser ouvido com calma e várias vezes, pela sua riqueza em detalhes, além de importancia que ele tem na própria formação do Caetano, pois a partir daí ele passa a gravar os violões em suas músicas, o que ele não fazia antes do exílio, pois como não era considerado um bom instrumentista pelo produtores brasileiros e não tocava violão de uma forma tradicional. O título do disco é uma resposta irônica aos militares que, ao permitirem que Caetano viesse ao Brasil em 1971 para assistir a festa de 40 de casamento dos seus pais, pediram que ele compusesse uma música em homenagem a rodovia Transamazônica, que estava sendo construída. Básico porque a música brasileira de hoje é 60% Caetano Veloso (raríssimos os artistas que não tenham sido influenciados por ele) e “Transa” é 90% do que Caetano se tornaria nos anos 70 e 80 do século XX.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Tucano canta de galo, e põe fogo no ninho

Ao declarar que teve acesso a cópia do dossiê e que fora uma das fontes da revista Veja, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) fez “um gol contra”, como lamentou editorial do Estadão. A oposição colocava o governo nas cordas, FHC exigia a demissão de quem o teria produzido e eis que Álvaro Dias tenta cantar de galo e acaba favorecendo a argumentação do governo de que haveria um complô. Um bom resumo da história toda e das implicações do caso está no site da Carta Capital.
“Existe relação entre a ministra e o vazamento das informações? A Folha de S.Paulo de sexta-feira 28 de março afirmou em manchete que o braço direito de Dilma, Erenice Guerra, secretária-executiva da Casa Civil, teria sido a responsável pelo suposto dossiê, mas não apresentou nenhuma prova contra a funcionária. E, por último, o mais relevante: quem pinçou as informações sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso e de sua mulher, dona Ruth, do banco de dados da Casa Civil? Ou seja, se existe um dossiê, quem o fabricou?”
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=594
A questão é saber se houve vazamento de informação ou espionagem. Não sou especialista em área criminal, mas pelo que li o responsável pela divulgação dos dados sigilosos pode pegar de 1 a 4 anos de prisão. Carol, Julia?

Acabou-se o que era doce

Ontem a Folha publicou a última coluna de Mário Magalhães como ombudsman do jornal. O relato de sua saída é belíssimo e expõe os dilemas por que passam uma publicação que expõe a crítica que faz a si mesmo. O contrato com ele poderia ser renovado por mais um ano, mas a Folha condicionou sua permanência ao fim da exposição da crítica diária na Internet, ao que o jornalista foi contra. A coluna dominical do ombudsman permanece, mas a Folha retrocede ao impedir o acesso dos leitores à crítica diária.
O observatório da imprensa comentou
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/blogs.asp?id_blog=3&id={2446BA0E-8D1F-4383-B3DA-8FDFDCEC3D87}
Em minha humilde opinião (se é que ela tem alguma importância), o Mario Magalhães fez um bom trabalho.
Contudo, com o Conversa-Afiada fora do ar, o blog do Mino desativado e agora essa da Folha, a idéia de que a Internet é um “meio democrático” deve ser bastante relativizada.

domingo, 6 de abril de 2008

A curva da praça: proposição do novo

(para ver, clique na imagem)

Pessoal, divulgação do evento que vai acontecer na praça floriano peixoto no próximo sábado.
Participação especial do Tio Vinix e percurssão, apresentação de índios da barragem e morro da saudade, artesanato hippie, som, poesia, carlos galdino, rui mascarenhas, monólogos em cena e possibilidades...

por favor divulguem e compareçam, a praça não é longe, só pegar o Terminal Santo Amaro e em 25 minutos chegar (sábado sem trânsito): longe é o ato de não tocar na mão de um cachaceiro com uma faca na mão.

artes, ou o espetáculo com sangue diário?

quinta-feira, 3 de abril de 2008

A Esfinge da Universidade Pública

Eu até que ia adorar falar das revoltas na Argentina onde a população pobre é feita de massa de manobra para garantir que a lucratividade dos grandes ruralistas não seja comida pelo governo, mas nosso querido Elton acabou por fazer um post muito esclarecedor a meu ver, capaz de incitar o pensamento dos mais críticos a tirarem suas próprias conclusões. Também poderia fazer uma boa postagem sobre o escândalo do “dossiê FHC” no governo, mas quer saber? Dane-se. Todos sabemos no que vai dar isso tudo, que ninguém vai ser investigado porcaria nenhuma, e que até 2010 muitas águas vão rolar trazendo à tona novas denuncias e revelando alguns “aloprados” no processo político brasileiro. Preferi falar de uma noticia recente que saiu num jornalzinho pouco lido fora da cúpula uspiana – O Jornal do Campus.
A parte da reitoria responsável pelo cuidado com os cursos de graduação da USP publicou as estatísticas referentes ao desempenho dos alunos ingressantes no ano de 2007. Dentre algumas surpresas, o que foi revelado é que os alunos de graduação dos cursos de Humanidades são os que tiram as melhores notas e apresentam os melhores desempenhos lá dentro. É pessoal, aqueles caras cabeludos, fedidos e maconheiros dos cursos de Humanas são os que mais conseguem notas altas na maior universidade do país. Mas não é esse o ponto que mais me chamou atenção. O que vale a pena destacar nas tais estatísticas é o índice de desempenho acadêmico apresentados pelos alunos provenientes das escolas públicas que foram beneficiados pelo chamado “Inclusp”, um programa que concede bônus à nota do vestibular do candidato proveniente dessas instituições. E adivinhem? Sim, o rendimento deles foi maior do que os estudantes que não receberam o bônus! Mas Ministro, que diabos isso significa, além de mostrar que eles estudaram mais que os outros? Significa que os alunos que não passariam no vestibular sem o bônus não são incapazes de freqüentar a Universidade Pública. Em outras palavras, o vestibular não se mostra como alternativa válida para medir a capacidade de alguém de freqüentar ou não uma faculdade. Ele não serve nem como questão de medir mérito (a tal da meritocracia que os defensores do exame tanto pregam), afinal as estatísticas mostram exatamente que, mesmo advindos de um ensino inferior, esses alunos possuem mais mérito (em notas) na Universidade do que os demais. Sendo mais explicito ainda, vestibular serve para barrar pobre e negro, afinal eles podem até ter mais mérito, mas mesmo assim não conseguirão entrar. Esperava-se, contudo, que a pesquisa fomentasse uma visão critica da pró-reitoria de graduação da USP à respeito da Fuvest. Ledo engano senhores. As palavras do órgão negam a contradição do vestibular na seguinte frase: “elas reforçam a idéia de que os que ingressaram pelo Inclusp têm tanto mérito acadêmico quanto os demais”. Então eu pergunto, se eles possuem o mesmo mérito, porque precisaram do tal bônus?

Frase do dia: "O Brasi não é para principiantes" - Tom Jobim

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Quarta-meia entrada: recomendações

Como o Tio está sem acesso a computador, aqui vão algumas dicas que ele pediu para colocar no blog:

Da mostra de documentários É Tudo Verdade, recomendamos Tirando o Capuz, que trata de crimes de tortura cometidos pelos EUA, no bojo da "Guerra ao Terror", e Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei - que aborda a história da ascensão e queda de Wilson Simonal (que era muito melhor do que o filho, o Simoninha).
http://www.itsalltrue.com.br/2008/

E hoje à noite, na TV Cultura, vai ao ar um show histórico de Itamar Assumpção, devidamente acompanhado de sua banda Isca de Polícia. Gravado em 1983, é uma rara oportunidade de assistirmos ao Nego Dito na TV e percebermos por que ele é considerado um dos ícones da música independente no Brasil. Morreu praticamente no anonimato.

20h00 - Programa Repertório Popular - TV Cultura

terça-feira, 1 de abril de 2008

Ausência – Terça-Mochilão com toque de Segunda-Avon

Devido a compromissos com o Judiciário- fui convocado para ser jurado- e pessoais –burocracia universitária e pesquisa na biblioteca da Eca, que não abre as sábados- a coluna não foi ao ar ontem. Mas hoje ela vem com um toque de terça-mochilão, para relembrar um pouco nossa querida Carol Marossi.

A Bola da Vez

Conforme antecipado por esta coluna (huahuahua), Dilma Roussef está no olho do furação. No dia em que saiu o laudo sobre a cratera do Metrô diagnosticando que o acidente foi uma “fatalidade”, preferiu-se dar destaque ao dossiê do “braço direito de Dilma”.

Entretanto, do ombudsman da Folha, domingo:
“O vazamento das 13 páginas pode ter sido obra de petistas, aloprados ou não? Pode. Em 2006, com a reeleição de Lula nas mãos, a ambição de ganhar também o pleito paulista produziu o escândalo que contribuiu para empurrar a eleição presidencial ao segundo turno.
As 13 páginas também podem ter sido obra de quem queria desgastar o governo e reanimar a CPI dos Cartões. Ou, mais especificamente, ferir a ministra Dilma, que está longe de ser a candidata preferida do PT e de setores do Planalto para 2010.”

E do blog do Nassif:
“Tanto na matéria da Folha quanto da Veja, não havia uma indicação nem de onde veio o tal dossiê, nem quem foi chantageado por ele. E essa ausência absoluta de informações acende a luz amarela em qualquer jornalista com experiência em reportagem investigativa.”

Piquetes, panelaços e a Recoleta na rua.

Considerações sobre a cobertura do panelaço contra Cristina Kirchner.

O Pagina 12 chamou de lockout, deu destaque ao pronunciamento de Cristina Kirchner, viu um caráter classista no movimento, encabeçado pelos grandes proprietários de terra, que estariam utilizando os pequenos e médios de testas-de-ferro. Reforça a sensação de uma orquestração pelo alto a adesão da zona norte de Buenos Aires, com destaque para o bairro nobre da Recoleta.

http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-101318-2008-03-26.html

Destacou a opinião de Mario Weinfeld, que, apesar de algumas ressalvas, apoiou Crsistina Kirchner.
“Así las cosas, en la lectura de este cronista, en su sesgo general, el Gobierno tiene razón en defender las líneas maestras de su política económica que fue convalidada por un margen amplio en las elecciones de octubre pasado.” http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/subnotas/101318-31920-2008-03-26.html

O La Nación priorizou o ponto de vista dos ruralistas, o apoio espontâneo que receberam e nomeou o movimento de a “maior greve do campo”. Em editorial, apesar de condenar os métodos dos ruralistas, jogou a culpa no “Estado voraz e insaciable, que hace pagar al campo el costo de sus arbitrariedades.”

http://www.lanacion.com.ar/EdicionImpresa/politica/nota.asp?nota_id=998754&pid=4181155&toi=5800&pid=4181155&toi=5800

O Clarín destacou o “apoio da cidade ao campo” e o “Panelaço após duro discurso de Kirchner.” E descreveu os confrontos na Praça de Maio entre “piqueteros oficialistas” e “manifestantes.” Destaque para Elisa Carrió, que responsabilizou Cristina e sua fala “violenta.”
http://www.clarin.com/diario/2008/03/26/index_ei.html
Não dá pra entender a Carrió, se ela é de esquerda por que condena a fala de Cristina, que criticou justamente o comportamento dos proprietários?

No Brasil, a Folha foi na mesma toada: “Discurso de Cristina inflama greve.”

A BBC falou em “greve dos agricultores” [farmer’s strike] e dos protestos de manifestantes que, logo após a fala de Cristina Kirchner, foram às ruas contra a Presidente.
Na página principal, não deu nenhuma linha sobre os piqueteiros favoráveis às medidas.
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7314067.stm
Só na BBC Brasil.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080325_argentinaprotestos_mc_ac.shtml

Já o UOL priorizou a pancadaria:
"Panelaço" provoca confronto entre partidários e opositores de Kirchner.
E, seguindo o La Nación, classificou o movimento ruralista de greve.
http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/03/26/ult35u58845.jhtm

Segundo o El País, os “Ecos de um panelaço histórico” resultaram numa busca desenfreada da população por carne e leite, o risco iminente de desabastecimento e o “apoio massivo” [multitudinario respaldo] de todo o país aos ruralistas.
http://www.elpais.com/articulo/internacional/Buenos/Aires/amanece/carne/eco/cacerolazos/elppgl/20080326elpepuint_13/Tes

O ombudsman da Folha foi certeiro:
“Que eu saiba, greve de empresário tem outro nome, locaute.”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ombudsman/criticadiaria/ult10000u386025.shtml

E Celso Ming, no Estadão de 27/03/08, também classificou de locaute e relembrou a tática histórica do empresariado latino-americano de promover paralisações como estratégia de desestabilizar governos, como no caso de Salvador Allende. Entretanto, Ming diz que não é esse o caso. Como diz o Leandro, a primeira atitude é negar.

E a correspondente da Folha em Buenos Aires, depois do puxão de orelha do ombudsman, na edição seguinte passou a classificar movimento dos ruralistas de locaute.

Conclusão, infelizmente não temos um jornal como Página 12 no Brasil.